Adaptação escrita por paular_GTJ


Capítulo 12
Nas entrelinhas




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POV JACOB

 

- Eu não sei onde ela se meteu! - Charlie falava desesperado no telefone para mim.

 

Eu estava dormindo quando ouvi o telefone tocar. Não atendi de primeira, a preguiça falou mais alto, porém na terceira vez eu resolvi atender. Se estavam insistindo tanto devia ser algo importante. E era!

 

Segundo Charlie, Bella havia sumido pela floresta e não a achavam de jeito nenhum. A filha do chefe Swan viera aqui na reserva algumas vezes durante essas duas semanas que eu voltara de viajem do Hawaii.

 

Nós éramos amigos quando éramos crianças e ela morava aqui em Forks com a mãe. Eu gostava bastante daquela garota. Bella era muito parecida com Samy, talvez fosse por isso que eu me apegara a ela em tão pouco tempo. Claro que não era a mesma coisa, eu ainda preferia ter a minha antiga amiga de volta.

 

- Ela não saiu com o namorado? - perguntei tentando lembrar do que Charlie havia me relatado anteriormente.

 

Segundo ele, Edward e Bella saíram para dar uma volta na floresta, mas isso fora às quatro horas da tarde e agora eram quase sete horas da noite. Mesmo assim, ela poderia ter ido para a casa dele ou alguma coisa do tipo, certo?

 

- Sim, mas ele foi embora com a família. - Charlie falou carrancudo.

 

- Como é? Quem foi embora? - perguntei enquanto Billy aparecia empurrando sua cadeira de rodas para dentro da cozinha.

 

- Os Cullen, segundo informou meu amigo da delegacia. Todos da família se mudaram para Londres hoje pelo final da tarde.

 

- O que aconteceu? - Billy perguntou vendo a minha testa franzida.

 

- Os Cullen foram embora. - sussurrei para meu pai e voltei minha atenção ao telefone, ignorando a cara de alegria que surgiu no rosto de Billy com a minha resposta. Eu sabia que se ele pudesse andar estaria pulando de alegria agora. Charlie ainda falava sem parar desesperadamente ao telefone. - Nós vamos achá-la Charlie, não se preocupe.

 

Billy agora murchou seu sorriso, maior que seu rosto, e me olhou preocupado. Gesticulou com a mão indicando que queria que eu lhe desse o telefone.

 

- Oh de caaaaaaasa! - ouvi uma voz conhecida cantarolar no mesmo momento em que a porta da frente se escancarava.

 

- Rach! - exclamei feliz quando vi minha irmã empurrando uma mala enorme enquanto entrava pela casa.

 

Ignorei sua companhia costumeira e abracei Rachel com força. Ela agora vinha mais ou menos duas vezes por mês e eu, muito relutantemente, tinha que agradecer ao idiota do Paul por esse fato. Parece que ter um namorado por aqui, anima Rach a voltar com mais freqüência do que ter um pai e um irmão. Sim, sou ciumento, ok?

 

Billy falava sério com Charlie agora ao telefone, nem deu atenção à chegada de Rachel. Ela pareceu um pouco magoada com essa recepção pouco calorosa do pai, e me olhou como se pedisse explicações.

 

- Sabe a filha do chefe Swan? - perguntei puxando uma cadeira para ela se acomodar.

 

Sentei na sua frente e deixei que Paul mesmo se acomodasse sozinho, eu já estou sendo legal o suficiente para não brigar mais com minha irmã por não se desgrudar mais dele.

 

- Sim... – Rachel respondeu enquanto Paul puxava uma cadeira e sentada ao lado dela, sem se abalar com minha falta de hospitalidade.

 

- Bella sumiu, não se direito o que aconteceu, mas parece que ela foi dar uma volta com o namorado pela floresta e não voltou mais...

 

Fui interrompido pela reação do panaca do meu cunhado. Ele levantou rapidamente tremendo que nem vara verde e produzindo um rosnado baixinho. Rosnado? Isso pra mim é coisa de cachorro... eu hein!

