After all this time? escrita por Luna Lovegood


Capítulo 6
Capitulo 5 - Mi corazón estaba ciego


Notas iniciais do capítulo

Hello!
Apareci =D Gente, não consigo me concentrar nas fics com tanta coisa acontecendo com olicity! Então me desculpem pelo atraso, foi tudo culpa daquele anel no cupcake!
Muito obrigada pelos comentários lindos no capitulo anterior, amei cada um deles! Espero que vocês gostem desse capitulo, lembra que eu falei que ia diminuir um pouco do drama? Enfim tentei diminuir...
Ah... e a música desse capítulo foi sugerida pela Iza Seliger! Espero que vocês a escutem é linda!
Sem mais, nos falamos nas notas finais!



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Prometí quererte para siempre

Y era cierto no había dudas en mi mente

Si el destino tuvo planes diferentes

Y te herí por accidente, perdón

Si me solté de ti, si no te defendí

Fue que mi corazón estaba ciego

Qué estupidez perderte para verlo

Lo siento

No espero amor ni odio

Ya tengo bastante con mi dolor

Maldigo el episodio

Lo peor es que yo fui quién lo escribió

Me esperan los demonios

Que deja tu olvido que juegan conmigo

Ya sé que es cobarde pedirte en una canción

Perdón, perdón

(Perdón - Camilla)

 

Oliver Queen

“ - Você acredita em destino, Oliver? - Felicity me perguntou certa vez.

— Por que a pergunta?

— Apenas curiosidade. - Estreitei meus olhos tentando ler o que se passava na mente dela, com Felicity nunca era apenas curiosidade. Pensei bem na minha resposta, decidi por ser o mais sincero possível.

— Eu gosto de pensar que são nossas decisões que moldam nosso destino. Nosso futuro é resultado de nossos atos, e tudo o que fazemos tem uma consequência. - Disse, e senti Felicity suspirar parecendo não aprovar a minha resposta racional - Mas às vezes há coisas que estão além do nosso controle, como se apaixonar por alguém assim que você a vê caindo da escada. - Falei sorrido e tocando delicadamente o seu queixo, ela sorriu para mim. Eu amava aquele sorriso, ele tornava meu dia mais belo. - Ainda que você não tivesse caído aquele dia, ainda que eu e meu pai não tivéssemos sidos contratados para trabalhar na sua casa, ainda assim seria você a pessoa por quem eu me apaixonaria, porque mesmo sem saber eu estava te procurando. E eu teria te encontrado, não sei quando ou onde. - Falei firme segurando o rosto dela em minhas mãos e mantendo os meus olhos fixos nos dela. Eu queria que ela entendesse a profundidade do que eu sentia. - Mas da mesma forma assim que eu colocasse meus olhos em você, eu teria me apaixonado... Porque você Felicity é o meu destino. ”

Destino.

Eu podia negá-lo, fugir dele, mas nada disso importava. De um jeito ou de outro, Felicity sempre estaria em mim, eu levaria esse sentimento comigo até o fim da vida. Porque não havia uma forma de não amá-la, não havia uma maneira de vê-la e não querer mantê-la sempre em meu abraço protetor. Eu descobri isso no momento em que eu a apertei firme em meus braços, eu não queria soltá-la, eu não era forte o suficiente para deixa-la ir.

Eu a abracei inicialmente na esperança de confortá-la, mas de alguma forma foi Felicity que foi o meu conforto. Naquele abraço eu percebi o quanto eu estava carente de verdadeiras emoções, aquele abraço me fez sentir tudo novamente. Tudo aquilo que eu venho trancando em mim há tantos anos. Tudo o que eu abdiquei em troca dessa vida vazia de sentimentos. Tudo voltou, e bastou apenas um abraço dela para que eu percebesse isso. Eu podia tentar sufocar outra vez esse sentimento, trancá-lo no recanto mais obscuro dentro de mim, mas isso não mudaria o fato de que ele sempre estaria lá, fazendo parte de quem eu sou. Eu poderia fingir que tudo estava bem, mas em algum momento, com um simples abraço todos esses sentimentos viriam a tona e exigiriam serem confrontados.

