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Ela nunca havia se sentido tão humilhada como naquele dia. As atenções no torneio não iriam para a cena que se passava na sua frente e sim para ela. Se essa cena se repetisse em outro momento ela acharia cômico e bonito o que o rapaz estava fazendo, só que havia um pequeno detalhe nisso tudo. O rapaz era seu marido, o homem que havia lhe prometido que iria tentar fazê-la feliz. A pior reação da Princesa Dornesa era o que todos ali presentes esperavam, mas o que tiveram foi a sua sutileza em se sentar e observar a cena que se desenrolava a sua frente. Ela estava tão feliz, os meistres lhe tinham confirmado a gravidez e ele iria contar ao seu amado príncipe logo após o torneio a novidade, mas o sorriso em seu rosto havia sumido e seu orgulho estava ferido, mas ela não iria deixar os outros perceberem. Quando a garota Stark olhou em sua direção, ela não sentiu o olhar que muitas lhe davam depois que admiravam Rhaegar. Um olhar com um pedido de desculpas, aquele era um olhar que dizia que ela não estava se importando com os sentimentos da princesa e naquele momento Elia soube que a garota Stark não era tão inocente quanto lhe haviam dito.

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Ela havia visto seu marido ir embora e a abandonar ela grávida e a pequena Rhaenys. Havia partido seu coração ver sua filha chorar tentando alcançar o pai que fugia dela. A pergunta que Elia fazia era “Como alguém abandona um filho?”. Nunca entenderia os motivos de Rhaegar e nem queria entende-lôs. Iria embora de Kings Landing assim que Oberyn lhe retornasse o chamado. Iria partir com os filhos e com seu coração que havia se quebrado. Sempre soube que o príncipe não a amava, mas ela o amou com todas as forças de sua vida. Elia naquele momento teve a pior confirmação de sua vida. Foi usada por Rhaegar o tempo todo e quando o mesmo viu que ela não teria mais serventia para ele, a largou sozinha. Mas ela era de Dorne, ela era o Sol e sem o Sol nada sobrevive. O Sol pode queimar mais que o fogo de um simples dragão.

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A dor de ter seu filho foi horrível, mas nada a havia preparado para o abandono que ela sentiu durante esse tempo. Os criados não gostavam dela. Apenas a Rainha Rhaella vinha lhe ver e lhe fazer companhia. Sentia falta de alguém lhe dizendo que tudo iria ficar bem, que tudo iria passar. Ela se achava tola por achar que Rhaegar um dia voltaria para ela, mas ela ainda acreditou que ele se arrependeria. Até ouvir Jamie Lannister dizer que Rhaegar havia levado Lyanna Stark para a Torre da Alegria em Dorne e que os boatos é que sempre se ouviam risadas e conversas de ambos, que para todos aqueles era um casal muito feliz. Em Dorne? Ele era inteligente o bastante para levar ela para lá, pois sabia que se algum Martell lutasse por sua honra e ferisse Lyanna, ele tentaria algo contra ela. Tentaria? Elia já tinha certeza que sim. Se ela mesma matasse a garota Stark, o príncipe faria de tudo para tentar tirar a vida dela. O que ninguém sabia é que as cobras também são de Dorne e antes de dar o bote elas sempre rastejam.

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Ela não havia visto ele ainda, mas quando acordou sentiu alguém sentado em sua cama. Por um pequeno momento pensou que fosse sua linda Rhaenys, mas então viu os cabelos prateados e os olhos violeta de seu marido e sentiu uma repulsa dentro de si. Ele se levantou e sentou ao seu lado na cama, ainda com o pequeno príncipe em seu colo. Eles não falaram sobre si, apenas sobre o filho. Ela o deixou escolher o nome assim como ele havia feito com a sua pequena menina, foi a primeira vez que ela sorriu desde que o príncipe havia partido e levado seu coração junto. Quando o pequeno Aegon apertou seus cabelos e os puxou direto do colo o pai, Rhaegar explodiu em uma gargalhada e ela o seguiu. Logos após veio o silencio e uma troca de olhares. Ele a olhou e em seu olhar havia um pedido de desculpas silencioso. Elia poderia o desculpar, mas ela queria que ele ardesse no mais profundo fogo que pudesse. O príncipe segurava seu herdeiro no colo e ela fez sinal para que ele lhe alcançasse a criança.

