The Kiss Of Midnight escrita por Nárriman


Capítulo 46
Capítulo 46


Notas iniciais do capítulo

Sei que muitas pessoas ficaram confusas com o cap passado ainda mais com o final dele,mas logo de cara nesse cap vocês começam a entender tudo.
Boa leitura.



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Pov’s Ally

  Senti meus pulmões se espremerem em meu peito e um choque cortante invadir coração. Tentei controlar minha respiração ao máximo o que parecia ser inútil naquele momento.

  Ainda não conseguia enxergar. Tudo não passava de preto. Todo o meu corpo doía algo que nunca experimentei em toda a minha vida. Seria esse o gosto da morte?O que tanto provoquei nas pessoas?

  Com o resto das forças que me sobraram eu abri meus olhos na marra. No início eram apenas pontinhos brancos que iam se espalhando. Pisquei inúmeras vezes até que tudo voltasse ao normal aos poucos.

  Mas meu cérebro parecia não cooperar em nada. Minha deveria explodir a qualquer momento.

  Tateei o chão ao meu redor e com um impulso consegui me sentar. Meu estômago revirou e eu senti que poderia vomitar a qualquer momento.

—Já estava na hora. -Ouvi a voz de Austin a centímetros de mim. Ele estava sentado ao me lado com uma aparência bem melhor do que eu imaginava estar a minha.

   Arregalei meus olhos ainda incapaz de dizer qualquer coisa. Só então agucei minha audição podendo ouvir o barulho abaixo de nós.

  Gritos eram audíveis ao mesmo volume que o fogo derretia tudo e todos lá embaixo. Eu sentia o calor por todo o meu corpo, não demoraria muito para que o escritório também estivesse em chamas.

—Por favor, Austin, apenas me diga que isso aqui é real. Eu te imploro. -Fechei os olhos ainda um pouco ofegante.

  Era tudo o que eu precisava ouvir. Eu iria morrer tentando, não importa se serei queimada, mandada para a forca, torturada até a morte, mas irei salvar minha filha de todo esse caos.

—Por quê?Isso aqui esta divertido demais para que você queira que acabe?-Me provocou o que me fez franzir a testa.

   Se conheço bem Austin a primeira coisa que ele iria fazer era perguntar se eu estava enlouquecendo.

—Me responda. -Engoli em seco. Nunca desejei tanto na minha vida um copo d’água como agora.

—Sim isso aqui é real para sua felicidade. Agora me dê seu braço. –Não me deu tempo de descansar um momento sequer.

   Voltar dos mortos depois de um pesadelo daquele deixou minha mente mais cansada do que eu esperava. Eu precisava me recompor e ele não estava nem aí.

 Quando tentou agarrar meu punho eu me afastei instintivamente. Me arrastando para longe dele.

—O que pensa que esta fazendo?-Ainda com um pouco de dificuldade consegui me levantar. Minhas pernas bambearam um pouco e em um movimento rápido ele me segurou para que não voltasse ao chão.

—Preciso saber se você é realmente humana. -Tirou um canivete do seu bolso esquerdo da calça.

  Eu não o deixaria furar qualquer parte do meu corpo nessas condições. Tomei o canivete de suas mãos e fiz um corte fino em meu braço. O sangue logo veio à tona, um vermelho mais vivo do que nunca. Esperei exatamente um minuto para que cicatrizasse mesmo sabendo que cada segundo era talvez uma vida a menos de alguém que amo.

  A espera foi em vão como eu já suspeitava, pois absolutamente nada aconteceu, o sangue ainda estava ali, apenas começando a estancar, nada, além disso.

—Como eu esperava, agora precisamos sair daqui. Depressa. -Me empurrou até a janela do escritório.

  Um frio subido percorreu todas as minhas veias.

—Quando eu mandar pular, você pula entendeu?-Segurou meus pulsos com mais força do que eu esperava.

