Você, Paixão escrita por Camila J Pereira


Capítulo 28
Capítulo 28


Notas iniciais do capítulo

Sintam o final que se aproxima.
Acredito que ficarão satisfeitas com esse capítulo depois do último.
E fazendo aquela pequena propaganda - Visitem a minha nova fic "Reverso" - e deixam seus comentários.
Beijos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/641546/chapter/28

O sol estava se pondo, alguns raios solares ainda teimavam em penetrar o ambiente. Ela fechou os olhos quando sentiu a brisa tocar o seu rosto. Aquilo era agradável... Bella massageou os próprios ombros e movimentou a cabeça de um lado a outro para então voltar a abrir os olhos. Ainda estava tentando convencer um cliente a comprar uma casa. Despediram-se com a promessa do cliente entrar em contato no dia seguinte. Bella o agradeceu pela atenção e fechou a janela em que estava trabalhando.

Terminaria ali, estava cansada e no dia seguinte teria que mostrar algumas casas para outras pessoas já agendadas. Pegou o papel onde antes estava rabiscando um pequeno projeto e continuou a desenhá-lo até que uma mãozinha já familiar cobriu os seus olhos. Ouviu risinhos ainda mais conhecidos e aconchegantes.

— Talvez esse seja o pequeno Seth. Acertei? – Bella entrou na brincadeira.

— Não vale. Você sempre sabe. – Ele tirou as mãozinhas do seu rosto e ela o atacou com cócegas na barriga. Bella o abraçou e chamou Paul para lhe dar um beijo. O irmão mais velho estava olhando a cena e apenas sorrindo de longe.

Sarah entrou no pequeno escritório improvisado ao lado do seu quarto. Estava sorridente como sempre.

— Não nos ouviu chegar?

— Estava desenhando. E aquele cliente ficou de confirmar amanhã. – Bella ficou de pé. Iria parar com aquilo tudo e voltar para o quarto, sentia os seios cheios.

— Pare de trabalhar um pouco e venha conversar comigo. O que quer para o jantar? Compramos coisas gostosas.

— Posso escolher?

— Hoje completa um mês que nos deu aquele presente. Acha pouco merecimento? – Bella sorriu orgulhosa.

— Este presente deve estar prestes a acordar e vai querer mamar.

— Está dormindo ainda, dei uma olhadinha. Desçam depois, estaremos esperando. Vamos meninos! – Os dois saíram apressados com a Sarah atrás.

Bella entrou no quarto que estava sendo seu nos últimos meses. Tinha adorado a decoração, seu pai e Sarah queriam deixa-la o mais confortável possível e se esforçaram em encher o quarto de detalhes femininos e que ela gostava. Agora de um lado havia um berço em que um ser bem pequeno e frágil ressonava. Bella adorava ver a sua filha dormir e o som da sua respiração, era como chegar em um paraíso particular sentir o cheirinho dela.

— Você é a minha pessoa favorita. – Bella tocou na mãozinha da filha que a apertou prontamente. Sentia que aquela mãozinha ganhava força a cada dia. – Você é muito forte. Terá que ser muito forte para viver nesse mundo. – Bella suspirou. – O que seu pai estará fazendo? Como ele... – Bella sacodiu a cabeça afastando os pensamentos que eram recorrentes.

***

Edward estava apenas relaxando em sua poltrona diante da grande tv com uma garrafa da sua cerveja preferida. Tinha acabado de sentar quando a campainha soou, resignado ele foi atender.

— Ei, cara! O que está fazendo? – Emmet falou no seu costumeiro tom alegre ao lado de Rosie.

— O que acha que estou fazendo? O jogo acabou de começar.

— Trouxemos mais cervejas. – Emmet ergueu a sacola com as bebidas.

— E o que estão esperando? – Os dois entraram e se acomodaram diante da tv. Edward foi até a cozinha e pegou alguns petiscos para eles.

— Jas vai aparecer por aqui essa semana. Disse que vai aproveitar esses dias sem aula e vem nos visitar com a Alice. – Rosie informou o irmão quando ele voltou. – Provavelmente será no final de semana.

— Estou morrendo de saudades daquela menina. – Emmet referiu-se a Alice. – Parece uma eternidade desde que eles foram no início do ano. – Edward não quis fazer comparação, mas havia muito mais tempo longe de Bella que tinha ido com o pai logo depois da formatura.

