Adaptação escrita por paular_GTJ


Capítulo 15
O que mudou?




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POV JACOB

 

Já se passavam das oito horas da noite de terça-feira e eu estava deitado na minha cama, olhando para o teto fixamente, pensando em diversas coisas ao mesmo tempo. Enquanto isso caia baldes de chuvas do lado de fora, somado com trovões e relâmpagos que deixavam a casa momentaneamente iluminada.

 

Billy havia ido viajar para o Hawai novamente. Não sei de onde ele tirou o dinheiro para bancar as passagens, mas o fato é que ele apreciou tanto a última ida que simplesmente decidiu me abandonar aqui sem cerimônias, e ir visitar sua filha mais velha. Rachel estava na faculdade e voltaria apenas no sábado.

 

Em resumo: eu estava sozinho em casa, e ficaria nessa solidão até o final da semana. Não é que eu me importasse nem nada, mas é que... Ok, quem eu estou enganando? EU ESTOU MORRENDO DE TÉDIO!

 

Meus pensamentos fluíam em particular na direção de Samy, não que isso seja alguma novidade. Porém dessa vez eu tinha algo em especial em mente.

 

A conversa em particular que a garota teve com Bella alguns dias atrás ainda martelava na minha cabeça compulsivamente. Eu posso estar ficando louco, mas tenho certeza absoluta que ouvi as palavras “vampiros” e “lobisomens”.

 

É, eu sei que estava absurdamente longe de onde elas pararam para dialogar, e é completamente insensata a ideia de eu ter capacidade audível para ouvir a tantos metros de distância, então tentava convencer a mim mesmo que aquilo era idiotice minha.

 

Ainda assim, eu ficava me perguntando constantemente se Samy ainda acreditava naquele monte de asneiras que lhe contei na primeira vez que nos vimos. Era simplesmente ridículo ela acreditar intensamente no que os coroas aqui da reserva ditavam como a história da tribo.

 

Outra coisa que me incomodava era porque da mudança súbita de seu semblante indiferente para um terrivelmente preocupado ao saber que seus antigos amiguinhos iriam para Blue Sea.

 

Lembro-me vagamente de suas amigas comentarem que ela deveria estar revoltada de não receber mais convites para suas festinhas nos finais de semana, e por isso inventou a desculpa idiota de “é perigoso”.

 

Porém eu conhecia Samy bem demais para saber que aquele não era o motivo real. Ela não gostava de festas, e aquela sua reação não se encaixava nada com o que suas amigas cogitavam ser o motivo.

 

Até parece, no entanto, eu conheço Samy, não é?! Olha só para mim, tentando entender aquela mente completamente sem sentido! Talvez eu só estivesse com dúvidas quanto a isso porque Bella também se mostrou um tanto apreensiva e determinada em fazer suas amigas desistirem da ideia de irem para a chácara no sábado.

 

O telefone tocou tirando-me temporariamente de meus devaneios confusos. Atendi depois de um tempinho, assim que consegui sair das cobertas que se enrolaram de um modo irritante das minhas pernas.

 

- Alô?

 

- Jake? – ouvi a voz de Bella do outro lado da linha um pouco receosa.

 

- Sim, sou eu. Tudo bem? – perguntei contente por ter com quem conversar, aquela solidão estava me deixando inquieto.

 

- Tudo bem sim. Escuta, tem planos para sexta à noite?

 

- Hum, eu pretendia ficar olhando a noite inteira para o teto, mas acho que posso transferir esse compromisso para outro dia. – ironizei sem conseguir disfarçar minha alegria por ter algo para fazer e distrair um pouco minha mente.

 

Na verdade isso era uma tarefa um tanto impossível, porém, quando eu estou com Bella até que metade da minha atenção conseguia ficar dissipada em uma coisa diferente de Samanta Abott.

 

- Que ótimo! – Bella exclamou depois de dar uma risadinha singela – Meus amigos querem ir pegar um cineminha, topa?

 

- Topo, claro! – concordei de imediato.

 

Ficamos conversando por mais uma hora e finalmente desliguei o telefone, já com a orelha quente. Era um tanto cedo para ir dormir, mas resolvi que não havia nada de melhor para fazer, afinal. Ok havia uma coisa sim: comer!

