Adaptação escrita por paular_GTJ


Capítulo 6
QUEBRANDO AS REGRAS


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo pra vocês, esse tá grandinho 
espero que gostem



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Não faço ideia de quanto tempo fiquei encarando aqueles olhos cor de topázio. Não encontrava a minha voz para responder, e mesmo que encontrasse, não sabia o que falar.

 

Edward Cullen na minha casa? Um vampiro querendo conversar comigo? Não sei quando aquilo virou certeza, mas agora fazia mais sentido do que antes.

 

Olhando-o mais de perto dava para ver que sua beleza era inumana. Muito pálido, traços do rosto perfeitos, esboçando um sorriso torto, que tiraria o fôlego de Julie, ou de qualquer outra garota do colégio.

 

- Era sobre isso mesmo que eu queria conversar com você... se não se importar, claro! - Sua voz parecia música, e ele falava tão formalmente que parecia que era do século passado. Edward riu de repente.

 

Franzi a testa ainda sem conseguir pronunciar uma única sílaba. Ele devia estar achando engraçada a minha cara de abobada, só pode ser isso. E o que ele quis dizer com 'é sobre isso que queria conversa com você'? Eu não havia falado nada.

 

Edward franziu a boca, como se estivesse com dúvida.

 

- Posso entrar? Garanto que posso explicar tudo isso a você.

 

Eu ainda estava muito confusa, mas o estranho é que eu não estava nem um pouco com medo. Mesmo achando que estava diante de um vampiro.

 

- Claro! - me surpreendi ao ver que minha voz estava normal, pensei que ela iria denunciar meu espanto.

 

Dei-lhe espaço para entrar, e ele passou deixando seu cheiro doce penetrar meu nariz. Fiz uma careta. Nunca havia reparado como ele era elegante andando, era como se estivesse em um desfile de moda. Eu o conduzi até a sala, e fiz sinal para ele se sentar no sofá.

 

- Ahm... então? - tentei manter a voz descontraida, como se fosse extremamente normal um vampiro querer bater um papo comigo na sala da minha casa.

 

- Bom... Não sei por onde começar - analisou-me - Preciso que me faça um favor!

 

- Um favor? - surpreendi-me.

 

- Sim, na verdade não só à mim, mas à minha família também. - fez uma pausa - Você sabe do nosso... Segredo, certo? - franziu o cenho.

 

- Segredo? - me fiz de desentendida. Como era possível ele saber que eu sabia? Eu não havia falado nada para ninguém, nem demonstrado nem um tipo de reação diferente. Aliás, ele estava falando mesmo do que eu achava que ele estava falando? Cara, que dor de cabeça!

 

- Devo dizer sim a tudo. - sorriu.

 

- Sim a tudo? Tudo o quê? - Ele é louco, ou eu falava coisas sem perceber?

 

- Bem, deixe-me começar do início. - ele respirou fundo, como se estivesse tomando coragem - Você foi a praia esse final de semana, e ouviu lendas sobre a minha família. Lendas sobre os frios. Você juntou tudo que ouviu com todas as reações estranhas da sua tia, e as atitudes da minha família. Não queria acreditar, mas mesmo assim ficou na dúvida, e isso seria um problema para nós. - finalizou.

 

Eu o olhava boquiaberta. Como ele sabe, meu Deus? Eu não comentei nada disso com ninguém.

 

- Então... - minha voz saiu rouca, e eu pigarreei antes de continuar - Então é verdade? Quer dizer... você... vocês são mesmo... vampiros? - fiz uma careta não acreditando que estava falando isso em voz alta.

 

Edward concordou com a cabeça, e falou calmamente

 

- Devo dizer que me assustei muito hoje cedo quando vi que você sabia sobre nós, e comuniquei à minha família imediatamente. Não sabíamos se você compartilharia essas informações com mais alguém, o que poderia causar um problema para nós, nos expondo, e teríamos que ir embora... novamente.

 

Aquilo explicava as reações de hoje no almoço quando estava pensando sobre isso. O olhar assustado de Edward e a confusão de sua família. Depois ele e Alice conversando nervosamente na saída... Espera aí!

 

- Como soube de tudo isso? Não falei com ninguém sobre absolutamente nada! Além do mais, mesmo que eu falasse, você estava no mínimo à cinco metros de mim.

