After all this time? escrita por Luna Lovegood


Capítulo 10
Capitulo 9 - You are my Heaven


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores,

Eu sei eu sumi, mas eu odeio escrever finais, eu sou péssima me despedindo das histórias que eu passei tanto tempo construindo. E parece que eu nunca consigo achar aquele final digno, e isso me estressa porque eu acho que vocês meus leitores merecem sempre o melhor de mim.

Vou parar de enrolar, e vou agradecer: Primeiramente a Samara Estevan que fez uma recomendação muito fofa para a fic, muitíssimo obrigada pelo carinho! Esse capítulo é especialmente para você!

E segundo quero agradecer a todos vocês que comentaram, favoritaram ou apenas acompanharam mais essa fic minha! São vocês que sempre me motivam a nunca parar de escrever, e olha que esse pensamento passa pela minha cabeça as vezes, mas eu entro aqui e vejo um recadinho carinhoso e simplesmente não posso parar.

Então obrigada a cada um de você por dedicarem um tempinho para lerem as minhas histórias!

Eu já estou enrolando aqui, boa leitura.

ps.: ainda teremos um epílogo.



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A drop in the ocean

A change in the weather

I was praying

That you and me

Might end up together

It's like wishing for rain

As I stand in the desert

But I'm holding you

Closer than most

'Cause you are my heaven

(Drop in the ocean - Ron Pope)

 

Minha Felicity,

Palavras nunca antes me machucaram tanto até o momento em que li a sua carta. Eu sei que para um homem talvez seja vergonhoso admitir isso, mas eu chorei. Eu chorei como nunca havia chorado em toda a minha vida. Sabe a sensação de ter seu coração arrancado do peito e esmagado bem na sua frente? Foi assim que me senti, meu coração havia sido destruído, e tudo o que restou no buraco vazio de meu peito foi dor. Uma dor aguda, profunda, brutal que queimava em minhas veias e parecia tentar matar-me aos poucos.

Depois que o seu pai apareceu em minha casa com policiais, tirando você dos meus braços eu percebi naquele momento que enfrentaríamos um grande obstáculo. Eu sabia que o seu pai faria de tudo para afastá-la de mim, mas em meu coração eu ainda mantinha uma esperança de que daríamos um jeito de fazer nosso amor vencer no fim, que enfrentaríamos mais esse obstáculo juntos. A triste constatação de que para você o nosso amor era descartável e sem importância foi algo terrível de descobrir.

Na sua carta você disse que merece mais do que namorar um simples filho de um mecânico. E você tem razão. Você é bela, jovem, vem de uma família rica. Eu gostaria de ser o que você merece, mas infelizmente eu não sou, tudo o que posso te oferecer é o meu amor, verdadeiro e incondicional. Posso não ter dinheiro ou o sobrenome correto, mas meu coração é seu para amá-lo ou destruí-lo. Só você tem esse poder.

Você escreveu “eu nunca te amei” e por um momento eu acreditei nessas palavras. Simplesmente por que nunca fez sentido para mim você amar alguém como eu, e por vezes esse pensamento ficou em minha mente me torturando até que eu finalmente compreendi que o amor é assim, ele não precisa fazer sentido, você só precisa senti-lo. Mas quando li as suas duras palavras elas me machucaram tanto, me fizeram novamente questionar o porquê de você me amar.

Você deve estar se perguntando, se eu sofri tanto com as suas palavras, com a forma leviana com a qual você destratou o meu coração, porque eu ainda estou a lhe escrever?

É por certo que eu deveria odiá-la por toda a dor que você me causou. Sim, eu deveria odiá-la, mas simplesmente não consigo. Não há em mim uma parte que consiga odiar Felicity Smoak, a linda jovem que tropeçou da escada e me conquistou com apenas um olhar. A primeira vez que eu te vi eu fui atraído até você por uma força que eu nunca consegui compreender, parecia que a gravidade estava me puxando até você, e quando eu cheguei perto o suficiente, quando nossos olhares se cruzaram pela primeira vez eu compreendi que estava perdido. De alguma forma, bastou um olhar para que tudo em mim se modificasse, você trouxe em mim um sorriso constante, fez meu coração bater acelerado dentro do peito. Quando estou com você eu me sinto bem, todas as minhas preocupações desaparecem e eu só consigo pensar que ter você em meus braços e beijá-la é uma dádiva incrível, é como se você fosse meu porto seguro, meu paraíso particular.

