*Quatro anos depois*

Pov’s Austin

—Eu já disse que não queria uma festa de aniversário. -Revirei os olhos e recostei meu corpo no banco do carro. Não agüento mais repetir a mesma frase pela centésima vez e para que nenhum deles também.

—Amor já faz anos que você não faz nada do tipo, pense pelo lado bom, todos os seus amigos e sua família estarão lá, fora que meus pais não podem esperar por te ver de novo, eles realmente te amam. -Lucy disse com uma alegria tão contagiante quanto à luz do sol.

—Eu sei, mas precisava ser justo um baile de máscaras?E logo em Hill Valley?Isso é um pouco demais Lucy. -Acariciei seu cabelo e ela apenas bufou. Estou tentando convencer ela do contrário a semanas.

—Estamos noivos há três meses Austin, achei que poderia ser algo bom para nós dois. -Eu via a esperança de eu reconciliar a idéia em seus olhos.

  Suspirei sabendo que não havia como ganhar dela naquele quesito e apenas lhe dei um selinho voltando a me ajeitar no carro.

   Chega de intrigas.

—Acho bom você continuar caladinho na sua e aceitar Austin, porque eu não estou dirigindo para Hill Valley no seu aniversário a toa não. -A voz fria de Alex preencheu o ambiente agora silencioso.

   Revirei os olhos. Se fosse para ser tão chato seria melhor ter sido enterrado junto a Agnes.

—Garoto para de revirar os olhos ou eu faço o dia do seu aniversário ser o seu último. -Como ele viu?Nem esta olhando pelo retrovisor.

—Alex se comporte um pouco, só até o fim do dia pelo menos. -Kira se meteu no meio da conversa.

  Ela sabe como ele ama me provocar, parece que sente prazer ao fazer isso.

   O loiro rapidamente a fuzila com o olhar que a morena retribui na mesmo intensidade, eu podia ver as faíscas saindo de seus olhos claros. Por fim Alex voltou sua atenção para a estrada a sua frente de onde nunca deveriam ter saído.

—E vê se tira essa cara emburrada Lucy, eu, Cassy e Trish tivemos muito trabalho organizando tudo, acho bom você gostar. -Ki disse agora se voltando para mim.

   Forcei um sorriso e assim continuamos a viagem com o carro de Elliot nos segundo logo atrás com todos os outros meus amigos, minha família já esta lá.

                                                                         ***

—E voltamos ao inferno. -Alex voltou a provocar quando estacionamos naquela mansão que há anos nenhum de nós dois visitávamos.

   A voz dele por mais dura que soasse estava acobertada por uma pequena magoa dos momentos que já viu com alguém séculos atrás.

—Ainda está de manhã então acho melhor nos apresarmos para entrar. -Ele colocou seus óculos escuros e saiu do carro sem olhar para trás.

  Eu o imitei quanto ao óculos e assim saímos do carro.

  Lucy veio logo atrás para cobrir meus olhos, segundo ela eu só vou poder ver a decoração até a noite o que não faz diferença pra mim.

   Ela me guiou ao que creio ser o primeiro andar da casa.

—Pronto. -Disse me dando a liberdade de olhar o corredor a nossa volta.

—Então quer dizer que terei que ficar nesse andar até a hora de começar a palhaçada?-Arqueei a sobrancelha.

    Ela revirou os olhos.

—Sim, mas se não quiser pode sair um pouco, sei que gosta dessa cidade. -Deu de ombros.

   Você não sabe o quanto.

   Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa ela já estava indo mais uma vez em direção as escadas.

—Ei aonde você vai?-Franzi a testa.

—Terminar os preparativos da festa?Ainda falta organizar muita coisa amor. -Ela sorriu para mim.

  Suspirei e apertei um pouco os passos para chegar até ela e lhe dar um beijo rápido, vi ela se afastar em direção as escadas mais uma vez por onde Cassidy subia com Elliot ao seu lado, os dois nunca vieram a esta casa e parecem estar admirados.

—Lucy não poderia ter escolhido um lugar melhor. -Cassy elogiou e eu apenas encostei-me à parede fria atrás de mim.

—Por favor, não me digam que vocês também vão ajudar a Lucy com isso tudo, preciso sair um pouco desse lugar, sou capaz de enlouquecer se passar mais um minuto sequer aqui. -Falei um pouco ofegante.

—Calma ai loirinho, respira um pouco. Hoje é o seu aniversário, esta nervoso demais para isso, não acha. -Cassidy deu um soco m meu ombro tentando me animar.

—Vocês ainda não me responderam.

—Não Lucy não pediu nossa ajuda na verdade ela nos deu uma folga, temos dado muito duro em tudo isso nos últimos dias e ela resolveu dar uma trégua nós, eu amo aquela garota. -Elliot disse com a mão no coração e eu voltei a rolar os olhos.

—Vamos logo.

—Ei, ainda nem fomos ver nossos quartos Austin. -Cassy interveio.

—Tem mais de vinte quartos em toda a casa, tenho certeza de que encontrarão algum vazio agora vamos logo. -Os empurrei até o fim do corredor onde uma janela vermelha já um poço gasta por conta do tempo repousava.

—Você não acha que vamos pular isso não, certo?-Cassy arqueou a sobrancelha.

—Esta com medo?-Um sorriso escapou de meus lábios e ela apenas negou.

—Só que não tem porque pular da janela.

—Hoje é meu aniversário loira. -Pisquei para ela que apenas bateu o pé com força no chão e não hesitou ao pular.

                                                                     ***

—Acho que já esta bom por hoje. -Elliot lambeu os lábios e jogou uma mulher de aproximadamente trinta anos no chão.

