Heróis e Vilões - Um mundo de poderes escrita por Felipe Philliams


Capítulo 16
Quebro uns vidros


Notas iniciais do capítulo

AEEEEHOOO TERMINEI SABAGAÇA!! o/ FINALMENTE O CAPÍTULO QUE EXPLICA MAIS UM POUCO a mini-guerra civil.
Agora que estou de ferias talvez dê uma acelerada nas coisas, e, pelo que tou vendo aqui, vou por "longfic", pq isto esta longe de terminar.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/641203/chapter/16

Quando entrou no grande edifício comunitário, Fernanda já havia se recuperado do choque da batalha que ocorrera antes. Mesmo que os tiros e a algazarra daqueles soldados ainda lhe batessem na cabeça, não estava mais tão assustada quanto estava antes. As mãos haviam parado de tremer e as pernas de doer. Perguntou-se se sentiria isso toda vez que fosse para algum tipo de batalha.

Com Albert era outro assunto. O terceiro líder do Refúgio Mutante não tirava a mão do ombro esquerdo, dizendo que estivera sofrendo essa dor desde a semana passada. Fernanda não contestou, não estava em seu poder fazê-lo. Ela era uma simples recruta, e ele, um líder... No entanto a mente não queria fugir da possibilidade de que não era uma dor no ombro que lhe afetava. A troca de tiros que houvera antes havia lançado projéteis mortíferos em todas as direções. Muito improvável que Albert não tivesse levado um tiro...

Afastando o pensamento, Fernanda imaginou em como ficaria caso a missão fosse falhar. A simples menção a essa probabilidade a assustava muito.

Para provar-se que Albert não tinha levado um tiro, tentou aproximar-se do homem de trinta anos e olhar em seu ombro. A noite estava escura e a iluminação havia enfraquecido tanto a ponto dela só conseguir olhar Albert nos olhos, carrancudos e raivosos, incentivando-a em seguir adiante.

E foi o que ela fez. Entrou no prédio comunitário olhando-o de baixo para cima, onde mais de quarenta metros erguiam-se, pequenos, mas altos. Todas as luzes estavam apagadas, o que lhe dava um aspecto tenebroso. Aquele prédio era onde os pobres habitantes da Parte Três conseguiam a maior parte de suas coisas. Identidade, carteira de trabalho, CPF e empregos. Os vigias e as pessoas haviam fugido, assustadas, quando a guerra começou. Alguns morreram, mas os outros estavam sendo mantidos como reféns afim de que a polícia não se atrevesse a atacar. Os reféns também morreram quando a polícia caiu sobre os invasores.

E agora o lugar estava muito abandonado. Haviam mesas, cadeira e papeis espalhados no chão, todos revirados e amassados. Alguns tinham buracos de bala incrustados sobre a superfície, onde houvera a captura. Corpos cobertos de sangue estavam espalhados aleatoriamente pelo lugar, com as manchas nas paredes e o cheiro começando a se tornar sufocante. Visto de fora o lugar era um poço negro de escuridão e terror, mas assim que entrou Fernanda olhou luzes tremeluzindo em algumas salas e isso a acalmou um pouco. Precisavam agora de uma orientação para continuarem com a missão.

— Temos de achar a porta que leva para a saída - disse Albert, pesadamente. - Só entramos aqui pra despistar alguns e conseguir caminhar tranquilamente um pouco, mas agora temos de prosseguir.

Fernanda assentiu. Ela não sabia onde ficava a porta de saída, mas Albert sim. Ele tomou a dianteira. Cambaleando, caminhou, tentando evitar tropeços. Os sons de guerra pareciam não ultrapassar a parede, pois o silêncio era profundamente aterrorizante.

O caminho estava tão sinuoso que Fernanda perdeu Albert de vista duas vezes. Não o chamou para não incomodar, por isso procurou sozinha, orientando-se pelos sons. Uma vez deu de cara com uma parede que havia desabado. Olhou para os lados, achou um caminho feito manualmente e seguiu por ele. Achou Albert em seu caminho pesado e tropeçante.

Quando começou a clarear mais uma vez, Fernanda olhou em volta. Aquela área havia sido levemente afetada. Talvez não haviam pessoas quando os Invasores chegaram pois não havia sangue nas paredes e nem no chão, só utensílios quebrados e papeis espalhados.

Fernanda havia caminhado quase o prédio inteiro quando sentiu que faltava a presença de alguém

— Albert? - chamou Fernanda.