 

Surpreendi-me comigo mesmo, eu havia comido uma pizza grande sozinho no jantar, em menos de duas horas atrás, e já estava com fome de novo?  

 

Depois de devorar um pacote de bolachas recheadas, fui escovar os dentes e me deitei na cama, puxando os edredons até o nariz. Fiquei dez minutos desse jeito e já comecei a suar de um modo desconfortável. Joguei as cobertas no chão rapidamente, mas só aquilo não adiantou em nada.

 

Sente-me na cama e retirei a camiseta que estava usando, arremessando-a em qualquer canto do quarto escuro. Quando afundei minha cabeça no travesseiro, ouvi um trovão altíssimo preencher o ambiente. Franzi o cenho ouvindo o vento ricochetear violentamente do lado de fora da casa. Deveria estar congelando por lá, e eu morrendo de calor?

 

(...)

 

[N/A: agora terão trechos tirado do livro Lua Nova - 9 - Triângulo, mas é claro que com mudanças óbvias para se encaixar à história]

 

 

- O rádio dessa coisa não funciona? – perguntou Mike com um toque de petulância, me interrompendo no meio de uma frase.

 

Finalmente chegou sexta-feira e estávamos a caminho do cinema em meu Rabbit preto. Quando eu digo “nós”, me refiro à Bella, Mike e eu. Os colegas da garota amarelaram na última hora com desculpinhas meia boca, que devo dizer não acreditei muito nelas.

 

Enfim, sobramos apenas eu, minha amiga, e o loirinho metido a badboy. O sujeitinho abusado, que estava sentado no banco de trás, não estava nem um pouco contente com o rumo que esse programa tomou.

 

E eu sabia exatamente o motivo do seu mal-humor insignificante. Bella me contara que fora Mike quem tivera a ideia desse passeiozinho amigável. Pelo que ela me disse, ele tinha intenção de que fosse um encontro, apenas entre ela e ele.

 

Era visível o interesse do garoto em Bella, e seu ciuminho sem fundamento por minha causa. Eu até me surpreendi pelo modo áspero como ele começou a me tratar depois que soube da minha amizade com Swan. Quer dizer, nós até que tínhamos nos dado bem naquela festinha que eu fora com Samy antes dela, bem... Ignorar-me total.

 

Aparentemente agora ele se jurara a Dan no seu clubinho particular “odiamos Jacob Black”. Como se alguma das garotas estivesse mesmo interessada na minha pessoa para que houvesse sentindo nessa rixa idiota!

 

- Sim – respondi um pouco mais áspero que o normal – Mas Bella não gosta de música.

 

 Pelo canto do olhou senti Bella me olhou com a boca ligeralmente aberta. Era óbvio que ela acharia isso estranho, quando nunca verbalizara aquelas palavras, porém eu sabia. Eu era um bom observador, aliás, mais do isso, eu a entendia.

 

O Cullen havia a deixado, a abandonou sem mais nem menos, do mesmo modo como eu havia sido abandonado. Tudo bem que eu não tinha um relacionamento amoroso com Samy, porém fora tão duro para mim quanto é para Bella, e talvez seja essa a razão de sermos tão unidos, de nos entendermos tão bem.

 

- Bella? – Mike se virou rabugento para ela, não acreditando nas minhas explicações. Idiota! 

 

- É verdade – ela ainda me encarava estupefata, e eu tive que me conter para não rir.

 

Chegamos ao cinema em pouco tempo e fomos assistir o tal filme, que como esperava fora escolhido por Bella. Eu sabia que qualquer garota normal correria sem pensar duas vezes para um filme de romancinho meloso, ela, porém, talvez porque não é normal, ou simplesmente pelo fato de ter acabado de ser desiludida nesse aspecto, quis logo um que a cada cena uma pessoa era morta pela maneira mais surreal possível.

 

Quer dizer, o filme era uma piada! As pessoas que estavam no cinema, principalmente garotas, faziam cara de nojo e pareciam que vomitariam a qualquer momento. Eu, por outro lado, estava tentando segurar o riso daquela basbaquice que estava vendo.

