The Kiss Of Midnight escrita por Nárriman


Capítulo 41
Capitulo 41


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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Pov’s Ally

  Depois de ver Dez sendo sustentado apenas por uma corda em seu pescoço em uma parte afastada da cidade eu não tive mais estomago para nada durante quase todo o dia. Tia Sofia não parava de chorar e os pais do ruivo estavam tão confusos quanto todos nós.

   A única certeza que a polícia tem é que não foi suicídio e eu não acho que eles irão chegar mais longe do que isso. Tive que fingir a melhor cara possível para que Audrey não desconfiasse de nada quando a levei para o colégio, ela ainda não esta pronta para enfrentar tudo isso.

  O enterro de Dez foi mais casual e humano do que eu esperava. Seu caixão ficou fechado por todo o tempo é claro, ninguém agüentaria ver ele em uma mistura de palidez e roxo cheio de hematomas na região do pescoço.

  —Eu adoro a Audrey, mas se você continuar pedindo para que eu cuide dela, acho que sua filha irá desconfiar de algo. -Francis reclamou.

  Estavamos no quarto de Kira, depois que Dez foi enterrado todos nós viemos pra cá, era como uma forma de um apoiar um ao outro.

—Você é o único que sabe sobre ela aqui Francis. Por favor, essa é a última vez que eu te peço isso. -Supliquei.

—Não me meta em seus problemas Ally. Audrey é criança, mas não é tão ingênua assim. -Ele desdenhou.

—Francis. -Minha voz soou quase um sussurro. Eu precisava fingir se quisesse que ele aceitasse isso.

  —O que você vai fazer?-Ele arqueou a sobrancelha.

   Sabia que não me deixaria ir tão fácil.

—Preciso ter uma conversa séria com Elliot e como daqui a pouco Audrey sai do colégio preciso que você a pegue e leve para minha casa, tente distrair ela, levar para conhecer a cidade, um parque, qualquer coisa, por favor.

—Daqui a pouco o sol irá se pôr Ally e eu quero você em sua casa antes dele nascer novamente amanhã,ok?-Ele perguntou bufando.

—Obrigada, nossa eu te amo Francis. -Fui até ele e lhe dei um beijo na bochecha.

— Não me dê falsas esperanças senhorita Dawson. -Ele me abraçou.

   Seu tom de voz apesar de tudo soou como algo brincalhão.

—Já conversamos sobre isso não foi?-O relembrei.

   Apertei-o ainda mais forte contra mim.

—Estou usando as armas que posso morena. -Ele retribuiu o beijo em minha bochecha.

—Sabe que ainda me culpo por tudo o que fiz a você, não sabe?-Indagou afagando meus cabelos.

—Você já teve a chance de me conquistar uma vez e a desperdiçou Francis, pela segunda vez fica repetitivo. -Falei em um tom de voz sério.

   Por mais que já tivéssemos resolvido tudo ele às vezes ainda meio que insistia em nossa volta.

—Mas isso não quer dizer que eu não te queira por perto. -Sorri. —Sei que no fundo você é uma boa pessoa Francis, só falta saber disso. -Dei um rápido aceno e sai do quarto.

   Quando retornei a sala de estar por um momento senti inveja de Lucy. Austin acalmava a noiva que estava em prantos. Parece que ela ocupou meu lugar também em relação à amizade de Dez enquanto eu estive fora.

    Meus olhos então se detiveram em Elliot que estava sentando com a cabeça baixa em um dos sofás.

   Respirei fundo e fui até ele.

—Preciso da sua ajuda. -Sussurrei em seu ouvido.

   Ele rapidamente deixou seus olhos caírem sobre mim, parecia estar confuso.

   Fiz um sinal com a cabeça para que ele me seguisse e assim nos levantamos do sofá.

—Eu gostaria muito de ficar aqui como todos vocês ainda mais nesse momento tão delicado de nossas vidas, mas parece que eu estar aqui só esta me fazendo mal ainda mais.-Senti meus olhos marejarem e por mais que eu estivesse dando uma desculpa para fugir deles a imagem de Dez ainda insistia em reaparecer em minha mente.

