Annabeth batia o pé, incomodada, no chão da sala. Percy disse que não queria que ela fosse busca-lo no aeroporto, o que ela não tinha entendido muito bem.

O namorado havia viajado á seis meses para apoiar uma causa no ramo da Biologia. Vamos se dizer que Annabeth havia concordado que ele fosse, porque era uma grande oportunidade, mas já estava ficando louca de saudade. Eram seis meses, seis meses! Eles conversavam quase todos os dias, mas não era a mesma coisa.

O que ela fazia o dia todo?

Bom, ela estava lotada de projetos para entregar, mas não conseguia se concentrar em terminar de fazê-los. As olheiras em torno dos seus olhos estavam maiores, já que quem á botava para dormi era Percy. Já que ele não estava em casa, ela ficava até horas da madrugada fazendo suas plantas e projetos. Esquecia-se de comer e de dar comida á Josh, seu cão. Percy havia á presenteado no aniversario de quatro anos de namorado deles. Annabeth choro, talvez muito, ou notar que era um cachorro. Sempre quis ter um. Ela não podia ficar sem comer, afinal, agora ela comia por dois. Tinha que pensar nisso, mas quase sempre esquecia. Grávida, preocupada e sozinha. Fica difícil se concentrar assim.

Quando estava sozinha, em seu quarto, deitada na cama deles, ela ficava repassando, como um filme, tudo que eles já haviam vivido.

Aproximadamente cinco anos atrás

Tecnicamente, quando a loira ficava empolgada, ela tinha a tendência á falar de mais. Thalia estava ao seu lado, e durante a palestra inteira, Annabeth falará, falará e falará. O garoto dos cabelos e olhos negros atrás delas havia feito "shiu" pelo menos mil vezes, mas era meio que automático começar a falar novamente.

Annabeth escutará o garoto que estava ao lado dele falar

- Preste atenção - ele dissera.

- A loira não para de falar! - o outro rebaterá.

- Se você prestasse atenção na palestra, nem ligaria para o que ela fala! Mas você se importa mais com o que está ao redor do que com o que realmente importa! - o amigo dissera.

O moreno bufou e murmurou algo que a loira não escutou.

Quando Annabeth sairá da palestra e Thalia foi para o outro lado, ela correu apressadamente pelos corredores até tombar com uma pessoa. O garoto - ela notou assim que ele lhe tocou- lhe segurou antes que caísse de cara no chão

- Desculpe - ela disse, ficando em pé direito.

- Oh, tudo bem - ele disse - Você... É a garota que não parava de falar a palestra inteira.

Annabeth corou e abaixou a cabeça.

- Perdão - ela pediu - Eu estava meio ansiosa. Começo a falar.

- Que isso, tudo bem - o garoto dos olhos verdes disse, sorrindo - Eu não estava interessado na palestra. Escutar sua voz foi bem mais interessante.

Annabeth corou mais um pouco e sorriu.

- Então - ele disse - Estuda aqui mesmo?

- Sim - ela respondeu, caminhando com ele - Prédio de Arquitetura. E você?

- Biologia - o garoto deu de ombros.

- Eu tenho que ir - ela disse quando chegaram à saída.

- Claro - o garoto disse - A propósito, sou Percy. Percy Jackson.

- Annabeth. Annabeth Chase - a loira respondeu.

- Bonito nome - Percy disse - Quando podemos nós ver outra vez, loira?

- Não sei - Annabeth respondeu - Deixaremos para as parcas responderem.

O moreno riu e ela se virou, caminhando para casa, olhando pelo menos duas vezes para trás.

A loira sorriu. Ela realmente não pensará que o encontraria novamente.

Aproximadamente quatro anos e dez meses atrás.

- Mas Thalia... Eu vou ficar segurando vela! - Annabeth questionou.

- Vai nada - Thalia estalou a língua no céu da boca - Ele disse que vai levar o amigo gostoso dele.

- Seu namorado chama o amigo dele de gostoso? Isso não é meio estranho, não? - Annabeth indagou.

Thalia riu.

- Você vai ver.

...

- Você - Percy disse quando á viu - Quando Nico me disse que a namorada traria alguém para ficar comigo, eu não esperei que fosse alguém legal.

Annabeth riu.

Thalia e Nico -o garoto que reclamara dela na palestra- nem notavam que eles estavam ali.

- Thalia disse que Nico disse que traria um amigo gostoso - Annabeth disse - Onde está ele?

- Palhaça - Percy riu - Você tem admitir que eu sou muito gostoso.

- Não - Annabeth riu junto com ele - Ainda não.

Dois anos mais tarde, Annabeth foi obrigada á admitir que ele era muito gostoso, se é que me entendem.

Mas o tanto que ele tinha de gostosura, ele tinha de ciúmes.

Aproximadamente quatro anos e três dias atrás

- Mas ele também é meu amigo!