 

Olhei de relance para Bella, que tinha uma expressão entediada como se nem estivesse prestando atenção na tela de cinema. Senti meu estômago revirar de um modo desconfortável e senti um calor anormal. Respirei fundo tentando ignorar a dor repentina, e minha atenção foi atraída por um som ensurdecedor vindo da tela em minha frente. Virei para ver o que havia acontecido, e dessa vez não me contive, gargalhei baixinho.

 

- O que foi? – Bella sussurrou com o cenho franzido, provavelmente questionando minha sanidade mental por rir quando a maioria estava fazendo caretas desgostosas.

 

- Ah qual é! – me defendi com um sorriso sarcástico – Espirrou sangue a seis metros daquele cara. Tem coisa mais falsa?

 

Bella passou a prestar mais atenção no filme depois desse meu comentário irônico, e ela até soltava risadinhas baixas acompanhada por mim quando as cenas extrapolavam o senso da realidade.

 

Quando o filme já se encaminhava para o final - e eu me perguntava quanto eles gastaram em elenco, e se um dia ele iria acabar tamanho número de mortes surreais e idiotas que já havia acontecido - o badboy saiu correndo, que nem uma menininha assustada e de cabeça baixa.

 

Bella ficou em pé de imediato, visivelmente preocupado com a menininha... Ou melhor, Mike. 

 

- Não, fique – ela falou baixinho a me ver levantar também – Vou ver se ele está bem.

 

Ignorei completamente seu pedido, afinal o filme estava realmente ficando cada vez mais ridículo, e minha dor de cabeça estava ficando mais intensa. Que droga! Passei a semana inteira com essa maldita dor e mesmo tomando remédio antes de sair de casa ela não desiste?

 

O amiginho de Swan estava colocando as tripas para fora no banheiro masculino quando eu entrei por lá, a fim de procurá-lo, uma vez que não estava no saguão.

 

 - Cara, tudo isso por causa de um filminho podre desses? Acho que terá pesadelos essa noite! – brinquei encostado despreocupadamente na bancada da pia, observado o loiro gay vomitar compulsivamente à minha frente.

 

Mike murmurou algo incompreensível, provavelmente me mandou para aquele lugar, mas não foi possível entender porque ele estava ocupado demais para produzir uma palavra se quer.

 

Sai do banheiro rindo do infeliz e me juntando a Bella, que esperava sentada em um banco próximo ao banheiro.

 

- Acho que ele vai ficar lá por um tempo.

 

Bella revirou os olhos e deu uma risadinha singela. Seu semblante logo ficou sério e amargurado. Respirei fundo tentando achar palavras para consolá-la e tirar aquela ruginha de tristeza em sua face. Mas como eu iria confortá-la se nem ao mesmo eu conseguia tal proeza comigo?

 

- Ei, vai ficar tudo bem! – comentei pegando sua mão e tentando convencer ela e a mim mesmo com aquelas palavras.

 

Bella suspirou pesadamente e me lançou um olhar indecifrável.

 

- Às vezes acho que a dor não pode ficar mais intensa e ela vai explodir a qualquer momento.

 

Deslizei pelo banco para encurtar a distancia entre nós, e sussurrei passando o braço livre ao redor de seus ombros:

 

- Eu sei, mas ela passa. E além do mais, eu estou aqui para qualquer coisa, você sabe.

 

Bella deu um sorrisinho de agradecimento e fitou nossas mãos unidas. Fiz o mesmo e meus olhos se fixaram em uma estranha cicatriz em seu pulso desnudo.

 

- Você tem uma cicatriz engraçada aqui – aproximei sua mão do meu rosto para encará-la melhor. Era parecida com um arco, um pouco mais pálida que a cor branca normal de Bella – Como foi que aconteceu?

 

- Você acha mesmo que eu me lembro de onde vieram todas as minhas cicatrizes? – ela tentou brincar, mas estava com a expressão fechada e um tanto encolhida.

 

- É fria! - Toquei de leve no arco em relevo.

