Segredos Amargos escrita por S Pisces


Capítulo 7
Capitulo 7




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Durante todo o resto do dia, a ruiva parecia absorta. Preparou relatórios, auxiliou Maria em sua própria missão e volta e meia, seus pensamentos voltavam aquela maldita noite.

“Okay, o que está acontecendo?” a morena pergunta abruptamente. Seus olhos azuis exigindo uma resposta. A ruiva morde o lábio em indecisão.

Aquela novidade estava mexendo com ela, a movimentação poderia significar alguma coisa da mesma forma que poderia não significar nada. Talvez algum parente distante tivesse decidido reivindicar seu direito sobre a herança. Ela estava agindo precipitadamente. Com um suspiro derrotado ela decide contar.

“Alguém movimentou uma das contas do Ian Harrison.” Os olhos azuis da morena transparecem surpresa. “Mas o Nick ainda não sabe quem.” Completa.

“Depois de tanto tempo... isso é estranho.” A morena parece preocupada e de certa forma, a ruiva fica feliz com tal reação. Ela não estava sendo paranoica.

“Eu sei.”

“Alguém sabia da existência dessa conta? digo, algum parente ou pessoa próxima?” Natasha ergue uma sobrancelha pensativa.

“Aparentemente não.” Ela havia se passado por interesse amoroso de Ian, dessa forma, poderia arrancar várias informações dele. Ou assim ela pensava.

“Se você quiser, podemos fazer nossa própria investigação.” Maria sugere e a ruiva abre um sorriso.

“Vamos dar um tempo... o Nick vai me manter informada. Se até o final do mês ele não conseguir nada, nós entramos em ação.” Maria concorda e as duas voltam ao trabalho.

Os dias passam rápido e graças à boa calmaria que se abateu sobre sua vida, Natasha esquece quase que completamente a nova informação sobre o seu até então, caso encerrado. O trabalho segue sem novas missões, seu ombro suturado finalmente fica bom, não passando de uma fina linha rosada e a crise com seu marido parecia resolvida.

“Vai ser divertido, você vai ver....” Steve comenta enquanto terminava de se arrumar.

Ele e a esposa iriam para a festa de 4 anos da sobrinha de Steve, India. Steve estava super animado, afinal, além de tio era padrinho da menina, enquanto Natasha temia que o contato com tantas crianças acabasse trazendo à tona novamente o assunto ‘filhos’ e isso culminasse em briga.

“Claro que vai, muitos doces, bolos, gritaria. Nada melhor em uma tarde de domingo.” Natasha concorda com ironia, mas seu marido apenas ri e a abraça.

“Você pode ao menos fingir que está se divertindo. A India te adora. Faz esse sacrifício por ela?” pergunta fazendo bico.

A ruiva revira os olhos, mas acaba concordando, Steve sempre fazia o que ela queria, não custava fazer o mesmo por ele de vez em quando.

“Mas quando chegarmos, vou querer uma massagem.” Ela avisa e ele sorri malicioso.

“O que você quiser...” ele sussurra e os dois se beijam e por alguns segundos ambos parecem inclinados a desistir da festa.

“Melhor irmos, antes que você me convença do contrário.” Steve fala e a ruiva morde o lábio dele.

“Eu posso tentar.” Ela avisa e ele ri, se afastando.

“Acho melhor não.” Ela revira os olhos.

“Mas e ai? Como estou?” ela pergunta erguendo as mãos em dúvida.

Normalmente ela não teria problemas para se vestir, mas como o evento era uma festa de criança ela tinha medo de exagerar demais ou ir simples demais. No final acabou optando por calça jeans escura, uma regata verde e uma camisa de manga longa também verde mais num tom mais escuro por cima, o que ressalta seu ruivo natural. E claro, salto alto.

Steve a analisa de cima a abaixo, põe a mão no queixo e faz caras e bocas. Aquilo definitivamente tirava a ruiva do sério.

“Quer saber? Não importa!” ela perde a paciência e o loiro ri.

“Você está linda!” ele exclama “sempre está.” Afirma arrancando um sorriso da esposa.

“Obrigada.” Ela agradece e pega uma pequena bolsa. “Vamos logo.”

Depois de uma pequena discussão sobre em qual carro ir e outra sobre quem iria dirigir, Steve acaba no banco do carona do seu próprio carro. Natasha pisa no acelerador e dirige a 80km/h em uma rua que a velocidade permitida é de 50. Ela recebe vários olhares e reclamações de Steve, mas as ignora. Se havia uma coisa que a ruiva gostava era de velocidade.

“Chegamos!” ela anuncia parando atrás de uma mini van.

Ambos saem do carro e se dirigem a uma casa na qual algumas crianças correm pelo gramado.

“Meu Deus...” Natasha sussurra vendo a completa bagunça.