—Não vai pular também?-Perguntei chocada.

   O que ele esta armando que eu não sei?

—Não. Vou tentar distrair elas por aqui. Tente achar Cassidy o mais rápido que puder e vá para a floresta. -Foi tudo o que disse já me posicionando na janela.

  A queda talvez fosse um pouco desastrosa, mas eu sobreviveria. Talvez eu até ainda saiba pular como uma vampira.

—Não venha atrás de mim, esta me ouvindo?-Perguntou olhando a cada cinco segundos para a porta.

—Cla... Claro. -Foi tudo o que consegui dizer ainda atônita.

—Ótimo. -Estava prestes a me jogar quando o impedi com a mão.

—É só isso?-Perguntei decepcionada. Aquele não era o momento para nos beijarmos, mas talvez fosse à última vez que eu o visse. Não queria que fosse assim.

  Austin por outro lado não parecia pensar da mesma forma que eu, parecia que não importava que talvez nunca mais nos víssemos.

—Não morra. -Seu olhar me cortou ao meio e por fim senti meu corpo ser jogado do primeiro andar.

   Eu não estava preparada para cair daquela altura. Meu corpo não sabia reagir com aquilo.

   A sensação de mil ossos quebrando era imbatível comparado aquilo. Parecia que cada músculo meu clamava por socorro. E eu não lhes dava ouvidos.

  Relutando contra cada centímetro do meu corpo me dispus de pé, respirei fundo e então comecei a correr. A rua do banco não era habitada há anos, seu redor era apenas de árvores, jardins já mortos e mais árvores.

  O meu carro e o de Austin ainda estavam ali, parados e nada mais do que isso.

  Tentei avistar o carro de Cassidy ou Dallas, mas não via nada além de árvores e meu refugio infelizmente naquele momento eram elas.

  Sem pensar duas vezes me infiltrei em meio à ‘’floresta’’ que me cercava. Sempre procurando adiante ver o carro. Não tinha nada além do verde. Aos poucos fui enfraquecendo na longa caminhada. Mas meus sentidos ainda estavam muito aguçados. Eu estava fraca, vulnerável, cansada e dolorida, mesmo se eu fosse vampira ainda assim não conseguiria chegar muito longe. Não iria conseguir chegar a lugar nenhum daquele jeito.

  Escorei-me em um de seus troncos e ali deslizei até estar sentada de joelhos. Meu coração estava a mil e mal conseguia respirar. Encostei minha testa em meus joelhos tentando recuperar o ar.

  O barulho de galhos sendo pisados me fez tirar a pistola da bota e a apontar na direção do barulho na hora.

—Seja quem for que estiver ai, saia agora. -Minha voz saiu tremula e totalmente carregada de medo.

  Eu não era policial, mas depois dessa deixa e se eu conseguisse escapar de tudo isso talvez exercesse um dia a carreira de policial.

—Sou eu. -A voz de Francis por um momento me tranqüilizou, mas não o bastante para que me fizesse tirar meus dedos trêmulos do gatilho.

—Não irei fazer nada Ally, eu prometo. -Seus braços estavam estirados como forma de rendição e ele tossia um pouco por causa do incêndio que presenciava agora pouco no banco.

  Sua promessa para mim não valia de nada, eu não agüentava mais promessas quebradas, falsos juramentos ou qualquer coisa do tipo.

  Sua camisa estava um pouco queimada, junto a sua calça que fumassava.

—O que esta fazendo aqui?-Voltei a perguntar.

—Consegui sair do banco quando fiz Agnes apagar, agora vamos. -Se atreveu a segurar minha mão para que adentrássemos mais ainda à floresta tenebrosa.

   Mirei a pistola em sua nuca.

—Para onde pensa que esta me levando?-Não movi um pé.

—Para Audrey. Agora larga essa arma e me acompanha. -Me empurrou sem medo de levar um tiro em seu crânio e assim voltamos a correr.