 

- Qual é seu problema? - perguntei meio grosseiramente.

 

- Paul! - Rachel falou baixinho colocando a mão em seu braço, como se estivesse repreendendo-o ao mesmo tempo em que tentava acalma-lo.

 

O panaca respirou fundo uma vez parando de tremer com o toque de minha irmã. Antes que eu pudesse fazer alguma pergunta para entender o que fora aquela ceninha maluca, ouvi Billy colocar o telefone no gancho e falar atrás de mim.

 

- Vá contar a Sam, Paul - antes que eu piscasse ou fizesse qualquer movimento, Paul já havia saindo porta fora sem dizer mais nada.

 

Bufei diante as palavras do meu pai. Quando se tem um problema não há ninguém melhor para resolvê-lo do que o precioso, amado, idolatrado Sam, claro!

 

Estava cansado de argumentar contra aquilo então simplesmente me limitei a levar Rach e Billy até a casa de Charlie e ajudar no que era possível. Obvio que não poderíamos fazer milagres como o Sam, mas não custa nada tentar, e eu estava realmente preocupado com Bella.

 

De fato Sam achou a garota depois de algumas horas, ela voltou da floresta em seus braços. Bella estava totalmente suja de barro, com folhas penduradas pelos cabelos e tinha lágrimas nos olhos.

 

A minha maior surpresa, porém, foi ver Samy saindo da floresta ao lado de Sam. O que ela estava fazendo com ele naquele lugar?

 

Não me permiti ficar com raiva disso, ou sentir qualquer coisa parecida com ciúmes naquele momento. Eu deveria me preocupar com Bella, ela sim merecia minha preocupação, não uma garota que não tem nenhuma noção de como afeta as pessoas e seus sentimentos e não está nem ai para isso.

 

Samanta fingiu que não me viu o que me deixou ainda mais frustrado e indignado. Entrei na sala onde Bella estava sendo examinado por um doutor que eu nunca vira na vida.

 

- Eu estou bem! - ela repetia sem parar enquanto o médico lhe enchia de questionamentos.

 

Ela não parecia nada bem, ela tinha uma aura totalmente sem vida e eu fiquei me perguntando o que ela tinha. Devia ser por causa da partida do seu namorado, Bella sempre me dissera que o amava muito quase mais do que a própria vida. Talvez seja esse o motivo, ela perdera a razão de viver. Senti tanta pena que queria de algum modo ajudá-la, mas como?

 

Os supersticiosos da reserva agora queriam fazer uma festa para comemorar a partida dos frios. Eu achei aquilo ridículo, será que eles não tinham o mínimo de tato não? Bella obviamente estava sofrendo por causa da partida de Edward e sua família, e meus queridos amigos queriam fazer uma festinha animada por causa desse fato.

 

Eu não queria ir, inclusive cheguei em casa e me preparei para deitar na cama e só acordar no outro dia, quando Billy praticamente ameaçou a minha vida se eu não fosse. Ok, eu exagerei um pouco, mas ele foi um tanto agressivo. Rachel não parecia assim tão animada para ir também, mas como seu amado namoradinho iria, ela foi sem reclamar e de boa vontade.

 

O que eu estou fazendo aqui? - eu me perguntava constantemente vendo aquele bando de babaca comemorar uma suposta partida de vampiros. Gente ignorante!

 

Eles dançavam com uma música animada ao redor de uma fogueira, comendo e conversando como se tivesse ocorrido a melhor coisa do mundo.

 

Sam e Emily, Jared e Kim, Paul e Rachel eram os casais mais estranhos do mundo, os meninos pareciam totalmente abobalhados perto das meninas, o que os tornavam extremamente patéticos.

 

Ali perto deles estavam Embry e Quil conversando tão animado quanto os outros. Agora refletindo bem, eu devia ser um cara realmente insuportável que não conseguia ter um amigo de verdade.

