Enigmas - Tomione escrita por Teddie


Capítulo 3
Sobre dores de cabeça.


Notas iniciais do capítulo

Oláaaaaa, acho que devo pedir desculpas por não ter postado semana passada, mas esse capítulo, em especial, foi um tanto complicado de se escrever e, para ser sincera, não sei se fiquei totalmente satisfeita. Desculpas por isso.

Mudando um pouco de assunto, eu fiz uma playlist no Spotify de músicas que me lembram Tomione. Sigam lá, deem uma moral para sua autora! E me digam: quais músicas que lembram Tomione para vocês?
https://open.spotify.com/user/betavares19/playlist/4NU3PnWoLvtxmffy2yj5vN

Eu também tenho uma Clace, uma Sizzy e uma Malec caso curtam Instrumentos Mortais (é só me pedir se vocês também curtirem!!!)

Acho que por enquanto é só, aproveitem. Falo com vocês lá em baixo!



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O que é que nunca volta, embora nunca tenha ido?

Hermione não era burra. Ela podia não se lembrar de nada relacionado à sua vida, mas ela sabia que não deveria confiar em qualquer um.

E ela definitivamente não confiava.

Quer dizer, ela só se lembrava de ter acordado em uma clareira – que em outra hora poderia ser linda, mas que ela não havia reparado direito – com um garoto dizendo coisas sem significado nenhum e logo depois aparecendo um outro garoto, dessa vez loiro, junto de um professor que falava tantas coisas sem significado algum quanto o primeiro jovem.

Entre Hogwarts, bruxaria, amnésia e identidade, Hermione se sentia completamente perdida ali no meio do castelo. Ela sentia conhecer tudo aquilo, mas ao mesmo tempo era incrivelmente novo e deslocado.

Na noite em que chegou, após o tour pelo castelo com Riddle, já instalada em seus aposentos, ela se permitiu parar para entender o que estava acontecendo, para ver se recordava de algo consubstancial.

Ela conseguia ver um corredor negro, extenso, e ela via a si mesma correndo por ele, muito embora as roupas que usava fossem diferentes das quais chegara a Hogwarts.

Então ouviu uma risada fria, rouca e cruel, e soube que estava perdida.

— Adeus, sangue-ruim.

Hermione abriu os olhos em supetão, sentindo a cabeça doer como nunca. O que diabos fora essa lembrança, se tiver sido de fato uma? Quem falara com ela?

O que era um sangue-ruim?

Ela pensou que depois da terrível memória que tivera, não conseguiria dormir, mas se enganou. Deveria estar tão exausta que apagou logo que encostou a cabeça no travesseiro.

Acordou de supetão, não reconhecendo onde estava. Sentiu um aperto no coração e uma sensação de sufocação até notar que estava em seus novos aposentos, em Hogwarts, e que tudo estava relativamente bem.

O quarto era simples, quadrado, as paredes sendo de pedras, como toda a parte interna do castelo. A cama de solteiro, forrada com lençóis brancos, ficava ao lado da parede, e oposta a ela ficava um armário simples, que já estava com as roupas que Dumbledore lhe arranjara. Não sabia como ele as tinha e, sinceramente, não queria saber. O professor parecia ser um daqueles homens muito bons, mas cheios de mistérios, e Hermione já tinha mistérios suficientes em sua cabeça para se preocupar com seu patrão.

Olhou para a lista de tarefas que Dumbledore tinha deixado para ela e suspirou. Seria um longo dia.

(...)

— Ei, Tom. Espere!

O menino, que tinha acabado de passar por ela junto com o amigo loiro, parou e se virou, dando-lhe um meio sorriso.

Hermione nunca admitiria em voz alta, mas Tom Riddle era incrivelmente lindo. Ele tinha por volta de 1,80 metros de altura, uns vinte a mais que ela. Era atlético, não muito magro e nem muito forte. Seu rosto era terrivelmente simétrico, tirando pela sobrancelha direita, que era um pouco arqueada. O sorriso era bonito, mas frio e plastificado; ela conseguia dizer que ele não era muito dado a sorrisos. Mas, de longe, o que mais a atraia nele eram os olhos. Os dois orbes pareciam duas turmalinas negras que a convidavam para se perder nelas.

— Hermione? Hermione? — ele estalou os dedos na frente dela, e ela notou que estava perdida. O louro ao lado dele sufocou uma risadinha.

— Sinto muito — sentiu as bochechas ficarem vermelhas. — Você deve ser o senhor Malfoy, certo? — referiu-se ao louro, que lançou um sorriso malicioso.

A menina franziu o cenho, notando que o rosto de Malfoy era muito comum. Detestava com todas as suas forças a pessoa que lhe tirara a memória. Ela sentia que perdera tudo que ela era. Não sabia de nada, não conhecia ninguém.

Não era nada, tampouco se conhecia.

Reprimiu as lágrimas e forçou um sorriso para o louro.

— Abraxas, a seu dispor — tomou-lhe a mão livre e depositou um beijo ali. Hermione quis rir do ato, mas desistiu quando viu que o rosto de Tom estava mais fechado do que o usual — Pode me chamar pelo meu nome ou de Salvador de Brotos, bonitinha.