—Não se preocupe Ally, entendemos seu lado. -Cassidy surgiu perto de mim e segurou firme em minhas mãos por um instante. Eu só queria que aquilo fosse o bastante para fazer todos os meus problemas desaparecerem.

   Ela deu um breve sorriso para Elliot e eu enxuguei uma lagrima no canto do meu olho.

—Se cuida. -Dei um rápido abraço nela e segui para o lado de fora da casa com Elliot ainda me acompanhando.

   Fomos até seu carro sem dizermos nenhuma palavra.

   Quando nos acomodamos no veiculo ele me encarou esperando pacientemente o que eu tanto queria falar com ele.

—Apenas me leve para qualquer lugar onde eu possa entupir minhas artérias com álcool para depois te contar toda a droga que você precisa saber. -Essa frase foi o bastante para ele pisar fundo e seguirmos em direção a algum lugar ainda desconhecido por mim.

                                                                   ***

—Tem certeza que invadir uma festa de formandos da universidade é o lugar ideal?-Perguntei desviando de alguns jovens bêbados caídos no meio do caminho.

   A lua mal apareceu e já tem gente aqui que esta desmaiado.

—Relaxa. Eu falei com o dono da festa e esta tudo bem. -Elliot deu ênfase na palavra ‘’falei’’, a maioria ali poderia estar já fora de si, mas não podíamos correr o risco de sermos descobertos.

—Se algo der errado a culpa será sua. -Continuei caminhando pela casa de um ser que eu não faço idéia de quem seja até chegar ao jardim nos fundos, tirando o cheiro de cigarro e vômito em algumas partes o lugar parecia ser até aconchegante.

—Não estou querendo te apressar nem nada, mas a mais de quarenta minutos eu tento decifrar o que te fez me trazer até aqui e nada vem a minha cabeça, então, por favor, fale de uma vez. -Ele disse um pouco alto por causa do som.

   O chamei para se sentar ao meu lado em um dos bancos.

   Ele tinha em mãos dois copos com um liquido azul e eu não quero nem saber de onde ele tirou isso. Apenas agarrei um com minhas próprias mãos e o derramei goela abaixo.

—Vai com calma ai Ally, não estou a fim de te carregar inconsciente ate em casa. -Ele riu enquanto bebericava seu primeiro gole.

—Na verdade este é o meu objetivo. -Senti minha garganta queimar e balancei a cabeça freneticamente para tentar esquecer que a bebida estava começando afazer efeito desde já.

—Sei que com você não preciso fazer muitos rodeios até chegar ao ponto então vamos lá. -Estalei meu pescoço e mãos algumas vezes. Quem me visse pensaria que eu estava prestes a correr uma maratona. — Eu forjei minha própria morte para poder criar minha filha que é o fruto de um relacionamento conturbado com o Austin porque uma ancestral minha quer matar ele, mas agora quer que eu faça isso ou então ela mesma o matará levando eu e minha filha junto. -Falei tudo em um fôlego só e a única reação de Elliot foi quase morrer asfixiado com a bebida azul, a tosse dele parecia não ter mais fim.

—Se você morrer não irei poder contar o resto da história e isto não esta nos meus planos. -Revirei os olhos e cruzei as pernas pacientemente a espera de ele se recuperar.

—Isso é algum tipo de pegadinha?-Ele perguntou com a voz ainda um pouco rouca.

   Elliot começou a olhar para todos os lados como se estivesse à espera de ver alguma câmera escondida, quem dera se isso fosse realmente uma brincadeira.

—Continuando. -O fuzilei com os olhos por ter me interrompido. —Você só precisa saber que preciso da sua ajuda em uma parte do plano.

—Que plano?Matar o Austin?Sem chances. -Ele estava prestes a levantar quando o puxei de volta.