 

- Nossa audição é muito melhor do que as dos humanos - Edward sorriu, depois ficou um pouco sério, analisando-me. Suspirou, e concluiu - Eu também leio mentes.

 

O quê? Um vampiro leitor de mentes, e com super audição? Isso deve ser uma pegadinha! Deve ter uma câmera escondida pela casa. Sim... Ingrid e Jacob devem fazer parte disso também, querendo fazer uma brincadeirinha comigo. Devo estar com cara de boba em várias televisões no país.

Edward riu baixinho.

 

- Não é pegadinha nenhuma Samanta. Eu sei que pode parecer louco, mas é verdade.

 

Refleti sobre ele responder minhas perguntas, e comentários mentais desde que ele entrou na casa, mesmo eu não os pronunciando em voz alta. Certo, se vampiros existem, por que um leitor de mente também não poderia ser real? Minha cabeça estava doendo mais agora.

 

- Certo então o que quer? Que eu guarde essa informação para mim?

 

- Sim! - falou sério. Ele estava sorrindo antes da minha pergunta, provavelmente achando graça dos meus pensamentos idiotas - É muito difícil achar um lugar onde se possa viver quase que... normalmente. O mais normal que vampiros possam viver, eu quero dizer. Forks é perfeita para nós, quase nunca tem sol. - sorriu torto.

 

Aquilo despertou uma curiosidade minha.

 

- Vampiros não dormem durante o dia e saem à noite? Quer dizer... o sol não machuca? - Eu estava realmente perguntando isso?

 

Ele riu mais uma vez, devia estar me achando uma tola com todas aquelas perguntas bobas.

 

- Não, na verdade nós não dormimos. - sorriu da minha cara de espanto - E o sol não machuca, mas não podemos sair quando ele aparece, porque as pessoas saberiam que somos... Diferentes.

 

Acenei com a cabeça uma vez, fazendo a dor se acentuar. Acho que eu preciso de um remédio!

 

- Quer que eu pegue para você? - Edward perguntou analisando-me.

 

Levei um tempo para entender seu comentário. Cara que irritante! A família dele não devia ter um minuto de privacidade.

 

Ele gargalhou alto.

 

- Sim, é meio chato mesmo! Não gosto muito disso também, às vezes preferia ficar sem saber o que as pessoas então pensando... - franziu um pouco a testa.

 

Lembrei de das minhas amigas, e resto do colégio no primeiro dia em que os Cullen apareceram. Devia ser engraçado ouvir toda aquela admiração, e flertes mentais das garotas.

 

Edward abriu um sorriso, e concordou com a cabeça.

 

- Não é preciso pronunciar palavras em voz alta para conversar com você, não é? - levantei uma sobrancelha como se o repreendesse.

 

- Desculpe-me! - ergueu as mãos se rendendo, o canto da sua boca tremeu tentando conter um sorriso.

 

Ri da expressão dele.

 

- Posso lhe fazer uma pergunta? - falou sério.

 

- Precisa? - ironizei.

 

- Só posso ler sua mente se você pensar nisso. - falou divertido.

 

- Ok, pode perguntar!

 

- Às vezes eu captava na sua mente coisas diferentes de humanos normais, quer dizer... Você não se atrai por nós como eles. - disse lentamente, medindo as palavras.

 

- O que quer dizer com não se atrair? Que não os acho bonitos? - franzi a testa. Era verdade que minha admiração por eles não chegava nem perto da das outras pessoas. Nem seus cheiros pareciam tão gostoso para mim.

 

- Exatamente! Percebi isso no primeiro dia que chegamos na escola. Você meio que sentiu repugnância pelo nosso cheiro.

 

- Isso é um problema? - Eu devia ser uma anomalia mesmo, nem para me atrair por vampiros!

 

Edward riu, e eu revirei os olhos. Certo, vou tentar parar de pensar na presença dele.

 

- Bem, não é normal. Nosso cheiro, nossa beleza, até nossa voz, é tudo um atrativo para os humanos. Para deixar mais fácil que se aproximem. Claro que eles sentem o perigo, então ficam a uma distância segura.

Isso explica porque todos os admiravam apenas de longe. Mas eu não os achava tão admiráveis, nem tão cheirosos e com certeza, não tinha medo deles.