 

Primeiro Jared, depois Embry, Samy e agora o Quil. Qual era o problema comigo? Será que era apenas pelo meu ódio pelo Sam? Não, parecia que havia algo mais, uma coisa que não fora muito bem explicada. Os dois evitavam me encarar, até fingiam que não me viam ali presente.

 

Samy estava ali também, porém não participava da festa como seus novos amiguinhos, e também eu não me permitia prestar atenção nela de qualquer forma. Eu estava começando a me politizar a tirá-la da minha mente, muito sem sucesso é claro, mas pelo menos eu tentava.

 

Eu olhava para ela de vez enquando, ela sempre estava bocejando ou piscando demoradamente, quase como se estivesse morrendo de tédio e sono. Depois de muito tempo sem lançar um olhar rápido na direção da garota, achei seu lugar vazio, procurei-a por volta da fogueira com os outros, mas ela não estava ali. Ingrid continuava conversando animadamente com Billy. Samy deveria ter se cansado dessa festinha ridícula e ido embora sozinha, pelo visto. Queria poder fazer o mesmo!

 

Levantei e comecei a caminhar pela praia. Por mais que eu tentasse, eu não conseguia chegar a uma conclusão sensata do que eu fiz de errado com nenhum dos meus amigos para essa reação deles de afastamento. O que mais me incomodava, porém, era a questão com Samy, como tudo parecia ser tão certo e bom e sem mais nem menos tudo se transformou... nisso.

 

Quer dizer, ela se afastou do nada, nunca mais se quer me olhou direito e só o que eu fiz foi dançar com ela numa festa. Se fora por causa do 'quase' beijo ela poderia me falar, não é? Eu preferia ter sua amizade a nada.

 

Fui andando pela praia sem prestar atenção no caminho, eu já estava longe o suficiente para que as vozes animadas e a luz da fogueira estivessem quase extintas.

 

Eu ainda conseguia ver alguma coisa, e avistei um pouco à frente, um tronco com algo em cima. Aproximei-me lentamente para observar o que estava no tronco. Não era um objeto, como assim pensei, era uma pessoa. Mais precisamente Samanta.

 

Ela estava deitada no tronco, com os olhos fechados, parecia muito cansada. Eu fiquei ali, me repreendendo, ao mesmo tempo apreciando a sua beleza. Como alguém pode ser tão linda?

 

O vento sobrou contra mim e como se isso fosse um despertador, ela levantou-se rápido do tronco, abriu os olhos e me olhou temerosa.

 

Ficamos em silencio por um momento, sem saber o que falar. Eu já estava me virando para voltar à festinha fajuta quando ela falou comigo, depois de meses.

 

- Oi - sua expressão era estranha, me analisava com a testa franzida como se estivesse em uma luta interna.

 

- Oi - respondi um pouco surpreso pela sua iniciativa.

 

- Quer sentar? - ela falou indo um pouco para o lado do tronco e deixando um espaço para mim.

 

Encaminhei-me até o tronco tentando parecer indiferente. Meu coração, porém, estava acelerado e eu não cabia em mim de felicidade por ela não estar me ignorando, e me convidando para sentar com ela. Ao mesmo tempo me perguntava por que da súbita mudança. Sentei e Samy ficou me olhando, ainda com aquela expressão pensativa.

 

- Que foi? - perguntei um pouco envergonhado com seu olhar tão fixo em mim.

 

- Nada não - ela deu um sorrisinho para mim. Não era o seu sorriso, era um sorriso diferente, mais amargurado. Samy era envolvida agora em uma máscara de amargura, e aquilo só me deixava mais inquieto.

 

- Então... - falei para puxar um assunto devido a um silêncio constrangedor - Soube que está estudando aqui em La Plush.

 

Seth veio me contar logo na segunda-feira a novidade da reserva. Não que eu não fosse descobrir por outros meios, eu havia visto Samy algumas vezes passar de carro ali perto de casa na direção da escola. Eu só não entendia por que da mudança, porém não me permiti ir até ela para ver ela e tirar essas dúvidas. Não quando Samanta deixou bem claro que nós não deveríamos nos ver mais.