   Eu não devia confiar nele, Francis não é do bem. Eu também não sou, mas eu precisava confiar em alguém no momento.

  Ele ainda segurava em minha mão enquanto desviávamos das árvores e eu a sentia tremer sobre a minha.

  Nossos olhos iam de árvore em árvore e por Francis ser vampiro facilitou muito a caminhada.

—Cassidy deve ter levado ela par outro lugar, cidade, país, não sei. -Me desesperei apoiando minhas mãos em meus joelhos.

  Estava ficando cada vez mais difícil de respirar. Eu mesma estava me sufocando.

—Não. Ela não faria isso. Ninguém faria isso Ally. -Ele gritou comigo.

  Seu gesto me deixou tão surpresa quanto a ele mesmo.

  Ele estava nervoso e eu não podia culpá-lo por aquilo.

—Somos vampiros ou até momentos atrás você também era. Sabe como torturar uma pessoa melhor do que ninguém. Sabe como manipulá-la. -Ele sacudia meus ombros como se quisesse abrir meus olhos.

—Eu... Eu não sei. Não faço idéia de onde possa estar. -Minha voz já era menos do que um sussurro.

—Não esta pensando direito. Não esta pensando como Ally Dawson. Pense nela Ally. Naquela de muitos anos atrás. Naquela Ally que voltou para matar Austin. Pense naquela que nunca se apaixonou por ninguém e nunca dependeu de ninguém. Esqueça todos ao seu redor, pare e pense por um momento em si mesma. -Suas palavras eram como balas perfurando o meu corpo.

  E a pior parte disso tudo é que ele estava certo.

  Você deveria parar de querer vingança dos outros quando na verdade deveria vingar a si mesma.

Foi o que Alex me disse há um pouco mais de um mês. Ele estava certo. Francis também estava certo. Talvez todos estivessem certos porque tentavam defender a própria pele, menos eu.

—As árvores. -Sussurrei para mim mesma. Eu tinha que pensar na verdadeira Ally. Na Ally que não baixava a cabeça ao ser ferida.

—Audrey esta presa em alguma árvore. -Levantei meu queixo. O olhando mais convicta do que nunca.

—Tem milhares ao nosso redor. Não pode ser um pouco mais detalhista não?Estamos sem tempo Ally. -Ele estava mais exaltado do que eu.

—Perto do banco. Ela deve estar perto do banco. -Falei já começando a correr. 

  Francis mesmo vindo logo atrás me alcançou em um piscar de olhos. Enquanto voltava a desviar das árvores ao meu redor. Sombras e vozes me perturbavam. Chegavam até a me fazer parar algumas vezes. Era como se soubéssemos minhas fraquezas.

  Lucy. Ela devia estar controlando a minha mente. Torturando-me da pior forma possível.

  Quando já estava quase saindo da floresta não agüentei e cai na grama. Meu cérebro parecia não saber o que fazer, apenas transformava meus piores medos em imaginações ainda mais terríveis.

  Eu conseguia ver minha filha morta, Austin decapitado, Cassidy cremada e até mesmo meus pais ocupavam minha mente como eu um filme de terror. Eu não iria vencer Sarah. Ela era mais forte do que eu e eu tinha que aceitar isso. Não adiantava colocar mentiras ainda mais em minha cabeça. Tentar me iludir ainda mais.

—Vamos Ally. -Francis disse um pouco mais alto. Ele estava um pouco afastado a essa altura.

    Viu que eu não sabia o que fazer e voltou na mesma hora.

—Ei nós vamos conseguir. -Colocou uma de suas mãos em minhas costas.

  Porém a única coisa que eu conseguia enxergar era a grama logo abaixo de mim. Eu não queria encarar seus olhos.

—Não desista Ally. Não deixe que Sarah vença. Você é mais forte do que ela.

  Gargalhei com isso.

