Em família escrita por Hikari Mondo
Notas iniciais do capítulo
As vezes, a verdadeira mensagem é a que não está sendo dita. É preciso ler nas estrelinhas.
Capítulo situado antes da Guerra, quando a 'maior' preocupação do conselho de Konoha era uma nova traição da Suna.
Li por aí que Shikatema foi um casal que evoluiu naturalmente dentro da história, e quis escrever algo sobre a cumplicidade deles antes de qualquer relação romântica. Lembrem de deixar um comentário, mesmo pra dizer que não gostou de algo.
“Sabe, se fosse qualquer outra pessoa, ela poderia ficar ofendida de você puxar um pergaminho e começar a escrever em um idioma que ela não entende...” Shikamaru falou com um tom monótono e desinteressado, olhando para Temari com o rosto apoiado na mão.
Temari sorriu ainda olhando para o pergaminho enquanto finalizava a frase que escrevia, antes de levantar o olhar e encarar Shikamaru com uma expressão divertida. Eles estavam sentados frente a frente numa mesa de restaurante, esperando seus pedidos de almoço ficarem prontos.
“Achei que não fosse um problema, já que você começa a escrever seus relatórios de missão quando estamos sozinhos e esperando.” Ela rebateu num tom brincalhão.
Shikamaru sorriu de lado, baixando a mão que antes apoiava sua cabeça. “Tsc. Mas nesse caso estavamos esperando no edíficio do Hokage, não para um almoço. São situações totalmente diferentes.”
“Hmpf, eu não vejo muita diferença... E você está insinuando que seus almoços comigo são algo especial agora?” Ela cruzou os braços sobre a mesa, figindo interesse, ainda se divertindo.
Shikamaru deu de ombros, desinteresse estampado em todas suas ações. “Por isso mesmo eu disse outra pessoa.”
Temari sorriu, escorando-se em sua cadeira e tirando os braços de cima da mesa. “De qualquer forma, é bom que ninguém aqui em Konoha entenda o idioma da Suna. Eu posso escrever meus relatórios sem me preocupar que alguém esteja lendo.” Ela terminou encarando Shikamaru com uma expressão neutra, que a olhava com a mesma feição indiferente e aborrecida. E então do nada, ela sorriu cúmplice. “Até que nossos relatórios sobre minhas visitas ficam bem parecidos em conteúdo, não é?”
Ele arqueou a sombrancelha direita. “Como eu saberia?”
“É verdade, como você saberia?” Ela respondeu irônica, virando a mão esquerda como quem dispensa uma idéia absurda, e voltando a escrever em seguida.
Os olhos de Shikamaru acompanharam a figura de Temari enquanto ela escrevia com um sorriso de sabe-tudo no rosto. Ele por sua vez ainda demonstrava o mesmo temperamento apático. “Você sabe...”
O sorriso dela aumentou e tornou-se ainda mais convencido ainda olhando para o pergaminho, e levantou a cabeça devagar para encarar seu companheiro.
Mas em seus olhos havia uma centelha de cumplicidade, e não de deboche. O rosto de Shikamaru automaticamente começou a se contrair em um sorriso também, mas ele tentou o reprimir.
“É claro que eu sei! Você é bastante sutil, Nara, eu admito. Qualquer outra pessoa menos observadora jamais teria sequer cogitado essa hipótese.” Ela parou, ficou séria por uns instantes e estreitou os olhos “... Sutil e cauteloso. Mesmo com todas minhas tentativas você não deu com a língua entre os dentes...”
Ele suspirou, e logo sorriu de lado. “Se fosse outra pessoa, mas tinha que ser você...”
O sorriso dela, apesar de orgulhoso, era amigável. “Uma pena...” Ele desviou o olhar e passou a observar a o restante das mesas e a entrada da cozinha, e pela sua visão periférica viu que Temari estava novamente escrevendo.
Mas sua curiosidade o venceu. “Então, o que me entregou?” ele perguntou despreocupadamente.
Dessa vez, os olhos dela deixaram o papel no mesmo instante, bem séria. Ela olhou para os dois lados, conferindo se estavam afastados o suficiente de outras pessoas. Mesmo que ninjas soubessem como falar para apenas uma pessoa ouvir, ela e Shikamaru eram sempre extra-cuidadosos. Então ela se inclinou sobre a mesa, gesto que foi automaticamente copiado pelo seu companheiro.
“Seus olhos.” Ela falou. “Eles não correm pela escrita como quem não está entendendo nada...” Ele não resistiu e sorriu de canto, em algo que parecia quase admiração e orgulho. “O quê?” Ela perguntou na defensiva.
“Nada,” Respondeu ele casualmente. “Se você não fosse nossa aliada, eu teria que ter mais cuidado com você.” O sorriso cúmplice e sabe-tudo voltou a iluminar o rosto dela.
“É, você teria.” Ele desviou o olhar novamente ainda sorrindo de lado, enquanto ela permaneceu como estava, com uma expressão serena no rosto. “... Isso me faz perguntar, quantas pessoas sabem?”
Ele se virou para observá-la, levantando a sombrancelha em indagação. “Sabem o que?”
Ela revirou os olhos como se fosse óbvio, e então lançou um olhar significativo para o pergaminho a sua frente e logo a Shikamaru, adicionando quase rispidamente, para quem não a conhecesse. “Sabem que você- ?”
“Que eu fico assistindo você escrever coisas ininteligíveis?” Ele a cortou, finalizando a pergunta de maneira não suspeita. Temari sorriu conivente. Sempre cuidadosos.
“Exatamente.”
Ele deu de ombros e fechou os olhos, como se o assunto o aborrecesse. “Talvez eu tenha comentado com meu pai ou Tsunade, mas não é como se fosse algo muito importante...” Ele dispensou o assunto.
Ela sorriu satisfeita. Não, claro que não era importante. Ela só estava escrevendo relatórios cujo conteúdo interessava somente a seu Kazekage.
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Reviews por favor?? *.*
Essa foi uma tentativa de não fazer um narrador onisciente, mas tava meio dificil escrever.
Depois desse capítulo, comecei a escrever um outro com a Tsunade, contando um pouco do 'plano de fundo' dessa história, e pretendia postar antes. Mas acabou ficando muito descritivo e fiquei receosa de postar.