A Dream Twice escrita por laurakr


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Embora não tenha saído como eu planejava... Acho que me empolguei um pouco nesse capítulo, por causa do Tony SPAOSK eu gosto de imaginá-lo e de falar dele espero que gostem



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              Eu poderia perder a memória quantas vezes fosse possível,

Se quando eu acordasse fosse você quem estivesse segurando a minha mão.

    E eu não me importaria de te esquecer a cada vez que isso acontecesse,

             Porque eu tenho certeza de que eu me apaixonaria por você

                              Quando abrisse os olhos novamente.

 

 

 

Eu me pergunto... Se toda essa tristeza que parece me consumir agora... É pelo falo de tê-la feito sofrer novamente ou se é apenas egoísmo da minha parte por descobrir que todo esse tempo que passei afastado dela, acabou não adiantando para nada. Pensei que tinha tomado a decisão correta, pensei que sabia o que era melhor pra ela. Acabei me enganando... E como sempre, ela chega de uma hora pra outra e me surpreende, ela consegue virar o meu mundo de ponta cabeça. Mas se não o fizesse... Não seria Annie.

 

- Em que você está pensando agora?

 

Kate havia ficado do meu lado, durante todo o tempo que estávamos ali. Eu parecia uma criança, chorando desse jeito. Ainda estava apoiado sobre os ombros dela, enquanto suas mãos acariciavam meus cabelos vez ou outra. Nós nunca fomos muito bons com as palavras – Tony e Annie se encarregavam dessa parte... Sempre conseguiram expressar seus sentimentos facilmente – mas eu sabia que esse era o jeito dela de me confortar.

 

- Estou pensando... Se a Annie está bem.

 

- Não se preocupe, Leonard foi atrás dela.

 

- Leonard...? Porque?

 

- Eles... Meio que estão se dando bem.

 

Levantei o rosto e a fitei. Será que meus olhos... Eram tão vazios e tristes quanto os dela? Lembro-me da primeira vez que me olhou dessa forma... Como era possível... Alguém tão doce e alegre... Ter um olhar como esse? Ela pode parecer seca e indiferente para as outras pessoas, mas isso é porque ninguém a conhece. Nenhum deles estava lá para ver o brilho nos olhos dela se esvaindo e dando lugar a essa tristeza eminente.

 

- Isso não te revira o estômago?

 

- Para falar a verdade... Não.

 

Eu fiquei assustado... A primeira vez que vi Kate depois do acidente. Estava deitada na cama do hospital... Imóvel. Pálida e roxa ao mesmo tempo, um curativo na cabeça e uma agulha no braço, estava tomando soro pois se negava a comer. Mas não foi isso... O que mais me assustou. Foram os olhos... Tão... Sem vida... Que quase não a reconheci.

 

- O que está fazendo Lucas? Onde pensa que vai?

 

- Eu... Preciso ver uma pessoa.

 

Então eu tive medo, muito medo... Porque não sabia o que fazer, porque não sabia o que dizer. Eu fui um covarde... Passei quase uma semana naquele hospital, mas não tinha coragem de vê-la novamente. E sabe do pior? A pessoa que normalmente me ajudaria e me daria um conselho... Não estava mais ali para fazer isso. Eu estava sozinho.

 

- Aconteceu alguma coisa?

 

- Só estou um pouco confuso com algumas coisas...

 

- Algo que eu possa ajudar?

 

- Infelizmente não Annie.

 

- E não há ninguém que possa?

 

- Na verdade... Sim.

 

- Então o que você está fazendo aqui que ainda não foi procurar essa pessoa?

 

Será isso... O que chamam de um deja vu?

 

- Esse lugar não mudou nada mesmo... Ainda me dá calafrios, e ainda é estranho pra mim, te ver aqui. É tudo tão... Calmo... Que não combina com você.