 

- Sim, isso é estranho. Meus irmãos também perceberam, e começamos a analisar você melhor. Sabe, você não é nada atrativa para um vampiro também. - sorriu debochado.

 

- Por quê? - Não queria que minha voz soasse preocupada, mas foi o que pareceu.

 

- Você deveria estar feliz, não preocupada! - falou - Mas não sei responder. Seu cheiro não chega a ser atrativo para nós, não como os das suas amigas, por exemplo.

 

- Ah - Foi tudo que eu consegui pronunciar. Senti um certo mau-estar pelas minhas amigas, que tinham um cheiro atrativo para vampiros. Lembrei, então, de uma coisa que ele disse antes, e tive que perguntar - Então estivesse sendo vigiada por sua família? - minha voz soou indignada.

 

- Bem, é... Digamos que você é meio que... Imprevisível para nós - disse lentamente.

 

- Imprevisível? - indaguei, confusa.

- Sim... - Edward parecia estar em dúvida - Ah, você já sabe mesmo, não custa nada contar isso. - bufou vencido.

 

Apenas aguardei uma nova revelação, apesar de ser difícil poder existir mais alguma coisa que me surpreendesse.

 

- Eu não sou o único com um poder peculiar na minha família - continuou lentamente, analisando minhas reações - Minha irmã, Alice, pode prever o futuro.

 

Ok, ainda existia coisas que podiam me surpreender. Aquilo, porém, me deixou mais confusa ainda.

 

- Então por que você precisou vir aqui para ter certeza que eu não contaria nada? Ela não podia simplesmente prever se eu falaria com alguém sobre isso ou não?

 

Edward apenas me olhou por um momento, por fim negou com a cabeça

 

- Ela não consegue ver o seu futuro. Quando eu comuniquei a eles no refeitório hoje de manhã que você estava na dúvida sobre o que nós éramos, ela imediatamente foi buscar o seu futuro para ver o que você pretendia fazer, mas não foi possível. Ela não viu nada.

 

Lembrei-me então da expressão de Alice no almoço. Ela franzia a testa com os olhos fechados. Agora eu entendia que ela estava se concentrando no meu futuro.

 

- Ela não viu nada? - franzi a testa, assustada. Eu não posso ser normal em nenhum sentido?

 

- Nada! Foi isso que nos assustou, na verdade. Isso que fez com que decidíssemos que precisávamos falar com você, mesmo que assim você teria certeza que somos... diferentes, mas não falaria com mais ninguém sobre isso.

 

Franzi a testa, suspirei, e esfreguei os olhos. Era muita informação estranha para a minha cabeça em tão pouco tempo.

 

- Desculpe, não quero lhe causar incomodo! - Edward levantou-se imediatamente - Eu só queria mesmo ter certeza que você não vai falar nada. Forks é o melhor lugar que temos para ficar agora. Apesar dessa semana atípica que se passou, não queríamos ir embora.

 

- Claro, claro - Levantei também. Como se alguém fosse acreditar se eu contasse essa loucura! - Nenhuma palavra. - ergui minha mão fazendo um juramento.

 

Edward sorriu.

 

- Obrigado, não sabe quanto aliviados ficamos em saber disso! Acho que já vou indo... Sua tia está chegando.

 

Ingrid! Se ela visse Edward ali ficaria possessa! 'Não se aproxime dos Cullen' não queria dizer exatamente bata um papo agradável durante a tarde com um deles na sala da minha casa.

 

Edward franziu um pouco o cenho enquanto íamos em direção a porta, bufei:

 

- Não tem nada que eu possa fazer para fechar minha mente, não? - Abri a porta para ele.

 

- Acredito que não, mas prometo que vou fingir não ouvir! - piscou, e seguiu em direção ao seu carro.

 

Fiquei observando o Volvo prata ir embora, pensando em como tudo isso era loucura. Vampiros? Um vampiro passou a tarde comigo falando em como eu sou estranhamente não atrativa para eles, que não podem prever meu futuro, e pedindo que não espalhasse seu segredo para o mundo.

 

Foi então que eu gelei. Senti medo pela primeira vez no dia. O carro de Ingrid apareceu um segundo depois que o de Edward se foi. Ela, com certeza, viu. E pela sua expressão no rosto eu tive mais certeza ainda.