Hermione ia se pronunciar, mas Tom foi mais rápido:

— Não chame Hermione de bonitinha, Malfoy. — o tom era contido e Hermione percebeu que Abraxas se encolheu um pouco, como se tivesse medo de Tom.

— Abraxas — ela começou, não sabendo exatamente como perguntar. — Nós já nos conhecíamos antes?

Abraxas pareceu pensativo por um instante, mas depois negou lentamente, como se ainda estivesse em dúvida. Tom tinha os olhos arregalados, surpreso com a possível lembrança.

— Não que eu me lembre. Talvez você seja uma das minhas primas distantes. — Hermione murmurou um talvez em resposta, ainda com a dúvida na cabeça. Sentia que conhecia Abraxas, embora o sentimento que viesse junto com a familiaridade fosse muito negativo.

E, definitivamente, simpatizava com Abraxas.

— O papo está muito bom, mas eu tenho treino agora. Vejo vocês mais tarde — Abraxas se despediu dos dois, e antes de ir embora, voltou-se a Hermione — Vou mandar uma coruja pedindo uma árvore genealógica.

A menina agradeceu e logo ela e Tom estavam sozinhos. Todas as pessoas que passavam olhavam e ela se sentia muito desconfortável com isso. Em todo lugar que ia os alunos viravam a cabeça e cochichavam entre si. Hermione não sabia se antes era assim, mas agora detestava chamar a atenção.

— Eu queria lhe perguntar uma coisa — disse, sentindo a insegurança na voz. Ele assentiu, mostrando que estava ouvindo O que é ser um sangue-ruim?

A expressão de Tom se fechou na hora, e a garota soube que seja lá o que fosse não era bem visto aos olhos do sonserino. Quando falou, o tom de voz era frio e contido:

— Onde ouviu isso? Alguém te chamou assim? Lembra de ser chamada assim?

Empalideceu. Contava ou não sobre seu sonho? Parecia que se contasse, nunca teria a amizade do moreno, e ela queria muito isso. Mas ao mesmo tempo, mentir para ele parecia ser errado e perigoso. Os orbes de turmalina brilhavam em uma raiva contida, e ela sentiu, pela primeira vez, medo de Tom Riddle.

— Ouvi alguns alunos chamando um outro de sangue-ruim, mas não tive coragem o suficiente para me aproximar e perguntar. Ainda estou me acostumando com tudo aqui, só que ninguém parece ser muito receptivo.

Abaixou o olhar, voltando-o para o corredor cheio de alunos. Não gostava de mentir, e já sentia o peso da mentira contada em sua cabeça. Quando voltou a olhar para Tom, ele parecia menos irritado.

— Os sangues-ruins são aqueles que roubam a nossa magia, aqueles trouxas imundos que se apropriam do que é nosso e ainda se acham no direito de estudar aqui. Eles são a escória do mundo mágico, Hermione.

Ela empalideceu mais ainda, assentindo vagarosamente. Não tinha gostado de palavras tão duras terem saído da boca de Riddle. Parecia errado.

— E se eu fosse uma... sangue-ruim? — tentou sorrir ironicamente, mas tinha certeza que estava fazendo uma careta feia. Tinha ficado abalada com o que ele tinha dito.

Ele sorriu irônica e friamente, fazendo um trabalho muito melhor que o dela. Ele se aproximou, quase encostando os lábios em sua orelha.

— Então eu teria que te matar. — e foi embora.

Hermione nunca soube se ele falava sério ou não.

(...)

Olhava fixamente de um lado para o outro, acompanhando o professor de Transfiguração. Estava tonta já, e não conseguia entender como ele parecia estar tão bem andando de um lado a outro sem parar. Foi a primeira coisa que aprendeu sobre Dumbledore: ele passava tempo demais assim, indo de um canto a outro da sala, calado e pensativo.

Dumbledore parecia ser um homem com muitos problemas nas costas. Já se podia ver mechas grisalhas nos cabelos e barba acaju, e o olhar cansado por cima os óculos de meia lua. Ainda assim, ele parecia atemporal, jovial. Com uma esperança no olhar. Hermione já admirava Dumbledore, e não entendia como podia o fazer tão rápido assim. Assim como Abraxas, tinha a sensação de que já conhecia Dumbledore.

O que seria um absurdo, pois se já se conhecessem, Alvo falaria, e a orientaria para quem quer que fosse sua família.

Suspirou pesarosamente. Será que tinha família? Será que seus pais estavam preocupados com ela? Será que eram bruxos, trouxas ou os dois? Será que tinha irmãos? Detestava ter tantas perguntas e nenhuma resposta.

— Parece aflita, querida. Aconteceu algo? — ergueu os olhos para o professor, levemente assustada com a proximidade dos dois.

Ela sorriu de lado, admirando cada vez mais Dumbledore. Ele estava ali, se preocupando com ela, quando claramente tinha suas próprias dúvidas.