—Não é nada disso idiota. Eu e Austin nos resolvemos noite passada e agora precisamos da sua ajuda para podermos acabar com tudo isso de uma só vez. -Tentei ser o mais clara possível.

—O que eu posso fazer?-Ele perguntou depois de muito relutar contra si mesmo.

    Eu podia sentir a insegurança dele e não o julgo, mas isso ele é o único que eu posso cofiar isso.

—Encontre essa mulher. -Tirei do decote do meu vestido um papel que nele continha o endereço de Belinda.

—Diga que eu preciso dela aqui o mais rápido possível. -Entreguei o papel em suas mãos e o fechei apertando elas entre as minhas.

—Se você quer que o seu amigo fique bem apenas fale com ela. -Os meus olhos se fixaram nos seus e ele parecia não saber o que responder.

    Temia o que poderia acontecer a ele mesmo.

—Existem muitas vidas em jogo Elliot e se não quiser ser uma delas apenas faça o que te pedi. -Por mais que eu quisesse hipnotizá-lo para fazer isso eu não conseguiria, Elliot soube desenvolver seus poderes no colégio tão bem quanto eu.

—Amanhã irei procurá-la. -Ele engoliu em seco.

   Dei um longo suspiro e me inclinei para abraçá-lo.

—Eu devo minha vida a você Elliot. -Sussurrei em seu ouvido.

    Ele apenas riu.

—Você não me explicou todos os detalhes, mas eu confio em você Ally. -Ele pegou em minhas enquanto seus olhos ainda estavam fixos nos meus.

—Do mesmo jeito que eu confiei esse segredo a você. -Sorri.

—Quem mais esta sabendo sobre isso?

—Até agora apenas Austin e você. Pretendo contar aos outros, mas por hora apenas você precisa esta a par de tudo. –Assenti comigo mesma.

—Não sei o quão arriscado é tudo o que estou me metendo, mas é pra isso que servem os amigos, não é?-Ele me puxou para si de forma que minha cabeça encostasse-se a seu peito.

   Meus olhos foram de encontro aos jovens a minha frente. Todos eles pareciam felizes e maravilhados com tudo ao seu redor e eu daria qualquer coisa para ser qualquer um deles.

—Porque não podemos ser como eles?-Perguntei me aconchegando melhor em seu peito.

—Porque infelizmente nós somos vampiros. -Sua risada sarcástica me fez pensar um pouco sobre o assunto.

    Eu sempre pensei que entre os meus amigos eu fosse a única a querer ser humana, sempre escondi isso de todos porque não havia motivos em expor isso, até mesmo Austin gosta dessa vida e eu não sei o que vai ser dele quando não puder ser mais um.

—Então você queria ser um humano?

—Em parte ser vampiro é a melhor coisa que poderia me acontecer, mas talvez se eu fosse humano eu pudesse ser mais feliz. –Pela primeira vez em minha vida vi um sorriso triste transparecer em seus lábios o que me preocupou um pouco.

—Acho que felicidade nunca foi um problema pra você Elliot. –Constatei o óbvio.

—Por mais que eu não demonstre creio que sou o mais solitário do grupo Ally. Você e Austin possuem uma forte conexão, Trish e Dez viviam em pé de guerra, Kira nunca precisou de ninguém para nada, Alex praticamente odeia os seres que habitam a terra e Cassidy esta casada com Dallas. -Franzi a testa um pouco desconfiada. Não havia sentindo no que ele acabou de dizer.

—Por acaso você esta falando de relacionamento ou amizade?Todos nós somos amigos independente de qualquer coisa e nada nem ninguém vai mudar isso e se caso seja a primeira opção acho que apenas Cassy e Dallas estão juntos. -Eu realmente estava confusa com o que ele estava tentando me dizer.

   Ao notar a expressão em seu rosto logo após eu dizer o nome desses dois últimos foi inevitável que meu queixo caísse.

  Ainda meio atordoada consegui me recompor no banco para encará-lo melhor.