 

- Ah, sim mudei mesmo - Samy falou coçando a cabeça - Problemas financeiros.

 

- Ah - me surpreendi pela razão da mudança, até que fazia sentido.

 

Silêncio. Eu realmente não tinha idéia do que falar, o que era muito estranho porque quando eu estava com Samy o assunto fluía sem muito esforço. Porém, isso ocorria com a velha Samy, essa que estava ao meu lado parecia ser outra pessoa, totalmente diferente e muito mais reservada.

 

- Lembra desse lugar? - Samy quebrou o silêncio depois de algum tempo - Foi nesse tronco que nós conversamos aquele dia que eu vim para La Plush pela primeira vez.

 

Eu não entendi a razão dela estar falando isso, tão de repente, mas seus olhos tinham um brilhinho de expectativa.

 

- Claro que lembro - falei tentando NÃO lembrar de como naquela época eu me sentia tão bem com ela e de como tinha saudades daqueles dias. Mas ela estava ali, falando comigo, não estava? Não era a mesma, ela estava um tanto estranha, mas mesmo assim estava ali comigo!

 

- Você me contou as lendas sobre os frios... - ela falou olhando para a festinha lá ao longe que ainda continuava animada.

 

Ri um pouco revirando os olhos, Samy voltou sua atenção para mim com uma expressão estranha.

 

- Ah sim, você deve ter percebido que eles estão comemorando a suposta partida de vampiros. - dei ênfase na última palavra menosprezando-a. - Além de serem totalmente ingênuos não tem o mínimo de tato com os outros.

 

Samy pareceu um pouco confusa com essa minha última afirmação.

 

- Como assim?

 

- Ora, você não percebeu como Bella estava hoje cedo? Estava completamente desolada! - falei lembrando do semblante da minha amiga - E olha só pra isso - falei indicando a festa ao longe – Estão comemorando como se fosse a melhor notícia do mundo! Quer dizer, Bella ficaria realmente chateada com tudo isso!

 

Samy bufou ao meu lado e eu me virei franzindo a testa para ela. Não entendi o que provocou a sua reação e nem o porquê daquela expressão de raiva no rosto. Samy encarava o mar com os braços cruzados e as mãos fechadas em punho.

 

- Que foi?

 

- Nada! - ela respondeu com a voz fria – E você não precisa se preocupar com a garota Jacob, agora ela está segura!

 

Ela devia ter distúrbios de humor, como era possível uma pessoa mudar seu tom tão instantemente? Mas parecia que ela estava com... abri um sorriso bobo com o pensamento que me veio a mente. Samy estava com ciúmes?

 

- Que quer dizer com isso? - inclinei minha cabeça um pouco para o lado para analisá-la e tirei o sorriso do rosto. Ela não parecia muito apta a brincadeiras no momento.

 

Samy me olhou um pouco, voltou seu olhar para a festa e se virou para frente.

 

- Quem sabe eles têm razão! - ela disse um pouco baixinho.

 

- Como é? - talvez meus ouvidos tivessem me enganado, afinal ela sussurrou.

 

- Talvez... eles estejam certos em comemorar. - ela disse me olhando nos olhos. De novo sua expressão mudou, me analisando com curiosidade.

 

- Quer dizer que você acredita nessa besteira de vampiros? - perguntei rindo quando entendi o que ela queria dizer - Fala sério Samy, isso é historinha para colocar medo nas criançinhas!

 

Samy fechou um pouco a cara para mim.

 

- Não é não! Eu... - ela parou de falar, mas continuou com a boca aberta.

 

Samy fechou a abriu a boca várias vezes sem emitir nenhuma palavra. O que ela estava fazendo? Talvez estivesse tentando achar a coisa certa para dizer, mas parecia mais que ela não conseguia dizer o que queria.

 

- Você está bem? - perguntei preocupado.

 

Samy respirou fundo parando de abrir e fechar a boca freneticamente, voltou a encarar o mar a nossa frente.

 

- Estou ótima - respondeu depois de um tempo e sua voz tremeu levemente.