— Eu não sabia que você estava aqui – ela disse sem nem olhar para ele, admirava seu bebê e pensava se Aegon se acostumaria com Dorne. Ela bem que tentou fugir dali. Oberyn não havia lhe dado resposta e ajuda que Jamie Lannister prometera foi descoberta pelo Rei e desde então ela e a filha vivam trancadas dentro do quarto. Apenas Rhaella fazia questão de vir vê-lâs.

— Soube das suas tentativas em levar meus filhos para longe de mim – ele disse com uma voz firme e séria e ela se resetou ao seu lado. — Isso não irá funcionar, minha querida. Quando essa guerra acabar, Lyanna virá morar aqui conosco e com nossos filhos. Ela também está grávida, creio que Visenya venha logo. – ele disse e ela pensou em algo bem ácido para dizer ao marido.

Naquele momento talvez o espírito de Nymeria tivesse entrado dentro dela. Ela se levantou, levou seu pequeno príncipe até o berço e se virou para seu ex-marido.

— Meus filhos, príncipe. Apenas meus filhos. Eu os cuidei, amamentei, os troquei e os protejo com minha vida. Você não estava aqui na gravidez inteira de Aegon e tampouco na de Rhaenys. Eu passei por tudo isso sozinha, passei pelas dores, passei pelos sofrimentos e lhe dei dois filhos para que, Rhaegar? – ela disse e quando príncipe se preparou para retrucar a princesa foi mais rápida. — Para você me trocar pela garota Stark na frente de um reino inteiro. Faça-me um favor? Faça quantos príncipes e princesas você quiser com ela. Pois pai dos meus filhos você não é mais. – ela terminou dizendo e pela primeira vez em anos de um casamento tranquilo e calmo. Ela viu a ira do marido.

— Você não vai ir embora com meus filhos e tampouco vai me deixar. Você é minha esposa e ficará ao meu lado. Falarei com meu pai para tomar providências contra sua fuga – disse e saiu deixando uma Elia profundamente com raiva.

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Ele havia cumprido sua promessa e ela tinha visto. O rei louco não havia a deixado sair ou qualquer um se aproximar dela, quando viu os Lannister chegarem com seus mantos dourados só conseguiu sentir ódio. Ódio de sua mãe por ter lhe casado com aquele príncipe egoísta, ódio de Rhaegar por não ser um príncipe e um marido que ele prometeu ódio de Lyanna Stark por não ter parado a história com seu marido antes dessa guerra eclodir, mas principalmente ódio dela mesma por não ter lutado para tirar seus filhos daquele lugar. Por não ter lutado por eles mais do que podia. Mas Elia era muito mais ardilosa que todos e guardava algo que ninguém sabia. Elia envenenou seu marido aos poucos durante o tempo que estiveram juntos logo após a humilhação que ele a fez sofrer. Nunca grandes porções, sempre as pequenas. Sabia que ele iria morrer e esperava que isso se desse de uma forma sofrida. Pois ela morreu violada e com o sangue de seu filho nas mãos de seu assassino, mas seu marido merecia muito mais e Elia sabia que ele teria. Quanto à garota Stark, ela desejou do fundo de seu coração que ela tivesse uma morte melhor que a dela, uma mulher não deve morrer do mesmo modo ela. Não foi compaixão e muito menos bondade desejar isso, foi solidariedade. Pois o príncipe destruiu a vida de duas mulheres apenas por uma profecia que ela não sabia se era real. A diferença entre ela e a garota Stark era que ela nunca destruiria uma família por um amor. Ela sabia que seus irmãos iriam vingar seu sangue e o de suas crianças. Poderia demorar meses, anos, décadas ou séculos. Mas eles se lembrariam de e quando chegasse a hora todos saberiam que Rhaegar mexera com a mulher errada.