A Vida Secreta de Rachel escrita por L CHRIS


Capítulo 8
Frankie


Notas iniciais do capítulo

Finalmente a chegada de Frankie. Boa leitura.



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Aquela não era eu, pelo menos não era a Rachel que todos esperassem que eu fosse. Talvez fosse uma mulher que passou anos, adormecida dentro de mim. Mas agora ela estava ali, e eu não queria adormecê-la novamente. Não naquela noite

Maluca eu? Talvez.

Mas quem se importa, uma mulher casada e com dois filhos não poderia ter seus devaneios vez ou outra?

Aquela justificativa parecia tola e vazia, mas a julgar pelos últimos anos de meu casamento, eu não fui a primeira a errar. Então, quem se importa, afinal.

Respirei fundo, tudo o que eu queria aquela noite estava a poucos quilômetros daqui.

Frankie.

Um mistério chamado Frankie.

Mistério pelo qual, passei as ultimas semanas sem dormir.

Pensei, desejei, culpe-me, mas desejei novamente.

Aquela noite, era tudo que desejara.

Quando o taxi parou em frente ao bar Hollis, me senti amedrontada, nunca estive ali de fato, sabia de algumas coisas que os amigos de Allan comentara sobre o local, como o chopp e as batatas. Mas quando me deparei com o local, eu tive realmente vontade de voltar para casa dos meus pais e esquecer-se daquela loucura que iria cometer.

Mesmo com as pernas bambas e os olhares de alerta do taxista, eu resolvi arriscar, afinal, eu tinha ido até ali. E não seria um bando de homens mal encarado que me colocaria medo.

Encorajei-me e desci do carro, pude notar enquanto o taxista pisar fundo no acelerador e desaparecer no fim da rua.

Giro meus calcanhares e me deparo com o Hollis.

Era de fato um bar rústico, com um péssimo gosto, alias. Tinha um letreiro escrito “HOLLIS”, porém, com as três ultimas letras queimadas. A entrada nada mais era que uma porta de correr na cor preta, havia um segurança mal encarado com óculos escuros no melhor estilo “CIA.”

Ele parecia entediado demais para prestar atenção em qualquer coisa em sua frente, tanto os bêbados e os grosseiros a sua volta.

Senti meu coração acelerar, eu sabia que era um erro estar ali, ainda mais sozinha.

Onde estava com a cabeça quando resolvi me encontrar com Frankie naquele lugar? Pensei aflita.

– Que garota mais linda!

Sinto o halito azedo soprar contra minha nuca, sinto-me enjoada. Tento caminhar para longe, mas é em vão, o homem fortemente alcoolizado me segura pelo braço. Ele trazia em uma das mãos uma garrafa de cerveja, era bem mais alto que eu, tinha olhos de um castanho sombrio, era magro e careca.

– Me solta, por favor. – Implorei sentindo meus olhos úmidos.

– Por que eu soltaria? Não é sempre que aparece uma mulher tão linda por aqui.

Sinto resquícios de sua saliva em meu rosto, e naquele momento sinto vontade de chorar.

Aquilo certamente era uma armadilha, e Frankie estava ali, entre aqueles valentões bêbados prontos para me violar.

Como pude ser tão tola? Obvio que Frankie não era o cara gentil que aparentou ser.

Eu havia sido atraída para uma armadilha. E a única culpada era eu.

– Me solta! – Implorei a ponto de entrar em prantos.

– Solta a garota! Você não ouviu?! – A voz que surgiu era feminina. Eu tinha certeza que era.

Mas no meio daquele ambiente tão hostil eu tinha certeza que eu era à única mulher louca o suficiente para estar ali.

O surpreende foi que o homem asqueroso me soltara, e naquele momento meu único instinto foi correr em direção a rua, eu precisava sumir daquele lugar. O mais rápido possível.

Sem olhar para trás. Apenas esquecer aquela loucura que tomara quando decide ir me encontrar com o desconhecido Frankie.

– Chel?

Era novamente a voz feminina, e naquele momento sinto um forte arrepio percorrer meu corpo, meu corpo se tornara tão pesado que eu pensei que não fosse suportar, paraliso no meio do caminho e sou incapaz de olhar para trás.

– Chel? – A voz agora esta mais próxima, e naquele momento eu tivera a plena certeza.

Era a voz de uma mulher.

Ao virar meus calcanhares quase como uma melancolia dança, eu encaro a figura que esta diante dos meus olhos. Minha garganta seca e por um momento sinto-me incapaz de gesticular qualquer coisa.

Era uma mulher, sem duvidas era.

Seu cabelo era curto demais para uma garota, mas seu rosto era suave, fino e iluminado, tinha lábios médios e rosados, sua pele era levemente corada, e seus olhos era de um verde intenso, daqueles que hipnotizam só de olhar. Seu cabelo de um castanho claro estava bagunçado no topo da cabeça, dando-lhe um ar descuidado sexy. Usava uma jaqueta preta e camisa branca, calça jeans desfiada em uma lavagem escura, nos pés um coturno na cor preta compunha o restante do look ao melhor estilo bad boy. Ou seria bad girl? Penso perplexa.

Minha garganta estava seca, e sentia meu coração bater descompensado no peito, naquele momento sentia uma fervura instalar-se em meu estomago, mas não era uma fervura que eu esperava. Eu estava chocada.

Frankie... Cristo! Frankie era uma mulher! Conclui espantada.

– Venha, vamos sair daqui. – Sugeriu gentilmente tocando em meu ombro.