  Minha mente não podia ter esclarecido isso para mim apenas agora, não era possível que meus olhos não estiveram abertos todos esses anos para poder observar os fatos ao meu redor.

—Elliot você...

—Você promete que não vai contar a ninguém?-Ele me perguntou um pouco aflito com algo que para mim era apenas uma hipótese.

   O moreno praticamente afirmou meus pensamentos.

—Eu guardei em segredo minha filha por quase cinco anos, não importa o que você diga será fichinha comparado a isso. -Minha risada era puro nervosismo.

   Se ele não falasse logo de uma vez eu mesma gritaria aos quatro ventos.

—Eu amo a Cassidy e mantive um relacionamento escondido com ela por dois anos depois que já estava casada com Dallas. -Ele disse tão resumidamente quanto eu.

   E por um momento esqueci-me de respirar.

   Eu não estava ouvindo aquilo da boca dele, não podia ser verdade, não devia ser verdade.

—Acho que bebi demais. -Foi à única coisa que consegui dizer.  

   Elliot suspirou um pouco mais aliviado por eu não lhe dar lição de moral, ele que pensa.

—Isso foi logo no inicio. Eu sabia que era loucura tudo aquilo ainda mais com Dallas sendo um dos meus melhores amigos. -A única coisa que eu era capaz de fazer era escutá-lo atentamente.

   Seja lá qual for à explicação dele, precisa ser realmente muito convincente.

—Foi Alex quem me ajudou a esconder tudo de todos ao nosso redor. -Arregalei os olhos. —A maioria dos meus encontros com ela tinha o dedo de Alex em algum lugar, ele pode não valer nem uma moeda, no entanto, quando o assunto é algo proibido ele esta a disposição. -Riu sem humor.

—Desde o início eu pensava que sempre seria Elliot e Kira e Cassy e Dallas. Eu lembro a época em que vocês tentavam fazer ciúmes um ao outro. -Minhas lembranças vinham a minha cabeça mais uma vez. Salas de aula, refeitórios, festas, tudo. —Você e Cassidy fingiram estarem namorando para tentar chamarem a atenção de Kira e Dallas, pensei que era isso o tempo todo. -Minha mente não conseguia encaixar mais nada, parecia que tudo não passou de um show de ilusionismo onde fui uma péssima expectadora.

—Mas isso é verdade Ally, bom Cassy sempre quis fazer ciúmes a Dallas porque gostava dele, porém, o único motivo de eu ter deixado que todos pensassem que existia algo entre eu e ela era porque de fato eu queria que existisse e aquele era o único jeito de eu ter ela pra mim mesmo que fosse de mentira. -Ele deu de ombros.

—Kira parecia realmente gostar de você Elliot. –O repreendi enquanto pensava em minha amiga que talvez tivesse criado falsas esperanças em um homem que nunca teria futuro com ela.

—Nós nunca nos gostamos. -Ele me garantiu. —Kira é uma grande amiga minha, mas nunca sentimos nada além de certo cuidado um com o outro. Ela é como uma irmã para mim do mesmo jeito que você também é. -Levantei meus olhos até ele.

—Eu amo vocês duas, mas não do mesmo jeito que amo Cassidy. -Eu praticamente enfartei depois disso.

—Tem certeza disso Elliot?Não é apenas atração física ou sei lá mais o que?-Perguntei o chacoalhando pelos ombros. —Ela esta casado com um dos seus melhores amigos cara. -Gritei a última parte e algumas pessoas ao nosso redor começaram a nos encarar com certo interesse.

   Ainda bem que não conhecemos nenhum deles ou Elliot me mataria agora mesmo.

—E daí?Austin esta noivo de Lucy e nem por isso você pode deixar de sentir algo por ele.

    Meu mundo caiu.

—Eu não sinto nada por Austin. Não é porque temos uma filha que algum dia tenhamos nos amado. -O meu sarcasmo era minha maior defesa naquele momento.

   Minha única amiga.