O silêncio contínuo que ecoou por aquele lugar ficaria para sempre na mente de Fernanda. Uma profunda sensação de pânico e terror a invadiu e ela se viu atordoada, confusa, parada no meio do lugar, sem saber para onde ir. Albert não respondera, não estava detrás dela e não poderia ter caído durante o caminho. Ela saberia se tivesse.

Virando bruscamente a cabeça para trás, Fernanda concentrou-se no silencio, buscando qualquer falha que a levasse a um lugar. No ar, haviam gritos, baixos e longes. As balas haviam parado de ser disparadas e algum infeliz estava tendo relações sexuais... Não, era alguém gemendo não de prazer e sim de dor.

Albert!

Dando meia volta, Fernanda correu o caminho, buscando a origem do som. Passou por cadeiras, mesas, portas e livros pelos quais já havia passado e, então, observou uma mancha de no chão. Seguindo seu caminho, encontrou Albert sentado, no chão, com os olhos fechados e a respiração lenta. Havia uma mesa ao lado dele com uma garrafa intacta de cerveja e outra de água, com o liquido pela metade. O terceiro líder da RM jazia no chão, parado, com olhos que viam tudo mas não viam nada. A boca estava aberta e era por lá que ele respirava.

— ALBERT! – Fernanda não conteve o grito quando uma onda intensa de dor, pesar e rancor subiu-lhe pelo peito. Afastando-se da cena apavorante e agonizante, Fernanda tropeçou em alguma coisa e caiu no chão. Estava agora observando o corpo de Albert movimentar-se lenta e dolorosamente, os pés próximos à mesa, agora balançando por conta do choque físico que a perna de Albert proporcionou-lhe.

Quando a garrafa de cerveja e a de água caíram no chão, seus ecos pareceram alcançar quilômetros. Tudo o que Fernanda pôde fazer foi se assustar e aguardar no mais profundo silêncio que conseguiu alcançar. Não tardou para que distantes gritos invadissem a fraca cartilagem de seu coração e o deixassem disparado. Os gritos seguiram por alguns minutos, até que as explosões e os tiros mais uma vez começassem. Invasores atiravam contra quem ousasse estar dentro do Centro Comunitário. Jogou as mãos nos ouvidos e gritou, querendo abafar os sons. Ó, Deus, faça-os parar! Não queria estar aqui! Mas Fernanda sabia que não iriam parar até que tivessem certeza de que não haveria mais ninguém no prédio.

Não sabia o que fazer. Estava perdida, confusa e com uma pesada bola de ferro presa ao coração, que não a poupava do pior e continuava contribuindo para que seu pesadelo tornasse-se pior. Havia perdido Albert, havia deixado-o morrer. Sua tarefa é não me deixar morrer, ele havia lhe dito antes que fossem para o meio do caos. Não me deixar morrer, suas palavras ainda lhe ecoavam pela mente quando percebeu que seu grito desesperado havia se transformado em um pranto algo, lúgubre e assustador para quem ouvisse. Mesmo com toda a força de sua garganta sendo posta para fora, não conseguiu expressar sua raiva, sua dor e sua culpa.

Em um piscar de olhos a parede à sua direita explodiu em uma mistura de concreto, terra e areia, que voaram em todas as direções. Detrás havia outra sala, mas quase tão escondida quanto a que estava. Então chorou mais, só que de maneira mais controlada. Tremeu, salivou e derramou tantas lagrimas quanto pôde. Ficaria aqui para sempre! Mas logo percebeu que seus planos seriam frustrados. Passos ecoaram na sala, mesmo com os tiros explodindo na sala principal. Ela decidiu ignorar. Talvez ele lhe matasse lá mesmo.

Mas quando os passos pararam em sua frente, Fernanda Araújo resolveu encarar a morte de frente...

— Aí está você - Fernanda viu, incrédula, a face dura e suada de Albert Montoya "Eu o vi morrer ali agora pouco". Lançou um relance ao canto da sala, onde nada havia. Seu coração pareceu soltar todo o vapor que o fogo do desespero e da culpa haviam feita aparecer. Quis abraçar Albert, tamanho alívio prazeroso que ele lhe proporcionou, mas contentou-se em sorrir. - Procurei você por toda a parte! Foi você quem deixou cair a cerveja? O vidro ecoou por todo o lugar! - ele olhou em volta, procurando uma rota de fuga, então olhou a parede quebrada. - Você quem fez isso? Nossa! Temo que vai ter que fazer mais se quisermos entrar naquele acampamento antes que matem nossas tropas.