Eu percebi que alguém tão boa quanto você jamais faria isso comigo, jamais seria capaz de desferir palavras tão más com o único intuito de me machucar, de me afastar. Porque você é feita de amor. Eu sei que é. E pessoas assim não possuem um pingo de maldade nelas.

Agora que você se foi eu fiquei sozinho é como se estivesse faltando uma parte essencial de mim. Tem dias em que eu apenas deito-me no chão e ergo minha cabeça para o céu e encaro aquele azul claro e sereno, ele é da cor exata dos seus olhos, eles me trazem um pouco de conforto nos dias em que a saudade é insuportável. Me sinto melhor depois de olhá-lo, me sinto mais próximo de você.

Eu só posso supor que você foi obrigada a me deixar. E se for isso já lhe aviso: Não vou desistir de você!

Muitos diriam que estou sendo um tolo esperançoso, que eu deveria seguir com a minha vida e esquecê-la, aceitar que esse é o fim. Mas os grandes romances nunca seriam os mesmo se as pessoas simplesmente aceitassem ficar separados de seus verdadeiros amores! Julieta teria se casado com Paris e Romeu teria ficado com uma tal de Rosalinda, ou morrido em um duelo qualquer! Talvez essa tenha sido uma péssima analogia, a história deles tem um final trágico, certo? Ressalto aqui que a culpa é exclusiva da péssima comunicação entre eles, se o recado de Julieta tivesse chegado a tempo ele não pensaria que ela estava morta e poderiam fugir e serem felizes para sempre. Mas a grande lição é que eles lutaram pelo amor que sentiam, eles não aceitaram as adversidades e até mesmo no fim encontraram uma forma de ficarem juntos.

Eu sei que não tenho nada para te oferecer, exceto meu coração, meu amor, minha vida, eu te darei tudo de mim. Eu serei tudo o que você precisar que eu seja. Felicity, eu me esforçarei todos os dias para fazê-la a mulher mais feliz do mundo, simplesmente porque eu amo o seu sorriso, amo fazê-la sorrir, amo suas covinhas, seus olhos que parecem reluzir sempre que você me vê, seus cabelos dourados... Amo cada pedacinho mínimo de você. Só preciso que você aceite ser minha com todo o seu coração, com toda a sua alma, que você me ame da forma que eu sou, que você escolha a mim, um homem simples, sem dinheiro, filho de um mecânico. Mas que te ama acima de tudo, que sempre a amará não importa quanto tempo passe. Eu te prometo, não há espaço nesse meu coração para outra, ele é apenas seu, bate apenas por você.

Eu me recuso a acreditar que tudo o que vivemos não significou nada para você. Que todo o nosso amor foi apenas um caso de verão, um capricho de uma garota mimada, não tente me convencer disso porque sei que você não é assim! Eu conheço a sua alma, sei o quão pura ela é.

Eu apenas tenho certeza de que o que eu senti Felicity foi real, foi como se o meu coração encontrasse em você um lar, uma parte vital para que ele continuasse batendo. E desde que você se foi eu me sinto vazio, você se foi e levou meu coração com você, eu preciso de você aqui para eu voltar a me sentir inteiro, para que meus dias voltem a ter sentido, para que eu tenha um coração.

Em nome de toda essa história linda que vivemos, não me peça para te esquecer, não é possível esquecer a face do anjo que trouxe luz para minha vida. Que me mostrou para que serve um coração. Que me ensinou que amar é muito mais do que desejo, é querer bem, é proteger, é sacrificar tudo em nome daquele que se ama. Eu aprendi a amar com você. Por isso eu imploro, não me peça para esquecer esse sentimento! Não me peça para esquecer a melhor coisa que já aconteceu na minha vida. É impossível, ele está cravado em mim, em cada parte de mim.

