Adaptação escrita por paular_GTJ


Capítulo 10
MONSTRO




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POV JACOB

 

Duas semanas se passaram após a festa, e nada de Samy. Não viera para La Plush, e nem me ligara como me prometera. Por mais que eu tentasse me ocupar com outras coisas, por mais que eu quisesse não me preocupar com aquela garota bipolar, eu não conseguia.

 

Estava ficando maluco! Uma pela dúvida de que estavam me escondendo alguma coisa, e outra pelas imagens agonizantes que sempre voltam à minha mente para me atormentam. Seus murmúrios baixos, seu aparente dor, sua temperatura elevadíssima, ela se contorcendo ao meu lado no banco do carro. Era pedir muito querer uma explicação para isso?

 

Eu tentara por duas vezes ir até sua casa durante essas semanas. Na primeira Ingrid não me deixou passar, disse que Samy estava dormindo, e eu não devia acordá-la. Eu disse que ficaria lá até ela levantar, e então veria com meus próprios olhos que ela estava de fato bem, como diz estar. Ingrid, no entanto, não permitira, e praticamente me expulsou de sua casa sem muita cerimônia.

 

Achei aquilo muito estranho, porque ela sempre me tratara praticamente como um filho, e aquilo não era uma reação muito normal dela. Billy ouviu meu relatório, e sabe o que ele fez? DEFENDEU Ingrid! Dá pra acreditar?

 

Deixei se passar dois dias, e fui lá de novo. Ouvi uma Ingrid, completamente diferente de antes, me dizer calmamente que Samy não estava em casa. Eu não acreditei, e quis fazer uma investigação pela residência. Ela de fato não estava.

 

Bem, eu deduzi que se a garota já se sentia bem o suficiente para sair de casa, ela não deveria estar mais doente para receber minhas visitas. Nem ao menos consegui terminar minha mais nova conclusão, e Ingrid voltou a ser aquela mulher absolutamente ríspida, e mais uma vez me expulsou da casa.

 

Aquilo me fez pensar em tudo de um modo diferente. Se ela já estava bem, por que não me procurou? Por que não me ligou? Talvez a própria Samy estivesse mandando a tia me tirar de lá quando eu aparecesse, evitando um encontro comigo. Esse pensamento fazia mais sentido do que eu desejava que fizesse.

 

Talvez ela tenha se assustado com as minhas duas tentativas fracassadas de beijá-la, mostrando interesse na hora, mas se arrependendo logo depois. Parei de procurá-la. Se isso era o que ela queria, então que assim seja. Eu lá sou homem de correr atrás de mulher?

 

Agora fazia duas semanas que eu não a via. Sem telefonemas, nem nada. Não fazia a mínima ideia se ela ainda estava aqui em Forks, ou fora viajar para algum lugar qualquer.

 

Eu estava caminhando lentamente em direção a minha casa pela ruazinha principal de La Plush - que não era grande coisa - quando uma picape vermelha chamou minha atenção, parecendo inacreditavelmente familiar. Estava estacionada em frente à uma casa de madeira. Mas não podia ser, podia?

 

Antes que eu pudesse chegar a alguma conclusão coerente, a porta de entrada da residência se abriu, e uma garota saiu de lá.

 

Eu demorei um tempo até perceber que aquela garota era a pessoa que eu pensara quase todos os minutos dos últimos dias. Mas ao mesmo tempo, não era a mesma.

 

Samy mudara consideravelmente depois da festa. Estava um pouco mais alta - claro que menos que eu - seus longos cabelos pretos agora estavam curtos, um pouco acima dos ombros, estava até esboçando um sorrisinho singelo. Apesar de aquele não ser o seu sorriso radiante que eu tanto gostava, ela estava linda. Simplesmente linda. 

 

Eu não podia deixar de ficar extremamente feliz em ver ela, um pouco surpreso é claro, mas de fato feliz.  Uma pergunta martelava em minha mente. O que ela estava fazendo ali em La Plush? Ela estava... Espera ai! Aquela era casa DELE? Não, não pode ser! O que Samanta estava fazendo ALI?