— Eu quem deveria perguntar-lhe isso, está há horas andando de um lado para o outro sem parar.

Ele soltou uma risada doce, quase feminina.

— Não se preocupe com as loucuras de um velho, Hermione. Conte-me como foi seu dia hoje.

Ela pôs-se a contar. Tudo em Hogwarts era familiar e ao mesmo tempo novo e estranho. Contou como quase fora atingida por um rato na aula de Feitiço, quando foi mandar uma mensagem para o professor. Falou também do bicho esquisito que subira em um aluno da Lufa-Lufa na aula de Kettleburn, Trato das Criaturas Mágicas.

Sua missão em Hogwarts era basicamente ser o correio de Dumbledore, mandando mensagens para outros professores, chamando alunos. Era algo cansativo, porém divertido.

— Senhor, é errado ser uma sangue-ruim? — resolveu perguntar, por fim, lembrando da atitude de Riddle.

Assim como Tom, o homem arregalou os olhos, mas diferentemente do sonserino, ele não parecia furioso, e sim assustado com o uso das palavras de Hermione.

— Onde ouviu isso?

Hermione não era burra. Sabia que não deveria confiar em qualquer um, e não confiava em Tom, ou Abraxas. O próprio nome Riddle já lhe causara estranheza na primeira vez que ouvira, como se houvesse algo errado com ele.

Entretanto, Dumbledore era diferente. Ele não parecia julgá-la, ou criminalizá-la. Então ela contou sobre a lembrança que tivera, onde corria por um corredor negro, fugindo de algo, e como uma pessoa desconhecida lhe chamara de sangue-ruim.

— Corredor negro, você disse? — a menina assentiu.

— Sabe de onde se trata, professor?

Ele negou, mas não parecia tão convencido assim. Quando voltou a falar, parecia distante:

— Esse é um termo preconceituoso que não deve ser usado nunca. Ele se refere a bruxos que vieram de famílias trouxas. Hogwarts é um lugar com muita aceitação, mas ainda assim existem aqueles que acham que o sangue e o berço do qual a pessoa veio mais importante que a integridade como bruxo. Afaste-se de pessoas assim, querida — aconselhou como um bom pai.

E como uma boa filha, Hermione obedeceu.

No primeiro dia que não viu Tom, usou a desculpa que estava ocupada. Ele não pareceu se importar muito, mas quando a mesma desculpa se estendeu pela semana que se seguiu, ela achou que finalmente ele perceberia que ela estava o evitando-o.

Era esquisito assistir às aulas de Dumbledore nas quais a Sonserina estava. Tom parecia não se importar com as transfigurações – apesar de executá-las com precisão -, e ficava o tempo inteiro encarando-a.

Ela, sem graça, fixava o olhar em Dumbledore e fazia algumas anotações, já que não podia praticar magia. Mas sentia-se exposta demais, sempre que conseguia algo para fazer, escapava da aula e do olhar devorador e acusador de Tom.

No décimo dia, ela passava apressada carregando uns cinco pergaminhos diferentes, que eram trabalhos que alunos variados lhe entregaram para repassar a Dumbledore. Fora um dia, de fato, ocupado, e ela estava torcendo para que acabasse logo e ela pudesse dormir.

Quase ninguém olhava para ela quando ela passava agora, e ela se sentia muito grata por isso. Alguns, principalmente da Lufa-Lufa, falavam com ela quando ela passava.

Ela olhava para o chão, apressando os passos para a sala de Dumbledore quando sentiu seu corpo ir de encontro com alguma coisa, caindo e derrubando os pergaminhos que segurava. Maravilha, pensou ironicamente.

Levantou-se sem esperar ajuda da oura pessoa e olhou para ver quem a tinha derrubado. A principio, só viu a cabeleira ruiva recolhendo seus pergaminhos, mas no momento em que seus olhos castanhos encontraram os azuis do jovem, sentiu seu coração parar de bater por um minuto e quase caiu novamente.

Você? — sua voz estava ofegante e uns dois tons mais fina.

— Desculpe, mas a senhorita bateu a cabeça?

Talvez tivesse batido, sua cabeça doía tanto que parecia que iria explodir. Suava frio, mesmo estando em um local fresco. Sentia que ia desmaiar.

Braços a rodearam antes de cair, mas ela ainda não tinha apagado. Sua mente girava em torno daquele garoto ruivo, alto e de nariz um pouco grande para o rosto.

Ela o conhecia, conhecia demais. Seu coração palpitou um pouco mais, sua cabeça doía como se estivessem batendo nela com uma bigorna.

— O que você fez com ela, Weasley?

Reconheceu a voz de Tom. Era ele quem a segurava.

Weasley, Weasley, Weasley.

Hermione queria gritar de dor, mas então um nome veio em sua cabeça. Apenas isso, antes de desmaiar.

— Ron?


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Críticas, dúvidas, sugestões? Comentem a opinião de vocês. Eu também estou no Twitter como @strngbird, caso queiram falar comigo ou acompanhar minhas esquizofrenias diárias.

Um beijão e até o próximo!