Eu vou te esperar, não importa quanto tempo passe. Eu prometo que meu amor por você nunca irá mudar. Até porque esse sentimento não é opcional, como eu já lhe disse meu coração é seu. Eu só preciso que você confie no meu amor, e em retorno eu prometo que vou amá-la cada dia mais, tratá-la com todo o respeito, você não receberá nada menos do que amor de mim.

Desde que você foi embora eu tenho o mesmo sonho todas as noites. Eu a vejo caminhando em passos lentos em um belo vestido branco, pétalas de rosas estão espalhadas pelo chão indicando o caminho que deve seguir para chegar até mim. Você está nervosa e eu estou apavorado, mas quando nossos olhares se cruzam é como se uma onda de calor se espalhasse por cada terminação nervosa do meu corpo, e eu me sinto imediatamente mais calmo e feliz. Você, por sua vez, mantem nos lábios um sorriso radiante, você me olha com tanto amor e carinho que seus passos se tornam mais rápidos e urgentes, até que finalmente estamos juntos e entrelaçamos nossas mãos. Eu prometo amá-la e respeitá-la e então você diz que me aceita como seu, eu a beijo e nesse momento sinto que sou o homem mais feliz do mundo.

Diga-me Felicity, você tem o mesmo sonho que eu?

Eu sei que estou apressando as coisas, sei que você ainda é jovem demais e que tudo está muito complicado agora. Eu aqui em Star City e você escondida em algum lugar do mundo. Mas eu quero que você me diga que vai me esperar, eu com toda a certeza te esperarei. Eu darei um jeito, irei até você quando for a hora certa. Seu pai não pode te afastar de mim eternamente. Em menos de dois anos você fará dezoito, e então eu vou te buscar Felicity, não importa aonde ele tente te esconder, meu coração vai encontrá-la!

Faremos assim, no final dessa carta eu lhe farei uma pergunta simples, ela definirá todo o nosso futuro daqui para frente, eu quero que você pense bem e me dê uma resposta sincera, uma única palavra, três letras. Respire fundo, lá vai:

Felicity Megan Smoak, você aceita se casar comigo?

Para sempre seu,

Oliver

***

Oliver Queen

Fechei a porta do quarto, encostei-me à parede e observei Richard de longe, ainda sem saber se deveria me aproximar. Era estranho estar ali com ele, o homem que por tanto tempo eu nutri certo ódio, mas hoje em consideração a Felicity, tudo isso havia desaparecido. Percebi que a pele dele estava pálida e o rosto cansado, máquinas contavam seus batimentos cardíacos. Há dez anos eu nunca pensei que o veria assim tão fraco, o poderoso Richard Smoak nada mais era do que a imagem do sucesso, mas no fim somos todos humanos, iguais, não importa qual a sua classe social, a verdade é que existem coisas das quais não conseguimos escapar.

— Eu acho que precisamos conversar. - Richard virou o rosto na minha direção e pronunciou as palavras num tom sério.

— Eu acho que sim. - Concordei, me sentando em uma cadeira próxima a cama esperando que ele começasse. Richard deu-me um pequeno sorriso acolhedor, era tão estranho receber isso dele, antes tudo o que ele me lançava era seu semblante duro e seu olhar reprovador. Mas as coisas mudaram, principalmente ele. Eu via que Richard não era mais o homem arrogante e intimidador de antes, na verdade eu não conseguia ver mais nenhum traço disso nele. Concluí que as perdas tem uma capacidade incrível de provocar as mais inesperadas mudanças nas pessoas.

