Dear God, I'm Alone escrita por Joke


Capítulo 2
Quinta Noite


Notas iniciais do capítulo

Oiee, tudo bem?
Desculpem a demora, mas, pra quem me conhece, sabe que prazo não é exatamente meu forte (eu me esforço gente, juro, mas é mais forte que eu hahahah)
Enfim, sem mais delongas... O capítulo o/
Boa leitura



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Quinta Noite

A dor de cabeça de Harley Quinn só piorava a cada noite. A verdade é que Quinn não conseguia dormir, passava a madrugada acordada, esperando seu amado Joker resgatá-la daquele detestável lugar.

Consequentemente, a força mental da palhaça se esgotava cada vez mais com a fadiga, deixando para Harleen Quinzel e sua determinação tomarem mais e mais espaço na confusa mente da jovem.

Olhe só pra você, Quinn. Está fraca, cansada e destruída. Acha mesmo que seu “pudinzinho” virá?

— Cale a boca, Harleen – rebateu Harley, numa voz fraca. – Ele está... Atrasado. Só isso.

“Atrasado”?! Ha-há, uma excelente piada! Quando vai admitir pra você mesma que ele te abandonou aqui?

— Meu pudinzinho jamais me abandonaria nesse lugar... Ele vem me buscar sim! – O tom arrastado de Quinn não transmitia muita confiança. Por mais que não quisesse dar o braço a torcer para Harleen, ela começava a perder um pouco da certeza inquestionável de rever seu amado Príncipe do Crime.

Pois nem uma mísera semana havia passado, e Harley Quinn sentia-se quebrada. As sessões pareciam inacabáveis, com perguntas complexas das quais não sabia as respostas. Odiava participar daquilo, ainda mais porque sentia a Dra. Quinzel tomar força, e até mesmo se manifestar de vez em quando contra a sua vontade.

Mas o que realmente preocupava Harley era o fato de esse “de vez em quando” se tornar cada vez mais frequente. Na maioria das vezes, quando ficava quieta por muito tempo, uma espécie de sucção a tirava do controle, trancafiando-a numa ala escura e sombria da mente que compartilhava com Harleen, enquanto esta assumia o controle do corpo que ambas partilhavam.

Era simplesmente horrível.

Por mais que gritasse, ninguém vinha ao seu auxílio. Ela estava presa numa infinita escuridão, sem ter alguém para escutá-la; sem ter seu amado Joker. De mãos atadas, ela se sentava então no mar negro de memórias esquecidas, e, com um enorme aperto no peito, chorava. Chorava por não ter mais sua voz; por não estar lá fora espalhando o caos ao lado do homem que a criou.

Do homem por quem era completamente apaixonada.

Sentia falta das mãos ágeis do palhaço em seu corpo, agarrando-a com um desejo ardente de luxúria. Os dedos longos apertavam com força a carne, como se quisessem arrancá-la para si. Joker era agressivo, e Harley gostava das marcas que ele deixava, reclamando-a para si por meio destas.

E adorava marcá-lo também. Queria ter certeza que o mundo soubesse que ele pertencia a ela.

A verdade é que não eram um casal comum, e era justamente isso que fazia o relacionamento deles algo caótico e único. Ambos contra o mundo desde o começo: desde que Joker arrancara a sanidade representada por Harleen, trancafiando-a juntamente com suas lembranças de uma vida lúcida e infeliz.

Ele a acordou para uma nova vida, uma nova perspectiva daquela realidade monótona e cinzenta. De repente, tudo ficou tão diferente, tão colorido... Tão simples. Harley seria eternamente grata por ter sido libertada de sua pacata rotina de mais um insignificante ser humano.

Eram essas memórias de paixão e devoção ao palhaço que traziam o controle de volta à Harley. Quinzel, aos protestos, virava novamente uma mera espectadora, enquanto Quinn entrava em cena mais uma vez.

Como sempre, seu amado Príncipe do Crime a salvava.

Aproveite enquanto essa sua obsessão durar, Harley. Pois, assim que você aceitar os fatos, eu vou trancá-la aqui para sempre!

Quando Harley estava prestes a rebater as ameaças da médica, um pensando involuntário veio de repente, levantando uma questão que a palhaça nunca pensara até aquele momento.

— Doc, uma pergunta. – Ela enunciou, esperando Harleen se manifestar sobre.

O que é?

— Você me diz tanto que vai acabar comigo... Mas como?

Não ligo. Arrumarei uma maneira.

