A Vida Secreta de Rachel escrita por L CHRIS


Capítulo 12
Impulso


Notas iniciais do capítulo

Ei, obrigada a todos que estão acompanhando a historia e deixando seus reviews. Isso tem me incentivado muito a continuar. A todos uma boa leitura!



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Meus olhos percorrem a mesa de jantar, estamos todos ali – Bath, Arthur e eu – a minha família, pelo menos a parte mais importante dela. Observo meus filhos enquanto eles saboreiam a carne com legumes que preparei. Bath resmunga algo sobre o dever de casa, Arthur parece muito concentrado em sua refeição e ignora o irmão.

Abro um sorriso.

Seria clichê dizer que meus filhos eram meus bens mais preciosos? Claro que não.

– Mamãe, podemos ir ao parque no fim de semana? – Bath diz com olhos pidões.

Era impossível resistir àqueles olhinhos genuínos de um anjo.

– Claro, querido.

– Papai vai também?

Por um momento fico em silencio, eu sabia que a ausência de Allan afetara meus filhos, principalmente Bath que era tão ligado ao pai.

– Falarei com ele. – Conclui afim de não criar futuras esperanças.

Bath pareceu satisfeito e retornou a saborear seu prato predileto.

Após o jantar, os garotos subiram para o andar de cima e eu fui para sala de estar – um lugar amplo e arejado, com uma grande estante de livros, um sofá de couro branco e uma linda vidraça com vista para o jardim.

Enquanto folheava uma revista qualquer, me pego pensando em Frankie e me pergunto se ela tivera achado o bilhete que deixei antes de partir.

Será que ela havia se chateada? O que ela estaria fazendo agora? Pergunto-me, só então me dando conta que tinha algo de errado comigo. Eu sentia falta dela. Já se passara alguns dias desde que tudo aconteceu. E todos os dias, me pego pensando nela e em tudo que acontecera.

Será que ela sentia minha falta? Ou ao menos se lembrava de mim? Era difícil saber, talvez eu nunca soubesse de fato. Concluo cabisbaixa.

Deixo a revista de lado e permaneço imóvel enquanto observara a lareira queimando os troncos de arvore.

Talvez eu fosse fraca demais para isso. Lidar com o que estava começando a sentir era algo difícil.

***

Era uma manhã de sábado, e como combinara com Bath, fomos ao parque. Enquanto observava os garotos brincando de um lado para outro, folheava um livro que trouxera na bolsa. O dia era úmido e com previsão de chuva, mesmo assim era uma manhã agradável.

– Eu acho que estou precisando de férias, Rachel. – Começou Megan sentada ao meu lado me fazendo fechar o livro.

Como já era de se esperar, Allan não pode ir com sua família para parque, estava ocupado demais com alguma garota de programa, ou algo do gênero. Então resolvi convidar Megan para me fazer companhia.

Analiso por um momento o rosto sereno de minha irmã, e naquele momento eu percebo que seus olhos estavam pesados e seu sorriso no rosto era triste.

– Por que diz isso?

Ela suspira, demora a responder a minha pergunta.

– Meu casamento está um fiasco, minha irmã. Eu e Carlos iremos nos divorciar.

Naquele momento não disfarcei o quão surpresa fiquei com á noticia que Megan acabara de me dar.

O que? Logo era e Carlos? Eles pareciam ser tão felizes.

E naquele instante eu lembrei-me do meu próprio casamento, e invejei Megan, eu queria ter sua coragem, me divorciar, acabar com algo que me tornara infeliz.

Mas eu sabia que naquele instante Megan precisara de mim. Seus olhos agora estavam marejados, ela evita olhar diretamente para mim, e aquilo só denunciara o quão mal minha irmã estava.

Envolvi meus braços em seu corpo, queria conforta-la de alguma maneira. Mas no fundo eu imaginei que talvez fosse melhor assim, casamentos acabam o tempo todo.

– Não fique assim – murmurei compreensiva – o que aconteceu? Por que isso?

Megan me olhou por um momento, e só então percebi que o choro havia se tornado presente.

Meu coração estava apertado no peito.

– Carlos tem uma amante - Começou Megan amargurada – ele está vivendo com ela há mais de três anos, e só agora descobri.

Megan parecia desconsolada, como se aquilo houvesse ofuscado o brilho do seu olhar. Talvez ela não imaginasse algo assim, logo ela que sempre dizia que o segredo de um bom casamento era fingir não ver, mas parece que isso não funcionara bem para ela.

– Eu sinto muito.

Megan limpou as lagrimas me encarando.

– Está tudo bem.

Por um momento me coloquei em seu lugar, imaginei me divorciando de Allan, me livrando daquele casamento infeliz e repleto de mentiras. A ideia me enchia de esperanças. Esperanças de um dia ser livre, livre de Allan.

– Sabe, Rachel... – começou Megan – eu admiro seu casamento com Allan. Vocês parecem ser tão felizes juntos. – Finalizou com um tom sincero na voz.

Felizes? Indaguei mentalmente.

Não havia felicidade, não entre nós. Éramos infelizes, incompletos. Não existia nada que nos unia além de Bath e Arthur.

Por algum motivo, me peguei pensando em Frankie, na forma que ela se preocupara comigo, por mais que fosse uma completa estranha, ela havia me olhado nos olhos, me consolara, me fizera sentir viva.

“Rachel, só você pode se libertar.” Suas palavras ecoam em minha mente.

Em um impulso levanto do banco e encaro Megan que parecia perplexa com minha reação repentina. Colocando minha bolsa no ombro eu entrego o livro que folheava para ela dizendo sem delongas:

– Megan, cuida dos meninos para mim? Eu preciso fazer algo.

Megan piscara algumas vezes tentando entender o que estaria acontecendo.

– M-mas... O que está acontecendo? – Gagueja confusa.

Dou de ombros ignorando sua pergunta, olho para Bath e Arthur que brincavam com outras crianças. Encaro mais uma vez Megan e nada digo. Afasto-me com um leve sorriso no rosto a deixando para trás com as crianças.

Naquele momento, eu não sabia exatamente o que fazer, mas sei que precisava me libertar, eu precisava parar de sentir medo do que poderia dar errado, e começar a focar no que era certo.

Eu precisava parar de achar que a minha felicidade era algo fora de questão.

Eu precisava agir por impulso.

Pelo menos uma única vez na vida, antes que fosse tarde demais.

Caminho em passos apressados, aperto o alarma do meu carro e pulo para dentro, coloco o cinto e encaixo a chave na ignição.

Eu não tinha mais tempo a perder.

Dou a partida e sigo em direção ao único lugar que queria estar naquele instante.

Com Frankie.


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Notas finais do capítulo

Me diga, o que acharam? Até o próximo capitulo!



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