—Até quando você vai negar?Todo mundo sabe que Austin te ama e você por mais que tente esconder também sente algo mais do que carinho e amizade por ele.

—Eu já o amei. -Sussurrei e me arrependi no momento seguinte. —Mas os sentimentos mudam e agora eu estou deixando escapar das minhas mãos o único homem que amei em toda a minha vida por causa da droga de um pacto. -Senti as lágrimas mais uma vez tomarem conta dos meus olhos. Ultimamente elas têm sido as minhas melhores amigas.

—Ele faria qualquer coisa por mim sabe?-Solucei. —Se eu tivesse aceitado provavelmente estaríamos em algum lugar do outro lado mundo fingindo que somos pessoas normais. -Eu ri enquanto secava algumas lágrimas que insistiam em cair.

—Eu poderia estar aproveitando minha vida da forma como nunca aproveitei, poderia estar levando uma vida normal com as duas pessoas mais importantes na minha vida, mas uma hora aquilo teria um final, Sarah nos encontraria e não teria nenhuma piedade. Não adiantaria de nada.

    Elliot parecia estar em choque. Ele nunca soube como agir com garotas chorando perto dele.

—Me desculpa Ally... Eu não queria... -Mais uma vez fui ao seu encontro e pela primeira vez não tive medo de chorar em público.

—Eu só quero ser feliz Elliot, será que isso é pedir demais?-Agarrei sua camisa com toda a força que encontrei dentro de mim. A qualquer momento ela rasgaria e tenho certeza de que ele não se importaria caso isso ocorresse.

—Você vai Ally, vai dar tudo certo. Eu prometo. -Ele disse me abraçando ainda mais forte.

   Senti gotas de chuva tomar conta de meu corpo, mas eu não queria entrar. Elliot parecia ser meu único refugio naquele momento.

—Promete?-Perguntei apreensiva. Por mais que ele não pudesse saber o que aconteceria com o meu futuro era bom ter alguém para me dizer que tudo iria ficar bem mesmo que fosse mentira.

   Tomei coragem e mais uma vez olhei em seus olhos.

—Por mais que tudo. -Ele disse convicto de si e deu um beijo em minha testa.

   As pessoas já haviam corrido para dentro da casa barulhenta, parece até que são feitos de açúcar.

—Posso te fazer uma pergunta?-Questionei mais uma vez me aninhando em seus braços.

—Desde que não seja algo que envolva me julgar topo qualquer coisa. -Ele disse passando a mão por toda a extensão do meu braço. Ele sempre fazia isso para tentar me acalmar.

—Cassidy te ama?-Tomei coragem de perguntar.

   Era algo que eu tinha curiosidade em saber depois de tudo o que ele me contou.

   Elliot, porém não demonstrou qualquer reação o que me fez questionar se foi uma boa idéia ter entrado mais uma vez nesse assunto tão delicado.

—Cassidy me ama e essa é a maior certeza que eu tenho até hoje, no entanto, ela também tem sentimentos por Dallas, eles não são tão fortes como os que têm por mim, mas algo nele faz ela se sentir a pessoa mais amada de todo o mundo. -Seu sorriso triste voltou a aparecer à medida que a chuva tomava conta de todo o seu corpo assim como já estava tomando do meu.

—Cassy é fiel a qualquer pessoa que tenha uma aproximação a mais com ela. Seja na amizade, na família ou em um relacionamento e por isso acho que o que me convenceu além das palavras dela em relação a mim foi ela ter se arriscado e arriscado seu casamento para ter algo comigo. -Ele tinha orgulho dela e isso por um momento me fez repensar sobre essa coisa chamada amor.

   Sorri como uma boba, com o passar do tempo eu percebi que havia mudado e muito o meu pensamento sobre amar alguém e eu estava feliz com a evolução.

—E quanto a Dallas?Ele é vítima de tudo isso. -Me preocupei com meu outro amigo. Dallas sem sombra de dúvidas não merecia isso.

