A Dream Twice escrita por laurakr


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

AAAAH  vou surtar .__. ficou péssimo e curto, mas vou tentar melhorar no próximo >.



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                          É errado querer alguém desse jeito?

              É errado lutar por uma batalha que já está perdida?

               Então porque, não importa como sejam as coisas

                              Eu ainda tenho esperanças?

 

 

Sabe, eu estive pensando bastante sobre a última coisa que o Leonard me disse naquela festa.

 

“Ao contrário de você, eu tenho coragem pra correr atrás do que eu quero.”

 

Eu sei que eu nunca fiz nada pra que o Lucas soubesse dos meus sentimentos, mas o que fazer? Não posso simplesmente chegar nele e dizer “ei, eu te amo, me apaixonei por você desde aquele dia no hospital”. Seria patético e estranho.

O pior de tudo é que eu sei que ele não riria de mim ou coisa parecida, porque ele é uma boa pessoa. Provavelmente diria “sinto muito, mas eu já gosto de alguém”. Uma perda de tempo... Pra quê me declarar se eu mesma já sei o que vai acontecer?

Costumo ficar remoendo as coisas, quando elas me perturbam. Não é uma coisa boa eu sei, mas sou assim mesmo. E por isso, desde terça-feira eu estou tentando criar coragem para... Ok, isso é totalmente bizarro mas, estou criando coragem pra pedir um conselho a Leonard. Eu tenho vindo até a porta da sala dele todos os dias na hora do intervalo, mas toda vez que eu chego perto de abri-la me sinto uma idiota e a coragem simplesmente desaparece. Já cogitei a idéia de pedir ajuda a Kate – a menina nova – mas daí eu teria que contar a ela o que o Campdell me disse, e estaria colocando em risco o segredo dele.

É por isso que eu sempre juro a mim mesma que vou desistir desse amor platônico besta, mas toda vez que entro na sala... Não consigo evitar, é mais forte do que eu, a vontade de esquecê-lo já não existe mais quando o vejo e ele está com aquele sorriso bobo conversando com alguém. Ele consegue sorrir quando está triste. 

O seu mundo pode estar desabando e você pode não saber mais o que fazer para reconstruí-lo, a sua vida pode estar uma confusão que ele vai chegar até você com um sorriso no rosto, te consolar e dizer que tudo vai ficar bem e que não precisa se preocupar. Ele vai te ajudar sem pedir nada em troca e te fazer sentir melhor, e não importa se você nunca falou com ele antes, porque ele vai fazer isso apenas pra te ver sorrir, mesmo se a vida dele estiver mil vezes pior do que a sua. E isso... É o que eu mais admiro e o que mais odeio nele.

 

- Quando é que você vai criar coragem pra abrir essa porta e vir falar comigo?

 

Campdell e seu sorriso debochado, ele havia aberto a porta e agora me encarava. Eu senti vontade de sair correndo, mas a situação já era patética o bastante.

 

- Ah... Eu queria... É... Conversar com você...

 

- Lerda. Vamos pra outro lugar.

 

- Ok.

 

A maioria das pessoas descia pra quadra e para o páteo na hora do intervalo, mas sempre havia aquelas que preferiam ficar na sala de aula, e Kate era uma delas, portanto teríamos que encontrar uma vazia onde pudéssemos conversar melhor. Fomos então pra uma das salas inutilizadas no fim do corredor.

 

- Deixa eu ver se adivinho... Veio me pedir algum conselho sobre o Lucas?

 

- Acertou. Eu não sei o que fazer... Porque eu tenho que lutar por uma coisa que eu sei que não vai dar certo? Me dê um motivo pra fazer isso.

 

- Você mais do que eu deveria saber o motivo, você o ama.

 

- Mas eu não posso competir com o que ele sente!

 

- Porque você tá desistindo antes mesmo de tentar? Não passa de uma covarde.

 

Eu odeio o fato de ele falar as coisas enquanto dá esse sorriso idiota, faz parecer que não dá a mínima importância pro que eu to falando. Ele não leva nada a sério.

 

- Eu... Tudo seria mais fácil se eu pudesse competir com essa menina. Mas a verdade é que... Ela nem por perto está pra que eu possa fazer isso.

 

- Então... Você vai desistir por causa de um fantasma?

 

- Ela não está morta, se lembra? Ela não é um fantasma.

 

- Pra ele é, um fantasma do passado. E melhor do que um fantasma que desapareceu da sua vida, é alguém que está aqui agora do seu lado. Alguém real.

 

- É fácil pra você falar... Como é possível pra uma pessoa competir com esse tipo de coisa?

Como é possível competir contra essa lembrança? Ele ainda a ama, eu sei... É um tipo de sentimento que não dá pra tocar, sabe? 