— Nada ainda? – Emmet notou o olhar melancólico do amigo.

— Não.

— Ela não fala com o Jass e nem com a Alice também. Nem os e-mails são respondidos ou lidos. Bella sabe ser cruel.

— Rosie, eu já disse que ela tem os seus motivos. – Edward queria pôr um fim naquele assunto.

— Eu sei, acha que não arranquei tudo do Jass? Mas, ela é realmente durona. Assim como a cabeça dela, deve ser bastante dura para...

— Meu bem, acho melhor... – Emmet abraçou a namorada e lançou para ela um olhar significativo para que ela mudasse de assunto.

— Bella voltará. – Edward bebeu avidamente a cerveja sob os olhares e silencio dos dois.

Eles estavam cansados de ouvi-lo dizer aquilo, sua certeza era quase constrangedora, pois Bella havia partido e mantido silêncio desde então. Era como se ela tivesse desaparecido no ar, deixando apenas as suas lembranças. Todos sentiam a sua falta, mas parecia que ela não estava disposta a matar as saudades.

***

Bella estava confortável naquela poltrona larga. Diante do seu psicólogo, estava apenas esperando que ele organizasse as suas anotações. Recostou-se, tentando manter a mente leve, mas a verdade era diferente.

— Não disse como se sente hoje.

— Cansada. – Expulsou o ar audivelmente. – E preocupada.

— O que te preocupa?

— A minha bebe ficou em casa com a Sarah. Fico preocupada o tempo todo.

— É natural para as novas mamães. O instinto protetor é forte nesse período. Tente relaxar, já disse que confia em Sarah.

— Muito. Ela é tudo o que o meu pai precisava.

— Acredito que vocês se precisavam, não é mesmo?

— Acho que sim. – Eles sorriram.

— Santiago, ando pensando... Sobre a minha filha...

— Diga Bella, estarei ouvindo. – Ele incentivou.

— Quando voltei para o Arizona, estava cheia de incertezas, medos e magoas profundas. Resolvi fazer a faculdade como meu pai queria e eu também, estou frequentando as aulas que acredito serem perfeitas para mim. Então Sarah me falou sobre o seu trabalho e desde então vem me ajudando e com essas pessoas tão próximas... Minha mãe voltou e está retomando a sua vida. Ela tem a sua primeira aluna.

— Isso é ótimo, Bella. Renée está progredindo, já faz muitos meses. E ela é tão forte quanto você.

— Eu sei. – Bella sentia mesmo confiança sobre a sua mãe. – Santiago, já não acredito que manter a minha filha longe do pai seja a coisa certa. Eu já comecei a falar sobre ele para ela... Quero que ela saiba da existência de um pai real. E que tenha contato com ele, se assim ele quiser... Também não é certo que ele não saiba...

— Repeti a seguinte pergunta por todos esses meses para você: Tem certeza de que é o mais correto mantê-los sem saber da existência um do outro?

— A resposta mudou.

— Você viu através das suas próprias experiências. Eu fico contente que tenha percebido.

— Será o melhor a fazer pelos dois. – Bella afirmou. - Tenho medo de que ele não me perdoe por isso, mas se apenas querer fazer parte da vida da nossa filha, para mim será melhor do que o perdão.

— O que você sente pelo pai da sua filha?

— Eu o amo. – Ela não precisava pensar e nem era mais capaz de omitir ou mentir sobre aquilo tão pouco achava satisfatório para ela mesma dizer o contrário.

— Assim tranquilamente? Fácil?

— Sim. Dizer a verdade sobre o que sinto por ele é fácil agora.

— Ele pode ter seguido em frente, e sobre isso quero dizer que pode estar em um novo relacionamento.

— Eu sei... Mesmo assim, acho que devo ir e caso ele esteja com alguém... Não será algo que eu não possa superar se ele estiver feliz. Mas...pensar sobre isso... dói...

***

— Acha seguro ir com a sua mãe para lá... – Charlie havia puxado Bella para um canto distante antes do embarque.

— Eu sei que está reocupado com isso. Também penso se ela será forte o suficiente para reviver tudo o que lhe aconteceu lá. Mas pai, eu confio nela assim como confiou em mim. – Bella ninou a sua filha dormindo em seus braços. Charlie olhou para a sua princesinha sonolenta e sorriu.