Richard estava certo, eu havia me tornado uma daquelas pessoas que priorizavam as coisas erradas na vida, eu me deixei envenenar todos esses anos pela mágoa que eu guardei e alimentei, eu queria vingança por algo que eu sequer sabia se ela era culpada. Mas eu não queria ser mais essa pessoa fria e calculista. A única coisa que me importava, a única coisa que eu queria era ter minha vida repleta de Felicity outra vez. Eu queria ter o amor de volta em minha vida, ser o rapaz que ela um dia tanto amara. Será que eu conseguiria ser ele outra vez? Será que ela me perdoaria por ter sido um completo idiota? Será que ela seria capaz de me amar outra vez, ou eu perdi essa chance?

Quando eu senti o corpo de Felicity junto ao meu me perdi em lembranças, foi como se eu voltasse no tempo, numa época em que eu e ela não precisávamos de mais nada apenas um do outro para sermos felizes. Eu queria essa sensação de volta, a sensação de ser feliz. Apoiei, meu queixo sobre a cabeça dela e respirei fundo, o cabelo dela ainda tinha aquele mesmo cheiro floral que eu tanto amava. Senti-la ali junto a mim era a melhor sensação do mundo. Eu sentia que segurava em meus braços algo muito precioso, algo que eu não poderia e nem queria deixar ir. Ali, tendo ela em meus braços, eu sentia que meu coração estava inteiro outra vez, eu me sentia vivo como há muito não sentia.

Eu perdi a noção do tempo, nós podíamos estar assim há horas ou minutos, eu não sabia dizer ao certo, na verdade não me importava, eu só queria que ela nunca me soltasse, eu tinha medo dela me soltar e meu coração parar de bater e voltar a ser apenas um pedaço de carne, vazio de emoções. Porém, cedo demais ela o fez, aos poucos o aperto dela em mim foi se afrouxando, ela pareceu se dar conta do que estava fazendo.

— Eu sinto muito, eu não devia... - Se desculpou um pouco abalada dando alguns passos para trás forçando-nos a ficar a uma distância normal, fiz uma força descomunal para não puxá-la de volta para os meus braços, para o lugar aonde ela pertencia. Mas esse não era o momento certo.

— Eu vim saber como ... o seu pai está. - falei, a expressão no rosto dela era confusa. - E levar você para casa, você precisa tomar um banho, comer algo e descansar. Foi um dia longo. - continuei, com a voz calma. O olhar de Felicity em mim era analisador, como se estivesse procurando algo. Percebi que ela estava desconfiada, e não era para menos eu havia sido um babaca com ela quando nos reencontramos, precisava limpar essa imagem, precisava mostrá-la que aquele rapaz de dez anos atrás ainda estava aqui, em algum lugar.

— Certo, eu preciso assinar os papéis do leilão. - levou uma das mãos a cabeça - Fazer as malas e procurar um hotel próximo ao hospital. - Fiquei rígido com as palavras dela, eu havia escutado bem? Ela estava pensando em me deixar?

— Como? - Perguntei, e tenho certeza que dava para ouvir o desespero na minha voz - Você vai ficar na Mansão - falei autoritariamente recebendo um levantar de sobrancelhas, levei uma das minhas mãos até seu braço não conseguindo conter essa necessidade de tocá-la, seus olhos se ergueram para os meus repletos de dúvidas e eu aproveitei o contato visual para demonstrar a sinceridade das minhas palavras - E qualquer coisa que precisar é só falar comigo. Qualquer coisa, Felicity. - ressaltei.

— Oliver você não precisa fazer isso. - suspirei frustrado ao perceber que ela ainda estava sendo cautelosa comigo.

— Sim, eu preciso. - Fui firme. Eu precisava mantê-la perto de mim, eu gostava de quem eu era quando estava com ela. Eu queria mostrar um outro lado meu, eu queria que ela esquecesse o quão rude eu fui com ela. Eu precisava que ela visse que eu queria ser aquele rapaz outra vez, que queria achar onde eu o havia escondido dentro de mim e que eu precisava da ajuda dela para encontrá-lo.

— Oliver... - tentou discutir, mas eu a ignorei.

— Então podemos ir? - Interrompi, esperando que ela parasse de ser tão teimosa e me deixasse ajudar. Os olhos dela me fitavam ainda com dúvidas, mantive-me firme e notei aos poucos a relutância dela ir embora.

— Obrigada. - Agradeceu e eu vi o esboço de um sorriso ali. Aquilo foi o suficiente para mim, eu estava começando a acreditar que estava fazendo a coisa certa. Eu estava começando a acreditar que talvez tivesse uma chance.