 

- Mas não é justo... Que ele não saiba dos seus sentimentos, já que você sabe os dele.

 

- Você faria isso? Lutaria contra uma lembrança?

 

Ele ficou em silêncio então apenas continuei:

 

- Eu tenho medo da resposta, e embora já saiba qual seja ela... Não vou agüentar ouvir isso da boca dele.

 

- Se você não quer ouvir então fala tudo pra ele e sai correndo.

 

- Que coisa mais idiota de se fazer.

 

- Idiota é ficar aí se lamentando e pensando em como poderia ter sido. 

 

Agora foi minha vez de ficar em silêncio. Eu já sabia o que deveria fazer, estava apenas inventando desculpas e tentando fugir como de costume.

 

- Nós definitivamente não estamos na mesma situação Annie.

 

- Tem razão, obrigado pelo conselho Campdell, até mais.

 

Eu não entrei na aula depois daquela conversa. Precisava pensar melhor sobre as coisas... Sobre o que deveria fazer. Comecei a me lembrar de como era quando ele estava perto de mim... No hospital. De como ele estava sempre lá quando eu adormecia e também quando eu acordava, sempre segurando a minha mão, e não a soltando nem por um segundo. E de como eu tinha medo de que ele desaparecesse no momento seguinte. De como era amedrontador dormir e pensar que ele poderia já não estar mais lá quando eu acordasse. E de como eu queria dizer tudo isso pra ele mas não podia. Eu queria que ele prometesse não desaparecer da minha vida, queria que ele não quisesse desaparecer da minha vida.

 

- Você... Não vai embora... Não é?

 

- Eu fiz uma promessa, se lembra?

 

- Mas...

 

- Eu nunca quebro uma promessa.

 

E ele nunca o fez... Eu o libertei. Quando eu saí do hospital, ele já tinha ido e eu nem sequer sabia o nome da amiga dele... Será ela a menina da qual teve que se afastar? E seu amigo? Era muito importante? Eu gostaria de ouvir histórias sobre a amizade deles... Gostaria que o Lucas tivesse me contado... Eu queria ter feito parte da vida dele. Gostaria de ser tão importante pra ele quanto ele é pra mim. E Leonard está certo... Não é justo que ele não saiba disso... Não é justo guardar esse sentimento tão grande só para mim. E tudo bem se ele não corresponder... Eu só quero que ele saiba que há alguém nesse mundo que o ama tanto quanto ele ama a garota que perdeu. É por isso que me decidi. Quando deu o sinal para a última aula eu entrei na sala e deixei um bilhete em sua mesa que dizia:

 

“Lucas, preciso falar com você.

Quando der o sinal espere que

       todos saiam da sala.

 

                                        Annie.”

 

Sinceramente, eu não sei como fazer isso e nem acredito que estou prestes a fazer. Não faço a mínima idéia do que dizer, e embora eu seja ótima em decorar textos já me esqueci de todos que se formaram em minha cabeça nessa última aula. Mas eu me decidi, e não vou fugir agora... Não dessa vez.

 

Não vou te deixar partir apenas por medo.

 

Eu ouvi o sinal bater, e então todos começaram a arrumar suas coisas,  meu coração batia mais forte conforme a sala ia ficando vazia. Ele se levantou e veio até mim quando a última pessoa saiu, parecia preocupado.

 

- Aconteceu alguma coisa Annie?

 

Porque tão nervoso?

 

- É... Eu tenho algo importante pra te dizer.

 

- Ah... Pode falar... Estou ouvindo.

 

O que eu falo?!

 

- Você deve se lembrar... De quando eu perdi a memória à dois anos atrás, não é?

 

Porque ele parecia tão desconfortável?

Era o meu coração que estava quase saindo pela boca!

 

- Sim... Você por acaso se lembrou de alguma coisa?

 

- Não, não é nada disso... A verdade é que não sei como falar... Eu estive pensando sobre isso a semana toda, se deveria te dizer ou não... Mas uma pessoa me fez ver que não era certo manter isso em segredo por mais tempo.

 

- Estou confuso Annie...

 

- Eu nunca me esqueci... Daquela vez.... Quando você ficou comigo no hospital...

 

Ele me olhou surpreso, e por um momento eu fiquei completamente assustada e tentada a mudar de assunto, mas eu não podia fugir de novo... Então eu fechei meus olhos e comecei a falar antes que eu desmaiasse ou tivesse um ataque cardíaco.

 

- Porque eu sentia como se te conhecesse...? Porque eu te queria cada vez mais perto...?