Aguardaram por volta de dez minutos antes dos Invasores estarem satisfeitos. O silêncio era entrecortado por gritos e risadas, vindas tanto do lado esquerdo quanto do direito. Quando Albert fez que sim com a cabeça, Fernanda correu atrás dele, temerosa de que voltaria a perdê-lo. Passaram por pedaços de concreto recém quebrados e vidros de lâmpadas e janelas que haviam estourado. Haviam buracos de bala mais frequentes nas paredes e a impressão era de algum Pica-Pau estivesse lá.

Quando enfim chegaram no final daquele lugar, Fernanda contemplou a última porta. Era ela quem os levaria até o prédio dos Invasores. Passando por seu último obstáculo, Fernanda sentiria-se livre mais uma vez, com a boa sensação de que salvara muitas vidas. Tudo ia a mil maravilhas até Albert cortar seus pensamentos.

— Se você não tivesse quebrado aquela garrafa, não íamos ter de passar por dentro do coração do acampamento inimigo, Fábia - ele franziu o cenho, então falou. - Fernanda. Agora, tá cheio de Invasores lá e se nos virem vamos ser mortos ou capturados. Pelo menos EU vou ser morto, porque você pode virar areia e correr livre. Pode fazer isso agora, se quiser. Quer ir embora? - Albert falava muito e deixava Fernanda confusa. Sua voz estava meio urgente, meio raivosa, meio tudo, mas Fernanda conseguiu entender algumas partes. Fez que não com a cabeça. Albert pareceu gostar disso e sua voz suavizou-se de súbito. - Ok, que planos você tem?

— Nenhum... Senhor. Eu simplesmente acompanho e sirvo de escudo. E que péssimo escudo eu sou.

— Então a coisa tá seria...

Albert a fitava através do escudo, deixando mais que claro que ele aguardava por Fernanda. Ele atribuiu-lhe a tarefa de pensar em algum plano para escaparem dali com vida, mas ela não fazia ideia do que pensar. Olhava para a porta, mas não olhava. Via outras coisas, a vida, a liberdade, a felicidade... E Marcela. Viu-a morrer mais uma vez e a lembrança lançou-lhe facadas de dor. Quis chorar, se desesperar como antes havia feito, mas sabia que se fizesse um barulho demasiado alto morreria pelos Invasores.

E além disso chorar não ia resolver o problema. Teve sorte antes quando Albert apareceu-lhe de súbito, mas dessa vez nada a ajudaria exceto sua mente e sua capacidade de pensar... Mas a liberdade estava ali... bem detrás de Albert.... Que, parado e olhando, era nada mais que um obstáculo em seu caminho, uma pedra, uma barreira de tristeza que a impedia seguir seu caminho.

— Vai, Fernanda! - incitou ele, em seus pensamentos. A voz era dele, mas ela sabia que de alguma forma fora Gary quem falara. - Você consegue! - dessa vez a voz vinha de Marcela. A fala era de Albert, mas era, agora, a mãe que falava. - Quebre suas barreiras! - Começou a ver faces ao invés de somente sons, e elas MUDAVAM. Uma hora eram pessoas importantes em sua vida, outra, eram amores de infância, família, líderes, paixões, amigos e, então, ela mesma apareceu: - Faz uma barreira de areia, sua idiota!

— Fernanda? - chamou Albert, cauteloso.

— Já sei o que fazer - a voz saiu entorpecida, mas Fernanda entendera o recado.

[...]

Albert levou cinco minutos para juntar areia em quantidade suficiente. A partir daí, Fernanda tomou conta. Concentrou-se nas mãos, redirecionando toda a energia que tinha para o monte de areia, até que ela percebeu que eles "respondiam". Fernanda tinha consciência de cada grão de areia que começava a ser atraído a ela. Primeiro aos poucos, mas depois eles flutuavam diante dela, agregando-se a seu corpo, até que ela, com um movimento repentino da mão direita, interrompeu-os. Usando a palma aberta de ambas as mãos, guiou-os em uma construção sólida, medidas exatas, com dois metros de altura e um de largura. Quando a parede estava pronta, dois apoios para mãos surgiram. Fernanda tomou a dianteira e Albert a retaguarda.

— Diga-me para onde iremos.

Albert pensou um pouco, até que falou:

— Eu tomo a dianteira.