 

Entrei na casa, e fui para a sala desligar a TV que continuava ligada, me preparando para a bronca.

 

- SAMANTA! - Apesar de saber que ela estava braba, me assustei com o tom da sua voz. Ela estava furiosa.

 

- Calma tia... - não consegui argumentar, ela já estava gritando, e apontando-me o dedo.

 

- EU PEDI PARA VOCÊ FICAR LONGE DELES! O QUE AQUELE CULLEN FAZIA NA MINHA CASA? VOCÊ É LOUCA? ELES SÃO PERIGOSOS!

 

- Não precisa gritar! Ele veio aqui apenas para pegar um livro, nada demais. Ficou cinco minutos, e foi embora! - eu não sabia porque não falava logo para ela, já que ela sabia de tudo mesmo. Porém, Edward me fez prometer que não contaria a ninguém, e ela não sabia de nada, apenas acreditava em lendas. Não que elas estivessem erradas, mas...

 

- NÃO QUERO SABER, ISSO É UM ABSURDO! VOCÊ ME PROMETEU! - Eu nunca tinha a visto desse jeito.

 

- Tudo bem, quer se acalmar? Não vou mais falar com os Cullen, ok? - Apesar deu ter gostado um pouco de Edward - ainda tinha vontade de vomitar por causa do seu cheiro - queria acalmar minha tia, antes que os vizinhos arrombassem a porta para ver se ela estava cometendo um homicídio.

 

Ingrid respirava forte, ainda me olhando furiosamente.

 

Esperei um pouco até achar que já era seguro fazer um movimento, e comecei a andar para meu quarto. Eram oito horas e eu ainda não estava arrumada para a festa.

 

- Aonde vai? - seu tom de voz era um pouco mais alto que o normal, mas pelo menos não eram de perfurar o tímpano como antes.

 

- Me arrumar... Daqui há pouco a Jenny vai estar aqui para me buscar. Não quer que eu vá a festa assim, não é? - revirei os olhos explicando o óbvio, e comecei a subir as escadas. Pensar em ir em festas depois de descobrir que existiam vampiros no mundo, era no mínimo, estranho.

 

- Você não vai mais. - a voz de minha tia me despertou.

 

- Como é? - parei com o pé no segundo degrau, e virei-me confusa para ela.

 

- Você me ouviu. - ela mais calma agora, mas ainda tinha a fisionomia dura.

 

- Por quê? - tentei não gritar com ela, mas minha voz saiu mais alta.

 

- Porque você me desobedeceu, e... Está de castigo. - virou-se, e começou a ir em direção a cozinha.

 

- O quê? - eu não estava conseguindo assimilar as coisas direito - Você não pode me por de castigo só porque o Cullen veio aqui... Tia, isso é um absurdo!

 

- Não quero saber! Está na minha casa, e vai me obedecer! E quando isso não acontecer vai ficar de castigo, sim! Pode ligar para as suas amigas dizendo que não vai, assim quem sabe você começa a levar mais a sério o que eu falo. E sem bico, moçinha!

 

Cruzei os braços e fiquei olhando-a se afastar. Ingrid era muito mais supersticiosa do que eu pensava!

 

(...)

 

Deitei na cama às dez horas da noite. Ainda com dor de cabeça, mas não iria à cozinha pegar um remédio, não queria falar com Ingrid agora. Respirei fundo, e repassei pela décima vez tudo que Edward me falara hoje.

 

Ainda não conseguia acreditar que isso era real. Vampiros eram criaturas fictícias, como seria possível que cinco deles estudassem na minha escola? E um, aparentemente, trabalhasse com minha tia?

 

Talvez eu acorde e descubra que tudo não passou de um sonho louco, que sexta-feira não chegara ainda, que eu não estou de castigo e, principalmente, que vampiros não existem!

 

Minha cabeça parecia latejar agora, mas a ignorei. Apesar de estar muito cedo, eu não queria fazer mais nada agora. Fechei os olhos e esperei a maldita dor de cabeça passar.

 

Eu estava correndo em uma floresta, nunca tinha visto-a antes. Pessoas me chamavam, eu ouvia vozes na minha cabeça, mas não entendia o que estavam falando, eu apenas corria.

