Em família escrita por Hikari Mondo


Capítulo 20
Entrelinhas


Notas iniciais do capítulo

As vezes, a verdadeira mensagem é a que não está sendo dita. É preciso ler nas estrelinhas.

Capítulo situado antes da Guerra, quando a 'maior' preocupação do conselho de Konoha era uma nova traição da Suna.
Li por aí que Shikatema foi um casal que evoluiu naturalmente dentro da história, e quis escrever algo sobre a cumplicidade deles antes de qualquer relação romântica. Lembrem de deixar um comentário, mesmo pra dizer que não gostou de algo.



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“Sabe, se fosse qualquer outra pessoa, ela poderia ficar ofendida de você puxar um pergaminho e começar a escrever em um idioma que ela não entende...” Shikamaru falou com um tom monótono e desinteressado, olhando para Temari com o rosto apoiado na mão.

Temari sorriu ainda olhando para o pergaminho enquanto finalizava a frase que escrevia, antes de levantar o olhar e encarar Shikamaru com uma expressão divertida. Eles estavam sentados frente a frente numa mesa de restaurante, esperando seus pedidos de almoço ficarem prontos.

“Achei que não fosse um problema, já que você começa a escrever seus relatórios de missão quando estamos sozinhos e esperando.” Ela rebateu num tom brincalhão.

Shikamaru sorriu de lado, baixando a mão que antes apoiava sua cabeça. “Tsc. Mas nesse caso estavamos esperando no edíficio do Hokage, não para um almoço. São situações totalmente diferentes.”

“Hmpf, eu não vejo muita diferença... E você está insinuando que seus almoços comigo são algo especial agora?” Ela cruzou os braços sobre a mesa, figindo interesse, ainda se divertindo.

Shikamaru deu de ombros, desinteresse estampado em todas suas ações. “Por isso mesmo eu disse outra pessoa.

Temari sorriu, escorando-se em sua cadeira e tirando os braços de cima da mesa. “De qualquer forma, é bom que ninguém aqui em Konoha entenda o idioma da Suna. Eu posso escrever meus relatórios sem me preocupar que alguém esteja lendo.” Ela terminou encarando Shikamaru com uma expressão neutra, que a olhava com a mesma feição indiferente e aborrecida. E então do nada, ela sorriu cúmplice. “Até que nossos relatórios sobre minhas visitas ficam bem parecidos em conteúdo, não é?”

Ele arqueou a sombrancelha direita. “Como eu saberia?”

“É verdade, como você saberia?” Ela respondeu irônica, virando a mão esquerda como quem dispensa uma idéia absurda, e voltando a escrever em seguida.

Os olhos de Shikamaru acompanharam a figura de Temari enquanto ela escrevia com um sorriso de sabe-tudo no rosto. Ele por sua vez ainda demonstrava o mesmo temperamento apático. “Você sabe...”

O sorriso dela aumentou e tornou-se ainda mais convencido ainda olhando para o pergaminho, e levantou a cabeça devagar para encarar seu companheiro.

Mas em seus olhos havia uma centelha de cumplicidade, e não de deboche. O rosto de Shikamaru automaticamente começou a se contrair em um sorriso também, mas ele tentou o reprimir.

“É claro que eu sei!  Você é bastante sutil, Nara, eu admito. Qualquer outra pessoa menos observadora jamais teria sequer cogitado essa hipótese.” Ela parou, ficou séria por uns instantes e estreitou os olhos “... Sutil e cauteloso. Mesmo com todas minhas tentativas você não deu com a língua entre os dentes...”

Ele suspirou, e logo sorriu de lado. “Se fosse outra pessoa, mas tinha que ser você...”

O sorriso dela, apesar de orgulhoso, era amigável. “Uma pena...” Ele desviou o olhar e passou a observar a o restante das mesas e a entrada da cozinha, e pela sua visão periférica viu que Temari estava novamente escrevendo.

Mas sua curiosidade o venceu. “Então, o que me entregou?” ele perguntou despreocupadamente.

Dessa vez, os olhos dela deixaram o papel no mesmo instante, bem séria. Ela olhou para os dois lados, conferindo se estavam afastados o suficiente de outras pessoas. Mesmo que ninjas soubessem como falar para apenas uma pessoa ouvir, ela e Shikamaru eram sempre extra-cuidadosos. Então ela se inclinou sobre a mesa, gesto que foi automaticamente copiado pelo seu companheiro.

“Seus olhos.” Ela falou. “Eles não correm pela escrita como quem não está entendendo nada...” Ele não resistiu e sorriu de canto, em algo que parecia quase admiração e orgulho. “O quê?” Ela perguntou na defensiva.

“Nada,” Respondeu ele casualmente. “Se você não fosse nossa aliada, eu teria que ter mais cuidado com você.” O sorriso cúmplice e sabe-tudo voltou a iluminar o rosto dela.

“É, você teria.” Ele desviou o olhar novamente ainda sorrindo de lado, enquanto ela permaneceu como estava, com uma expressão serena no rosto. “... Isso me faz perguntar, quantas pessoas sabem?”

Ele se virou para observá-la, levantando a sombrancelha em indagação. “Sabem o que?”

Ela revirou os olhos como se fosse óbvio, e então lançou um olhar significativo para o pergaminho a sua frente e logo a Shikamaru, adicionando quase rispidamente, para quem não a conhecesse. “Sabem que você- ?”

“Que eu fico assistindo você escrever coisas ininteligíveis?” Ele a cortou, finalizando a pergunta de maneira não suspeita. Temari sorriu conivente. Sempre cuidadosos.

“Exatamente.”

Ele deu de ombros e fechou os olhos, como se o assunto o aborrecesse. “Talvez eu tenha comentado com meu pai ou Tsunade, mas não é como se fosse algo muito importante...” Ele dispensou o assunto.

Ela sorriu satisfeita. Não, claro que não era importante. Ela só estava escrevendo relatórios cujo conteúdo interessava somente a seu Kazekage.


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Notas finais do capítulo

Reviews por favor?? *.*
Essa foi uma tentativa de não fazer um narrador onisciente, mas tava meio dificil escrever.
Depois desse capítulo, comecei a escrever um outro com a Tsunade, contando um pouco do 'plano de fundo' dessa história, e pretendia postar antes. Mas acabou ficando muito descritivo e fiquei receosa de postar.



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