—Eu não sou Francis. Não sou mais forte que ela, não sou mais forte que Agnes e sequer sou mais forte que Audrey.-Dei de ombros já me dando por vencida.

—Nem ao menos sou vampira. Não sou nada. -Gritei batendo com a palma das minhas mãos na terra seca.

  A adrenalina em meu corpo me fez demorar a perceber o toque. Era algo que furou a minha mão e que me fez recuar na hora. Quando a olhei notei mais uma vez sangue.

  Grama não faz cortes tão profundos, ou até mesmo folhas secas. Rapidamente olhei para terra ao meu redor o que vi me deixou tão feliz quanto assustada. Era o colar de Audrey.

—Ela esta aqui. -Segurei o colar em minhas mãos em meio o deixando se misturar ao meu sangue. -Minha filha esta por aqui. -Me levantei ainda com todos os meus ossos latejando.

—Audrey?-Gritei voltando a procurá-la. —Audrey?-Esse último foi ainda mais alto.

    Estava indo para o norte quando a mão de Francis segurou forte meu braço.

—Ela esta ali. -Disse apontando para a direção contraria. Parecia incapaz de encarar a cena que se entendia atrás de nós.

    Um aperto em meu coração foi o bastante para que eu conseguisse criar coragem parar virar meu rosto.

  Eu definitivamente queria chorar com a cena que presenciava, mas não havia mais lagrimas que eu pudesse usar então apenas parei. Parei de andar, de pensar e até mesmo de respirar. A única coisa que ainda me restava era o gosto amargo de vingança.

  Queria gritar, mas não conseguia fazer absolutamente nada. Apenas encarar. Audrey não estava morta, não tinha nenhuma estaca em seu peito ou sangue no lugar. Mas era algo ainda mais doentio.

  Minha filha havia sido enforcada por uma corda no alto de um galho. Sua pele estava completamente pálida, nada que eu tivesse visto antes. De todas as mortes de vampiros que presenciei nenhum deles tinha aquela cor. Ela estava mais branca do que papel.

  Seus braços pendiam ao lado do corpo onde eu podia ver suas feridas recentes cicatrizarem. Ela estava amordaçada e sangue escorria por sua bochecha.

  A cena quase me fez desmaiar se não fossem os braços de Francis. Eu queria correr para tirá-la dali, mas não conseguia dar um passo.

   Ele que fez o favor de desamarrá-la e deitá-la no chão ao meu lado. Com minhas mãos ainda trêmulas consegui tirar sua mordaça revelando assim seus lábios vermelhos como o sangue. Eles não haviam sido afetados por nenhuma daquelas vadias.

—Minha filhinha. -Acariciei seu rosto que mais parecia neve. Enxuguei o sangue de sua bochecha com a minha blusa e tirei sua mordaça.

   Francis então se agachou ao meu lado, porém não disse uma palavra sequer.

   Audrey não estava morte e eu tinha muito que agradecer por isso, mas então se eu fosse parar pra pensar a única coisa que meu cérebro conseguia dizer era: Por quê?

  Minha filha estava morte por conta do enforcamento, mas irá voltar a viver em alguns minutos ou até mesmo horas e se tudo der certo bem longe daqui.

  Se as vadias realmente quisessem ela morta já teriam feito isso. Aquele lugar estava perfeito demais, fácil demais e silencioso demais o que só podia significar uma coisa.

—Cuidado isso é uma armadilha. -Abaixei Francis com a mão enquanto que com meu corpo eu protegia minha filha.

  Por sorte ele foi rápido o suficiente para que a arvore em que Audrey havia sido enforcada não desabasse sobre nossas cabeças ou então eu estaria morta neste exato instante.

—Tentando se esconder na floresta Ally?Que covardia. - A voz de Lucy preencheu todo aquele vazio tenebroso.

  Francis então jogou o tronco da árvore para longe de nós três e se posicionou de frente para Lucy com seus dentes a amostra e os punhos cerrados.