— Por que faria isso? Eu não sou você? – Uma nova linha de pensamento começou a dominar a paciente, que, prontamente, tomou um lugar na cela branca acolchoada, que a enfurnaram por ter matado um guarda em sua primeira noite.

Claro que não! Você é semelhante a um tumor maligno! Joker a criou para conseguir fugir daqui! E agora está consumindo meu corpo, matando-me aos poucos. É isso o que você é!

Por mais indignada que Harleen Quinzel parecesse com a afirmação de Quinn, Harley foi capaz de perceber certa insegurança em seu tom de voz. Será que nem mesmo a renomada psiquiatra do Arkham Asylum, Harleen Quinzel, sabia explicar o que era Harley Quinn?

Ele infectou minha mente... E-eu... Uma hora estava tão bem, e do nada você surgiu...

Pela primeira vez desde que pisara no Arkham, Quinn presenciou a médica lamuriar para si mesma, sem insultá-la diretamente ou culpá-la pela insanidade. Mesmo não tendo um corpo físico, Harley era quase capaz de vê-la ao seu lado, abraçando os joelhos e chorando baixinho.

Nunca pensei que teria medo e ódio do Arkham.

Espera... O que foi que ela disse? Harleen Quinzel estava com medo e ódio do Arkham Asylum?

— Se já tem essa visão como uma médica, tente se colocar no lugar dos pacientes. – Harley comentou rapidamente, observando a cela da solitária com enorme desgosto. – Não é à toa que todos que entram aqui saem mais insanos.

Acho que no fundo sempre achei isso também. Mas minha vontade de fazer a diferença só me cegou para a real natureza do Arkham Asylum: uma prisão de segurança máxima.

Eu era uma piada com esses sonhos estúpidos, uma pena que demorei tanto para ver isso.

Por alguns segundos, Harley sentiu pena da médica.

— Não fique triste, doc, o mundo é assim mesmo: uma privada gigantesca cheia de merda – era estranho uma insana confortar uma psiquiatra. Uma ironia que poderia ser comparada a uma piada de mau-gosto. Mr. J ficaria orgulhoso. – Acho que foi por isso que você me deixou assumir o controle.

Não acho que tive escolha nisso.

— Não me lembro de tê-la forçado, doc.

Do que você se lembra? Do dia que fugimos com o Joker?

Mesmo não sabendo se foi acidental, Harleen usara a palavra “fugimos”. Quinn gostou daquilo, mas preferiu não se manifestar sobre.

— Hm... É difícil dizer – por mais que forçasse a memória, Harley não conseguia identificar muita coisa. – Ele era tudo o que importava, não prestei atenção nos detalhes.

Ele? Joker?

— Quem mais? – Que pergunta estúpida para uma psiquiatra.

Hey! Eu ouvi isso!

Harley ficou surpresa. “Consegue ouvir meus pensamentos?”

Se você me escuta, porque eu não poderia escutá-la aqui dentro?

“Mas... Você não estava me escutando até agora.”

As duas ficaram em silêncio por alguns instantes, tentando entender o que estava acontecendo.

­— Admita, doc: estamos conectadas.

Harleen soltou um longo suspiro.

Acho que estamos mesmo.

A cada minuto que conversavam, Harley Quinn se surpreendia mais e mais. Primeiro foi a calma, depois o início de uma conversa amistosa seguida de consolações; reflexões e, finalmente, um consenso.

— Agora sou digna de existir? - Perguntou sarcasticamente a palhaça.

Harleen nada disse, apenas permaneceu quieta, como se continuasse a refletir sobre a estranha conexão que surgira entre elas.

Em meio ao silêncio fúnebre de sua cela foi que Harley percebeu o quão incômoda estava a camisa de força. A falta de mobilidade de seus membros superiores era estressante, contudo, não havia nada que Quinn pudesse fazer para melhorar sua situação. Tentando permanecer calma, limitou-se a deixar no chão acolchoado, fechando os olhos logo em seguida.

Ficaria ali, esperando pacientemente seu amado pudinzinho aparecer para salvá-la. Estava certa que ele o faria. Tinha que tirá-la dali, pois, para o terror da paciente, Harley sentia os sintomas da sanidade começarem a se manifestar em seus pensamentos.

"Meu deus, ele não pode me deixar aqui sozinha... Venha rápido, pudinzinho, eu preciso de você!"


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Notas finais do capítulo

E por hoje é só pessoal! E aí? O que acharam? Não deixem de comentar, é extremamente importante pra mim a opinião de vocês! Fantasminhas queridos, juro que não trabalho para os Ghostbusters, então podem aparecer sem medo ;D
Beijocas puddin's!