 

Aqui estou novamente... Parado em frente ao túmulo do Tony, exatamente como dois anos atrás quando eu não sabia o que fazer. Depois do que Annie me disse daquela vez, a única coisa que eu conseguia pensar era “como posso me encontrar com alguém que já não está mais aqui?” E eu continuei a repetir essa mesma pergunta na minha cabeça, até me dar conta de que eu estava sendo um completo idiota. Como eu podia dizer que o Tony não estava mais aqui, se em cada um de nós ainda existia um pouquinho dele? Ele não havia partido totalmente, suas lembranças ainda estavam presentes em todos nós e eu ainda tinha que devolver aquele CD que ele me emprestou durante as férias. Então, como eu tinha coragem de dizer que ele não estava mais conosco? Nenhum de nós o deixaria partir, ele deixou uma marca em nossa vida, e ela havia se conectado com a dele desde o momento em que nos tornamos amigos. Eu precisava dizer isso a ele, mas eu não o sentia, era tudo tão... Irreal... Que eu tinha que encontrar uma maneira de me sentir próximo novamente. Foi por isso, que eu vim até aqui.

 

 

                      Você não vai se livrar de nós tão facilmente.

 

 

- Foi mal, por ter vindo sozinho de novo. Eu sei que não sou quem você gostaria de ver agora, mas dá um desconto pra Kate... Ela ainda não superou o fato de que a “abandonou”.

A deixou realmente brava ao fazer isso, talvez nunca te perdoe, mas eu sei que você sabe que ela te ama. A parte boa é que não foi sua culpa, não dessa vez pelo menos. Você sempre gostou de mexer com ela, não é mesmo? Parece que não mudou nada durante o tempo que passou. Eu também... Não mudei muito. Sempre que estou com problemas é pra você que eu venho pedir conselhos e já deve estar cansado disso. Provavelmente diria algo como “Nossa Lucas mas como você enche o saco! Nem mesmo morto eu consigo ter sossego e me livrar de você, será que nunca vai conseguir fazer nada sozinho?”

Ahahaha... Parece que sim... Mas hoje eu trouxe algo para te recompensar. Lembra-se daquela munhequeira que pegou emprestado na sexta série e nunca mais me devolveu? Não tirava pra nada... Estava com ela no dia do acidente também. Os caras do hospital a lavaram e entregaram pra sua mãe, mas como sabia que era minha ela achou que eu fosse querer de volta. A tenho levado comigo desde então.

 

Retirei o pedaço de pano preto desgastado que se encontrava em um dos meus bolsos, colocando-o sobre o pequeno monumento a minha frente.

 

- Parece que rasgou um pouco... Mas você gostava tanto de usá-la que tenho certeza de que não se importaria.

 

Fiquei perdido em pensamentos por alguns instantes, até me lembrar do motivo que havia me trazido a esse lugar novamente.

 

- Se lembra da última vez que estive aqui? Completamente perdido... Porque não sabia como conseguiria cumprir a promessa que te fiz?

 

- Ahh isso não é justo, porque eu tenho que sentar no meio de vocês dois?

 

- Deixa de ser chorona Kate... É porque você é muito fraca e alguém precisa te proteger.

 

- O que isso tem a ver? Eu quero sentar na janela!

 

- É pro seu próprio bem.  Se por um acaso eu não conseguir te proteger o Lucas está sentado do seu lado pra fazer isso no meu lugar, ele até mesmo me prometeu antes da gente sair que ia fazer isso!

 

- Ahahaha, claro, claro, é uma promessa...

 

- Alguém precisa é protegê-la de vocês, isso sim! Não liga não Kate, na volta eu te deixo sentar aqui na frente!

 

- Tá vendo seus idiotas? Se mexerem comigo, a Annie acaba com vocês!