— Sabe o que eu mais amo em Felicity? - Perguntou-me direcionando seu olhar para mim. Achei aquela uma pergunta muito tola, eu poderia elencar um milhão de motivos para amá-la. Talvez até mais do que isso. - Ela tem essa alma boa, ela gosta de ajudar a todos não importa quem ele seja, ela é incapaz do menor ato ruim, nem mesmo se a pessoa merecer. É exatamente como a mãe, boa demais... - a última frase foi pronunciada em um tom mais baixo e seu olhar se perdeu por alguns momentos, percebi que ele deveria estar se lembrando da falecida esposa. Richard balançou a cabeça tentando se concentrar no agora, mas não sem antes suspirar com pesar - Mas infelizmente isso às vezes é ruim, ela tenta tão desesperadamente ajudar os outros que às vezes esquece de si mesma, anula a própria felicidade em prol do outro. Veja só, ela passou os últimos anos preocupada e cuidado de mim, deixou toda a vida dela de lado, por mim. - Richard parecia se sentir culpado por isso - Quando eu fui responsável por afastá-la de você! Em todos esses anos ela nunca me desferiu uma única palavra de ódio! E eu queria que ela o fizesse, porque eu merecia isso dela... Mas não, tudo o que Felicity me deu em troca foi amor.

Ele falava com tanto carinho e admiração de Felicity que me fez sorrir, era estranho perceber que Richard e eu tínhamos algo em comum: nós dois a amávamos muito.

— Eu passei os últimos dez anos me culpado por aquele olhar triste no rosto dela. - Confessou - Por vezes eu pensei em contar toda a verdade, mas eu tinha tanto medo de perdê-la, ela é tudo o que me restou. Donna se foi e só fiquei com a minha garotinha. - as palavras vinham mais urgentes agora, quase desesperadas ele queria que eu entendesse. A urgência era tanta que ele agarrou a minha mão e seus olhos fitaram os meus arregalados. - Um dia Oliver você será pai, um dia você vai compreender o que é fazer tudo por um filho, você vai tentar guiá-lo pelos caminhos que julga serem os certos, mas no fim, você tem que deixá-lo viver, ele só será feliz se puder fazer as próprias escolhas. Mas eu neguei isso a Felicity. - A voz do homem exprimia todo o pesar e a culpa que ele sentia.

Percebi que estávamos chegando lá, ao que Richard tanto queria me falar. Toda essa conversa sobre Felicity, sobre o passado e seus arrependimentos era apenas a introdução para algo maior. Primeiro ele queria me preparar, se justificar talvez. Senti uma urgência de apressá-lo:

— Sobre o que você está falando Richard? - Perguntei com o coração acelerado, já sabia que qual fosse a resposta dele tudo mudaria dali em diante.

— A carta que você escreveu para Felicity há dez anos nunca chegou até ela. - Respirei fundo e fechei meus olhos, de certa forma eu esperava que ele fosse me dizer isso, mas isso não significava que eu estava preparado. Essa informação mudava tudo. Felicity nunca soube o quanto eu amava, nunca soube de tudo o que eu estava disposto a fazer por ela, por isso nunca me respondeu, nunca pensou em vir até mim. E essa falta de resposta me levou a crer que ela não me amava, tudo o que fiz daí em diante, todas as escolhas que eu fiz foram porque pensei que ela não me achava merecedor do seu amor. A vida tinha um péssimo senso de humor, eu havia criticado tanto a história de Shakespeare pela falha na comunicação que culminou na separação do casal e destruiu o final feliz, mas assim como Romeu e Julieta, um pequeno mal entendido mudou toda a minha história de amor com Felicity.

— Eu sinto muito, muito mesmo por isso. - seus olhos expressavam sinceridade - Donna decidiu que entregaria a carta a Felicity quando ela fizesse dezoito anos, e não me contou onde a escondeu. Tinha medo que a destruísse, e com razão. - ressaltou- Eu não era o seu maior fã naquela época. - deu um pequeno sorriso que eu acabei correspondendo, algo estava mudando entre nós eu podia ver um vislumbre de cumplicidade nascendo - Mas então ela faleceu e a carta se perdeu... Eu não sabia como dizer isso a Felicity, tive medo de perdê-la também. Me convenci que o tempo a faria esquecer você e então tudo estaria resolvido. Fui um tolo, o amor de vocês é muito maior, e algo tão simples como o tempo jamais seria capaz de apagá-lo.