 

Aquilo me assustou, parecia que ela estava chorando. Virei-me para analisá-la na hora em que um filete de lagrimas escorreu pelo seu rosto amargurado.

 

 

 

 

POV SAMY

 

 Ouvi o coração de Jacob disparar enquanto ele se encaminhava para o meu lado no tronco. Aquela reação, que ele não sabia que eu podia detectar, desmascarava seu semblante indiferente.

 

Eu podia ouvir o meu coração também, ele estava alegre por Jacob estar tão próximo, ao mesmo tempo estava amedrontado por essa proximidade e também tinha um pouco do meu nervosismo para o que eu ia tentar fazer.

 

Só teria que esconder aquilo dos meninos quando me transformasse. Sam provavelmente me mataria com as próprias mãos se soubesse o que eu tentaria fazer agora.

 

Jacob sentou me lançando um olhar desconfiado e se virando para ver o mar. No momento em que nossos olhos se encontraram, mais uma vez aquela sensação de incompleto passou pelo meu corpo. O que era aquilo afinal?

 

- Que foi? - Jake perguntou envergonhando quando eu não tirava meus olhos dele. Eu tinha que aprender a ser discreta.

 

- Nada não - sorri para ele.

 

- Então... - ele falou depois de um tempo em silêncio mortal. Eu tentava achar um modo de puxar o assunto que eu queria sem dar muito na cara - Soube que está estudando aqui em La Plush agora.

 

- Ah, sim mudei mesmo - falei coçando a cabeça, não era esse assunto que eu queria discutir, mas estava um pouco aliviada de ter uma desculpa pronta para essa situação - créditos a Ângela - Problemas financeiros.

 

- Ah - ele falou surpreso.

 

- Lembra desse lugar? - desisti de achar um meio indireto e parti para a tática direta mesmo, afinal Sam poderia resolver dar uma volta e me ver ali sozinha com Jacob só o faria ficar irritado - Foi nesse tronco que nós conversamos aquele dia que eu vim para La Plush pela primeira vez.

 

- Claro que lembro - ele me olhou com sua testa um pouco franzida, talvez se perguntando por que eu estava falando sobre isso agora, eu só desejava que ele entendesse no final.

 

- Você me contou as lendas sobre os frios... - falei a única coisa que eu podia abordar, já que eu era proibida de falar sobre a minha verdadeira natureza. Olhei na direção da festa tentando detectar alguma aproximação, mas ninguém parecia querer dar um volta pela praia naquela direção agora.

 

Jacob riu, e isso desviou minha atenção a ele. Quanto tempo fazia desde que eu o ouvira rir pela última vez?

 

- Ah sim, você deve ter percebido que eles estão comemorando a suposta partida de vampiros - ele menosprezou a última palavra. - Além de serem totalmente ingênuos não tem o mínimo de tato com os outros.

 

Primeiramente eu fiquei um tanto frustrada por ele ainda achar que as lendas era papo furado, porém essa última afirmação dele me confundiu um pouco, havia indignação em sua voz e aquilo me deixou curiosa.

 

- Como assim?

 

- Ora, você não percebeu como Bella estava hoje cedo? Estava completamente desolada! - Jacob falou me fazendo lembrar de seu olhar de amparo para a garota hoje cedo, minhas mãos já estavam tremendo sem minha autorização - E olha só pra isso - ele indicou a festa ao longe – Estão comemorando como se fosse a melhor notícia do mundo! Quer dizer, Bella ficaria realmente chateada com tudo isso!

 

Ah sim claro, quem sabe vamos ficar de luto pela amante de sanguessugas, ela realmente perdeu muita coisa hoje! Uma estátua pálida e fedida, quem se importa?

 

Bufei e me virei para o mar cruzando os braços a minha frente e tentando controlar os tremeres que me invadiam. Como ele pode estar preocupado com uma garota que namora um vampiro? Quer dizer, ela já provou que não tem amor nenhum pela vida só em se colocar perto de um deles. Tudo bem que eu fiz o mesmo, mas eu sou repulsiva a vampiros, o contrário da garotinha idiota.