 

 

 

POV SAMY

 

Aqueles, sem dúvida alguma, foram os dias mais estranhos da minha vida. Era muito difícil se acostumar com essa nova vida de loba. Passei vários dias em La Plush, aprendendo as coisas de lobo menos importantes que não foram ditas na casa de Sam.

 

Apesar de eu gostar dos meninos, e eles estar me ajudando demais, sem contar que Emily e Kim eram tão legais quanto Emma e as meninas, eu ainda sentia falta da pessoa mais especial de todas para mim naquela praia.

 

Eu apenas o observava de longe, tomando o cuidado para ele não me ver. Desde o dia em que ele me ligou, nós não nos falamos mais. Ele aparecera duas vezes lá em casa. A primeira eu estava dormindo no meu quarto, mas acordei com as vozes alteradas dele e de minha tia. A outra eu estava aqui em La Plush mesmo, e Ingrid me contara o seu desespero por uma explicação sobre esse meu comportamento bizzaro.

 

Aquilo me deixava mal, e tão mal-humorada que eu estava conseguindo me irritar com qualquer coisinha e, quando via, minhas mãos estavam tremendo descontroladamente e eu virava uma loba cor bronze.

 

Comecei a acreditar em Sam sobre ser perigoso estar perto das pessoas agora, eu realmente não conseguia me controlar. Os meninos achavam graça de me ver ficar descontrolada, posteriormente explodir de uma hora para outra.

 

Outra desvantagem sobre isso era que agora eu estava diminuindo consideravelmente o meu estoque de roupas. Tive que sair para comprar roupas novas na primeira semana, e aproveitei para comprar roupas de verão. Apesar do clima de Forks ser frio, agora eu não precisava disfarçar para evitar olhares de Ingrid, e além do mais, como eu estava andando com Sam e os outros lobos, meus trajes não se diferenciavam muito dos deles quanto à quantidade.

 

Eu agora tinha diversos modelos de vestidos, um diferente do outro e todos nas diversas cores possíveis. Esse era o traje mais fácil de retirar ou colocar em uma emergência. Ser a única fêmea do bando tinha a desvantagem de ficar exposta, mas graças a Deus eu nunca havia voltado à forma humana perto de nenhum dos meninos. Acho que morreria de vergonha se o fizesse.

 

Eu descobri a causa de meus pêlos serem mais comprido do que os dos rapazes. Era por causa do meu cabelo longo, e por causa disso eu precisei cortá-lo. Apesar de saber que era mais fácil e confortável assim, eu relutei durante três dias antes de me dar por vencida. Os pêlos grandes me incomodavam muito, e eu não pude mais adiar. Cortei-o um pouco acima dos ombros. Não era tão curto quanto o dos meninos e eu não havia ficado feia, aliás, até que ficou bom em mim; porém eu ainda preferia meu cabelo comprido, e quase chorei quando Emily - a melhor cabeleireira de La Plush - o cortou. Outra mudança radical e totalmente a contragosto para me fazer odiar ainda mais essa maldita nova vida.

 

Sam me colocou a par de toda a terra de La Plush que devemos prezar. Mostrou-me a linha da divisória da fronteira com os Cullen e eu podia facialmente reconhecer o cheiro deles de longe.

 

Sam ficou espantado com meus pensamentos sobre os Cullen. Eles não sabiam, por exemplo, sobre dom de Edward, e nem de Alice. Agora os anciões do conselho estavam concluindo que Alice não podia ver o futuro de todos nós lobos, não só a mim, mas isso era só uma teoria. Fiquei feliz de ter informações privilegiadas sobre eles. Agora, sinceramente, eu não sabia como podia ter gostado daqueles parasitas fedorentos. Era por culpa deles que eu estava assim!