Fitei seus olhos cheios de pesares tive pena dele, um sentimento que eu nunca pensei que teria direcionado à esse homem. Mas a vida é assim, um emaranhado de acertos e arrependimentos. Tudo o que podemos fazer é tentar consertar os nossos erros enquanto temos tempo. Eu perdoei Richard Smoak, porque apesar de toda a dor que ele havia me causado, eu senti que ele se arrependera e ele me contou a verdade no fim, mesmo que já tenham se passado dez anos, nunca é tarde para se arrepender e fazer o que é certo. E isso era o suficiente. Talvez as coisas não pudessem mais voltar a ser como eram no passado, mas ainda havia uma chance de consertá-las.

— Eu te perdoo. - Falei após alguns instantes, e imediatamente o semblante dele ficou mais leve. Richard não tinha me pedido isso com todas as palavras, mas eu sabia que era o que ele precisava ouvir de mim.

— Obrigado Oliver. - Agradeceu pegando a minha mão enquanto um pequeno sorriso de satisfação surgia em seus lábios - E se não for abusar muito, preciso te fazer um pedido. - minhas sobrancelhas se uniram demonstrando minha confusão, o que ele poderia querer de mim?

— O que quer pedir? - O sorriso dele ficou ainda maior.

— Felicity está na mansão, vá até ela diga que a ama, eu sei que ela ama você. Não quero que percam mais tempo, eu quero que vocês dois sejam felizes.

Ele não precisava me pedir isso, eu não permitiria que mais nada ficasse entre Felicity e eu. Eu assenti para Richard e me levantei rapidamente, eu deixei o hospital às pressas, eu precisava ir até o amor da minha vida, já tínhamos perdido dez anos eu não queria mais perder nem um segundo sem ela.

***

Eu questão de minutos eu havia chegado a mansão, já era noite e no céu resplandecia uma imensa lua cheia que iluminava o céu, deixava a noite mais clara e banhava tudo com uma luz prateada. Eu deveria ter entrado em casa e ido até Felicity, mas assim que cheguei ao jardim eu parei, não conseguia dar mais um passo sequer. Isso porque assim que ergui meus olhos para cima eu a vi, tão linda, na varanda de seu quarto exatamente como há dez anos. Voltei a ser o mesmo rapaz fascinado pela sua beleza, em meu estômago as malditas borboletas pareciam estar em uma festa, eu sorri porque estava perto demais dela e dessa vez não ficaria no jardim apenas a observando. Faria como Romeu e iria até a minha Julieta. Eu precisava chegar até ela, tê-la em meus braços e nunca mais soltá-la. Meu coração gostou dessa ideia: nunca mais soltá-la.

Escalei a hera que crescia ao redor da parede e em questão de segundos eu alcancei a varanda e logo pulei para dentro, eu deveria estar parecendo um louco. Um louco apaixonado se serve como justificativa. Eu estava pronto para pegar Felicity em meus braços, dizer todas as palavras que por tanto tempo eu tranquei em um recanto escuro de mim, no mesmo canto que eu escondia o Oliver de dez anos atrás. Eu estava pronto para finalmente deixar todos esses sentimentos livres, para me libertar e voltar a ser o rapaz simples que ela sempre amou. Mas assim que vi Felicity eu travei, havia algo no rosto dela, uma tristeza quase sem fim, as lágrimas dela desciam pelo rosto e pareciam brilhar na luz da lua. Meu coração doía por vê-la sofrer assim, dei um passo a frente ainda incerto sobre como agir agora. O que tivera o poder de deixá-la assim?

***

Felicity Smoak

Eu estava confusa, o que Oliver fazia aqui? Ainda mais escalando até a varanda do meu antigo quarto. Ele só havia agindo assim uma única vez, e as lembranças daquela noite fizeram meu rosto arder... Fechei meus olhos com força banindo aquele pensamento, eu já me permiti ter esperanças tantas outras vezes! Eu precisava ser mais cautelosa, meu coração já estava cansado demais de sofrer.