 

- Que foi? - Jacob perguntou me fazendo voltar à realidade. Ele me olhava com certa curiosidade.

 

- Nada. - falei olhando fixamente para as ondas ao longe, eu não conseguia esconder como aquilo me deixou irritada – E você não precisa se preocupar com a garota Jacob, agora ela está segura!

 

- Que quer dizer com isso? - eu percebi um sorrisinho brotar em seu rosto antes dele perguntar, sua voz também transparecia divertimento. Deveria estar achando engraçado meu momento de adolescente enciumada.

 

Olhei para ele um pouco brava tanto por causa do seu divertimento pela minha reação, tanto pela sua cabeça fechada. Se ele estivesse tão inclinado a NÃO acreditar que os frios eram reais, como poderia acreditar que houvesse a possibilidade de lobisomens também existirem, e de fato os Quilates serem descendentes deles?

 

- Quem sabe eles têm razão - sussurrei, incerta se minha voz sairia ou não. Para meu grande alívio eu podia falar sobre isso, a ordem não afetava essa parte das lendas.

 

- Como é? - ele parecia confuso.

 

- Talvez... eles estejam certos em comemorar. - eu o encarei novamente e me perdi em seus olhos negros, que me passavam aquela sensação de incompletos.

 

- Quer dizer que você acredita nessa besteira de vampiros? - ele riu um pouco alto. Em vez de eu ficar contente em ouvi-lo rir, eu fiquei pior do que estava antes. Ele nunca iria juntar os fatos e descobrir por ele mesmo a minha nova condição, meu plano não deu em nada no final das contas. - Fala sério Samy, isso é historinha para colocar medo nas criançinhas!

 

Eu o encarei frustrada por um momento, e resolvi tentar falar a verdade de uma vez, afinal eu podia falar de vampiros numa boa. E além do mais, o que eu tinha a perder?

 

- Não é não! Eu... - as outras palavras que eu tinha em mente não foram produzidas em voz alta. Tentei novamente, mas elas apenas passaram na minha mente 'eu sou loba'. Maldita ordem alfa!

 

- Você está bem? - Jake perguntou preocupado em me ver lutando comigo mesmo para produzir uma simples frase idiota.

 

Respirei fundo desistindo, não havia jeito mesmo. Sam fora preciso em sua ordem e não ao que parecia não havia meios de desobedecer ele.

 

Voltei a encarar o mar tentando pensar em outro jeito, qualquer coisa que eu pudesse fazer, mas não via nenhuma solução. Eu teria mesmo que tirá-lo da minha vida, talvez Bella fosse mesmo a opção mais certa para Jake, mais segura.

 

- Estou ótima - minha voz tremeu e eu senti meus olhos enxerem de água.

 

E pela primeira vez em quatro anos eu me repreendi pela minha falta de coragem. Se eu não tivesse sido tão medrosa em sair de New York, de viver naquele mar de lembranças sombrias e não tivesse vindo para La Plush, hoje eu seria humana e normal.

 

Já teria superado em partes o que acontecera com meus pais - claro que não tanto quanto eu superei aqui - mas não teria conhecido Jake, não teria magoado ele tanto quanto eu estava magoada agora.

 

- Samy! - Jacob exclamou ao meu lado me envolvendo com seus braços grandes. Não percebi que várias lágrimas já haviam caído dos meus olhos.

 

Aquele contato com ele me acalmou, seu cheiro penetrou mais intensamente no meu olfato super desenvolvido e me senti melhor instantemente. Mesmo eu sabendo que deveria me afastar, eu me aconcheguei mais nos braços de Jacob, me permitindo chorar tudo que tinha vontade enquanto ele me consolava.

 

Ele não fez nenhum comentário sobre a minha pele ser mais quente, nem me perguntou o porquê do meu choro repentino, minhas mudanças de humor sem sentido. Apenas afanava a sua mão em meu ombro direito me balançando de um lado para o outro, como fazem para colocar crianças para dormir.