—Essa não é a sua luta Francis. -Segurei em sua mão o fazendo me encarar. Pela primeira vez na noite eu o olhava nos olhos. Eu podia ver o medo que eles sentiam.

—Tem certeza?Posso acabar com ele em dois segundos. -Francis ameaçou avançar contra ela quando me pus de pé com minha filha ainda em meus braços.

—A leve para bem longe daqui. -A coloquei em seu colo.

   E ali estava eu, entregando minha filha ao homem que há muitos anos atrás queria me ver morta.

—Não sei se você nutre algum sentimento por mim em relação ao que tivemos, não sei se sente ódio, magoa ou qualquer outra coisa, mas, por favor, salve ela. -Segurei em seu rosto para que ele soubesse a necessidade e importância de cada palavra que eu pronunciava.

—Apenas por essa noite seja o cara por quem me apaixonei há oitenta anos. -Lhe dei um rápido beijo em sua bochecha.

  Ele mal piscava.

—Agora vá. -Vociferei apontando para a direção onde o tronco da árvore ainda estava caído.

  Mesmo ainda querendo hesitar Francis então começou a correr e eu senti que os olhos de Lucy acompanham os meus. Ela iria tentar usar seus poderes para impedi-lo de ir embora apenas para jogar com a minha mente.

—Não se atreva. -Apontei a pistola para o seu coração.

    Era o tempo suficiente para que Francis sumisse do nosso campo de visão.

—Você não acha mesmo que pode me vencer com uma arma, não é Ally?-Lucy cobriu a boca tentando prender o riso.

—Não preciso de armas para me livrar de você, não é tão forte quanto demonstra ser Lucy. É fraca e sabe disso. -Meu tom de voz era calmo e perigoso ao mesmo tempo. Eu iria vingar a minha vida.

  Ela quase deu um meio sorriso.

—A garota humana está querendo medir forças comigo?Posso incapacitar seu cérebro e deixar que sangre até morrer. -Ela agora gritava, mas seu rosto era de pura diversão.

—Muito bem. Mas se é assim, vamos fazer do jeito certo. -Tirei do bolso esquerdo da minha calça o potinha com verbena.

  O joguei ao nosso redor formando assim um circulo. Ele era grande o bastante para que pudéssemos nos mover e pequeno o bastante para que nenhuma de nós duas pudesse escapar.

  Aquilo iria nos enfraquecer. Claro que ia, mas era uma garantia de que uma de nós só poderia sair dali quando a outra estivesse morta.

—Que esperta Ally. Irá colocar a verbena como culpada da sua morte. -Deu um passo a frente.

—Talvez eu apenas esteja cavando a sua própria cova. -Em um movimento rápido dei um chute em seu estômago o que a fez se desequilibrar por alguns segundos.

Senti que ela iria me acertar um soco no rosto, porém consegui desviar antes do seu ato o que me fez ganhar tempo para lhe atacar por trás.

—De tantas criaturas sobrenaturais Austin decidiu se casar logo com uma bruxinha qualquer. Não me surpreende que seja tão ingênua ao ponto de se juntar a Sarah. -Girei seu braço direto o fazendo se deslocar.

—Quer mesmo falar sobre as decisões de Austin agora?Ele também ficou com você Dawson, esta no mesmo nível que eu. -Eu estava prestes a quebrar sue braço quando senti sua mão esquerda encostar-se a meu pescoço.

  Um frio súbito percorreu todo o meu corpo. Parecia que cada músculo e nervo meu estava sendo congelado. Até mesmo meu cérebro parecia ter parado de responder.

—Não fale de Austin como se eu fosse um monstro por ter traído a confiança dele. Eu me importava com ele e ainda me importo. -Suas mãos agora apertavam ainda mais forte a minha garganta.

