Ela é jovem, curiosa, sarcástica e apaixonada. E você sabe disso. Por isso que a ama, e por isso que amou ele.

—Valette de Copas

...

..

.

—COPAS! – gritou a Rainha, jogando longe um vaso cheio de rosas vermelhas, que bateu na parede contrária e despedaçou-se no chão – Aquela menina ingrata. Inconsequente.

—O que ouve, querida? – perguntou o rei, confuso – Foi Carmim?

—Foi Carmim? – ela o imitou, de forma patética – É claro que foi Carmim, quem mais seria? Aquela menina idiota, há quando eu colocar as mãos nela...

—O que ela fez? – perguntou ele, confuso.

—O que ela... O QUE ELA FEZ? – gritou a outra – Ah, você não vai querer saber, acredite em mim, de toda a forma isso é entre nós duas.

—Vou ver se seu chá está pronto – suspirou o rei, claramente vendo que era melhor deixar a esposa em paz – Com açúcar?

—MUITA! – gritou ela, jogando outro vaso longe enquanto ele saia. Ao mesmo tempo, o Valette entrava por uma porta lateral.

—Dá para ouvi-la do outro lado da Ilha – ele comentou, andando pela sala e olhando para a sujeita – Que pena. Eu gostava desses vasos.

—Deixe de ser complacente, e fale logo o que quer aqui. Não estou com paciência pra você hoje – ela grunhiu, olhando para longe pela janela, encarando furiosamente Auradon.

—Creio que toda essa raiva esteja destinada a uma certa menina de cabelos vermelhos, não? – perguntou ele, rindo – O que Carmim fez de tão terrível dessa vez?

—O que minha filha faz diz respeito apenas a mim, Valette – ela o encarou furiosamente.

—Ela também é minha filha, Iracebeth, mesmo que você não goste disso – ele falou, calmamente.

—Calado! – ela ordenou – Ela é minha filha. Nem sua, nem do idiota do meu marido. Apenas Minha! Eu perdi tudo que tinha para protege-la. ELA PERTENCE A MIM!

—Falando assim, faz até eu pensar que você acredita nisso – ele riu – Ambos sabemos que Carmim não pertence a ninguém. Ela se recusa a faze-lo!

—Bem, aparentemente ela quer pertencer – ela bufou – A um garoto de Auradon... Ao filho do Chapeleiro!

—Sangue chama sangue – ele falou, e ela o fuzilou com os olhos – Sabe o que quero dizer, ambos tem sangue do País das Maravilhas nas veias... Há uma conexão entre eles, assim como entre Victor, Carmim e a menina de Cheshire. Estão todos ligados!

—Pare com suas teorias idiotas, os contos de fadas já acabaram – ela começou a andar pela sala – Não criei uma filha para ser fraca! Para se apaixonar e acabar quebrada como aconteceu comigo!

—Bem, talvez ela não seja como você – ele deu os ombros – Talvez seja mais forte que isso! Talvez ela não se quebre!

—Forte? Como quem? Você? – ela riu – Que piada...

—Não, não como eu, mas certamente ela não é como você – ele deu os ombros – Carmim é muito mais forte do que imagina, Iracebeth, e por irônico que pareça, ela é muito parecida com Kingston quando era mais jovem... Ela é jovem, curiosa, sarcástica e apaixonada. E você sabe disso. Por isso que a ama, e por isso que amou ele.

—Amei você também, e olhe onde isso me levou – ela cruzou os braços – Sabe de uma coisa, saia daqui Valette. Não sei pro que estou falando da minha filha com você. Não é da sua conta!

Ele deu os ombros e saiu. Não adiantava discutir com ela. Nisso ambas eram muito parecida, Carmim e sua mãe. Não aceitavam ser contrariadas. Não aceitavam que alguém vencesse se não fosse elas, mesmo que vencer significasse sair perdendo.

Era apavorante perceber que ele conhecia tão bem Carmim. Ela nunca falará com ele, diretamente, mas geralmente ela nunca falava com ninguém. - isso eles tinham em comum. Ele se perguntou, se, no fundo, sua filha havia puxado algo dele além disso e dos olhos escuros.