 

Era extremamente gelado, e alguma coisa naquela cicatriz fez meu estômago dar uma revirada desconfortável, um tanto pior do que todas anteriores. Minha cabeça latejou de um modo doloroso, contudo a reação de Bella prendeu minha atenção mais do que tudo aquilo. Ela se encolheu como se esperasse que uma bomba caísse a qualquer momento.

 

Antes de eu poder questionar o momento sem nexo, o amiguinho dela saiu do banheiro ligeralmente zonzo, branco feito papel e mais suado que um porco. Credo, que carinha fraco! Nem aguenta ver um filmezinho de quinta e já fica um trapo assim? 

 

- Ah Mike! – Bella se levantou fitando seu amigo com o semblante preocupado.

 

- Vocês se importam se a gente for embora mais cedo? – arfou o gayzinho me fazendo revirar os olhos, mas mentalmente eu fiquei satisfeito porque a dor estava começando a me sufocar de um jeito anormal.

 

Bella concordou prontamente o pedido de Mike e já começou a puxá-lo para fora do cinema de forma prestativa.

 

Fiquei um momento perturbado que a garotinha pudesse vomitar no meu carrinho amado, já que estava começando a ficar verde. Fui buscar um balde de pipocas vazio para o otário usar como escape caso não agüentasse e se lembrasse de alguma cena do filminho ridículo.

 

Abrimos todas as janelas do carro para que Mike não passe ainda mais mal. Devo dizer que fiquei imensamente aliviado ao sentir o vento frio no meu rosto. A sensação de calor estava ficando cada vem mais intensa e desconfortável.

 

Por outro lado, Bella parecia que não estava gostando muito do vento gelado que exalava da janela escancarada.

 

- Com frio de novo? – questionei passando os braços em seus ombros trêmulos.

 

- Você não está? – ela me olhou incrédula, e franziu a testa quando eu neguei com a cabeça.

 

- Deve estar com febre ou coisa assim – comentou levantando seus dedos até minha testa.

 

- Caramba, Jake – ela se assustou enquanto pressionava seus dedos extremamente gelados no topo da minha cabeça – Você está pegando fogo.

 

- Estou bem. – comentei querendo mostrar indiferença, porém estava mesmo começando a me preocupar com aquele calor todo e aquela dor insuportável que não cessava. – Estou em ótima forma.

 

Bella não se convenceu e pressionou novamente seus dedos gelados, ou melhor, congelados em minha testa. Aquele frio estava deixando minha dor um pouco pior.

 

- Suas mãos parecem de gelo! – reclamei e ela franziu o cenho parecendo confusa.

 

- Talvez seja eu.

 

O amiguinho de Bella vomitou mais uma vez assim que eu fiz uma curva um pouco fechada de mais. Olhei ansiosamente por cima do ombro para verificar se meu carro continuava limpo. Só o que me faltava ter que limpar vômito de um garotinho fracote.

 

A dor estava começando a se intensificar de tal modo que eu pensei que a qualquer momento iria imitar o loirinho badboy e começaria a colocar as tripas para fora. Depois de levar Mike para casa, cheguei à casa de Bella e já não conseguia prestar atenção em mais nada, tamanha era a dor que sentia.

 

- Eu me convidaria para entrar, já que chegamos cedo – comentei depois de estacionar o carro em frente a sua casa – Mas acho que você pode ter razão quanto à febre. Estou começando a me sentir meio... estranho.

 

- Ah não, você também não! Quer que o leve para casa? – Bella perguntou visivelmente preocupada e eu franzi o cenho. Não é como se estivesse mal por causa do filminho que nem Mike, só para deixar claro.

 

- Não – menti – Ainda não estou mal. Só... estranho. Se precisar, paro o carro.

 

Depois de tranqüilizar Bella de que ligaria para ela no minuto em que chegasse em casa, eu parti para La Plush, segurando o volante com força desnecessária e tentando manter meus olhos abertos, que teimavam em querer se fechar em função da dor que eu sentia.

 

Cheguei em casa em menos de dez minutos, acho que nunca corri tanto em toda minha vida. Estava indo em direção ao telefone, ligar para Bella e mentir que tudo estava bem, contudo antes mesmo de que eu conseguir fechar a porta de entrada, minhas pernas ficaram bambas e eu desabei no chão frio.

