O Máscara escrita por MileFer


Capítulo 22
Spectrum




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Rafael ouvia vozes lamentando-se ao longe; não sabia ao certo de onde vinham. Sentia uma quietude nada costumeira em seus membros, exceto em seu coração, que parecia apertar-se dentro de seu peito.

Estava na piscina aparentemente, debaixo da água. Não conseguia respirar normalmente, fazendo com que seu peito doesse ainda mais. Estava em uma espécie de transe quando aqueles murmúrios alcançaram sua audição.

Eram tristes, chorosos e de partir o coração.

Aquelas frases tristes pareciam fazer a água se movimentar em pequenas ondas, fazendo o corpo de Rafael se movimentar a cada impacto.

Seus olhos fixaram-se na figura em sua frente. Parecia estar muito longe dele, agachada, mas não conseguia dizer quem era graças à visão embaçada que incomodava sua visão. Tudo o que chegava a seus olhos era o turbilhão de uma sombra negra que pairava ao redor do que parecia ser sua cabeça, como cabelos.

Rafael estava sufocado. Ele sentia a máscara grudada em seu rosto, mas parecia que a mesma pesava toneladas, atrapalhando sua visão respiração.

A figura parecia encará-lo ao longe, enquanto murmurava para ele aqueles lamentos.

Mesmo debaixo d’água, ele sentiu um frio incomum arrepiar sua pele quando a figura remexeu-se.

Primeiro ela engatinhou, arranhando o chão da piscina com os dedos, fazendo seus cabelos negros rodearem-na como uma áurea. Mas depois, bruscamente, ela saltou para frente, em sua direção com uma expressão sombria.

Rafael tentou desviar, mas estava petrificado e encolhido no seu lugar.  De repente, ele não via mais nada. Tudo era um borrão em sua mente, como se a água translúcida tivesse se transformado em tinta preta.

Ele sentiu algo agarra-lhe o pescoço, enquanto um choro feminino borbulhava em seus ouvidos.

— Rafael…— A voz era doce e tocante, uma fina melodia e muito, muito triste. Mesmo no escuro, Rafael pôde ver um borrão negro nadar sob seus olhos, como uma sombra. — Você me matou

Rafael sentiu a fúria da criatura ao romper sua pele, enquanto lamentava e gritava.

Estava se afogando, enquanto sangrava. A água, antes negra, agora estava vermelha, manchada com seu sangue.

Parecia que, quanto mais se debatia, mais sangue jorrava de seu corpo, mas não sentia dor alguma.

Seu corpo estava pesado, afundando impossivelmente mais e mais. Mal se deu conta de quando a figura havia desaparecido, e emergia de uma poça de sangue, em um quarto totalmente branco e imaculado.

O ar que puxou para dentro dos pulmões quase o arrebentou. Ele tateou o próprio corpo, em busca de ferimentos ou algo do tipo, mas estava limpo. Quando seus dedos tocaram seu rosto, um tremor o percorreu ao perceber que a máscara havia sido arrancada de si.

—Você a matou. - Uma voz feminina o fez abrir os olhos, trazendo-o de volta.

Era Adélia. E ela estava chocada.

Sua mão delicada estava espalmada em seu peito, enquanto a outra cobria seus lábios paralisados em um grito. Estava horrorizada, com os olhos fixos para algo além do corpo de Rafael.

Automaticamente, seus próprios olhos a seguiram.

Estava em uma banheira enorme e branca, com sangue espichando para fora pelas beiradas. Do outro lado da banheira havia outra pessoa imóvel, encarando-o fixamente.

Rafael reconheceu a figura. Era Celine.

Estava pálida, com os cabelos negros grudados em sua face, os olhos petrificados e de um azul intenso, pálido.

Ele levantou-se apressadamente, horrorizado. Tropeçou para fora da banheira, escorregando no chão também sujo de sangue. Tentou se levantar, mas não conseguiu.

Um suspiro delicado chegou a seus ouvidos, vindo de Adélia, que estava parada ao seu lado, mas desta vez o encarando impassível.

— Você a matou. - Sua voz repetiu, mas seus lábios continuaram imóveis.

Rafael gemeu de dor quando uma pontada em seu peito o fez arfar. Ele percebeu um tanto aturdido que havia sido atingido por uma faca prateada, com um cabo translúcido como cristal, enquanto Adélia ajoelhava-se ao seu lado, segurando o objeto e o puxando para si.


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