 

- Se eu tinha ficado assustado daquele jeito com o estado de Kate... Se eu não era nem mesmo capaz de cumprir a promessa que te fiz, por mais boba que tenha parecido... Como eu seria capaz de estar ao lado de Annie quando ela acordasse e descobrisse a verdade? O que eu faria se seu olhar se tornasse tão vazio quanto o de Kate? Também veria a vida se esvaindo dos seus olhos quando ela se lembrasse de tudo o que havia acontecido? Eu estava sendo egoísta... Porque sabia que não seria capaz de fazer nada quando isso acontecesse... E eu sabia que não suportaria vê-la dessa maneira. Estava me sentindo tão... Impotente, tão... Inútil... Então me dei conta de que realmente nunca tinha sido capaz de fazer nada sozinho.

Você sempre esteve lá pra me ajudar, e eu sempre jogava todos os meus problemas e preocupações nas suas costas, porque era tão fácil... Porque eles pareciam insignificantes quando você os resolvia da forma mais óbvia o possível. Depois que você se foi eu percebi que na verdade não passava de um fraco que não conseguia nem mesmo cuidar das pessoas que amava. O chão desapareceu de baixo dos meus pés e eu me vi caindo em um abismo sem fim. Você sempre foi o tipo de pessoa que atraía todos a sua volta, era uma espécie de brilho próprio e a verdade é que assim como os outros, eu me sentia como um inseto perto de você... Era impossível não se sentir “atraído” por essa luz que te rodeava... Porque era como se você fosse capaz de fazer qualquer coisa, e era mesmo. Não importava o quanto conseguia encher a minha paciência, e quanto era irritante ver que as coisas pareciam tão mais fáceis pra você do que para qualquer outra pessoa, porque era simplesmente impossível te odiar. Você era o nosso suporte... E nossos olhos estavam tão acostumados em te ver brilhar fortemente todos os dias que quando a luz se apagou de uma hora pra outra, acabamos nos perdendo naquela escuridão interminável. Não sabia como dar o próximo passo... Não sabia para que lado deveria ir... Não sabia onde Annie estava e eu não conseguia enxergar a Kate... Era tudo muito escuro... E quando finalmente pensei que meus olhos estavam se acostumando com a escuridão... Quando eu pensei... Que finalmente havia encontrado a direção correta a seguir...

 

 

 

                                        Eu nunca me esqueci...

                                               Daquela vez....

                             Quando você ficou comigo no hospital...

 

 

 

-  Tudo voltou a ser como era antes... Escuro... Vazio... E eu estou sozinho novamente, sem saber o que fazer. Porque eu a amo tanto... Mas tanto... Que não seria capaz de rejeitá-la... Como eu poderia... Rejeitar Annie? Como poderia fazê-la sofrer por minha causa? Quando na verdade o que eu mais quero é abraçá-la e recuperar esses dois anos que passei afastado?

Eu me pergunto... Se não é egoísmo demais... Essa pontinha de felicidade que se abriu no meu coração ao saber que mesmo tendo se esquecido de tudo... Ela continua apaixonada por mim.

Mas eu sei... Sempre soube... Que essa era uma decisão sem volta. Quando decidi me afastar, eu sabia que a perderia para sempre. Qual seria a reação dela... Se descobrisse tudo agora? Cairia em um abismo tão profundo e amedrontador quanto o que eu e Kate caímos?

Eu sei que ela não será capaz de me perdoar. É por isso, que eu sabia que se escolhesse deixá-la... Não poderia voltar atrás.

 

 

- Você tem certeza de que quer mesmo fazer isso Lucas? Não está sendo egoísta demais?

 

- É egoísta demais querer que ela seja feliz Kate?

 

- Nós a perderemos para sempre...

 

- Eu... Sei disso.

 

- Mas não está certo, e eu sei que ela também não concordaria, não é justo... É da vida dela que nós estamos falando, são as lembranças DELA, não temos o direito de privá-la...

 

- Se você pudesse escolher... O que faria?

 

- O que quer dizer?

 

- Você sabe o que eu quero dizer... Escolheria passar por tudo isso que está passando?

 

- Não... É... Doloroso demais.