 

Não que o fato de ser super dotada com audição, olfato, ser veloz e forte não fosse legal, mas Jake fazia muita falta na minha vida. Eu ficava me perguntando da onde vinha essa obsessão! Afinal nós havíamos passado apenas dois dias e duas noite juntos, como era possível eu estar tão apegada a ele assim? Eu não sabia responder, só sabia que doía muito pensar nele, que ele se preocupava comigo, e que segundo parecia nas poucas vezes que eu o vi, ele estava sofrendo. Eu só rezava para não ser a causa.

 

Estava com tanta raiva do fato dessa maldita transformação ter começado a acontecer bem naquele momento na festa. Por que aquela dor não esperou mais uns cinco minutos? Assim eu poderia ter beijado Jake, nem que tivesse sido só uma vez, mas eu saberia qual era a sensação dos seus lábios nos meus. Agora eu apenas teria que imaginar, porque não arriscaria sua vida me colocando tão perto dele. Não sabendo que poderia explodir a qualquer momento pela angustia de não poder lhe contar nada sobre quem eu realmente sou.

 

Sam dizia que Jake podia se transformar também, ele apresentava os sintomas. Porém, eles ainda eram muito fracos, e alguns homens em La Plush começaram a sentir os efeitos dos genes se manifestando, mas nunca chegaram a se transformar.

 

Eu, às vezes, me pegava torcendo para que ele se juntasse ao bando, mas depois me repreendia. Ele não merecia essa vida, por mais que eu o quisesse, ele merecia ser normal.

 

Hoje eu estava fazendo ronca com o Embry, que também estava chateado com o fato de ter deixado os amigos de lado, mas já estava superando. Ele amava ser lobo, ao contrário de mim.

 

Fazia duas semanas que eu virara loba agora, e aquelas tinham sido as duas primeiras semanas de férias, que com certeza, eu não planejara. Eu estava pensando em Jake, para variar, quando senti um cheiro doce e nojento vindo pela direita.

 

- Embry - chamei atraindo sua atenção para o local do cheiro.

 

Os meninos normalmente se desconectavam de mim quando eu ficava pensando em Jacob, eles diziam que não era nada agradável sonhar com ele à noite. Homens!

 

Senti que ele estava correndo na direção do cheiro, um pouco atrás de mim. Quando cheguei mais perto percebi que eram os Cullen, seus cheiros eram mais fracos que os dos outros vampiros devido a sua “dieta vegetariana”'. Havia dois dias que senti um cheiro forte, e aquele sim era repugnante, mais ao sul, se aproximando de Forks.

 

Segundo Sam, aqueles eram vampiros tradicionais que se alimentavam de sangue humano. Devido a isso eu estava fazendo mais rondas que o normal. E eu estava dormindo muito pouco para uma garota de férias.

 

O líber do clã Carlisle, Alice, e Jasper, estavam ali parados como estátuas no limite da fronteira. Acho que estavam esperando algum lobo aparecer, porque isso não parece ser algo normal de se fazer por livre e espontânea vontade.

 

Jasper e Alice já se colocaram em posição de luta ao ver nós nos aproximando, e o mesmo fiz eu e Embry. Eu estava sentindo tanto ódio dos Cullen toda vez que via Jake que poderia pular em seus pescoços agora mesmo.

 

Carlisle, porém, abriu um sorriso para nós, como se fossemos velhos amigos. Apesar da raiva, não pude deixar de admirar sua beleza profunda. Ele parecia um astro de cinema. Embry me repreendeu mentalmente e eu revirei os olhos para ele.

 

- Olá! - disse com sua voz musical - Eu precisava lhes passar algumas informações, se possível.

 

Ele parecia muito descontraído para estar perto de lobos, seus inimigos naturais.

 

Eu e Embry permanecemos ali esperando ele continuar, pensando um bilhão de coisas diferentes que eles poderiam querer tratar com nós. Carlisle, porém ficou em silêncio, pensativo, e falou mais uma vez educadamente.

 

- Seria um pouco mais fácil se um de vocês pudesse voltar à forma humana, assim poderíamos conversar de verdade!

 

- Nem pensar! - Embry pensou na minha cabeça.

 

Carlisle deve ter percebido a nossa apreensão, e sorriu nos confortando.