  Havíamos literalmente acabado com o restaurante.

—Ótimo, agora podemos ir embora?Não vai demorar muita para a polícia descobrir sobre isso aqui. -Cassidy apontou para todos os corpos espalhados em meio ao salão.

—Eu queria aproveitar mais um pouco a cidade, temos pouco tempo. -O sorriso malicioso de Elliot me fez revirar os olhos.

—Cassidy esta certa, acabamos de chegar à cidade e arrumar encrenca não será uma boa, Hill Valley não é como Craisville. -Falei enquanto pegava a mão de Cassidy e a levava para fora do estabelecimento, Elliot vinha logo atrás.

—Tem razão. As mulheres daqui são bem melhores. -Assim que colocamos nossos pés na calçada Elliot cravou seus olhos em duas jovens no fim da rua.

—Você deveria parar de ser mulherengo e tentar encontrar uma mulher que realmente valha a pena Elliot. -Cassidy deu um tapa nele.

—Porque eu?O Austin esta noivo da Lucy há um ano e ainda nem começaram a pensar no casamento porque ele é mole e você vem descontar em mim?Por favor, Cassy. -Parei bruscamente e o fuzilei.

   Elliot apenas bufou entediado e deu de ombros.

—Eu já disse que é muito cedo para pensarmos no casamento, ela... -Elliot me interrompeu.

—Não é a Ally. -Parei novamente, obrigando Cassidy a fazer o mesmo.

    Fechei os olhos por um breve momento e respirei fundo.

—Ally não tem nada haver com isso. -Voltei a caminhar em direção a minha casa que ficava a poucas quadras do restaurante.

—Por favor, Austin, todo mundo sabe que mesmo depois de quase cinco anos você ainda não superou a morte dela. -Senti a mão de Cassidy apertar a minha, como uma forma silenciosa de tentar me acalmar, ela ainda sentia saudade da amiga, porém se preocupava mais em me confortar.

—Eu realmente não estou a fim de ter uma discussão com você no meio da rua, então apenas cale a boca Elliot. -Minhas palavras saíram como uma navalha prestes a cortar até mesmo o ar ao nosso redor.

—Apenas não negue. -Voltou a me provocar e eu apenas o ignorei. Adiantei meus passos com Cassidy, essa conversa não deveria nem ter começado.

—Desculpa. -Ela sussurrou tão baixo que pensei ter falado para si mesmo, no entanto, mesmo assim fui mais rápido.

—Não é sua culpa, você estava apenas tentando quebrar o clima. -Dei uma cotovelada nela de leve que a fez sorrir.

—Mesmo assim, sei como você fica quando tocam no nome dela e não acho justo que as pessoas usem isso para te derrubar. -Encostou sua cabeça em meu ombro e eu apenas sorri.

—Elliot é um idiota, não liga pro que ele diz.

—O problema não é o que ele diz e sim como diz. Às vezes ele parece se precipitar com o que vai falar e na maioria das vezes infelizmente é verdade. -Deu um longo suspiro de tristeza.

—Vamos esquecer isso ok?Já faz quase cinco anos e estamos sabendo lidar com isso não?Sei que não é fácil, mas aprendemos a nos acostumar, veja onde estamos. Ally estaria feliz por todos nós. -A lembrança dela sorrindo me veio à mente.

—Com certeza estaria e por isso eu a admirava tanto. –Disse com o olhar distante.

—Ei ainda a admira. -Agora fui eu quem apertou sua mão. —Ela esta com a gente, não importa como, mas esta.

—Sim. -Cassidy finalizou e assim seguimos até minha casa.

     Nem fiz questão de olhar por cima dos ombros para ver se Elliot ainda estava conosco.

                                                                         ***

   Terminei de ajustar o terno em meu corpo. Para um baile de máscaras até que estou apresentável.

    Dei uma última olhada no espelho e cacei a máscara também preta em cima da cômoda que Lucy me deu, ao invés de colocá-la eu apenas a peguei em minhas mãos.

   Nesse momento todos devem já estar lá embaixo exceto eu.

    Analisei o quarto em que estava por uma última vez e o tranquei logo em seguida.

   O corredor estava vazio assim como eu esperava e assim segui até a enorme escada que ia em direção a sala principal, esse lugar ainda me causa certo desconforto.

   Assim que notaram minha presença tratei logo de me apresar em direção ao salão, pude ouvir suspiros de mulheres que mesmo com as mais refinadas máscaras pareciam encantadoras aos meus olhos e não consegui segurar um sorriso.

   Quando cheguei ao térreo à primeira coisa que vi foram os cabelos negros de Lucy tapando minha visão e seu corpo em volta do meu, tive que rir com isso.

—Espero que tenha gostado. -Desde manhã este sorriso estampa o seu rosto de uma forma impressionante.

  Dei uma rápida olhada no local, estava realmente incrível, desde os lustres recém colocados até as pessoas debaixo de máscaras.

—Eu não poderia pedir mais. -Sem pensar lhe dei um beijo, nada quente ou muito menos agressivo, um beijo um tanto que inocente, a maioria dos nossos beijos são assim.

—Aproveite a festa, reveja os amigos, familiares, depois nos falamos. -Me deu um rápido selinho antes de Kira aparecer da terra do nunca, ela estava com um vestido azul claro longo de seda e sua máscara era em um tom de azul escuro, ela estava linda.

   Kira a arrastou para longe me deixando sozinho entre pessoas tão familiares e ao mesmo tempo tão estranhas.

  Dei um longo suspiro, finalmente cobri meu rosto com a mascara e voltei a caminhar.

  Vamos ver o que o inferno me reserva.