 

De repente meus pés pararam por vontade própria, eu olhei para trás e dois lobos enormes me encaravam...

 

Acordei em um pulo, respirando como se eu realmente tivesse corrido, eu estava suando. Olhei para o relógio, e eram três e meia da manhã. Voltei a deitar a cabeça no travesseiro, tentando controlar minha respiração. Isso que acontece quando se fica pensando besteira, e coisas anormais o dia inteiro! Pelo menos minha cabeça não doía mais.

 

Tirei o blusão que eu sempre vestia para dormir, hoje estava com calor, apesar de saber que agora a noite a temperatura estava bem mais baixa que durante o dia.

 

Peguei no sono rapidamente, e felizmente, dormi sem sonhar.

 

(...)

 

Devido ao meu castigo idiota, passei meu final de semana trancada em casa. Lendo, vendo TV, estudando. Bom, eu iria tirar nota máxima nas provas, pelo menos.

 

Tentei persuadir Ingrid a me deixar ir para La Plush no sábado, mas nem isso tive sucesso. Ela realmente se zangou com o que eu fiz, e eu tive que me conformar em ver Jake apenas no próximo final de semana.

 

Segunda-feira acordei cedo, e me arrumei rapidamente. O tempo estava nublado, pelo menos sem chuva. Ingrid não estava em casa quando desci. Nós nos falamos tão pouco esse final de semana que achei que iria desaprender a falar, de tão poucas vezes que precisei pronunciar palavras em voz alta esses últimos dias.

 

Estacionei no lugar de sempre na escola, não havia muito carros ali ainda. Hoje eu cheguei mais cedo do que o normal. Caminhei lentamente para a aula, queria saber tudo que aconteceu na festa de Mike, odiava ficar por fora das conversas nesses momentos.

 

- Bom dia Samanta! - Uma voz musical soou atrás de mim, e senti o cheiro doce que fez meu café da manhã revirar.

 

Já sabia quem era, mas assustei-me um pouco com sua proximidade assim que me virei. Logo que pensei isso, ele afastou-se um passo.

 

- Não mudou muito, não? - revirei os olhos, fazendo-o sorrir - Olá, e me chame de Samy. Odeio Samanta - fiz cara de nojo.

 

Edward riu. Algumas meninas que estavam por perto começavam a observar nossa conversa. Ótimo, eu seria tópico das conversas hoje no colégio.

 

- Como quiser. - Edward parecia indiferente ao interesse dos outros em nós. Ele sorriu, mas não comentou nada sobre o meu pensamento. Aleluia! Agora sim ele gargalhou.

 

- Você é impossível! - não resisti e ri também.

 

- Eu sei. - piscou - Olha, eu só queria me desculpar.

 

- Por ser tão irritavelmente bisbilhoteiro? - ergui uma sobrancelha em deboche.

 

- Também... e por ter sido o motivo do seu castigo - falou sério.

 

- Ah, nem se preocupa com isso. Ingrid exagera às vezes - fiz um gesto com a mão, dizendo que aquilo não era nada.

 

- Ela está certa. - sua expressão era dura.

 

- Sobre?

 

- Querer que você fique longe de nós - olhou para um ponto acima da minha cabeça, como se estivesse pensando.

 

- Não sou medrosa, Cullen - abri um sorriso, querendo parecer descontraída.

 

- Isso me preocupa, sabia? - franziu o cenho.

 

- Que é isso, eu sei me cuidar e...

 

- Edward? - uma voz feminina, tão linda quanto à dele, chamou atrás de mim.

Quando virei-me, vi a loira Rosalie próxima à mim. Ela era mais linda de perto do que eu pensei ser possível. Com certeza estava diante da mulher mais linda do mundo. Ela olhava para Edward, fingindo que eu não existia ou que eu era algo insignificante para ser notado.

 

- Já sei, Rose. Estou indo. - Edward respondeu ao um pensamento dela, irritado.

 

Sem dizer mais nada ela se afastou, deslizando para longe com o nariz empinado. Acho que tenho que concordar com Emma, ela deve ser mesmo uma loira artificial.

 

Edward tentou reprimiu um risinho, mas eu ouvi. Virei-me olhando-o com reprovação. Ele estava fazendo força para segurar o riso. Revirei os olhos, e ri com ele.