   Ela estava usando seu poder contra mim. A sensação de ser enfeitiçada não era uma das melhores e por um momento desejei ser vampira de novo, assim ela realmente não teria chances contra mim.

  Meu corpo então começou a tremer. Ela estava manipulando a minha mente e o meu corpo. Iria me matar a qualquer momento tentando colocar em minha cabeça uma temperatura totalmente incomum para um ser humano.

  Eu iria morrer congelada por uma ilusão da minha própria mente. Ela então me levantou por puxões em meu cabelo e logo em seguida me jogou do outro lado do círculo onde o único indício de que não podíamos passar dali era a verbena que por eu ter tocado no pó ao cair senti o choque em todo o meu corpo.

—É uma pena que você tenha que morrer assim, sem se despedir, ou melhor, sem salvar nenhum deles. -Ela se agachou ao meu lado.

—Não se preocupe, serei uma excelente mãe para Audrey algo que você nunca foi. -Cuspi sangue em seu rosto.

    Suas risadas eram como agulhas em meu cérebro. Algo perturbador e agonizante.

—Cuidado Dawson. -Seus olhos se cravaram nos meus. Parecia estar tentando ler minha mente ou até mesmo que queria ver o que havia dentro de mim, mas eu estava completamente engana. Lucy não tirava os olhos dos meus, pois estava me manipulando, me sufocando para ser mais exata.

  O ar logo foi embora do meu peito me fazendo segurar na grama o mais forte que eu pudesse e que era totalmente inútil.

  Um peito subia e descia em movimentos descompassados e minha pele já começava a suar frio.

—Você podia estar do nosso lado, mas preferiu escolher ele. -Ela acertou um soco na minha cara que me fez desequilibrar mais uma vez e cair.

   Meu nariz parecia ter quebrado.

—Você é burra o suficiente para deixar sua filha em perigo por um cara que nem ao menos a aceitou de primeira. –Ela disse em meio a gritos.

  Ainda era difícil respirar e eu sentia que iria desmaiar a qualquer momento.

—Você esta com inveja por eu ter uma filha com ele ou por saber que não importa se você me mate ou não ele nunca vai te ver da forma como me vê?-Arrisquei um sorriso malicioso que fez todo o meu corpo latejar, mas não o diminui pelo contrário isso só o fez aumentar ainda mais.

   Ela parecia ter se ofendido com aquilo. Trabalho feito.

  —Não importa o quanto eu tenha o enganado e fingido ser algo que realmente não era. Sempre fui amiga de Sarah e isso vai muito além do que você possa compreender. Eu o amo e você nem ninguém pode impedir isso. -Cuspiu as palavras em minha cara e fincou suas unhas em minha garganta.

  Meus dedos formigavam e pareciam tremer cada vez mais, mas mesmo assim ainda consegui tatear a minha bota esquerda.

  Eu sentia meus dentes tremerem e a qualquer momento eles se tornariam roxos se já não estivessem dessa cor.

—Eu não sou ninguém para impedir que você o ame ou deixe de amar. -Minha voz saiu tremula. —Você pode amá-lo o quanto quiser e ele sabe disso, mas não vou deixar que me impeça de fazer o mesmo. -Com o canivete trêmulo em minhas mãos consegui decepar dois dos seus dedos.

  Isso me deu tempo suficiente para respirar e conseguir cambalear um pouco para trás. A sensação de não conseguir respirar ainda tomava conta de todo o meu corpo, no entanto em uma porcentagem bem menor. Eu até conseguia me manter de pé mesmo que minhas pernas ainda fraquejassem muito.

  Lucy ainda assim estava de pé, segurando a mão direita que agora só lhe resta três dedos, parecia horrorizado e por mais que eu quisesse fazer o mesmo não consegui evitar outro sorriso.

—Continue. -Vociferei. —Vai mesmo se espantar com dois dedos a menos?Já vi pessoas que perderam a perna e continuaram lutando. -Lhe desferi um soco no meio do rosto o que com o choque a fez cair.