 

- Eu não quero privá-la de nada, sabe... Só não quero ter que vê-la sofrer e não poder fazer nada. Quero que ela continue a sorrir como sempre fez... E tudo bem se não estivermos por perto... Tudo bem se ela não se lembrar... De que algum dia... Fizemos parte da vida dela.

 

- E você vai abrir mão de tudo o que tiveram... Assim?

 

- Eu já disse... Que para vê-la feliz, não importa se tiver que me afastar.

 

- E se ela recuperar a memória?

 

- Se ela se lembrar de alguma coisa... Por menor que seja, até o fim da semana... Então eu desisto dessa idéia.

 

- Mas e se ela não lembrar?

 

- Então nós teremos que esquecê-la também...  Pra que ela possa ser feliz. 

 

 

- É por isso... Que eu não posso voltar atrás agora também. Eu ainda continuo um covarde. Porque eu não conseguiria salvá-la da tristeza... Tenho medo que ela caia nesse abismo... Porque se isso acontecer... Como seria capaz de resgatá-la, se eu mesmo ainda não consegui sair dele? Me desculpa Tony... Ainda continuo um fraco, e meus olhos nunca vão se acostumar com a escuridão que você deixou quando foi embora. Pode me xingar o quanto quiser, mas única coisa que eu posso fazer agora... Mesmo que ela me ache um crápula... É ficar longe. Eu não posso resgatá-la, mas posso impedir que ela caia. E essa... É a única maneira de fazer isso.

 

 

                         É errado querer alguém desse jeito?

 

 

- Lucas... O que está fazendo parado em frente ao túmulo do meu irmão?

 

Por mais que eu queira negar... É muito bizarro... Serem tão parecidos. Me virei, embora soubesse quem era. Não parecia confuso.

 

- Você o conheceu?

 

- Eu era amigo dele. O que está fazendo aqui? Pensei que...

 

- Tivesse com a Annie? Não, eu não fui atrás dela, como a Kate me pediu.

 

Porque eu não consigo gostar dele? Embora se pareça tanto com o meu melhor amigo, ele me irrita... Por algum motivo.

 

- E veio atrás de mim?

 

- Na verdade eu fui atrás de Kate, pra saber o porque dela ter ido atrás de você.

 

- E o que está fazendo aqui?

 

- Não sei, só fiquei irritado com a cena que vi na escola... E resolvi te seguir.

 

- Fica longe da Kate, só um aviso.

 

- Obrigado, mas nunca me dei bem com avisos...

 

- Eu to falando sério Campdell, não tenho nada contra você, mas se fizer qualquer coisa pra magoá-la... As conseqüências não vão ser das boas.

 

Ele deu um sorrisinho de escárnio.

 

- Parece que não devo seguir o seu exemplo então... 

 

Eu não queria ouvir aquilo, porque eu sabia que era verdade. Então simplesmente fui embora sem falar nada, antes que ele resolvesse me perguntar mais alguma coisa sobre o porque de eu estar ali. Nós não precisávamos de mais problemas. Enquanto andava pelas ruas movimentadas a caminho de casa, podia sentir os pingos de chuva que lentamente iam cobrindo o chão e escorrendo pelas minhas roupas, encharcando-as. Ao contrário do que faria normalmente, não me apressei em chegar em casa... Já não importava mais. A única coisa que pensava conforme a água ficava cada vez mais gelada devido ao vento forte, era em como Annie estaria... E se eu a tinha magoado demais.

 

 

 

                      Eu não me importaria de você perder a memória

                                      Quantas vezes fosse possível,                  

          Se quando acordasse fosse eu quem estivesse segurando a sua mão.

   E eu não me importaria de você me esquecer a cada vez que isso acontecesse,

                             Se fosse por mim que você se apaixonasse,

                              Toda vez que abrisse os olhos novamente.

 

 

            Eu me pergunto... Se não é egoísmo demais... Pensar dessa maneira.

 


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