Meu instinto natural seria me desvencilhar do seu abraço e fugir para longe dali. Mas naquele momento me encontrava chocada demais para tomar qualquer decisão. Apenas acompanhei-a robotizada.

Eu não conseguia acreditar que o homem gentil e doce que eu conversara na verdade era uma mulher.

Já estávamos afastadas da grande multidão de homens grosseiros quando eu subitamente parei no meio da rua. A noite estava fria e naquele momento meu corpo tremia, só não sabia se era de frio ou de raiva.

– O que está acontecendo? Quem é você? – Encaro aquela mulher em minha frente com olhos irados.

Mesmo com meu olhar sobre a mulher, ela não desviara o olhar, se manterá firme olhando diretamente em meus olhos, e por alguma razão aquilo me deixara desconcentrada.

– Me chamo Francesca. Ou Frankie para os mais íntimos. – Aquele momento a mulher abaixou o olhar e só então perceber que se sentia envergonhada.

Minha cabeça latejara e naquele momento a única coisa que sentira era vontade de chorar.

Aquilo era desastroso, logo eu, a mulher correta, boa esposa, boa mãe havia flertado com uma mulher todo esse tempo?

Meus sonhos eróticos com ele, ela. Pensei ainda mais chocada.

– Por que você mentiu? – Questionei-a.

– Eu não menti – Ela disse em tom de sinceridade – Você quis se encontrar e eu aceitei. Nunca menti, era um site a cegas. Eu não sabia o que esperar também.

Talvez ela estivesse certa, mas algo dentro de mim me impedia de admitir isso.

– Isso é mentira! – Esbravejei – Você poderia ter me dito que era, era... – As palavras me fugiram.

– Lésbica? – Ela me encara.

Naquele momento sinto náusea e um enjoou profundo, a minha jornada como uma adultera havia acabado ali mesmo, antes de começar.

Era realmente um desastre, o único homem que me sentira de fato atraída não passara de uma mulher lésbica.

Lésbica! Repeti mentalmente chocada.

Dei alguns passos para trás na tentativa falha de fugir daquela mulher parada em minha frente.

– Me desculpa – comecei embaraçada – Eu sou casada. É um erro estar aqui.

Virei-me e comecei cambalear pela rua, era como se minhas pernas fossem pesadas demais para me manter em pé. Mas eu precisava fugir dali, fugir daquela loucura antes que fosse tarde demais.

– Então se eu fosse um homem estaria tudo bem? – Começou Francesca gritando do outro lado da rua.

Parei.

Quem aquela mulher pensara ser? Pensei furiosa.

Viro-me prontificada a ataca-la com palavras, mas sou surpreendida com seu corpo próximo ao meu. Meu olhar ergue e a única coisa que vejo é sua mão firme segurando meu pulso. Os olhos de Francesca eram ainda mais intensos vistos de perto, seu semblante era serio, mas algo nela era extremamente charmoso.

Meu coração dispara, e quando me dou conta sinto meu corpo efervescer com a sua presença.

Um forte formigamento me atinge a região do ventre. Eu estava atraída por aquela estranha mulher.

Aquilo era errado. Pensei condenando-me.

Tento me livrar de suas mãos, mas é algo completamente impossível, porque talvez em meu subconsciente eu soubesse que queria estar ali.

– Eu preciso ir embora. – Anunciei finalmente soltando meus pulsos do seu toque.

Minha mão desliza diretamente para minha bolsa, mas ao tocar no foro eu percebo que está vazia.

Maldito bêbado! Penso enfurecida.

– Aconteceu alguma coisa? – Francesca parece preocupada.

Tentei ignora-la, mas eu precisava de sua ajuda. Estava perdida naquele lugar, e agora nem ao menos um celular eu tinha.

Encaro a mulher com ar misterioso a minha frente, ela me encara e sinto como se seus olhos pudessem ver além da minha roupa.

– E-eu preciso de um celular – Começo gaguejando.

Francesca começa apalpar os bolsos, mas nada retira de lá.

– Eu deixei meu celular no Hollis, mas se você quiser podemos ir até minha casa, de lá você dá seu telefonema. – Sugeri parecendo gentil.

– Não. Obrigada. – Anuncio emburrada. Eu não queria ficar mais nenhum segundo ao lado daquela estranha.

Para minha surpresa Francesca deu de ombro sorrindo.

Aquele sorriso. Maldito sorriso. Pensei, me sentindo uma adolescente.

– Tudo bem. Então estou indo embora. Foi bom conhecê-la, Chel.

– Rachel! – Falo em um tom ríspido.

– Rachel – Repete sem tirar o sorriso do rosto – Foi um prazer.

Então começou a caminhar em direção ao horizonte escuro da noite, a medida que ela se afastava sentia um medo se instalar dentro do meu peito. Eu era madura para muitas coisas, mas não incluía ficar ali parada naquele lugar deserto e sombrio.

Estava chateada, envergonha e culpada, eu tinha vindo a um encontro com um estranho, estava planejando uma noite de sexo sem compromisso, mas acabara me deparando com aquela figura misteriosa na qual atendia pelo nome Francesca, Frankie. O homem sempre simpático e atencioso, na verdade era uma mulher com olhos e sorrisos que hipnotizavam.

Quem era aquela estranha? Por que ela havia me escolhido? Por que eu estava ali?

Será que fazia alguma diferença no final?

Eu já estava ali, então só tinha uma escolha a ser feita.

– Frankie! – Grito seu nome atraindo sua atenção de volta para mim – Me espera.

Engulo a seco seguindo em direção à mulher que agora me espera.


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Notas finais do capítulo

Me digam o que acharam. Até o próximo Capitulo, pessoal!



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