“Legal não?” Steve pergunta com os olhos brilhando.

“Muito.” Responde, embora o que ela quisesse mesmo dizer era o quanto aquilo devia se assemelhar ao inferno.

Eles adentram a casa, na qual mais crianças correm, pulam, brincam, gritam. Os adultos ali presentes parecem nem se importar mais com tudo aquilo.

“Steve!” a voz gutural do grande irmão também loiro se faz ouvir acima do barulho. “Que bom que vieram!” ele abraça o irmão e em seguida a cunhada, que precisa ficar na ponta dos pés.

“Nossa, quanta criança...” Natasha comenta e Thor gargalha.

“Toda a vizinhança e a turma do jardim de infância.” Informa.

“Onde está a aniversariante?” Steve pergunta e em seguida um ‘tiiiioo’ é ouvido. A pequena garota corre e se joga nos braços de Steve que a pega no ar. “Feliz aniversário linda!” Steve deseja e entrega o presente a garota que rapidamente desfaz o embrulho.

“É lindo!” a garota exclama ao ver a grande caixa do trenzinho. “Você vai me ajudar a montar tio?” pergunta.

“Claro lindinha.”

“E você tia Nat?” a menina pergunta, voltando seus grandes olhos na direção de Natasha que assistia a cena com um sorriso no rosto, mas com certa apreensão.

“C-claro!” ela gagueja. A menina vai para o chão e em seguida sai correndo levando o tio pela mão.

“Acho que vou procurar a Jane.” Natasha avisa sem graça, observando Steve no meio das crianças.

“Ela vai ficar feliz em te ver.... e Natasha, sei que não é da minha conta, mas seja paciente com o Steve. Você sabe que nós perdemos nossos pais cedo e ele sempre quis ter uma família completa. Meu irmão te ama e tenho certeza que vão chegar a um acordo.” Thor fala baixo próximo a ruiva.

“Obrigado Thor.” Ela agradece com um sorriso singelo e vai à procura da morena.

Na cozinha, várias mulheres riem e conversam, e é onde Natasha encontra Jane. A morena ajeitava alguns pratos e assim que viu a cunhada foi até a mesma, a abraçando.

“Nat! Que bom que veio, fico muito feliz!” ela fala e rapidamente apresenta Natasha as outras mulheres.

Elas conversam e por mais que Natasha tente, parece meio deslocada ali. Todas são mães ou estão gravidas e quando é questionada acerca da maternidade, ela não consegue esconder seu desconforto. Jane nota isso e rapidamente muda o foco da conversa para a mais nova notícia. Ela está gravida e esperando gêmeos. As mulheres riem e a parabenizam e Natasha faz o mesmo.

“O Thor já sabe?” Natasha pergunta.

“Ainda não contei” Jane responde “vou fazer uma surpresa!” ela confidencia.

“Pode ter certeza, ele vai ficar muito surpreso!” Uma das mulheres exclama e Natasha ri.

“Você pode segura-lo um pouco?” uma mulher para ao lado de Natasha e estende um bebê de quase 1 ano.

“Não, eu...” Natasha até tenta recusar e se desvencilhar, mas quando percebe o bebê já está desajeitadamente nos seus braços.

Ela olha aquela pequena criatura e não consegue disfarçar o terror e ao mesmo tempo a emoção de segurar aquela vida indefesa. Ela engole seco. Os pequenos olhos azuis continuam a observando, e ao erguer os próprios olhos ela se depara com um novo par de olhos azuis a lhe encarar. O sorriso que nasce no rosto do marido assistindo aquela cena faz um arrepio percorrer sua espinha.

Ela tenta sorrir de volta, mas é quase doloroso fazê-lo. As crianças que seguravam as mãos do loiro o arrastam para longe e assim que a mãe do pequeno o retira dos braços da ruiva a mesma corre para fora, em busca de ar.

Ela não nascera para ser mãe. Como poderia depois de tudo o que passara durante sua infância, com uma mãe que a negligenciara? Provavelmente seu filho acabaria a odiando da mesma forma que ela odiava a própria mãe. Não! Ela não suportaria isso. Falhar com alguém que precisava que ela fosse forte, lhe desse apoio e amor... mas como ficaria Steve? Havia ele naquela equação. Novamente os olhos azuis preenchem sua mente. A alegria e emoção presentes neles, ao vê-la segurando uma criança que nem mesmo era sua.

Lagrimas brotam em seus olhos, mas ela as obriga a permanecerem ali. Não poderia chorar, não ali com várias pessoas prontas para julgá-la. Respirando fundo várias vezes, ela se acalma o bastante para adentrar a casa, mas não para encarar as expectativas do marido.


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Notas finais do capítulo

Desculpem qualquer erro, não tive muito tempo para corrigi-lo.
Bom fim de semana para vocês e obrigada!