- Isso não justifica, Annabeth! Não justifica! Ele teve a coragem de olhar para mim e dizer que você era dele! Você é minha, entendeu? Minha!

- Percy, eu não sou sua! Você não é meu namorado pra falar comigo assim! Você é meu melhor amigo, tem que entender que eu também tenho outros amigos!

Percy pareceu ficar com muita raiva, e ele nunca ficava com raiva.

- Então você não é minha? - ele semicerrou os olhos, esperando a resposta dela.

- Não. Eu sou apenas sua melhor amiga - Annabeth respondeu calmamente.

- Apenas minha melhor amiga - Percy murmurou com deboche - Se o problema é porque você não é minha namorada, tudo bem! Eu vou resolver isso!

Ele disse e saiu pela porta, a batendo com força, deixando a loira confusa para trás

Annabeth riu com isso. E pensar no que ele quis dizer com "resolver"...

Aproximadamente quatro anos atrás

Eles haviam ficado três dias sem se falarem. Annabeth já estava ficando louca. Não conseguia falar com ele de jeito nenhum! Ele rejeitava suas ligações, não atendia a porta de seu apartamento, não respondia as mensagens, não chegava perto dela na faculdade e ainda por cima, não havia sequer mandado um "Feliz Aniversário" naquela manhã.

A loira sentiu uma lagrima descer por seu rosto. Ele nem sequer tinha lhe dado parabéns...

Ela escutou a campainha e foi até lá abrir, e lá estava ele. Os olhos verdes brilhantes, os cabelos pretos bagunçados, suas mãos estavam para trás e ele sorria travesso.

- Oi...

Annabeth jogou seus braços pelo pescoço dele e o abraçou com força, Percy apenas acariciara a bochecha dela com o queixo e beijara sua testa, sem tirar as mãos das costas. Annabeth sorriu quando sentiu sua barba mal aparada pinicar em sua bochecha.

- Eu pensei que nunca mais falaria comigo - ela disse, baixinho - Estava com saudade.

- Eu estava resolvendo aquele problema - Percy passou uma das mãos na nuca, mas a outra permanecia nas costas - Mas não sabia como...

- O que você tem nas mãos? - ela perguntou curiosa.

- Seu presente - ele mordeu o lábio inferior - Mas antes de lhe entregar... Eu... Eu preciso resolver o problema...

- Que problema, Percy? - Annabeth questionou.

- E que... Você disse que eu não podia dizer que você era minha porque não era seu namorado... E eu não queria mais "não ser seu namorado" já faz um bom tempo... Então... Eu queria... Eu quero pedir você em namoro - Percy ficou corado, muito corado. Annabeth teve que prender o riso. Ele tinha dezenove anos e estava nervoso para fazer um pedido de namoro - Eu quero poder dizer que você é minha... Porque você é... Você é minha desde os dia em que não quis admitir que eu era gosto. E... Oh, Deus, Annie... Eu não sei mais o que dizer... Eu amo você, tudo bem?

Annabeth riu e passou os braços novamente pelo pescoço dele

- Oh, eu também amo você - ela disse, passando a bochecha pelo queijo dele - E, sim, eu aceito. E até admito que você é gostoso, já que agora eu posso.

- Então eu posso dizer para aquele idiota que você é minha? - ele beijou o canto dos lábios dela.

- Pode - Annabeth puxou ele para si, o beijando.

Ela se lembrava da conversa que tivera dois dias depois que ele viajou.

-Você melhorou? - ele perguntou preocupado.

Annabeth sorriu.

- Não - ela disse - Mas eu já sei o que é...

- O que foi? Você foi ao médico? É muito serio? Oh, Deus, eu não devia ter viajado com você passando mal.

Annabeth riu.

- Eu estou bem, Cabeça de Alga - Annabeth sorriu para ele - É algo bom.

- Diga logo, Annie - Percy brigou - Você sabe que eu fico muito preocupado.

- Eu estou grávida, Cabeça de Alga... - Annabeth disse e abaixou a cabeça.

Percy permanecia em silêncio.

- Grávida? - Annabeth levantou os olhos e o viu sorrindo - Annie, isso é maravilhoso!

Annabeth sorriu.

- Oh, como eu queria está com você! - Percy disse. Annabeth nunca vira ele sorrir tanto - Eu... Eu tenho uma surpresa pra você. Mas só quando eu chegar.

- Tudo bem - ela disse e sorriu mais um pouquinho - Estou tão feliz, Percy.

- Eu também estou, Sabidinha - ele disse - Eu também estou.

A última vez que eles conversaram tinha sido ontem à noite.

- Então, como estão minhas meninas?

- Estamos bem - Annabeth sorriu, bobamente - Ela mexeu ontem, Percy! Pela primeira vez! Em sete meses!

Os olhos da mulher ficaram marejados. Percy sorriu.

- Isso é ótimo, meu amor - ele sorriu - Eu estou me sentindo tão culpado por não está ai com você... Tão culpado.