E assim trocaram de lugar, com um dos líderes da RM segurando desconfiadamente em um dos apoios e Fernanda dando uma força extra à parede. Acreditava que ela estava suficientemente resistente a balas e tiros de fuzis, por isso não se deu ao trabalho de testar. Estava tão confiante em seu plano que, entorpecida, não viu que Albert continuava parado, na frente dela, respirando pesadamente... E quase caiu com ele quando tropeçou em suas costas.

— Senhor?

— Oi? - quando ele viu que Fernanda não ia responder, entendeu o que ela quis dizer. - Ah, sim, vamos. Três... Dois... Um...

O pé de Albert jogou fora a porta descascada, e, juntos, saíram para o ar noturno.

Lá fora a maioria dos postes estavam quebrados e com luzes apagadas. Restou a Fernanda e a Albert se guiarem pela sorte e pela profunda escuridão que se espalhava pelo chão. Mas isso não durou muito e logo se viram correndo, desesperados, com os olhos piscando. Agora, pelo menos, havia uma luz, mas ela apagava tão rápido quanto acendia, em um frenesi que deixou Fernanda tonta; as balas explodiam brutalmente contra o casco grosso de areia que Fernanda fizera, mas os únicos efeitos que provocavam eram o nervosismo de Fernanda e um leve desvio na rota.

Albert começou a correr e Fernanda lutou para acompanhá-lo. Seus pés já não seguiam as ordens do cérebro e simplesmente corriam sozinhos, encontravam seu caminho e planejavam sua rota. Dos olhos de Fernanda cascatas mornas desciam-lhe rosto abaixo, e de sua garganta um profundo som de desespero ecoava. Não olhava mais, só corria através de um caminho que não tinha fim. Suas memórias levaram-lhe ao primeiro teste que fizera quando treinava com Gary, o caminho de concreto que caía sempre que ela ia com mais velocidade. Subitamente lembrou-se de uma mistura de cabelos negros e face depressiva, com os cabelos flutuando quando balançava-se para a esquerda e direita.

"Marcela..."

Ao seu lado, homens gritavam, corriam, atiravam e enfiavam pentes e mais pentes de balas em armas que emitiam luzes inconstantes. Nenhuma explosão foi ouvida nem sentida, só os contínuos impactos de balas que ameaçavam penetrar a segurança que havia detrás do escudo de Fernanda. "Parecem aquelas serras do mal...". Eram serras, que tentavam abrir uma brecha no escudo, quebrar a paz que reinava lá atrás. "Malditas brechas".

À sua frente, Albert escorregou, ou tropeçou. Foi lançado brutalmente para o lado direito e quase caiu. Fernanda já não sentia medo de morrer, mas sim de Albert morrer. O homem ficou parado por uns segundos, com o impacto das balas lançando-o lentamente para a direta. A mão livre fechou-se em um punho e as veias foram descobertas. Ergueu a cabeça com olhos fechados fortemente e berrou, um berro que ecoou campo afora, assustando alguns soldados Invasores e fazendo Fernanda se sentir encorajada.

— VAI, VAI! - berrou, quando o berro de Albert já começava a morrer.

Ele assentiu e retomou ao percurso. Cambaleou mais um pouco, mas não parou de correr. Cambaleando haviam retomado à corrida, cambaleando chegaram ao outro prédio. Ambos soavam. Ambos estavam cansados e ofegantes. Nenhum deles dois estar ali. O desejo de uma casa era muito forte. Só queriam descansar, sair daquele lugar de guerra.

Mas tanto Albert quanto Fernanda sabiam que tinham um dever a cumprir.

Fernanda, lutando contra os desejos, ergueu-se, confiante. Olhando para os lados, tentando enxergar algo, ficou desesperada. Chegar no outro lado era uma coisa, mas não serem pegos depois era outra. A porta pela qual haviam entrado estava lá, escancarada. Certamente os invasores os veriam...

Mas Fernanda não podia deixar isso acontecer. "Já fiz muita merda. Não vou fazer mais ainda", pensou, quando seus olhos se acostumaram com a escuridão; não conseguiu ver detalhes aprofundados, mas deu pra diferenciar uma porta trancada em um dos lados do prédio. Ela já ia ficando triste quando se lembrou que podia arrombar. Comandou sua mão, sentindo cada área trabalhar e, quando sua mão ficou grande o suficiente, jogou-a contra a porta. As trancas estavam enferrujadas, por isso quebraram facilmente.

Albert levantou-se detrás dela e seguiu caminho.