Nós deixamos o hospital e caminhamos em direção ao estacionamento onde eu havia deixado o carro. Ela me falou sobre a condição do pai, o coma induzido. Eu vi o quanto isso a estava preocupando, desejei ter o poder de mudar aquilo, de remover a tristeza dela, mas eu não tinha. Queria tocá-la de alguma forma, mostrar que eu estava aqui por ela, quase segurei minha mão na dela, mas me detive antes de fazer essa bobagem. Antigamente quando andávamos juntos eu costumava entrelaçar a mão dela na minha, e agora eu tinha que conter essa vontade de tocá-la e confortá-la.

Estávamos quase chegando quando eu olhei para a pracinha do outro lado da rua, me lembrei das vezes em que eu ia buscá-la na escola e sempre parávamos ali para comer algo antes de seguirmos para minha casa. Eu imediatamente me detive, quando tive uma ideia. Algo que talvez pudesse deixá-la um pouco melhor.

— O que foi, Oliver? - Felicity parou e virou-se para mim - Você está com uma expressão estranha.

— Eu me lembrei de que você deve estar com fome. - comecei a dizer - Passou a noite toda no hospital, não deve ter comido nada.

— Eu estou bem. - Ela respondeu, mas eu percebi que era algo automático. Eu tinha certeza que ela ficara tão preocupada com o pai que não se alimentara direito.

— O que acha de irmos até lá e comermos algo? - Falei apontando para uma barraquinha.

— Eu me lembro daquele cachorro-quente. Nós costumávamos comer sempre ali, na verdade eu nunca tinha comido um cachorro quente até você me apresentar a gloriosa comida da rua.. - Falou com uma certa empolgação, ver que ela se lembrava daquilo com tanta precisão envaideceu meu coração. - Lembra daquela vez em que... - ela parou de falar e a expressão dela caiu, logo compreendi o porquê aquela sensação de nostalgia, saudades de um tempo que não volta mais. - Esquece. - sacudiu a cabeça livrando-se do pensamento, “esquece” eu não conseguiria fazer isso, eu amava essas lembranças. - Mas acho uma boa ideia irmos até lá. - finalizou.

Foi um pouco constrangedor, porque acredite se quiser, mas a vendedora ainda era a mesmo de dez anos atrás, ela ficou muito empolgada quando viu nós dois ali, juntos depois de tanto tempo. Ela começou a perguntar sobre a nossa vida e se havíamos nos casados e se tínhamos filhos, e quando negamos ela pareceu muito decepcionada. Disse que era uma pena, pois ela nunca tinha visto um casal tão apaixonado como nós, que ela achava o nosso romance inspirador.

As coisas ficaram um pouco tensas depois disso, pegamos nossos cachorros-quentes e caminhamos até um banco debaixo da sombra de uma árvore. Nenhum de nós pareceu encontrar as palavras certas a dizer, apenas ficamos ali com aquele silêncio constrangedor entre nós.

Um cachorro começou a nos seguir enquanto caminhávamos, ignorei a presença dele. Estava ocupado demais pensando em como retomar uma conversa com Felicity. Que nem percebi quando o animal abocanhou o cachorro quente de minhas mãos.

— Merda. - Falei assim que notei o que havia acontecido. Lancei ao animal minha melhor carranca, mas ele sequer se importava estava ocupado demais comendo o cachorro quente que havia roubado de mim.

Felicity olhava a cena, sem saber ao certo o que fazer seu olhar ia de mim para o cachorro e então ela começou a rir, a gargalhar na verdade. Meu Deus! Ela ficava tão linda quando sorria, queria ver isso mais vezes. E o som daquela risada? Era melhor que uma sinfonia de Beethoven! Acendeu algo em mim que eu não sabia explicar, eu apenas me senti impelido a acompanhar o riso dela com o meu próprio, que soou estranho já que eu nem me lembro de quando foi a última vez em que fiz isso, era algo tão simples que provocava uma sensação tão boa.

— Então, eu acho justo que você divida o seu almoço comigo! - Falei para ela ainda rindo.

— Nem pensar! - Retrucou com um tom divertido - Eu não tenho culpa se você perdeu o seu! - Lancei a ela meu melhor olhar de cão que perdeu os donos na mudança e ela pareceu amolecer - ok, eu deixo você dar uma mordida! - falou me entregando.

— Hum, isso está uma delícia. - falei assim que provei, já fazia muito tempo em que eu não comia algo assim tão bom.