 

- Não se preocupe, Rose é assim com todo mundo.

 

- Ela parece não gostar muito de mim - comentei olhando por cima do ombro, na direção que ela desaparecera.

 

- E não gosta. - deu de ombros quando o olhei surpresa.

 

- Posso saber o que eu fiz?

 

- Sabe sobre nós. Na verdade ela tem medo. Você pode nos colocar em perigo se falar alguma coisa.

 

- Colocar em perigo? A única coisa que eu posso fazer é comentar com alguém.

 

- Isso é um problema para nós.

 

- Como? Vocês não teriam apenas que ir embora? - estava confusa. Na verdade, o mais provável era eu acabar com problemas se falasse alguma coisa, iria com certeza, parar em um hospício.

 

- Não... é mais complicado do que parece. Eu só queria mesmo me desculpar sobre seu castigo. - ele parecia querer mudar de assunto.

 

- Certo, certo... não se preocupe com... - o sinal tocou fazendo-me voltar à realidade. Eu havia esquecido que estava na escola. - Tenho que ir. - falei já apressando o passo.

 

Correr não seria uma boa idéia, mas resolvi arriscar e, inacreditavelmente, eu não caí nenhuma vez. Cheguei à sala junto com a professora e rumei apressadamente para o lado de Emma, que me olhava com curiosidade.

 

- Eu vi tudo. - ela deu um sorriso radiante assim que me sentei.

 

- Viu tudo o que? - perguntei um pouco distraída. Minha cabeça estava doendo de novo. Saco, agora iria ser diário?

 

- Você de papinho com o Cullen... o que vocês estavam falando? - ela apoiou a cabeça nas mãos, olhando-me com curiosidade evidente. Percebi que Jenny, Âng, Julie e até Daniel me observando também.

 

- Nada... - Droga, e agora? - É só que... - Mas a professora me salvou.

 

- O grupinho ali do meio, se já terminou o bate papo, eu gostaria de começar minha aula!

 

Fiz sinal que falaria mais tarde para Emma, e tentei prestar atenção na aula. Impossível! Minha cabeça doía demais.

 

(...)

 

- Pensei que não curtisse branquelos, Samy - Julie sorriu maliciosa, seguindo para o almoço mais tarde.

 

- Não é nada disso que vocês estão pensando! - comecei a corar. Que droga, por que eu não conseguia controlar isso? As meninas se mataram de rir, e Daniel apressou o passo para não fazer mais parte da conversa.

 

- Se não é isso, o que é então? - Âng perguntou tentando me aliviar. Eu já disse que eu amo ela?

 

- Hãm... - Droga, Samanta, ficou a aula toda pensando em besteira. Não podia ter pensado numa desculpa não? - É que... o pai dele trabalha com a minha tia... e ele me mandou uns recados para ela. Só isso.

 

Não era nenhum pouco boa contar mentiras, mas elas pareceram acreditar.

 

- Ah, sim... minha prima se machucou sábado, e foi para o hospital. Ela disse que um Deus grego a atendeu, acho que deve ser ele. - Jenny tagarelava tirando o foco da conversa sobre mim.

 

No refeitório ouvi tudo que acontecera na festa do Mike, aparentemente havia sido um grande sucesso. Âng e Ben finalmente haviam deixado de serem cabeças ocas, e estavam juntos agora. Eu nunca havia visto minha amiga tão feliz, e estava, sinceramente, contente por ela.

 

Uma vez ou outra eu sentia o olhar de raiva de Rosalie para mim.

 

Encarei-a por um momento, tentando mostrar que eu não tinha medo. Quem essa loira artificial metida pensa que é? Vi Edward conter um sorriso, provavelmente estava na minha cabeça.

 

Sabe, acho que minha cabeça dói tanto porque você não sai de dentro dela! - pensei indignada, sabia que ele ouviria.

 

E não deu outra, Edward riu um pouco alto na mesa dele, fazendo sua família o olhar assustado. Edward virou minimamente a cabeça na minha direção, e piscou o olho.

 

Rosalie percebeu, levantou-se em um pulo, e saiu batendo o pé porta fora. O grandalhão lançou um olhar divertido para Edward, e seguiu a sua namorada em seguida.

