A Vida Secreta de Rachel escrita por L CHRIS


Capítulo 18
Revelações parte: 2


Notas iniciais do capítulo

A todos uma ótima leitura.



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Todo o caminho fora silencioso, estávamos em meu carro, mas quem dirigia era Frankie. Por um momento pensei que talvez ela só quisesse ganhar tempo para inventar algo que pudesse explicar seus atos. Mas sua postara estava tensa demais, eu via em seu olhar preocupação. Mas não era apenas preocupação, era algo maior, como se ela estivesse prestes a viver algo muito dolorido para ela.

Naquele minuto questionei se tivera tomado à atitude certa quando aceitei ir com ela. De qualquer forma, eu estava aqui. E não poderia mais voltar para trás.

Estávamos na rodovia que ligava a cidade com o interior, aquele lugar não tinha nada além de mato e carros seguindo o fluxo veloz da rodovia.

Encaro Frankie, sinto uma sensação de desconforto invadir meu corpo.

Algo estava acontecendo.

Frankie desvia o carro da estrada para uma estrada de terra, os buracos da estrada fazia meu corpo pular dentro do carro.

Encaro Frankie mais uma vez.

– Que diabos está acontecendo? – Pergunto exigindo uma resposta.

Silencio.

Frankie estava concentrada na estrada, como se eu não tivesse ali.

Ela me ignorara.

Desvio o olhar para frente, percebo que estamos nos aproximando de um enorme portão branco e com cercas elétricas. Inclino meu corpo para ler a placa no topo dele. Ela dizia:

CLINICA PSIQUIATRA - PINEL LIWES

Encaro Frankie petrificada assim que sinto o carro parar, engulo a seco.

Seja lá o que esta acontecendo. A resposta está nessa clinica. Penso aflita.

– Você queria saber o motivo de tudo. Então. Eu vou te mostrar – começou Frankie enquanto tirava o cinto e deixara o carro.

Por um instante hesitei em sair. Eu sabia que aquilo não acabaria bem. Uma clinica psiquiatra não era um bom sinal.

Mesmo com todos meus alertas para continuar dentro do carro, eu o deixo. E já do lado de fora encaro Frankie que desvia o olhar e segui para portaria da clinica.

Caminho silenciosa ao seu lado, Frankie cumprimenta o porteiro, me passando a impressão que já esteve outras vezes ali.

– Ela está comigo – anuncia ela.

O homem alto e careca vestido com um terno preto tira uma pulseira verde do bolso e coloca no meu pulso. Posso ler: Visitante.

Pressiono meus lábios e encaro Frankie.

Pela primeira vez ela abre um sorriso, mas seu sorriso era triste – Frankie não estava bem.

– Vem. – Anuncia ela pegando em minha mão.

Suspiro.

Seguro em sua mão e sigo para dentro da clinica.

Ao cruzarmos a enorme porta em madeira maciça, tudo se tornou brancas demais, paredes, médicos, enfermeiros, bancos, chãos.

Encaro aquele lugar, e por um momento sinto uma tristeza estranha invadir meu coração.

Frankie nos guia até a recepção, aonde uma mulher morena de cílios longos e batom em um vermelho exagerado nos atende sorridente.

– Olá, senhorita Scoberts. Como está?

Frankie sorri.

– Estou bem, Isobel. Posso vê-la?

Isobel meneou a cabeça, como se não quisesse dizer sua próxima fala.

Ela ficou algum tempo em silencio, pareceu digitar algo em seu computador e disse:

– A doutora Bethany quer falar com você.

Frankie respira fundo.

Naquele instante eu tenho certeza que existe delicado acontecendo. Algo que eu estava prestes a descobrir.

Frankie se vira para mim, sinto sua mão tremula, e naquele instante minha única vontade é abraça-la.

– Fique aqui. OK? Já volto.

Frankie solta minha mão se afastando, vejo seu corpo se locomover lentamente pelo longo corredor branco e virar à esquerda, desaparecendo de minha visão.

Suspiro e passo a mão em meus cabelos.

– O que está acontecendo, Frankie? - Murmuro enquanto caminho de um lado para outro.

Passaram-se exatamente quinze minutos quando uma mulher de meia idade e traços orientais apareceu em minha frente, ela vestia roupa branca, e tinha um sorriso simpático nos lábios.

– Você é Rachel?

Assentindo eu levando do banco aonde havia sentado.

– Sim. Sou eu.

Ela abre um meio sorriso.

– Sou a enfermeira Kim. Por favor, me acompanhe.

Fiz o que me ordenou e então cruzamos o mesmo corredor que Frankie caminhara minutos antes.

Meu olhar observa aquele lugar de paredes brancas e sem vida, ao fim do corredor eu observo Frankie. Ela estava de costas para mim, em frente a uma enorme vidraça ela parecia fitar algo. Ela parecia perdida em seus pensamentos.

– Ela te aguarda – anunciou a mulher se referindo a Frankie – com licença.

A enfermeira entrara em uma das salas.

Sem saber o que fazer, vou ao seu encontro em passos lentos. Mesmo que parte de mim quisesse saber o que está acontecendo. A outra, não queria invadir a vida pessoal de Frankie. Não dessa maneira.

– Frankie?

Ela não gesticula nenhum movimento.

Resolvo então me aproximar e ver o que tanto observara.