 

Meu grito de dor se perdeu em algum lugar dentro de mim, nem mais achar minha voz eu era capaz e aquilo estava me deixando desesperado. Era uma sensação de sufocamento terrível e inexplicável. Um pensamento me veio à cabeça, a voz de Samy, depois de ela passar mal na pista de dança, quando estava sentada em meu carro a caminho de sua casa.

 

- Eu vou explodir – ela falou segurando a cabeça com força.

 

Do mesmo modo que eu segurava a minha agora, caído no chão gelado da cozinha. Claramente eu estou perdendo o juízo. Só posso estar maluco por lembrar disso quando estou MORRENDO de dor.

 

Foi então que tudo cessou. Uma sensação de alivio tomou conta do meu corpo e quando eu percebi já estava correndo em uma velocidade inacreditável.

 

(...)

 

- O Embry é um panaca! – Sam resmungou irritando voltando à cozinha de sua casa e batendo a porta com força. – Está uivando para ver se estamos ligados! Idiota!

 

Todos que estavam na cozinha reviraram os olhos reprovando o comportamento de Embry, eu, porém, dei uma risadinha baixinha por causa da brincadeira do meu amigo.

 

Aliás, acredito que daria risada mesmo se houvesse algum ataque real. Era fato que eu não conseguia segurar o sorriso de felicidade, e ficava olhando para todos os caras que julguei uma vez, e até mesmo odiei com uma alegria inexplicável.

 

Eu demorei alta cara para cair na real, mas afinal quem não demoraria? Depois que eu saí correndo sobre quatro patas e comecei a ouvir vozes na minha cabeça eu tive certeza absoluta que tinha perdido completamente a razão.

 

Corri durante horas, e depois que voltei, um pouco depois do almoço, para minha forma humana, Sam e seus discípulos me contaram toda a verdade. Eu simplesmente trasbordava felicidade nesse momento.

 

Era tão bom saber o porquê dos olhares tortos de Sam na minha direção durante todos esses anos, porque meus amigos iam me abandonando aos poucos sem motivo aparente, porque das reações bizzaras e sem sentido que sempre me deixava confuso, e principalmente, saber que Samanta não havia desistido de mim, não havia me ignorado por livre e espontânea vontade.

 

Eu nem ao menos fiquei com raiva de Sam por ter OBRIGADO, literalmente, a garota a não falar comigo. Tudo que eu pensava era que agora eu finalmente poderia ver, falar, sair com ela e sem problema nenhum.

 

- Então Jake, alguma dúvida sobre o que falamos até então? – Sam questionou depois de se sentar na cadeira em que estava antes e abraçar Emily pelos ombros.

 

- Hum... - repassei tudo que já haviam me falado, mas na verdade eu só queria ver uma pessoa, e essa pessoa não estava ali ainda, para o meu desgosto. – Acho que não!

 

Sam me contara que após ter feito, lê-se obrigado, Samy a conversar com Bella, ele lhe deu umas “férias” da matilha e ela fora viajar para New York, a fim de visitar sua família. Segundo ele, Samy deveria chegar entre hoje ou amanhã. O plano era deixá-la esfriar a cabeça, já que ela odiava mortalmente essa vida nova que teve que aceitar.

 

- Cara, a nervosinha vai pirar quando souber! – Paul gargalhou sozinho jogando um pedaço grande de torrada na boca, e olhando para mim com um sorriso irônico.

 

- Pare de chamá-la assim Paul – minha irmã ralhou com ele dando-lhe um tapa no ombro.

 

Rachel ficara absurdamente em êxtase quando ficou sabendo da minha transformação. Ela disse que era difícil me ver infeliz diariamente, e não poder contar a verdade para mim, já que ela sabia de tudo desde o começo sendo um imprinting do Paul.

 

Essa historia de impressão me deixou um pouco frustrado. Sem contar que também me irritei em saber que o babaca do Paul – agora era apenas força do habito lhe chamar assim – sofreu o imprinting com Rachel.

 

Eu havia cogitado mentalmente a possibilidade de tê-lo com Samy, porém a garota já era loba há muito tempo e nós já havíamos nos olhado olho no olho, então essa opção era infelizmente descartada.