— Oliver...? O que você... - Comecei a perguntar, mas eu não conseguia continuar minha voz simplesmente travou, ele estava ali na minha frente, seus olhos brilhavam para mim de uma forma conhecida. Era o meu rapaz de belos olhos azuis que estava ali, ele tinha um semblante emocionado e ao mesmo tempo preocupado.

— Eu... - Oliver falou um pouco sem folego, seus olhos me analisaram por alguns instantes, focando nas lágrimas em meu rosto. Ergui rapidamente minhas mãos até elas secando-as de qualquer forma. - O que aconteceu Felicity? - A voz dele era baixa e seu olhar preocupado. Meu coração batia descompassado e eu estava tremendo, essa era hora da verdade, hora de esclarecermos tudo e eu estava apavorada! E se Oliver não me amasse mais? E se não pudéssemos voltar do ponto no qual paramos? Mas eu já estava cansada de tantas incertezas, respirei fundo tomando coragem para começar.

— Oliver... Eu encontrei a sua carta, – falei mostrando o papel em minhas mãos trêmulas, senti que ele prendeu a respiração com as minhas palavras – Você falava dela hoje pela manhã no hospital, não era? – questionei, mas continuei não dando-lhe tempo de me responder eu queria me explicar, precisava fazê-lo entender – eu não sabia da existência dela ate que a encontrei escondida no quadro da minha mãe... – expliquei, esperando que ele entendesse, mas Oliver apenas suspirou, deu as costas para mim, encostou na pilastra da varanda e encarou o céu por um longo tempo parecendo pensar em como me dizer algo.

Eu fiquei apenas o observando sem saber se me aproximava ou não, esperando que ele me desse uma resposta. Muitas coisas conspiraram para nos manter afastados e talvez fosse tarde demais, mas ainda assim eu precisava saber, eu não poderia desistir do que me fazia feliz sem antes tentar.

— Oliver, - falei seu nome, mas ele ainda estava de costas para mim. Me atrevi a andar até ele e colocar minha mão suavemente sobre as costas dele, Oliver arfou com o meu toque. Aquilo era uma reação boa, não era? – Não há nada que eu possa fazer para minimizar a dor que eu fiz você passar quando eu fui embora. Acredite, eu entendo. Eu senti a mesma dor, viver longe de você não foi realmente viver, era como se tudo em mim tivesse adormecido e apenas despertado quando eu o encontrei novamente. Por isso eu preciso saber... – Respirei fundo tentando tomar coragem. – Você ainda me ama? – Perguntei minha voz saiu trêmula e as lágrimas desciam pelo meu rosto, eu simplesmente não conseguia mais controlá-las. Aliás, eu não conseguia controlar mais nada desde que Oliver reaparecera na minha vida. Meu coração palpitava acelerado dentro do meu peito e meu corpo inteiro tremia, eu estava com medo daquela resposta. – Depois de todo esse tempo?

Ele ainda estava de costas para mim, mas eu percebi que a minha pergunta o afetou. O corpo dele tencionou, ele cerrou as duas mãos abaixando a cabeça e tomando fôlego. Quando ele finalmente se virou para mim eu arfei, porque eu vi no rosto dele tudo o que eu mesma estava sentido. Saudade, raiva por ter perdido todo esse tempo e amor. Sim, havia amor ali, parecia transbordar em seus olhos, ele me olhava da mesma forma que um certo rapaz de olhos azuis costumava me olhar, e isso me encheu de esperanças.

Oliver deu apenas um passo e a mínima distância que havia entre nós foi preenchida. Meu corpo inteiro vibrava com a nossa proximidade, ambas as mãos de Oliver seguraram meu rosto delicadamente. Me permiti fechar os olhos um instante, e aproveitar aquela sensação. Eu havia perdido isso por tanto tempo, eu havia me esquecido de como era ter Oliver me tocando, era algo pequeno e singelo, mas meu corpo reconhecia aquele toque, se regozijava com ele. E eu sorri satisfeita por poder sentir isso outra vez.