 

- Não precisam se preocupar, nós não podemos ultrapassar essa linha. - apontou a linha da fronteira.

 

Eu olhei para Embry que estava desconfiado.

 

- Eu me transformo - pensei para ele, Embry me olhou com os olhos arregalados - Não tem problema, se eles fizerem alguma coisa eu me transformo em um segundo, e você continuara como lobo, de qualquer jeito!

 

Ele ainda não estava conformado com a ideia de se expor assim tão perto dos sanguessugas, e, além disso, estávamos em menor número. Eu também não gostava daquilo, mas queria ir embora logo. Minha cabeça estava começando a doer de novo.

 

Enquanto me encaminhava para trás de uma árvore para poder me vestir, eu pensava como fui tão idiota de não ligar minhas dores de cabeça, e tensões com os “alunos novos” Isso só começou a acontecer depois que eles vieram para cá! Tapada!

 

Tirei meu vestido que levava amarrada na perna com uma cordinha e o vesti. Uma boa ideia dos meninos, era muito mais prático poder se transformar a qualquer hora em qualquer lugar.

 

- SAMY? - Alice me olhou em um misto de susto, e surpresa quando me viu voltando.

 

Eu não respondi, apenas lhe lancei um olhar de raiva.

 

- Samy! Olha seu cabelo... Ficou lindo! - ela falou animada, e fez menção de passar a linha da fronteira, mas Embry rugiu e Jasper a segurou pelo braço.

 

Alice parou, olhou de cara feia para Embry, e permaneceu ali esperando que eu fechasse o que faltava da distância, possivelmente para um abraço. Vai sonhando sanguessuga fedorenta!

 

Fui para mais perto de Embry, e cruzei os braços. Alice me olhou como se não acreditasse no que visse.

 

- O que você quer afinal? - perguntei rispidamente para o médico que me olhava com a testa franzida agora.

 

- Eu queria falar com Sam, mas acho que vocês servem - falou lentamente. - Vamos receber uma vista em breve, da nossa espécie.

 

Eu olhei para Embry, e não precisava estar em forma de loba para saber o que ele estava pensando. Os cheiros que vinham do Sul, deviam ser os amiguinhos dos Cullen!

 

- Espero que seus amiguinhos não entrem nas nossas terras, eles não irão sobreviver para contar a história. - falei seca para Carlisle, ignorando a careta que Alice me lançava. Eu não posso sentir pena dela, é por culpa dela que minha vida virou de pernas para o ar.

 

- Nós não fizemos contato com eles ainda - Agora Carlisle falava com aquela cara de pena, devia saber que o que eu estava sentindo. Argh que raiva! - Alice apenas viu que eles estavam vindo há umas semanas atrás. Eles, aparentemente, que querem conhecer nossa dieta atípica.

 

Aquilo me fez lembrar uma coisa, quando eu ainda era apenas humana, ou pelo menos achava que era.

 

- Foi isso que você viu aquele dia na escola? - me dirigi a Alice agora, que estava com um beiço maior que ela mesma.

 

- Sim, mas como eles não são como nós, ficamos um pouco apreensivos pelo pessoal aqui de Forks. - ela me disse. Pude perceber certa decepção em sua voz.

 

- Oh, claro! Vocês são sempre tão preocupados com o pessoal daqui! - falei sarcasticamente. Alice me olhou sem entender, mas não me dei o trabalho de explicar - Quantos são? - perguntei seca. Queria me transformar logo, e ir embora de uma vez. Podia sentir que Embry estava louco para dar no pé também.

 

- Três. - Jasper me respondeu depois de um momento de silêncio. Alice estava com a testa enrugada, não havia entendido meu comentário anterior.

 

Embry fez um barulhinho de desprezo, e eu sorri amarga.

 

- Ok, o recado está dado. Passar bem!

 

Virei-me para tirar o vestido, e me transformar quando ouvi a voz de Alice tristonha.

 

- Samy? O que você tem?

 

Voltei a encará-la. Eu sabia que vampiros não choravam, mas ela estava ameaçando abrir um berreiro.

