Bellamy Blake poderia descrever Clarke Griffin em uma única palavra: Encrenqueira. A loira arrumava confusão por onde quer que passasse, até mesmo quando não queria. Enquanto tomava seu segundo drinque, Bellamy avistou a garota servir outro cliente. Apesar de o horário ser considerado cedo para bebidas alcoólicas, o moreno não podia imaginar outra maneira de se impedir de pensar em Clarke além de beber.

Ele conhecia a garota há um bom tempo, ela e sua irmã, Octavia, eram amigas desde crianças. Clarke tinha vinte anos e trabalhava durante a tarde em um café para pagar as despesas do apartamento que dividia com Octavia, enquanto cursava medicina pela manhã.

Apesar de sempre ter classificado Clarke como uma garota bonita, Bellamy nunca imaginou que estaria na situação na qual estava, quase babando pela Griffin. Ele tinha que se lembrar a todo o momento de que ela era a melhor amiga da irmã e, principalmente, um ímã de encrencas.

Bellamy sentiu seu autocontrole praticamente se esvair quando observou Clarke mordendo o lábio enquanto se sentava no banco perto do balcão para passar os pedidos. Como ela podia ser tão linda?

– Quer algo mais, Bellamy? – O jovem de vinte e dois anos se assustou ao ouvir a voz de Clarke. – Você estava me encarando, então, deduzi que queria pedir algo. – Ela completou, mordendo o lábio novamente enquanto o olhava.

– Apenas a conta, obrigada. – Bellamy respondeu, tentando ignorar a provocação da loira, que assentiu e se virou para o caixa, sorrindo sugestivamente. No entanto, o sorriso lhe escapou dos lábios quando o homem em frente a mesa do Blake bateu na bunda de Clarke, deixando Bellamy exasperado e a ponto de socá-lo, porém, antes que pudesse fazer algo, Clarke alcançou a jarra de água gelada e a despejou na cabeça do idiota.

Bellamy podia dizer que ficou tremendamente orgulhoso dela naquele momento. Ele sabia que ela não prestava, porque continuou sorrindo para ele enquanto seu chefe gritava e a demitia. Clarke simplesmente pegou o dinheiro que o dono do café devia a ela e jogou nele o avental que fazia parte do uniforme.

Bellamy pagou sua conta e se retirou do café, uma vez que não havia mais nada que o interessasse por lá.

*

Uma semana depois, Bellamy continuava repetindo a mesma frase em sua mente, mesmo durante o treinamento que ele fazia para se tornar policial: Ela não presta. Corra o mais rápido que puder.

Por uma ironia do destino, ele estava fazendo exatamente isso: correndo. O Blake parou na frente da vitrine de uma loja de roupas para beber água e, ao se virar para continuar a corrida, viu Clarke arrumando as roupas dos manequins. Ele não pode resistir ao impulso de sorrir, o que resultou em um grande desastre, levando em consideração que quando Clarke notou que o sorriso dele era direcionado a ela, a loira acabou arrancando o braço do manequim feminino que ela deveria vestir. Quando o outro manequim também caiu, a chefe de Clarke percebeu o estrago causado e gritou.

Bellamy só pode fazer a sua melhor cara de arrependimento enquanto Clarke era despedida pela segunda vez no mesmo mês. Ela saiu da loja com a jaqueta em mãos e um revirar de olhos.

– Sinto muito por isso. – Bellamy disse, apontando para a loja.

– Não é nada. Eu nem gostava daqui, eu consegui um emprego numa loja de música, vou ficar melhor por lá. – Clarke disse, sorrindo, o que causou o surgimento de um sorriso bobo no rosto de Bellamy.

– Assim espero, encrenqueira. – Ele disse, para logo depois continuar sua corrida, deixando uma Clarke indignada para trás.

*

Na noite seguinte ao encontro de Clarke e Bellamy, ele estava num bar da cidade, junto de Jasper e Monty, conversando normalmente. Até que Clarke e Octavia adentraram o bar, atraindo o olhar de Bellamy, que foi cumprimentado por ambas, enquanto os dois amigos riam da cara de Bellamy ao ser abraçado por Clarke, alegando que ele correu um sério risco de babar pela garota. O pior de tudo era que os dois estavam certos.

Nada, absolutamente nada, pode correr tranquilamente na vida de Clarke Griffin, o que só foi confirmado quando Octavia deixou a amiga no bar para ir até o banheiro, o que foi uma surpresa, já que mulheres nunca vão ao banheiro sozinhas, Clarke acabou esbarrando no garçom, que derrubou sua bandeja em cima de Murphy, que se levantou indignado e começou a gritar com Clarke, que também gritou com ele.

Bellamy se levantou imediatamente e passou por cima de Jasper, que soltou um grunhido indignado, indo em direção a Clarke e Murphy.

– Algum problema? – Ele disse, encarando Murphy, que respirou fundo e se sentou novamente.

– Nenhum. – Murphy respondeu, ninguém seria estúpido o suficiente para arrumar uma briga com Bellamy.

– Então, peça desculpas para a Clarke. – Ele exigiu, recebendo um sorriso da mesma, o que fez tudo valer a pena.

– Desculpe. – Ele resmungou.

– Eu vou pensar no seu caso. – Clarke respondeu. Bellamy riu e pegou a mão da garota, a guiando para fora do bar, passando bem longe do segurança que os encarava.

– Encrenqueira deve ser o seu nome do meio, não é? – Ele questionou.

– Possivelmente. – Clarke concordou, quando eles pararam do lado de fora do bar, embaixo de sua fachada. – Obrigada, a propósito.

– Não foi nada. – Bellamy respondeu, então, sorriu.

– O que foi? – Clarke questionou, percebendo que o Blake a encarava.

– Apenas algo que eu pensei. – Ele respondeu, se aproximando dela.

– Sobre o que? – Clarke murmurou.

– Você está gravada na minha mente, sabia? E eu posso jurar que você está me causando um ataque cardíaco. Eu vejo uma silhueta cada vez que eu fecho os olhos. Eu digo que pra mim já chega, mas eu continuo voltando. Minha mente diz que eu deveria correr o mais rápido que puder, mas eu não o faço.

– Eu acho que sei por que você não corre. – Ela sussurrou no ouvido dele, os seus corpos estavam colados e Bellamy mal respirava.

– Por quê?

– Porque você não quer. – Clarke respondeu, mirando os olhos dele. Bellamy assentiu, incapaz de falar. Eles sorriram um para o outro, em seguida, não restava nenhum espaço entre eles, já que Clarke havia encostado seus lábios e Bellamy agarrado a sua cintura.

– Se você quiser, pode ser a minha encrenqueira. – Ele disse, Clarke o olhou, esperando encontrar divertimento em seu rosto, mas só enxergou sinceridade.

– Eu quero. – Sussurrou, o beijando novamente.