Suspirando pesadamente, ele, junto a Fernanda, entrou na sala. O breu caiu sobre eles. Fernanda sentiu-se repentinamente cega no meio da escuridão. Não viam nada, só sentiam, ouviam; e lá fora as pegadas se aproximaram.

— Eles tão aqui! Eu vi! - berrou uma voz.
— Vai se foder, João, você é quase cego!
— Eu vi, seu merda! Eles TÃO aqui!
— Vamos voltar e você vai falar isso pro Leandro!

E as passadas diminuíram.

Uma mistura de felicidade e prazer explodiu em Fernanda quando ela soube que estaria tudo bem. Não havia mais perigo, podiam andar em paz e logo achariam as meninas. Extasiada, andou para a frente, a fim de espreitar, mas tropeçou em Albert, que, cansado, havia caído quando entraram no edifício.

A luz era pouca, mas ainda era suficiente para que Fernanda conseguisse observar um pequeno mar rubro e brilhante que começara a jorrar. Fernanda nunca vira tanto sangue na vida real, mas soube imediatamente que era. "Não!", pensou Fernanda, tentando, em vão, não acreditar que Albert estava morrendo.

— Albert? - chamou, de início, com o desespero controlado. Foi difícil manter a voz quando ele passou mais de um minuto sem responder - Albert, fala comigo, você tá aí? - aproximou-se dele, querendo espreitar seu rosto moreno, mas aproximou-se demais, e então caiu sobre ele, chorando, tremendo - Albert... - não conseguiu falar.

Virando pesadamente seu corpo para cima, Fernanda mergulhou as mãos dentro da roupa de Albert e pressionou a mão contra o coração. O silêncio pareceu ficar mais profundo de repente, mas acabou cortado por um contínuo e lento batido que ressoou nos ouvidos de Fernanda como uma canção lúgubre.

Suspirou, aliviada. "Ele tá vivo, quase morrendo mas tá vivo!".

Fernanda permaneceu parada lá por uns longos minutos, tentando pensar no que fazer ou como resolver àquela situação. Albert não estava em condições de prosseguir. Estava desmaiado e com metade do sangue indo embora. Fernanda estava normal, saudável até; nervosa e apavorada, mas saudável. Como iria prosseguir?

Ainda estava com as mãos no coração de Albert quando fez o movimento para tirar, arrastando-os pela barriga de Albert... Mas um de seus dedos afogou-se em um buraco úmido, quente e pegajoso.

Todo o terror que conseguira mandar embora alguns minutos antes retornou, mais forte e numeroso. O reflexo levou-a a retirar a mão o mais rápido que pôde. Temerosa do que ia ver, rasgou a camisa de Albert e prendeu a respiração.

As balas haviam transformado sua barriga em uma peneira. Onde antes havia apenas um umbigo, agora quatro, sete mais outros haviam sido abertos brutalmente, dispostos aleatoriamente. Fernanda quis contar quantos buracos haviam, mas estava estava desesperada demais para pensar direito. A claridade era tênue, mas suficientemente forte para que Fernanda visse o maior de todos os outros ferimentos, um que se alojava entre a clavícula esquerda e a extremidade do ombro. O buraco era enorme, o maior que Fernanda já vira. Quebrara a clavícula de Albert onde o osso iniciava a articulação do ombro.

Fernanda virou-se, nauseada, e fitou o caminho que o sangue fizera. Como um rio buscando o mar, o percurso era longo e sinuoso, se infiltrando por entre as irregularidades que haviam no chão. Acabava em uma poça junto a uma porta que não tinha visto antes.

Seguindo a porta inconscientemente com os olhos até que chegou ao trinco. "Quanto tempo fiquei aqui?" Perguntou-se, assustada. "por que nenhum deles veio até mim?". Sentiu uma presença atrás de si.

— Eu posso te responder isso, querida - sussurrou-lhe uma voz fina e profunda atrás de si.

Quando Fernanda de virou, uma dor cegou-a; caiu no chão. Imobilizada. Quando os sentidos lhe deixaram, ela não sentiu mais dor, só o arrepio.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eita preula *-* será que ela morreu?! ;-; primeiro Marcela, agora Fernanda?! WTF??!!
Nao perca os próximos capítulos de UM MUNDO DE PODERES!!
*deixe sua opinião, é muito importante para mim, é um nitro que você da para mim, é um reforço, uma coisa maravilhosa, por favor, deixe sua opinião*
Aqui o link da pagina do Facebook: fb.com/hev4ever



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Heróis e Vilões - Um mundo de poderes" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.