 

- Nada, só vejo as coisas com mais clareza agora! – falei indiferente. Não vou sentir pena, não posso sentir pena!

 

- Mas... Eu sou sua amiga! - Eu sabia que ela estaria chorando se pudesse.

 

- Não tenho amigas sanguessugas, Cullen. – rosnei, e sem dizer mais nada voltei meu trajeto para a árvore para me transformar.

 

Podia sentir que os três ficaram parados, como as estátuas que eram, no mesmo lugar.

 

- Cara, você foi má - Embry falou enquanto corríamos de volta para La Plush.

 

Ignorei o seu comentário, não queria me sentir mal por isso. Ela merecia, eles foram a causa de toda essa mudança insana na minha vida. Se eles não tivessem voltado a morar aqui, e me procurado constantemente, eu ainda seria uma humana. Descordenada, é claro, as pelo menos poderia estar com Jake.

 

Embry bufou cansado pelo meu pensamento, e eu o ignorei de novo.

 

Decidimos ir falar com Sam agora que sabíamos que três vampiros não vegetarianos estavam a caminho. Possivelmente os horários de ronda seriam todos mudados e redobrados.

 

- Ótimo - pensei amarga - Mais horas sem dormir.

 

Embry concordou desgostoso. Mas ele ficou preocupado com a aproximação de mais vampiros aqui por perto, poderia manifestar os genes dos outros garotos Quilates.

 

Aquilo era verdade, e eu já estava me repreendendo por desejar que certa pessoa se transformasse. Deixa de ser egoísta Samanta.

 

Chegamos à parte da floresta onde eu havia estacionado minha picape. Nos transformamos - cada um em um canto - e partimos para a casa de Sam. Embry passou o caminho todo me contando como se matava um vampiro, mas eu prestava apenas meia atenção. Aliás, agora eu prestava meia atenção em tudo, uma parte dela já era permanentemente ocupada.

 

Contamos para Sam tudo que os Cullen nos contaram, e como era o esperado ele convocou uma reunião para aumentar nossas rondas. A próxima que eu faria seria com Paul, às onze da noite. Teria a tarde toda para dormir, pensei feliz saindo da casa de Sam depois de duas horas de reunião.

 

Quando sai, porém, minha felicidade foi embora tão rápido quanto viera. Jacob estava analisando minha picape com curiosidade. Quando me viu suas reações foram diversas: alegria, surpresa e por fim decepção.

 

Reprimi o sorriso que estava vindo por ver ele de novo, e depois as lágrimas por me lembrar que agora eu não conseguiria escapar dele sem uma conversa direta. Eu teria que ser forte, e mostrar que meu afastamento se devia por vontade própria.

 

Jake cruzou os braços, olhou para a casa da qual eu sai, e depois para mim de novo.

 

- Você estava visitando o Sam? - havia acusação em sua voz.

 

- É... - foi só o que eu consegui falar. Isso o magoaria mais, eu estava abandonando ele para ficar com os meninos que ele mais odeia em La Plush.

 

Jake me olhou por um momento um pouco incerto, seu olhar parou em meus cabelos, e sua expressão mudou completamente, mais parecido com o antigo Jake.

 

- Por que cortou? Pensei que gostasse do seu cabelo comprido! - Nossa, eu tinha perdido a noção de quanto tempo Jake não me via, eu o via quase todos os dias.

 

- Revolvi mudar. - dei de ombros, indiferente. Tinha que segurar minha expressão amarga, então tomaria o cuidado de não olhar para seus olhos, aquilo me desarmaria com certeza.

 

- Ficou bonita! - Jake me deu um sorrisinho tímido.

 

Apenas acenei uma vez com a cabeça olhando para o chão.

 

- Bom, acho que já vou indo... – encaminhei-me em direção da picape, talvez ele não me impedisse. Doce ilusão.

 

- Samy, espera - ele esticou os braços para me tocar.