—Às vezes eu acho que ele me perdoaria, não por ter um caso com sua esposa, mas sim por amar ela. -Nesse momento já estávamos ensopados.

—Você ainda pensa em contar para ele?

—Não. Como eu já disse tive um caso durante dois anos com Cassy, não daria certo e nós dois sabíamos disso então decidimos que o melhor seria nos afastarmos. -Por mais que as gotas de chuva estivessem por toda a parte em seu rosto eu podia diferenciar as lágrimas.

—Desculpa ser tão franca, mas acho que você definitivamente a perdeu. -Entrelacei minha mão na sua para tentar confortá-lo.

   Elliot balançou a cabeça negativamente.

—Ninguém pode perder algo que nunca teve Ally. -Ele se esforçou para dar um sorriso.

—E eu mais do que ninguém sei disso. Tenho uma história com Austin e isso ninguém pode negar, mas não posso dizer que o tive só para mim. Nunca andamos de mãos dadas na rua como um casal, nunca fomos a uma sorveteria como namorados ou muito menos ele me deu um buquê de flores por estarmos completando alguma data importante. -Tentei ser o mais forte enquanto dizia essas palavras.

   Por mais que tivéssemos momentos incríveis ainda doía por saber que eles nunca foram reais ao nosso ponto de vista.

—E sabe o que eu acabei de perceber?Que desde que eu me aproximei mais dele eu não tive relação com qualquer outro homem. -Só agora isso me passou pela cabeça. Acho que a bebida esta me fazendo enxergar coisa até demais. —Já faz cinco anos que beijo o mesmo homem que nem posso chamar de meu.-A realidade veio a tona.

—Acho que nenhum de nós teve sorte no amor. -Elliot gargalhou alto e por mais que aquilo não fosse motivo para piada parecia soar engraçado em meio à chuva.

—Posso te pedir uma coisa Elliot?-Uma idéia veio em minha mente.

—Essa noite você já disse isso e terminou me envolvendo em uma armadilha então nada disso senhorita. -Ele me desprendeu de seu corpo para poder sacudir um pouco seus cabelos e eu apenas ri.

—Prometo que não será nada que envolva morte. -Levantei os braços em rendição.

   Ele me analisou por um segundo e por mais que quisesse hesitar apenas confirmou com a cabeça.

—Já estou com a vida uma merda mesmo. -Deu de ombros.

—Me beije. -Falei.

—Piadinha de mau gosto Ally?Não caio nessa. -Olhei ao nosso redor e percebi que não havia mais ninguém por ali e que a lua estava escondida em algum lugar atrás das enormes nuvens que choravam em cima de nossas cabeças.

   Ele não havia demonstrado qualquer tipo de incomodo com o meu pedido o que concluí com um progresso.

—Eu não sinto nada por você e nem você por mim, Austin esta noivo de Lucy e Cassy casada com Dallas. -Me ajeitei melhor no banco. —Pode parecer loucura, mas não quero me tornar humana sem ter terminando minha vida vampira sem ter beijado um cara além de Austin ao final de tudo o que vivi com ele. -Eu estava falando mais para mim mesma do que para ele.

—Não devemos nada a ninguém Elliot. -Me aproximei um pouco mais dele.

—Você não vai usar isso contra o Austin no futuro?-Ele perguntou arqueando a sobrancelha.

   Neguei com a cabeça. Ele ira ceder.

—E promete que nossa relação não irá ser afetada em nada quanto ao que vai acontecer agora?-Voltou a questionar

   Não era tão ruim assim.

—Prometo. -A bebida realmente estava me fazendo ver graça em qualquer coisa.

—Ótimo. -Antes de eu poder agradecê-lo por ser um ótimo amigo senti seus lábios contra os meus.

   Beijar um dos meus melhores amigos sem sobra de dúvida nunca esteve nos meus planos. Elliot é importante demais para mim e eu nunca o vi além de um irmão mais velho, porém não posso negar que beija bem até demais.

