Narrado por: uma humana no batente

            No Host Club Andréas estava sempre perto de mim. Eu geralmente me sentava no balcão, quando estava amanhecendo, para ler e estudar um pouco mais, principalmente quando eu ficava com muito sono a tarde. Por causa disso, costumávamos conversar bastante. Ele sempre me perguntava o que eu pretendia trabalhando ali. Eu realmente não sabia o que responder.

            - Ei Mizi... quer um drink??? – ele perguntou com um sorriso debochado.

            - Hm... Coka com limão tem?

            - Droga. Hoje esse está em falta... mas que tal o especial do barman hoje? O+ mais O-... misturado a uma deliciosa gota do doce sangue de uma menina grega. – eu engoli em seco

            - Bem... é tentador, mas não é recomendado beber enquanto trabalha.

            - Se saiu bem, dessa vez. – eu sorri pra ele, e antes de poder comentar aquela resposta Milles apareceu, de repente.

            - Ai, ai , ai!!! Alguém me ajude.

            - O que aconteceu Milles??

            - Os humanos... os humanos lá de baixo não querem subir.

            Os humanos de coleiras. Tenho certeza que já comentei sobre eles. Bem, eu nunca me aproximei muito deles, pois vários usam máscaras para não serem identificados. Eles trabalham no bar, e vendem seu corpo para que os vampiros possam morde-los e beber sangue fresco. Meu estomago embrulhou diante de tal perspectiva. Eu acompanhei o Milles até lá em baixo, movida principalmente pela curiosidade e a vontade de conhece-los melhor. Eles estavam numa espécie de camarim, ao chegarmos lá, um deles foi logo avisando que eles queria mesmo era ver o Katan, que a ‘humana irritante’ não teria como ajuda-los em nada. Eu tomei um pouco de coragem e decidi pergunta-los o porque desse tipo de trabalho.

            - Não é da sua conta, garota intrometida.

            Eu fiquei completamente sem resposta diante de tal estupidez, e então Katan apareceu.

            - O que está fazendo aqui Mizi?- ele perguntou e parecia surpreso e assustado por me ver ali.

            - Bem... eu vim acompanhar o Milles...

            - Bem... então é melhor você subir logo... os dois.

            E ele ficou lá, resolvendo o que quer que seja com os humanos da coleira. Eu subi e voltei pro bar.

            - E ai... o que aconteceu lá Mizi?

            - Bem... a gente não viu nada né?! O Katan chegou e mandou a gente subir.

            - Eu não gosto desses humanos... eles roubam meus clientes.

            Eu ri meio sem graça. As vezes era assustador trabalhar assim, perto de tantos vampiros.  Ele continuou:

            - Hm... você parece bem cansada ultimamente.

            - É que é mais difícil trocar o dia pela noite.

            - Que pena, eu ia chamar você para passar uma noite comigo.

            Eu corei automaticamente e senti uma fúria, e vergonha e nem sei mais o que. Já ia dar um tapa na cara dele.

            - Calma Mizi! Não nesse sentido... Uma noite com um vampiro entende? Você ia se divertir com os meus amigos...

            - Há... parece interessante.

            - Do que você está falando? Leva- la para andar com aqueles delinqüentes... eles não iam resistir ao sabor da Mizi – Heid chegou do nada, se intrometendo totalmente na conversa.

            - Todos aqui resistem... – Andréas argumentou

            - Porque são obrigados, mas aqueles idiotas que não tem vinculo nenhum com ela...

            - Pensei que você fosse amigo deles também.

            - E é por isso mesmo que estou dizendo.

            Andréas se virou pra mim:

            - A escolha é sua, viu Mizi.

            Heid me pegou pelo braço e foi me levando pro outro lado.

            - Ta doida Mizi? Você não pode fazer isso!

            - Olha Heid, eu nem disse  que ia fazer nada. E qual o problema?

            - Eles podem te morder... isso não te assusta?

            - Sim... um pouco, mas..

            - Eu conheço eles Mizi, e não quero ninguém te machucando.

            - Tudo bem Heid, como eu disse eu não tinha prometido nada...

            - Além disso eu não gostei nenhum pouco desse papo de passar a noite contigo...

            Minha voz saiu estranhamente calma... murmurando cada silaba:

            - vo-cê es-ta-va ou-vin-do mi-nha com-ver-as?

            - Sim, estava! Que foi Mizi... que cara é essa?

            Eu meti  a mão na cara dele e saí. Fui para casa sozinha nessa noite.