— Sempre. – Ele respondeu minha pergunta com a voz rouca e embargada de sentimentos, eu abri meus olhos para encarar seu rosto emocionado e seus olhos intensos – Esse sentimento sempre esteve aqui, Felicity. Eu tentei fugir dele, eu tentei amar outras pessoas. – Seus olhos estavam perdidos nos meus – Mas sempre foi você, a única dona desse coração. A única que já o tocou, a única que eu já amei e sempre vou amar. Tudo o que eu disse nessa carta é verdade, nada nunca mudou pelo menos não para mim.

— Eu lamento tanto. - Disse me referido à todo o tempo que nós perdemos.

— Não lamente. O tempo que está perdido não volta mais, e não vale a pena nos lamentarmos por ele. O que podemos fazer é viver isso, agora. Agradecer por todo o futuro que temos pela frente.

Sorri para ele e aproximei meu rosto do dele, nossas testas se tocando nossas bocas a apenas centímetros de distância. Ele estava certo, eu não iria me lamentar por todos os erros do passado, eu precisava me concentrar no agora, e nesse momento Oliver estava bem aqui comigo. Havia algo que eu precisava contar à ele, algo que eu não poderia esperar nem mais um segundo.

— Eu o amo tanto Oliver. Nunca, nem mesmo por um momento você deixou meus pensamentos ou meu coração. Sempre foi você, e apenas você. - Ele apenas sorriu satisfeito por ouvir essas palavras.

Seus lábios desceram até os meus e os tocaram ternamente, sem pressa me provando com calma e delicadamente, sua língua roçando de leve a minha era quase uma carícia. Suas mãos desceram até a minha cintura e puxaram o meu corpo para de encontro com o dele, enquanto eu elevei as minhas até o seu pescoço afundando meus dedos em seu cabelo macio, era um encaixe perfeito. E então de repente, eu não conseguia mais entender nada com precisão. Eu só conseguia sentir, em algum momento o beijo deixara de ser inocente e cálido e passou a ser mais urgente, quase desesperador. Eu arfava por ar, eu arfava por Oliver. Nós começamos a caminhar de volta para o meu quarto sem nunca pararmos de nos beijar, de nos tocarmos, de matarmos a saudade que sentíamos um do outro. Era curioso minhas mãos ainda reconheciam o corpo dele, elas faziam o mesmo caminho por dentro de sua camisa que fizeram outra vez há dez anos.

Oliver por sua vez não se conteve, e em questão de segundos a camisa dele já estava no chão. Oliver me ergueu em seu colo por apenas alguns momento até me colocar sobre a cama e cobrir meu corpo com o dele. Não havia um espaço sequer entre nós, e eu estava ansiosa por pertencer à ele mais uma vez. Mas seus beijos antes sedentos e ávidos foram aos poucos diminuindo a intensidade até que sua boca deixou a minha, talvez percebendo que estávamos indo muito rápido. Eu sentia a respiração alterada dele, seu coração batia acelerado contra o meu. Ele ergueu uma das mãos até meu rosto e afastou uma pequena mecha de cabelo, um pequeno sorriso brincava em seus lábios e eu não resisti a vontade de correspondê-lo. Oliver girou seu corpo colocando-se de costas sobre a cama e puxando o meu corpo para junto ao dele.

— Porque você parou? - Questionei e Oliver abriu para mim um sorriso completo.

— Nós temos todo o tempo do mundo. - respondeu-me levando uma das mãos até meu queixo elevando meus lábios até os dele num beijo calmo - Você ainda tem o mesmo gosto de morangos. - eu ri com o comentário dele, mas Oliver estava sério - Eu sempre a amarei Felicity - falou, com o olhar fixo no meu e eu entendi que aquela era uma promessa.

— Sempre. - Repeti, seus lábios voltaram para os meus selando aquela promessa. Ali nos braços de Oliver, perdida em seus beijos eu tive certeza de uma coisa: Finais felizes existem e eu estava começando a viver o meu.


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Notas finais do capítulo

É o fim. Essa história foi mais curtinha mas nem por isso significou menos para mim, espero que vocês tenham gostado dela tanto quanto eu amei escrevê-la. Então até o epílogo ou nos seus comentários. Bjs!