 

- Não tenho culpa se ela se revolta com qualquer coisinha – Paul deu de ombros, indiferente.

 

- Tenho certeza que agora será diferente, se é que me entendem! – Quil me lançou um olhar malicioso piscando logo em seguida.

 

Todos riram, e eu dei um sorrisinho tímido um pouco constrangido. Antes que alguém mais pudesse tirar com a minha cara, um uivo ecoou pela cozinha de Sam.

 

Todos se viraram imediatamente para Sam, que franziu o cenho e continuou a comer seus waffles de um modo despreocupado.

 

- Deve ser o idiota do Embry de novo! – ele respondeu o questionamento silencioso de todos – Eu já o mandei parar, mas acho que não usei meu timbre alfa com exatidão.

 

Alguma coisa me dizia que aquele uivo era diferente dos anteriores, ele parecia mais desesperado. Mas afinal, o que sabia sobre lobos? Era o mais inexperiente dali, e se o resto não se importou porque eu deveria me preocupar?

 

Dois minutos se passaram e os uivos cessaram. Não demorou nem um minuto e Embry abriu a porta, entrando de modo despreocupado e assobiando desafinado.

 

- Cansou da brincadeirinha idiota? – Sam o olhou de forma reprovadora.

 

- Como? – Embry franziu o cenho confuso.

 

- Estava uivando que nem um desesperado não faz um minuto – Jared respondeu indiferente.

 

- Do que vocês estão falando? Eu nem estava em forma de lobo há um minuto atrás! – ele se sentou no braço da minha poltrona enquanto todos trocavam olhares de quem não está entendendo nada.

 

- Mas você não estava ouvindo...? – Rachel perguntou visivelmente apavorada, gesticulando para fora da casa.

 

- Eu ouvi uns uivos, mas pensei que alguém estava querendo tirar com a minha cara por ter feito a brincadeira antes. – ele comentou começando a ficar preocupado também – Eu voltei à forma humana assim que Sam veio ralhar comigo.

 

- Mas se não era você... E todos então aqui... Quem... – Emily gaguejou, horrorizada.

 

- SAMY! – gritei alto me ponto em pé no mesmo instante que todos chegavam à mesma conclusão que eu e imitavam minha reação.

 

Quando me dei por conta eu já estava em quatro patas correndo em direção à floresta de modo desesperado. Eu ouvia os gritos em minha mente, as ordens de Sam, só que nada penetrava com sentido lógico para mim.

 

Eu estava imensamente preocupado com minha amiga, e os uivos desesperados que ouvi há pouco tempo atrás me deixavam ainda mais determinado a achá-la rapidamente.

 

- Alguém está ouvindo a mente dela? – a voz de Embry ecoou na minha depois de dois segundos.

 

- Não! – respondemos em coro eu, Jared e Sam.

 

Senti Paul se transformar nesse momento e ele já foi dizendo, ou melhor, pensando.

 

- Rachel ligou para a casa de Samy e Ingrid atendeu contando que ela chegou em casa, as malas da garota já estavam por lá, mas ela não está em casa. Samy deixou um bilhete falando que viria para cá.

 

Tentei controlar minha respiração descompassada. O medo me atingia assim como atingia os lobos ao meu lado.

 

Farejamos por tudo por mais de cinco minutos e então eu me lembrei que dia era hoje.

 

- Espera! Eu acho que eu sei onde ela está! – pensei no desespero de Samy em fazer seus amigos desistirem de ir fazer uma festa em Blue Sea, alegando que o local era perigoso.

 

Eu mal acabei de pensar nisso e a mente de Samy entrou em sintonia com a nossa, e para meu total desespero, ela estava à frente de duas criaturas pálidas e com sorrisinhos desdenhosos. Eu não sei como eu sabia, mas tive certeza que se tratava de sanguessugas.

 

Eu fui o primeiro a começar a correr, os outros estavam estagnados no mesmo lugar, aparentemente em choque pela minha revelação anterior. Eu só conseguia me concentrar na mente da garota, que ao mesmo tempo estava feliz por finalmente termos aparecido, e também estava com medo da segurança dos seus amigos.