— Ok, agora me devolve. - Exigiu estendendo a mão.

— Não. - provoquei. Erguendo para o alto, sabendo que isso a irritaria, já que eu era muito mais alto do que ela.

— Devolve agora! - Exclamou, ao mesmo tempo em que tentava sem sucesso pegá-lo de minha mão. Felicity deu um pequeno salto, tentando inutilmente ter altura suficiente, eu não sei ao certo o que aconteceu depois, ela pulou e eu dei um passo para trás, e então de repente nós dois nos desequilibramos e caímos no chão, minhas costas doeram com a queda, mas tinha um bônus o corpo de Felicity caiu exatamente sobre o meu.

— Você está bem? - Ela me perguntou preocupada.

— Estou. - Respondi, um pouco atordoado com a nossa proximidade. Os olhos dela fitavam os meus e eu quase me perdi naquela imensidão azul, mas logo eles se desviaram e ela parecia olhar algo com evidente divertimento. Fiquei com ciúmes do que quer que tenha tirado o foco dela de mim, e então dirigi meu olhar para a direção do dela e entendi a razão da alegria em seu semblante.

O cachorro quente havia voado da minha mão e parado a alguns metros de nós, e agora estava servindo de almoço para o mesmo cachorro que minutos atrás havia roubado o meu.

Rimos novamente da situação. Me tornei mais consciente de seu corpo quente sobre o meu com o balançar dele devido as nossas risadas, o hálito dela estava próximo de mais e boca dela era tentadora. Eu poderia tê-la beijado naquele momento, tudo em mim ansiava por esse beijo, mas ainda era cedo. Por hora eu estava feliz com o caminho que estávamos tomando com a nossa relação, eu senti que a barreira que estava entre nós estivesse aos poucos sendo derrubada. Eu continuaria insistindo até que não houvesse mais nada entre nós.

Eu teria a minha garota de volta.

****

Felicity Smoak

Nós voltamos direto para a casa depois do incidente com o cachorro quente, Oliver me acompanhou até o quarto me desejou um bom descanso e se despediu de mim. Eu fui para o banheiro na esperança de relaxar um pouco do dia cansativo, mas tudo o que consegui foi pensar em como tudo estava diferente entre Oliver e eu. As coisas estavam mais leves entre nós, eu senti como se tivéssemos nos reconectado. Era bom e ao mesmo tempo preocupante. Eu temia que o meu coração estivesse entendendo as coisas da forma errada, o jeito atencioso de Oliver comigo, a forma como seus olhos azuis me olhavam com o que parecia ser admiração, o conforto que seu abraço me proporcionou, ele realmente me abraçou com vontade, eu senti naquele abraço que ele se importava comigo, que queria o meu bem. Por isso era tudo tão confuso, noite passada eu tinha certeza que ele me odiava e agora, não tinha certeza de mais nada.

Eu apenas sabia exatamente a forma que meu coração se sentia sobre Oliver, mesmo tanto tempo depois, esse sentimento jamais se modificou. Mas Oliver continuava a ser uma incógnita, eu não podia simplesmente ignorar o tratamento frio que ele dispensou a mim na festa. Eu não podia ser ingênua a ponto de acreditar que ele ainda me amaria depois da carta horrível que eu lhe deixei.

A carta. Eu queria tanto contar a ele sobre a ela, dizer que meu pai me obrigou a escrevê-la anos atrás. Mas isso mudaria alguma coisa? Talvez eu não devesse mexer em antigas feridas.

Tentei banir esses pensamentos de minha mente, deixei o banho e vesti algo confortável, cai na cama e me rendi ao sono em poucos segundos. Sonhei com seu abraço, com seu sorriso lindo, com uma briga sobre um cachorro quente que terminou em um beijo, que até mesmo no sonho tinha o mesmo gosto do qual eu me lembrava. Gosto de amor.

Eu acordei horas depois ainda um pouco grogue, me levantei e olhei pela janela, já estava escurecendo eu havia dormindo a tarde toda. Eu tinha coisas urgentes para resolver, eu precisava achar o Oliver, procurar saber como tinha sido o leilão e assinar logo os papeis de venda, os credores do meu pai não iriam esperar por muito tempo e ainda haviam os custos do hospital... Eu começaria a procurar um emprego o mais rápido possível, já que teria que ficar em Star City até que a situação do meu pai melhorasse.