Essas perguntas estão sempre indo e vindo e nunca saem da minha cabeça... Naquela época  eu fiz você sentir pena de mim e cumprir uma promessa sem fundamentos apenas pra que não se afastasse... Porque eu não queria soltar sua mão. Eu te queria só pra mim... Eu queria fazer parte da sua vida... Eu quero fazer parte da sua vida. Não deixei de pensar em você um dia sequer, e não é porque foi você a primeira pessoa que vi ao acordar... Seria besteira me sentir assim por uma coisa boba que nem essa. A verdade... É que eu me apaixonei por você... Desde a primeira vez que eu te vi.

 

Meu coração estava a ponto de sair do meu peito de tão rápido que batia, mas eu tinha que falar mais... Sem que ele me interrompesse. As lágrimas caiam, conforme as palavras saíam da minha boca.

 

- Mas... Quando eu fiquei sabendo... Que você segurava a minha mão apenas por pena e não porque me conhecia... Eu senti que poderia morrer... Quando eu descobri que você estava em uma situação pior do que a minha e mesmo assim continuava ao meu lado, sorrindo, eu quis te xingar... Porque você estava fazendo aquilo? Porque você me ajudou quando na verdade quem estava precisando de ajuda era você? Porque quando eu te livrei daquela promessa você simplesmente foi embora? Porque não pediu a minha ajuda? Eu te devia isso! Eu queria te ajudar, eu queria estar do seu lado e segurar a sua mão, eu te fiz uma promessa também... Então porque você agiu como se não me conhecesse?

Sabe... Eu só queria te ver feliz... Eu trocaria de lugar com a garota que você perdeu, apenas pra te ver feliz... 

 

Eu não saberia te dizer qual expressão Lucas tinha no rosto agora. Eu não consegui enxergar um palmo diante dos meus olhos porque as lágrimas eram tantas que tudo estava embaçado, e eu não conseguia mais falar... Aliás, eu não sei se ele entendeu tudo o que eu disse por causa da voz embargada que eu tinha. Como ainda não tinha terminado decidi que seria melhor não enxergar o rosto dele, então após me acalmar um pouco eu continuei:

 

- Me desculpa por estar falando isso só agora, depois de dois anos... Eu sei que você provavelmente já deve ter esquecido dessas coisas, mas eu não me esqueci... E eu precisava que você soubesse. Eu não tenho a ilusão de que você vai me corresponder, porque eu sei que você já gosta de alguém, mas eu também não estou falando isso pra ter uma resposta ou coisa do tipo. Eu apenas queria que você soubesse... Que eu te amo desde aquele dia... E que você me salvou aquela vez... Sinceramente não sei o que seria de mim se você não estivesse do meu lado segurando a minha mão... Mesmo que tenha feito tudo aquilo por pena... Essa é a lembrança mais preciosa que eu tenho nessa minha vida sem respostas.

 

- Annie... Eu...

 

Eu não queria ouvir, limpei as lágrimas dos meus olhos e o encarei. Não deixei que ele dissesse mais nada.

 

- Sabe... Eu poderia perder a memória quantas vezes fosse possível, se quando eu acordasse fosse você quem estivesse segurando a minha mão. E eu não me importaria de te esquecer a cada vez que isso acontecesse, porque eu tenho certeza de que eu me apaixonaria por você quando abrisse os olhos novamente.

 

Dessa vez eu podia vê-lo... Parado em frente a mim. Eu tinha acabado de falar todas essas coisas pra ele sem pedir nada em troca. Eram os meus mais puros sentimentos, que estiveram guardados durante esses dois anos em que não trocamos nada mais do que cumprimentos. O que mais me doeu... Foi que eu não precisava de palavras para saber a resposta dele. Quando o olhei... O único sentimento nítido em seus olhos... Era tristeza. A tristeza mais profunda do que já vi em qualquer outros olhos. Mais profunda... Do que quando ele foi embora depois de ter perdido as duas pessoas mais importantes que tinha. O meu coração, que a alguns minutos estava quase saindo do peito? Provavelmente devia ter saído mesmo, porque o vazio que eu estava sentindo agora, não poderia ter outra explicação senão essa.

 

Eu não queria mais ficar ali, então fiz o que deveria ter feito antes de vê-lo naquele estado: saí correndo. 

 

 

 

 

                              É errado querer alguém desse jeito?

                É errado lutar por uma batalha que já estava perdida?

                   Então porque, não importa como sejam as coisas

                                  Eu ainda tinha esperanças?

                 

                   Porque esse sentimento que é tão feliz pra mim

                               O fez me olhar daquele jeito?

                 Como é possível  sentir tanta inveja e raiva assim

         De uma pessoa que eu nunca vi e nem sequer sei o nome?

               Se eu fosse como ela... Ele se apaixonaria por mim...

                             Como sou apaixonada por ele?

                        

                         Acho que nunca saberei a resposta.

 


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