 

- Samy... MEU DEUS, SAMANTA! - Emma gritou, fazendo muitas pessoas ao redor nos olhar.

 

- O quê? - irritei-me com ela por fazer isso tantas vezes.

 

- Você está sempre no mundo da lua? No que você tanto pensa? - Todos da mesa me olhavam, é claro que eu corei com isso.

 

- Na vida. - dei de ombros - O que você estava falando?

 

- Vamos ao cinema hoje, ta afim?

 

- Tô de castigo, Emm - resmunguei encarando minha comida.

 

- Aé... E por que mesmo? - Emma coçou a cabeça tentando se lembrar do motivo, que eu ainda não contara.

 

- Porque minha tia é louca, e às vezes da uns pichis sem motivo! - tentei fazer parecer que aquilo era normal.

 

As meninas riram e começaram a combinar sobre o cinema. Ingrid tinha que me por de castigo logo agora que eu estava mais a fim de sair com elas, que saco!

 

(...)

 

A semana se passou lentamente. Eu e Ingrid voltamos a nos falar aos poucos, as provas continuavam me atormentando e tomando o meu tempo. Acho que tive sorte de ficar de castigo agora, assim me obrigava a estudar mesmo.

 

As meninas saíram mais duas vezes, o que era muito normal, mas eu não as acompanhei em nenhuma. Nem perguntei para Ingrid se poderia ir, pois não queria mais um discussão com ela.

 

Não conversei mais com nenhum dos Cullen, mas eu sempre os observava no colégio. Não que eles fizessem alguma coisa de diferente, na verdade eles começaram a ser esquecidos pelas pessoas, que estavam começando a achá-los um pouco sem graça.

 

Na sexta-feira acordei atrasada, tinha ficado até tarde estudando para a prova de Inglês, e acabei dormindo a mais. Sai correndo para me arrumar, tomei café quase inalando a comida, e acelerei o máximo que minha picape aguentava para chegar a tempo.

 

Estava correndo, e o mais incrível, sem cair, quando o sinal tocou.

 

- Droga! - sibilei parando.

 

Eu já tinha chegado atrasada na aula de História na quarta-feira passada, e o professor deixara claro que se não permitiria que eu entrasse novamente depois do horário.

 

Pelo menos não era o período da prova, Ingrid me mataria se eu perdesse alguma prova final.

 

Sentei em um bando abrindo um livro qualquer para matar um tempo até o período acabar. Estava concentrada no livro quando um cheiro ruim penetrou no meu nariz. Levantei a cabeça já sabendo quem era, mas me enganei.

 

Uma garota baixinha de cabelos pontudos estava se aproximando de mim, com um sorriso enorme no rosto.

 

- Olá, posso me sentar? - sua voz de sinos me admirou por um momento.

 

Acenei que sim com a cabeça e ela, em um segundo, já estava do meu lado com a pequena mão estendida.

 

- Alice Cullen, prazer - encarou-me com seus olhos caramelos.

 

Fiquei um segundo imóvel, e rapidamente apertei sua mão com um sorriso

 

- Prazer, Samanta Abott - como se ela não soubesse! Sua pele era muito fria, me causou um arrepio. - Me chame de Samy. - Refleti que estava ficando meio intima com os vampiros.

 

- É realmente um prazer Samy! Há muito tempo queria falar com você, mas o idiota do meu irmão não deixa! - ela fez biquinho, cruzando os braços. Ri da sua expressão.

 

- É mesmo? E por que ele não deixa? - Fechei o livro no meu colo, o colocando na mochila.

 

- Não perturbe ela, Alice. Deixe-a em paz, já tem muita coisa na cabeça dela para você atormenta-la mais um pouco - falou em uma perfeita imitação da voz de Edward - É só ele que pode conversar com você? - ela parecia indignada

 

- Hum - tentei não pensar em como eu era um tópico muito presente nas conversas da família Cullen - E o que você queria conversar comigo?

 

- Aaaah, várias coisas - ela bateu palminhas, animada. - Você é fascinante para mim, sabe? Nunca conheci ninguém que não pudesse prever.

 

Ah, isso. Minha anomalia com certeza era fascinante para ela. Minha cabeça começou a doer um pouco. Vou fazer prova com dor de cabeça, perfeito!