- Não fique assim, Cabeça de Alga - Annabeth sorriu - Amanhã você vai está aqui conosco.

Annabeth escutou o telefone tocar e saiu de seus pensamentos.

- Sim? - ela perguntou.

- Annabeth Chase? - ela escutou a voz.

- Sim, sou eu - ela franziu os cenhos.

...

Annabeth sentia as lagrimas caírem por seus olhos e seu coração estava pesado. As mãos dela estavam sobre sua barriga, tentando se acalmar.

Ela olhava para ele. Pálido. Fraco. Morto.

- E ele? - o homem perguntou.

Annabeth não conseguia falar, apenas confirmou.

- Oh, Percy... - ela sussurrou.

- Eu sinto muito por sua perda - o médico disse - Nós... Achamos algumas coisas no carro. Você era namorada dele, certo?

Annabeth confirmou novamente.

- Aqui - a mulher que estava com ele lhe entregou um papel e uma caixinha para ela - Desculpe, mas tivemos que ler a carta para descobrimos quem era você. Você era uma mulher de sorte. Ele devia ser um homem maravilhoso. E... Sinto por ter que criar a criança sozinha.

- E-ele era - Annabeth pegou as coisas da mão da mulher.

- Ele... Ele não morreu imediatamente - o homem continuou - Mas ele ficou dizendo seu nome... O tempo todo... Dizendo que tinha de falar com você...

Annabeth fechou os olhos com força e abraçou as coisas contra seu peito, sentindo as lagrimas caírem mais.

- Talvez você deva se sentar um pouco - a mulher tocou no ombro dela - Nós podemos contatar alguém da família dele. Você precisa se acalmar um pouco, isso não faz bem para o bebê.

Annabeth respirou fundo e confirmou.

- Sally. Oh, Deus, Sally - Annabeth apertou os olhos com mais força e a mulher a colocou sentada em uma cadeira, e ela tentou se acalmar. Totalmente em vão.

...

Annabeth simplesmente desabou quando chegou a casa. Havia ficado um tempo no hospital, até Sally chegar, e elas choraram juntas.

Jogada na cama deles, ele chorou como uma criancinha. Seu corpo inteiro tremia e ele não conseguia enxergar nada. O que ela faria?

Quando o choro diminuiu, ela se sentou, ainda tremula, e pegou a carta.

Ela pode sentir o cheiro de maresia dele ao pegar o pedaço de papel. A letra quase perfeita de seu amado estava ali, e ela molhava a carta com suas lagrimas, que voltaram á cair.

Querida Annabeth

Você vai me achar um completo idiota depois que ler essa carta. Mas sabe... Eu tentei muito, muito mesmo, encontrar palavras fáceis para que eu não travasse quando fosse falar com você. Mas eu não encontrei. Então eu pensei: Seria legal escrever uma carta. Ninguém nunca pediu ninguém em casamento por uma carta. Annie, eu amo tanto você, minha pequena. Eu amo poder dizer que você é minha, você sabe disso. Eu amo o fato de que você é como uma criança, e eu preciso está mandando você ir dormir, eu não sou convencido, mas eu acho que eu seria um ótimo pai, é, eu seria. E você seria uma ótima mãe, tenho certeza. Na verdade, vamos ser, né? Oh, Annie, eu queria muito poder está ai com você, pra poder cuidar de vocês. Espero que esteja comendo bem, e você prometeu avisar sempre que se sentisse mal. Eu queria poder está ai para poder atender seus desejos, eu sei que você teve muitos, Nico me contou que você ligava para Thalia pedindo amoras. Sinceramente, eu não quero que você pense que estou lhe pedindo em casamento apenas porque você está grávida, não é por isso. É porque eu amo você, é depois de quase cinco anos namorando, acho que já estava na hora. Eu queria algo bonito para dar para você, e eu encontrei uma pedra em uma das minhas pesquisas. Foi bem difícil conseguir alguém que fizesse o que eu queria, mas eu dei um jeito. Eu espero que você goste. Eu sei que eu passei muito tempo longe, mas agora eu voltei. Mas sabe o que eu entendi com esses seis meses? Que não importa onde eu esteja, eu sempre estou pensando em você. Eu sempre vou estar com você, e você comigo, não importa onde nem quando. Ei, abre a porta. Eu estou aqui fora, cansado, com fome, mas morrendo de vontade de te abraçar e te beijar, ah, e essa coisinha ai com você também.

Não, você não está aqui na frente, Percy. Seu idiota.

Annabeth não conseguia respirar. Na metade da carta, ela já não conseguia enxergar direito e seu corpo inteiro tremia. Annabeth, se acalme, isso não faz bem pro bebê. Foi o que ele teria dito se estivesse ali.

Ela pegou a caixa e abriu, conseguindo dar um pequeno sorriso. Era linda. Ele a conhecia tão bem.

- Eu aceito, Percy - ela disse, baixinho, com a aliança no dedo, e as mãos sobre a barriga - Eu aceito.