 

Eu simplesmente não consegui fazer nada quando chegamos ao local. Não reparei quem foi combater a mulher pálida, que estava prestes a matar Bella. E eu fiquei parado olhando para todos os lados sem ter a mínima ideia de como agir.

 

A mente de Samy me chamou atenção, ela estava se perguntando quem era o lobo marrom avermelhado, e antes que eu pudesse me virar para ela, esse pensamento foi substituído por dor.

 

Virei-me desesperado para onde ela estava momentos antes, e me horrorizei em ver um sanguessuga abraçando-a com força, fazendo com que vários ossos quebrassem. Logo outros lobos reagiram e tiraram o vampiro de cima de Samy, mas a garota simplesmente se deixou cair no chão, rendida à dor.

 

Aproximei-me relutante, sem ter a mínima noção do que fazer. Abaixei a cabeça até o chão, modo de encarar os olhos da loba cor bege. Eles estavam desfocados, ligeralmente marejados, provavelmente pela dor que sentia. Eu não consegui enxergá-los com precisão, mas alguma coisa neles me prendeu ali:

 

- Vai ficar tudo bem! - eu sussurrei mentalmente, querendo que apenas as palavras fossem suficientes para que aquilo acontecesse de verdade.

 

 

POV SAMY

 

Eu corria. Corria em alta velocidade. Mas eu não estava sozinha. Um lobo marrom avermelhado me seguia, revezando olhares entre mim e a floresta a nossa frente. Alguma coisa naquele lobo me fez acreditar que eu o conhecia. Ele era tão lindo... Eca! Que cheiro é esse?

 

Franzi meu nariz sentindo meu estômago revirar. Senti uma fisgada de dor em alguma parte das minhas costas. O cheiro não cessava, era insuportavelmente irritante.

 

- Espera ai, olha o nariz dela – uma voz afinada, que pareciam sinos tocando, penetrou meus ouvidos – Ela está acordando?

 

- Sim – outra vez, agora de um homem, mas parecia música também. Não pude deixar de notar certo divertimento em seu tom – Estou conseguindo ler a mente dela, ela está voltando à consciência.   

 

- Samy? – a primeira voz chamou, e eu senti algo extremamente gelado nos meus dedos.

 

Deus, eu acho que estou delirando! Não posso estar mesmo ouvindo a voz dos Cullen! Deve ser o cheiro nojento, está afetando a minha memória e minha sanidade.

 

- Samy, somos nós sim! – o leitor de mentes irritante comentou – Abra os olhos!

 

Abra os olhos? Por que eu não havia feito isso até agora? Muito lentamente senti minhas pálpebras, finalmente, me obedecerem e um quarto claro entrou em foco imediantamente.

 

- Graças a Deus! – ouvi Alice murmurar contente ali por perto.

 

Lancei um olhar rápido à meus dedos, a fim de saber se estavam pousados em uma bacia de gelo, porém como eu suspeitei era a mão da parasita baixinha que segurava meus dedos de modo despreocupado.

 

- Sei que está confusa Samy, mas podemos explicar tudo! – Edward comentou retirando a sua irmã gentilmente de perto de mim – provavelmente vendo o meu desconforto diante do contato com sua pele gelada.

 

Seu comentário possivelmente surgiu em virtude do batalhão de perguntas que preencheram minha mente. Onde estou? Por que os Cullen estão aqui? Onde estão os garotos? Quem era o lobo estranho que apareceu no meio da confusão? Onde estão meus...

 

- ONDE ESTÃO MEUS AMIGOS? – a última pergunta eu gritei em voz alta, tentando sentar na cama. Contudo uma fisgada violenta nas costas me obrigou a recuar e gemer baixinho de dor.

 

- Se acalme Samanta – o doutor parasita comentou, chamando atenção para sua presença até então despercebida por mim.

 

Se acalmar? Como ele espera que eu me acalme? Quer dizer, meus amigos HUMANOS me viram virar loba, viram dois sanguessugas querer beber o sangue deles, viram mais lobos surgirem do nada! Eles devem estar em um hospício nesse momento.