 

Recuei dois passos olhando para o lado. Não queria que ele tocasse na minha pele quente, isso faria com que mais questões fossem levantadas, e aquilo ficaria cada vez pior tanto pra mim quanto para ele.

 

Jake me olhou magoado, voltou seu olhar para a casa por onde sai. Sua expressão mudou para... Raiva?

 

- Vejo que agora você virou amiga do Sam, e não precisa mais de mim! - Sim, era raiva. Aquilo me machucou, Jake nunca havia usado aquele tom comigo, mas eu queria o quê? Eu estava andando com os garotos que Jake mais odiava depois de ter prometido ajudá-lo e não sair do seu lado. Eu era um monstro em todos os sentidos.

 

- Ele... Não é tão mal assim! - sussurrei, ainda sem fitá-lo. Eu tenho certeza que se fizesse não conseguiria segurar as lágrimas.

 

- Ahhhh claro! - Jake jogou as mãos para o alto indignado - Claro que o perfeitinho do Sam não é ruim! Não, eu devo ter algum problema para não admirá-lo também não é?

 

- Ele só esta tentando ajudar... - Eu não sei porque eu falava aquilo, mas intimamente eu queria que ele ligasse as coisas, mesmo não tendo base nenhuma para isso.

 

Jacob apenas me olhou magoado. Minhas mãos estavam tremendo com a relutância dentro de mim. Eu queria abrir a boca e gritar para ele tudo que havia acontecido, mas a maldita ordem alfa não deixava. Aquilo me irritava cada vez mais.

 

Calma, eu dizia para mim mesmo. Não poderia me dar o luxo de me transformar nesse estado tão perto de Jacob.

 

- Acho melhor não nos vermos mais! - doeu cada palavra que pronunciei, e eu tive que engolir as malditas lágrimas mais uma vez.

 

Jake abriu a boca em um "O", ele parecia surpreso.

 

- Samy, não! - ele fez menção de tocar em mim de novo, mas parou no meio do ato - Eu posso lidar com isso, eu posso aceitar o fato de você ser amigas deles também...

 

- É mais complicado que isso, Jake! - eu falei num sussurro, mas sabia que ele ouvira.

 

- Não! Você prometeu que ficaria comigo... Samy olha pra mim! - ele segurou meu queixo com as mãos, colocando força para que eu não o empurrasse.

 

Eu sabia que poderia desviar se quisesse, mas eu queria sentir seu toque um pouco menos quente que a minha pele mais uma vez. Sentir a corrente elétrica passar pelo meu corpo como sempre acontecia.

 

- Eu sinto muito! Não posso mais cumprir minha promessa. - falei olhando para todos os lados possíveis menos para ele, eu não conseguiria encará-lo sem desabar em lágrimas.

 

- Por quê? - ele tentava me olhar nos olhos.

 

- Não posso... É maior que eu, não posso explicar! - então eu o olhei por um descuido, e no momento que meus olhos encontraram aquele mar negro profundo eu senti uma coisa entranha.

 

Era como se algo estivesse... Incompleto. Eu não conseguia entender, só encarava aqueles olhos pretos que estavam angustiados agora, e não pude evitar as lágrimas, eu estava causando dor a ele.

 

Minha tristeza foi além, como percebi depois de alguns segundos o encarando. Não era só por eu estar o magoado, era por saber que eu não sofreria imprinting com Jacob, algo que intimamente desejei assim que soube dessa possibilidade. Eu não podia contar a ele a minha natureza, eu simplesmente teria que me afastar.

 

Desviei a cabeça de seu toque, dei um passo para trás, suspirei e encarei-o. Fechei minhas mãos em punho para pararem de tremer.

 

- Adeus, Jake! - abri a porta do carro sem olhá-lo duas vezes, mas eu sabia que aquilo me atormentaria até meus últimos dias.

 

Jake com os olhos marejados, me encarando com a testa enrugada. Monstro, monstro, monstro!


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Notas finais do capítulo

Capítulo meio triste, mas prometo que as coisas vão melhooras logo...
cooomentem e deixem essa autora feliz =DDD hahah bjsss