Lá em baixo, havia um pátio com gramado, homens e mulheres vestidos de branco andavam de um lado para outro. Havia outras pessoas lá, porém, elas usavam roupas comuns. Algumas traziam em suas mãos bonecos ou livros, tinha alguns que estavam curvados no chão, á principio, parecia está fazendo alguma prece, mas no fundo, eu sabia que não era isso.

Havia também uma garota, ela estava sentada em um dos bancos, ela trazia em sua mão um livro, mas estava olhando fixamente para o chão, seu ombro era curvado, parecia triste.

O olhar de Frankie olhava fixamente ela.

Fico em silencio, incapaz de dizer qualquer coisa.

Engulo a seco.

– O nome dela é Fiama – Frankie suspira, só então posso perceber que chorava, meu corpo se arrepia, minha única vontade é apanha-la em meus braços – ela foi diagnosticada com esquizofrenia há quatro anos – Frankie para por um instante, pelo seu semblante era fácil notar o quanto duro estava sendo aquela conversa.

– Frankie – começo – não precisa dizer nada – toque em seu ombro em um gesto de compreensão – está tudo bem.

Beijo seu rosto banhado pelas lagrimas.

– Ela é tudo que eu tenho Rachel. Depois que minha mãe morreu, ela é a única família que me restou – Frankie para por um instante e toca a vidraça – eu menti para você quando disse que ela estava na universidade. Ela estava pronta para começar uma vida nova, então... – Frankie parou como se a lembrança a machucasse profundamente – tudo mudou.

– Eu sinto muito.

Sou incapaz de dizer qualquer coisa além.

– Quando minha mãe morreu há dois anos, Fiama teve uma crise muito forte. Ela dizia que pessoas a perseguiam. Uma noite, acordei com uma faca no meu pescoço, Fiama disse que eles estavam ali e que eu era um deles.

Engulo a seco.

– Foi nessa mesma época que comecei a trabalhar como DJ, mas eu não ganhava muito, mal conseguia pagar as contas e manter a casa. A situação era difícil – Frankie suspira limpando as lagrimas – a doença de Fiama aumentara a cada momento, suas crises eram piores. E eu não tinha dinheiro para bancar o remédio ou uma clinica.

Frankie fica em silencio.

Naquele momento desvio meu olhar para baixo, Fiama estava sendo guiada por uma enfermeira para dentro. Seu cabelo negro caira em seu rosto pálido, seu ombro ainda curvado caminhara em passos lentos – talvez por conta dos efeitos do remédio.

– Foi nessa época que conheci Gina, ela sempre ia ao Hollis, e em uma das suas idas ela pediu meu telefone. Saímos algumas vezes. E ela me ofereceu ajuda – ela respira fundo, como se sentisse vergonha – sei que não era o certo, mas eu não tinha saída. Eu precisava cuidar dela. Eu sabia que sozinha seria impossível. Eu sou tão errada, Rachel. Hoje pela manhã a medica disse que o estado dela agravou, e as alucinações estão ainda mais intensas. Mas eu fiz o que eu pude, eu juro que fiz.

– Frankie, Fiama tem sorte por ter você.

Toco seu ombro emocionada.

Frankie encosta sua cabeça contra o vidro, as lagrimas escorriam pelo seu rosto, sua dor estava ali posta. Frankie sofria muito.

Naquele instante me sinto a pessoa mais egoísta e mesquinha já existente.

Como eu pude ter julgado-a assim? Penso perplexa.

Eu sei que suas escolhas não foram as mais corretas, mas Frankie não se orgulhara do que fez, mesmo assim fizera, porque era a única maneira de cuidar de sua irmã.

Uma forte emoção toma meu peito e lagrimas começam a escorrer pelo meu rosto, sem hesitar eu puxo-a para perto de mim e abraço-a forte.

– Eu sou um ser horrível. Eu sei que me vendi. Mas Rachel...

– Sh... – A interrompo – você é a pessoa mais maravilhosa que já conheci.

Frankie ergue o olhar, e ver seus olhos sempre cheios de vida agora tristonhos e avermelhados pelo recém-choro me fez sentir ainda mais culpa por ter feito-a reviver todas aquelas lembranças dolorosas.

– Todas as noites antes de dormir eu penso nela, Rachel.

– Eu sei. – Aliso seu cabelo com as pontas dos dedos.

– Eu fiz o que pude. Eu não queria vê-la assim.

Respiro fundo e naquele momento eu só sinto vontade de abraça-la. Cuidar dela.

– Vem, vamos sair daqui.

A viagem de volta fora ainda mais silenciosa, Frankie encarara a estrada em silencio, nenhuma palavra fora dita. Agora, era eu quem guiava o carro. Seguimos para sua casa, Frankie não tinha condições de voltar para Gina’s P. Nem eu.

Estaciono meu carro em frente a sua casa exatamente quarenta e cinco minutos depois, encaro Frankie por um momento e ela ergue o olhar.

– Obrigada, Rachel. Você não faz ideia como foi bom desabafar com alguém.

Abro um sorriso e toco sua mão.

– Não me agradeça. Desculpa-me pelas coisas que eu disse.

Frankie nega silenciosamente.

– Não. Você não me deve desculpas – Frankie tira o cinto e puxa o trinco da porta – você não quer entrar? Podemos preparar algo para comer.

Penso em negar em um primeiro momento, talvez Frankie quisesse ficar sozinha. Mas por outro lado, eu queria me certificar que estava tudo bem com ela. Então apenas concordo em silencio.

– Tudo bem.

Frankie abre um leve sorriso.

Descemos do carro e seguimos em silencio em direção a sua casa.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Beijos. Até o próximo capitulo!



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