 

- Posso lhe assegurar que seus amigos passam bem – Edward respondeu aos meus pensamentos – Eles com certeza ficaram um pouco atordoados à princípio, porém depois de ouvir nossas explicações até acharam tudo muito... demais. – concluiu com o cenho franzido.

 

Suspirei pesadamente achando muito fácil as garotas mais loucas do mundo acharem essa piração toda realmente “demais”.

 

Edward riu baixinho e eu lhe lancei um olhar de reprovação. Ele não se cansava de ser um enxerido não? E o que esse meu pensamento produziu? Mais gargalhadas debochadas do cara-pálida.

 

- Cadê o meu bando? – perguntei um pouco frustrada ao perceber que eles me abandonaram na companhia de inimigos – Aliás, onde eu estou?

 

- Está em nossa casa – Alice dirigiu a palavra para mim de um modo tímido – E alguns dos garotos então lá embaixo. Sua tia também, quer falar com eles?

 

- Quero – respondi de imediato. Fiz uma pausa e perguntei sem pensar – Vocês voltaram?

 

Os três parasitas se entreolharam em confidência.

 

- É uma longa história – por fim o doutor me respondeu gentilmente – Aconteceram muitas coisas nessa semana que você ficou inconsciente.

 

Senti minha boca se escancarar e o meu grito de susto foi mental: UMA SEMANA? EU ESTOU DESACORDADA HÁ UMA SEMANA?

 

Edward fez uma careta engraçada, provavelmente ouvindo o grito em sua mente com força total.

 

- Como disse, muitas coisas acontecerem – ele mesmo respondeu ainda com a testa franzida. Talvez eu tenha produzido dor de cabeça em um vampiro. Ele fez o quê? Riu. – Na verdade tem uma pessoa em especial que quer falar com você... está um pouco inquieto lá em embaixo, já que todos já sabem que você está acordada.

 

Franzi o cenho para ele, enquanto Alice e o doutor trocavam sorrisinhos cúmplices. Revirei os olhos impaciente ainda um pouco chocada em saber que estava nessa cama durante tanto tempo.

 

- Ele está subindo – Edward comentou com um sorrisinho de deboche.

 

- Então vamos nos retirar para deixá-los mais a vontade – o doutor opinou fazendo sinal para seus filhos lhe acompanharem para fora do quarto.

 

Nem me importei com o comentário baixinho e irônico de Alice “como se não fosse ouvir de qualquer forma”, eu estava extremamente curiosa para saber quem era a minha tal visita que estava produzindo tantos risinhos debochados.

 

Por algum motivo eu sempre soube quem era, porém até eu vê-lo cruzar a porta com o seu sorriso lindo, o meu sorriso, olhando na minha direção eu me não me permiti ter certeza.

 

Jacob entrou no quarto, mas não era aquele garoto que eu lembrava. Ele estava diferente. Cabelos curtos, músculos muito mais salientes e se possível ainda mais alto.

 

Contudo, apesar de sua beleza estonteante, foram em seus olhos pretos em que eu me prendi. Aquela sensação de incompleto não me invadiu dessa vez. Não, alguma coisa tinha mudado, e não foram somente seus cabelos curtos.

 

Não consegui acreditar quando senti e percebi o que estava acontecendo. Era absolutamente ilógico, e ao mesmo tempo completamente natural, tão banalmente óbvio. O que tinha mudado? Por que apenas agora eu estava enxergando-o?

 

Era como se eu fosse eu sempre fora cega, e apenas agora, nesse momento em que nos encaramos, é que eu realmente comecei a ver. Eu estava enxergando o sol pela primeira vez na vida.

 

Não sei o que mudou, mas agora tudo estava completo.

 


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Notas finais do capítulo

E aaai? Mereço comentários? =DDDDD
Eu sei que eu demorei, peço mil desculpas, mas eu to cheia de coisas para fazer do colégio!
Prometo postar nas outras fic's logo e tentar não demorar mais tanto! =)
mas só se tiver comentários :x hiihi
Obrigada a todos que leram, comentam e me fazem ter motivação para continuar =)
Agora a fic chegou onde eu queria hihi
Grande beijos meus amores =@