 

Ficamos ali, no nosso tronco, abraçados por algum tempo que eu não faço idéia de quanto foi. Eu chorava e ele me consolava sussurrando que tudo ficaria bem. Como poderia existir alguém como Jacob? Ele era simplesmente perfeito! Depois de tudo que eu o fiz passar, aqui estava ele, me consolando por algo que eu não podia lhe contar nunca.

 

- Obrigada - falei depois de um tempo saindo de seu ombro, muito a contragosto, e secando as lágrimas com as duas mãos.

 

Jake não falou nada, apenas me olhou pensativo.

 

- Se eu perguntar o que foi isso - ele disse lentamente - não terei nenhuma explicação, não é?

 

Olhei nos seus olhos, ignorando a mesma sensação de sempre, e pousando de leve a minha mão em seu rosto, um pouco mais frio que minha pele.

 

- Jake, eu JURO que queria poder lhe contar!

 

- Então conta! - ele falou desesperado segurando a minha mão em seu rosto, para que eu não pudesse tirar ela dali.

 

Balancei a cabeça com os olhos fechados, controlando muito para não voltar a chorar.

 

- Sabe quando o segredo não é seu? Sabe quando uma coisa é MAIOR que você, que sua própria vontade e você não pode contar? - falei voltando a encarar aquele mar negro que me hipnotizava.

 

Jacob apenas me olhou com a testa enrugada, suspirou e falou baixinho:

 

- Só não entendo por que não podemos mais ser amigos.

 

- É perigoso! - respondi olhando para baixo. - Eu sou perigosa!

 

Ouvi sua risada de deboche e eu o olhei um pouco irritava. Ele estava rindo daquela situação?

 

- Jacob é sério! Se fosse brincadeira você acha que eu estaria assim? - perguntei indicando meu próprio rosto. Ele ficou sério quase instantemente.

 

Comecei a ouvir as pessoas se movimentarem ao longe, indo embora. Achei melhor voltar antes que Ingrid desse por minha falta e Sam ou os meninos saíssem procurando pelo meu cheiro.

 

- O que quer dizer com perigosa? - Jacob perguntou me fazendo voltar à atenção para ele.

 

- Apenas reflita sobre o que eu lhe disse antes - falei levantando. Ele levantou junto entrelaçando sua mão na minha que estava em seu rosto.

 

- O que você disse antes? - ele estava confuso, e eu não pude deixar de dar um sorrisinho pela sua carinha. Tão fofo!

 

- Lendas às vezes não são apenas lendas! - ele parecia realmente confuso. - Me prometa que tentara entender isso, é só o que eu posso falar. - Tente entender porque comemoramos a partida dos frios - falei dando ênfase em "comemoramos" para ele perceber que eu me incluía nisso.

 

- Samy... - Jake me olhava como se eu fosse louca, eu o interrompi.

 

- Apenas pense nisso Jake, por favor? - falei soltando a minha mão da sua e começando a me movimentar em direção a fogueira, que já estava sendo apagada.

 

Antes, porém de dar dois passos eu me virei de volta para um Jacob totalmente confuso.

 

- Por via das dúvidas - falei já envolvendo ele com meus braços, apoiando minha cabeça em seu ombro e inspirando o seu cheiro maravilhosamente acalmador.

 

Eu não sabia se havia dado pistas suficientes para ele entender o que eu queria que ele entendesse, não sabia se poderia ficar assim tão próxima a ele novamente, então decidi aproveitar. Jacob passou seus braços musculosos ao meu redor, me apertando com força, eu fiz o mesmo querendo ficar grudada nele para sempre.

 

Eu me virei para lhe dar um beijo na bochecha e ir embora, só que Jacob se virou no mesmo instante que eu, talvez para fazer o mesmo, e nossos lábios se selaram.

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

eu adooooro parar nessas partes não me matam! AHSEOIAHEAOEI então oqq acharam? =))comeentem?

minha outra fic
*http://fanfiction.nyah.com.br/historia/66408/Algo_que_chamam_de_AMOR

Bjsss



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