— Ainda bem que ela dormiu. – Charlie a beijou e depois beijou Bella no rosto. – Vá com segurança. Cuide-se e cuide das duas.

— Cuide-se também pai.

A viagem foi tranquila, mas longa. Não foram direto para São Miguel, estavam muito cansadas e a bebe inquieta. Passariam a noite e no dia seguinte seguiriam viagem. Bella estava adorando passar aquele tempo com a mãe que se revelava uma avó coruja, mas louca.

Era um sábado ensolarado quando chegaram em São Miguel. O coração de Bella estava acelerado. Renée parecia em paz, porém um pouco introspectiva. Registraram-se no mesmo hotel em que Charlie ficara no ano passado. Bella olhou pensativa para a pequena recepção onde tinha visto Edward pela última vez.

Depois de tomarem banho e de Bella dar de mamar para a sua filha, Renée quis dormir um pouco. Bella abriu o seu notebook e decidiu ler todos os e-mails que foram enviados para ela durante aqueles meses. Havia muitas mensagens de Jasper, Alice, Rosie e Emmet. Mas havia apenas uma de Edward, pela data ela viu que foi escrita no dia em que se despediram.

“Meu amor, estou tentando, tentando duramente aceitar as suas decisões. Sei que você é forte, mas está magoada. Já te disse que não importa o que você fez antes, o que passou, amo você completamente, com tudo o que tem e é. Não pense que está sendo fácil deixar você ir, mas eu sinto que precisa fazer isso mesmo que não consiga explicar racionalmente. Eu amo você, Isabella Swan. Seguirei te amando. Mesmo em silêncio. Cure-se e volte para mim, volte para ser minha. Volte e case-se comigo, Bella.”

— O que? – Era mesmo verdade aquilo que estava lendo? Edward havia lhe pedido em casamento a quase um ano. Claro que tinha sido um impulso, ele deveria ter caído em si e por isso não voltou a lhe escrever. Bella leu a mensagem mais uma vez, as lágrimas lhe desciam mesmo achando que era um erro aquilo. Como gostaria de que aquilo fosse verdade, ela gostaria de ser a esposa de Edward.

Respirou fundo e saiu daquela mensagem indo para as de Jasper. A sua intenção era apenas ler, mas viu-se respondendo ao último e-mail do amigo que tinha sido a quase um mês.

“Trate Alice devidamente, seja esse tipo de cara. Vocês ficam bem juntos então pare de dizer nessas mensagens o quanto ela te deixa louco. Isso é amor, meu caro amigo Cullen. Seja homem, Jasper, enfrente isso com dignidade. Não se descuide dos estudos, estude duro. Estou torcendo por você e sinto saudades também. Talvez, quem sabe... possamos nos ver em breve?”

Então viu-se respondendo Alice também:

“Alice, sabe que Jas é lento, então tenha um pouco de paciência. Ele te ama muito. Nesse momento, lembro do som do seu riso, é contagiante. Sei que é disso que Jasper precisa. Cuide dele para mim e cuide-se também. Não se preocupe comigo, estou indo bem.”

Também para a Rosie:

“Rosie, você deveria parar de ameaçar as pessoas por mensagem. É assustador. Adoraria que não estivesse tão aborrecida. Espero que esteja bem. Vamos beber algum dia.”

E para o Emmet:

“Acho que nunca cheguei a me desculpar por me meter na amizade entre você e o Edward. Espero um dia compensar por isso. Obrigada por se preocupar comigo, estou indo bem. Espero que você também. A gente se vê ;) “

***

— Pelo amor de Deus, Edward! Estou dizendo que recebi esse e-mail da Bella e vi que ela leu todos os meus e-mails. Alice também teve um e-mail respondido assim como Rosie e Emmet. Não entende o que aconteceu? Bella voltou para as nossas vidas.

Estavam todos ali em sua casa, ansiosos e falando ao mesmo tempo. Edward conseguia sentir a alegria deles, a confusão e ao mesmo tempo a indignação por ela ter escrito poucas palavras, mas todos estavam no íntimo, aliviados.

— Não verificarei o meu e-mail com vocês no meu caminho. – Todos abriram caminho para Edward que antes estava no meio deles. – E não me sigam. – Edward caminhou até o quarto onde o seu notebook estava.

Antes ele verificava o e-mail todos os dias em busca de uma resposta de Bella, mas depois começou a não esperar por isso. O mais rápido que conseguiu logou em seu e-mail e com tristeza percebeu que não havia resposta alguma, mas o seu e-mail tinha sido lido.