—Como se sente agora que esta perdendo para uma humana?-Pressionei meu joelho contra sua garganta.

—Você... Não quer... Fazer... Isso Ally. - Ela tentava respirar ao mesmo tempo que se engasgava com o próprio sangue.

  Sua mão agora danificada agarrava meu braço com toda a força possível, cheguei até a rir com a cena de seus dedos tentando me arranhar.

—A Ally que você chegou a conhecer não, ela te deixaria fugir, se esconder e sabe se lá mais o que, mas a verdadeira Ally que poucos conhecem, mas todos temem não sente um pingo de mágoa por acabar com você.

  Peguei a pistola que estava a alguns metros de nós, a engatilhei e mirei em sua cabeça.

—Não deveria me subestimar tanto quando não sabe nada sobre a minha vida. -Com a arma acariciei seus cabelos.

   Eu iria torturar ela o máximo que eu pudesse.

—Você mesma que se subestimou. Colocou-se nas mãos de Sarah por causa de uma criança que deveria ter abortado. -Acertei o cano da pistola no seu olho esquerdo.

  Ela talvez ficasse cega, mas não por muito tempo. Logo apenas veria as chamas do inferno a consumindo.

—Argh. -Gemeu fechando os olhos involuntariamente, mas já era tarde demais. Ele já sangrava por toda a sua bochecha.

—Fala da minha filha de novo e te deixo cega do outro olho com um tiro. -Dei um tapa em seu rosto.

—Por mais que pareça difícil de acreditar eu tenho pena de você. -O nojo era visível em meu rosto, se é que ela consegue enxergar isso.

   Com a mão vazia limpei sangue que ainda escorria do meu nariz, eu realmente devo ter quebrado ele.

—Passou anos amando um homem que só tinha olhos para outra, que sonhava com outra e que amava outra. -Sussurrei em seu ouvido.

  Eu podia sentir a raiva dela, seus dentes e punhos cerrados eram provas disso.

—Você tentou se aproveitar dele e no final esta morrendo por causa dele. Imbecil. -Comecei a rir.

—O que você ainda quer de mim?-Perguntou tentando tomar fôlego o que só me fez apertar ainda mais minha perna contra sua garganta. Seu peito subia e descia em movimentos que seu coração talvez não conseguisse acompanhar.

—Eu quero que você morra. Uma morte lenta e dolorosa. Nada que você não fosse fazer comigo. -Me levantei.

  Um chute em seu estômago foi o necessário para ela vomitar sangue. Minha bota havia perfurado sua barriga.

  Fui até o canivete a alguns metros de nós. O tempo necessário para seus gemidos soarem como músicas para mim.

—Alguma coisa para dizer antes de morrer?-Me agachei novamente agora segurando seu queixo.

—Vai pro inferno. –Ela mal conseguia sussurrar.

   Uma risada irônica ecoou por toda a floresta e um sorriso de orelha a orelha apareceu em meus lábios.

—Te encontro lá. -Enfiei o canivete em sua garganta e a retirei segundos depois.

  Ela já se contorcia no chão. Não conseguia falar, gritar ou até mesmo usar seu poder. E eu esperei cada parte do seu corpo ser paralisado aos poucos. Até seus olhos estarem vidrados em mim sem nunca mais conseguirem piscar.

  Dei-lhe uma última olhada e com o artefato de metal em minhas mãos ainda pingando sangue o guardei em minha bota.

  A verbena já não me impedia de sair do circulo o que me deixou livre para dar passos lentos para longe dali. A sensação de vingança era boa, mas eu ainda não a tinha por completo.

  Lucy apenas foi a primeira a visitar o diabo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e se não,criticas são muito bem vindas.Se tiver algum erro no cap me avisem.Quero tantos comentários quanto o do cap passado então comentem muito meus amorzinhos.



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