Saí do quarto e comecei a andar pelos corredores conhecidos da casa na qual eu vivi minha infância, eu precisava achar o Oliver, mas eu não fazia ideia de onde era o quarto dele (não que eu fosse ir até lá, isso seria estranho), optei por procurá-lo no antigo escritório do meu pai, que agora deveria ser o dele. A porta estava fechada, então eu bati algumas vezes, escutei um “entre” e abri a porta. Era estranho ver Oliver atrás da mesma mesa que tantas outras vezes eu vi o meu pai. Ele agora realmente parecia um homem bem sucedido, me perguntei com o que ele trabalhava, já que enquanto nós estivemos juntos ele nunca demonstrou um interesse em trabalhar em nada além de carros.

— Você precisa de algo? - Perguntou solicito, mas não escapou a minha atenção que ele estava um pouco tenso, e notei principalmente a rapidez com a qual ele amaçou um pedaço de papel e o jogou dentro da cesta de lixo.

— Na verdade sim. - Respondi - Eu preciso liberar a documentação do leilão.

— É mesmo, - falou se levantando da cadeira e pegando uma pilha de papeis e me entregando. - Analise tudo antes de assinar, se os valores não estiverem bons para você ainda há tempo para desistir da venda. - Explicou e eu assenti um pouco surpresa com esse lado profissional dele. - Você pode ficar no meu escritório, e usar o telefone ou o computador caso queira conversar com o seu advogado. Se precisar de algo é só me chamar. - Finalizou com um pequeno sorriso.

— Obrigada, Oliver, por tudo. - Agradeci, e ele apenas assentiu com a cabeça me deixando sozinha no escritório.

Comecei a analisar todos os documentos, todas as peças tinham sido vendidas, mas de um modo geral o leilão tinha sido um fracasso, o valor total que eu tinha conseguido era muito abaixo do que eu esperava. E agora com a dívida do hospital eu estava realmente preocupada. Assinei a liberação da venda, por que apesar do valor estar muito aquém do que eu precisava, eu não podia me dar ao luxo de recusar esse dinheiro. Liguei o computador do Oliver e comecei a procurar por anúncios de emprego na cidade, enviei alguns currículos, os cargos oferecidos não eram muito bons, mas eu não estava em posição de escolher. E qualquer coisa era melhor que nada.

Suspirei e olhei as horas já eram quase oito da noite e eu estava faminta, me levantei apressada disposta a procurar algo para comer. A minha pressa foi tanta que acabei chutando a lixeira sem querer, a minha sorte é que havia apenas um papel amassado ali, o papel que Oliver parecera querer esconder de mim. A minha curiosidade venceu e eu peguei o papel e comecei a lê-lo, queria não ter feito isso. Aquela era a carta de adeus que eu havia escrito há dez anos. Oliver provavelmente estava relendo aquela carta horrível, e se lembrando do quão mesquinha eu fui com ele, do descaso com o qual eu tratei o nosso amor. Eu cheguei a escrever que nunca o amei. Reler aquelas palavras duras me fizeram pensar no quanto eu o machuquei, meus olhos arderam com as lágrimas que começaram a cair.

Eu queria voltar no tempo e fazer tudo diferente, queria não ter cedido ao meu pai e lutado pelo que nós tínhamos naquela época. Mas querer e poder são duas coisas completamente diferentes. E a menos que alguém inventasse uma máquina do tempo, eu não podia mudar o passado, mas ainda podia fazer algo e mudar o meu futuro. Eu contaria toda a verdade a ele, tudo o que realmente aconteceu. Como Oliver certa vez me disse “são nossas decisões que moldam nosso destino”, eu estava cansada de aceitar o que a vida me impunha. Mas antes de abrir meu coração eu precisava saber o porquê dele estar agindo assim, sendo tão bom comigo quando claramente eu não merecia. Mesmo depois de todo o sofrimento que eu lhe causei. Eu precisava saber se havia qualquer resquício de sentimento dele por mim, se ainda tinha algo pelo qual eu deveria lutar.

Deixei o escritório e desci as escadas, encontrei Oliver na sala, parecendo muito pensativo, ele estava de costas para mim, agradeci mentalmente por isso, se eu tivesse que encarar seus olhos azuis talvez minha coragem se esvaísse, respirei fundo e o questionei.

— Oliver... Por que você está fazendo tudo isso por mim?


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Notas finais do capítulo

Me digam o que acharam desse capitulo! Gosto de saber a opinião de vocês! Beijinhos e até seus comentários!