Ele desceu não querendo demonstrar a sua frustração, mas era impossível. O seu coração tinha se enchido de felicidade por um momento para depois sofrer aquela terrível decepção. A não resposta para a sua mensagem tinha um significado muito mais intenso do que para os outros. Aquilo significava que Bella não o queria, era um não para o pedido de casamento.

— E então? – Rosie perguntou completamente curiosa.

— Nada.

— Como assim? – Jasper perguntou ao mesmo tempo que outras perguntas surgiram. Edward não as entendeu e nem queria.

— Bella não respondeu, mas leu o e-mail. – Ninguém sabia do que se tratava aquele e-mail, naquele momento ele pensou que era o melhor. – E eu sei o significado disso. Bella não voltará.

— Edward, passou esses meses todos com a certeza de que ela viria, porque agora só por ela não ter respondido diz que não? Ela deu sinal de vida, é um bom presságio. – Emmet não queria acreditar que justamente agora que todos acreditavam no possível retorno de Bella que logo Edward não acreditaria.

— Não é. Esqueçam isso. – Ele queria soar firme, mas estava entristecido.

Todos se recusaram a deixa-lo depois disso. Ficaram e beberam com ele, conversaram sobre coisas divertidas, assistiram, jogaram e enquanto jogavam e as duplas eram trocadas, Rosie e Edward ficaram sem jogar. Ela levantou-se e quase o arrastou para que dançassem uma música lenta que estava tocando. Edward sorriu para irmã e a acompanhou, aquilo não faria mal. Tinha que agradá-la para achar que ele estava melhor, no entanto, não estava.

Bella tinha deixado a bebe com a mãe no hotel. Aquilo não foi loucura, já que tinha treinado isso antes no Arizona um dia. Deixou a filha com a mãe por um breve momento e quando regressou tudo estava normal. Aquele foi um grande passo de retomada de confiança e Renée havia passado. Claro, Bella não tinha se afastado muito e nem por muito tempo, o mesmo aconteceria naquele momento.

Ela queria caminhar por alguns minutos para pensar enquanto matava as saudades daquele lugar em que foi tão feliz com o homem que amava. Havia aquele e-mail mandado por ele, mas ela não sabia como responder aquilo. Achava que tinha sido um equívoco. Não sabia como o abordaria... Mandaria um sms? Um e-mail? Bateria na porta da casa dele? Antes não tinha confiança sobre a permanência dele na cidade e falou sobre isso com o pai que a tranquilizou.

Bella o questionou sobre a confiança dele a falar de Edward e o pai confessou que Edward lhe mandava algumas mensagens. Charlie garantiu a filha que não revelou nada sobre a existência da neta. Nunca pensou que Charlie seria fiel a Edward daquela maneira, aquilo seria bom para a filha dela.

Só percebeu que parou diante da casa que fora a inspiração de Edward quando ouviu a doce música que vinha de lá de dentro. Com toda a certeza existia moradores lá dentro. E que orgulho era morar naquela casa que agora estava esplêndida. Edward havia feito um ótimo trabalho, era como estar nas casas dos romances de época. Havia um ar sonhador emanando daquele lugar. Bella queria ver os detalhes do trabalho de seu amado, mas arfou ao vê-lo dançando com uma mulher. Ela o reconheceu imediatamente, mas não soube quem era ela por causa da luz. Por um momento achou que ele a tinha visto, então suas pernas ganharam vida novamente e ela saiu depressa de lá.

Ouviu um barulho atrás dela, e depois passos apressados. A pessoa parou e sua voz soou emocionada. “Bella?” Imediatamente ela parou, reconheceu a voz também, era Edward. Porque sentia tudo aquilo de uma só vez? Ela agora tinha uma criança para cuidar não deveria morrer assim. O seu coração estava prestes a explodir, suas pernas estavam fracas e sua cabeça girando.

— Bella. – Ele a chamou mais uma vez. – Bella. – Parecia não conseguir parar de dizer seu nome. Sentiu que ele se aproximava, mas ainda assim não se moveu. – Bella. Bella. – Então ela fechou os punhos e com toda a sua coragem girou nos calcanhares olhando direto para ele. Eram tão claros aqueles olhos anteriormente? – Bella.

— Estou aqui.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Você, Paixão" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.