   Deixe minhas mãos se entrelaçarem aos seus cabelos agora encharcados pela chuva à medida que suas mãos vieram para minha cintura.

   Meu amigo poderia ser um ótimo passa tempo para mim se ainda estivéssemos no colégio e sem problemas na cabeça, mas agora é como ele mesmo disse. Somos como irmãos.

  Ao final do beijo eu sorri, era como se ele tivesse me feito o maior favor do mundo.

—Isso foi estranho. -Ele disse quando no separamos.

    Concordei com a cabeça.

—Pode ter parecido bobo, mas sinto que pelo menos agora cumpri tudo o que eu queria fazer enquanto ainda sou vampira. -Falei sorrindo.

   Levantei-me e comecei a dançar no meio da chuva a música que praticamente explodia lá dentro.

   Eram raros os momentos em que eu me sentia e viva e quando eles me apareciam não podia desperdiçar.

—O que você esta querendo dizer?-Ele perguntou enquanto me observava tentando prender o riso.

—Quando eu for humana irei precisar-me habituar a nova vida e sei que não será fácil. Por exemplo, agora eu posso me jogar do maior prédio que existe na cidade e não irei morrer. –Ainda com o som da música na cabeça comecei a caminhar um pouco por entre o jardim.

   Vi uma faca caída no meio de algumas plantas e a peguei. Havia copos e mil e uma coisas por perto, mas foi à faca que mais me chamou a atenção.

   Acho que os humanos estavam com tanto medo da chuva que deixaram as coisas de lado.

—Veja. -Apontei a faca na direção dele.

—Eu ainda posso fazer praticamente o que eu quiser. -Enfiei a faca contra meu peito e o máximo que senti foi cócegas.

   Aquela coisa azul não me fez bem e por algum motivo gostei desse efeito.

—É divertido. -Comecei a rir admirando meu sangue naquele pequeno pedaço de metal afiado.

—Acho que á passou da sua hora Dawson. Vem, vamos entrar. -Ele veio em minha direção, jogou seu braço por cima dos meus ombros e assim foi me guiando de volta à enorme sala de uma pessoa normal qualquer.

   Se não fosse pela vibração do meu celular eu nunca que iria saber que havia chegado uma mensagem.

   Pensei em ignorar, mas visto à hora em questão logo a possibilidade de ser algo em relação à Audrey me despertou.

  A última coisa que eu esperava encontrar naquele momento era um número desconhecido. Ignorar poderia ter sido a minha melhor decisão, mas eu não podia simplesmente ignorar as coisas ao meu redor.

 Tomei coragem e li à mensagem.

‘’Enquanto brincava na chuva fiz minhas mãos brincarem com a vida de Brady e agora ele se juntou a Dez no inferno. Quem será o próximo minha querida Ally?’’

Quase deixei meu corpo cair no chão com o choque se não fosse por Elliot que me apoiava. Eu sentia seu olhar por cima dos meus ombros. Ele também leu o que eu li.

 Eu cheguei a pensar inúmeras vezes que Sarah era quem havia planejado a morte de Dez, mas agora não havia dúvidas. Ela esta na cidade e talvez já saiba de tudo.

Elliot não sabia de tudo, mas ao julgar pela mensagem e por tudo que lhe contei não tinha como ele não se preocupar com tudo.

—Por algum motivo se nada disso der certo o que você vai fazer?-Ele perguntou ainda um pouco desconcertado.

  Lembrei então de qual era o meu objetivo desde que voltei. Matar Austin.

  Eu não podia deixar que nada acontecesse a minha filha. Todos ao meu redor podem morrer, mas não minha filha, ela não merece isso.

  Austin poderia não entender o porquê de eu o matar, mas se nosso plano não der certo terei de recorrer a medidas drásticas.

—Se isso não funcionar ainda tenho um truque na manga.


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Notas finais do capítulo

Comentem,favoritem,recomendem e é isso. Bjs e até o próximo cap.



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