 

- Sabe, posso lhe dar dicas de moda se quiser. - Alice falou de repente. Virei-me para ela, e reparei que olhava de cima a baixo minhas roupas. Corei um pouco com essa observação. Ela queria dizer que eu me visto mal?

 

- Gosto das minhas roupas assim, mas obrigada! - Tentei não parecer grossa. Eu tinha gostado dessa vampira baixinha.

Ela franziu um pouco a testa como se me reprovasse, mas mudou de assunto.

 

- Por que não está na aula?

 

- Acordei tarde, e não consegui chegar a tempo. O professor já tinha me dito que não aceitaria mais atrasos meus. - revirei os olhos, fazendo-a rir. Sua risada parecia sinos tocando. - E você? Por que está aqui?

 

- Hoje iam fazer exames de sangue em Biologia. - disse simplesmente, como se fosse um motivo normal para faltar aula.

 

- Mas vocês não conseguem se controlar? - perguntei sem pensar - Quer dizer... vocês não se alimentam de... animais? - não sabia se estava sendo indelicada, mas ela não se alterou.

 

- Sim, mas é difícil para nós sentir cheiro de sangue humano, mesmo que não faça parte da nossa alimentação. - analisou-me, e concluiu sorrindo - Acho que se eu sentisse o cheiro do seu sangue conseguiria me controlar. Seu cheiro é um pouco ruim, sem ofensas.

 

- O seu também não é dos melhores! - mostrei-lhe a língua, rindo. Alice riu também. Eu estava aliviada na verdade, vampiros nunca se atrairiam por mim, pelo menos. Ser estranha, às vezes, tinha suas vantagens.

 

Alice ficou tagarelando por mais uns vinte minutos. Olhei para meu relógio, e vi que faltavam cinco minutos para o próximo período. Esse eu não poderia faltar, pois seria a minha prova.

 

- Acho que já vou indo, não quero me atrasar de novo - levantei-me colocando uma alça da mochila em meu ombro direito.

 

- Ah sim. Perdi um pouco a noção do tempo! - sorriu - Um dia desses poderíamos fazer compras, o que acha? - convidou com os olhinhos cor de caramelo brilhando de expectativa.

 

- Claro, por que não? - falei aquilo só para não decepcioná-la, mas sabia que não poderia sair realmente para fazer compras com ela. O que falaria para Ingrid? Então tia, eu sei que você teve um pichí quando Edward veio aqui, mas vou fazer compras com sua irmã-vampira, espero que não se importe!

 

Alice bateu palmas e saltitou contente. Ela era uma figura!

 

Acenei um tchau singelo, e comecei a me afastar. Minha cabeça ainda doía, acho que vou começar a trazer um remédio na bolsa já que isso estava se tornando diário.

 

Os períodos se passaram normalmente, e estavam todos felizes que só restavam duas provas, e depois não precisaríamos mais nos preocupar com nada durante dois meses.

 

Quando estava indo embora avistei Alice e Edward conversando, e caminhando em direção ao carro prata deles. Alice me viu, e começou a acenar tchauzinhos com um grande sorriso, recebendo um olhar de reprovação de Edward, que me olhou, e deu um sorrisinho mínimo.

 

- Virou amiga deles? - Âng franziu a testa, quando percebeu para quem eu estava acenando.

 

- Ahm... é, mais ou menos. - eu gostei de Alice, o jeitinho animadinho dela me conquistou. E Edward apesar de ser irritante, sabendo tudo que a pessoa pensa, parece ser gente boa.

 

Ingrid não ficaria nada feliz sabendo que sou a única pessoa da escola a ser mais próxima deles agora. Mas não tinha problema nenhum ao meu ver, eu não corria risco com eles, qual era o problema de quebrar as regras então?

 

Cheguei em casa e fui tomar banho para relaxar, não sabia porque, mas meus músculos ficaram tensos o dia inteiro. A dor da minha cabeça estava melhorando, então não vi necessidade de tomar remédio.

 

Estava ficando animada, hoje era sexta-feira e amanhã meu castigo finalmente terminaria. Iria enfim ver Jacob. Sorri com esse pensamento, e desci para fazer minha janta pensando em como aquele indiozinho mexeu comigo em tão pouco tempo.

 


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo ela finalmente vai pra La Plush D
comentem, por favor? bjsss



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