As pálpebras do homem tremeram enquanto ele lutava para abrir os olhos, a cabeça doía intensamente assim como sua virilha. Ele ouve duas vozes femininas e sua mente é invadida pelas lembranças do que aconteceu. Os olhos verdes são abertos abruptamente e ele tenta levantar, contudo, é impedido pelas amarradas que o prendem numa cadeira.

“E a Bela Adormecida finalmente acordou.” Natasha comenta debochada atraindo a atenção de Maria.

“O que vocês querem?” o homem questiona com o semblante sério.

“Quem faz as perguntas aqui somos nós... Sr. Barton.” Maria devolve e o homem range os dentes, irritado.

“Ex agente da CIA, que se bandeou para o mundo do crime.” Natasha começa “Você tem uma ficha invejável, habilidades incríveis, uma mira impecável, ótimo com computadores... o que te fez abandonar a CIA?”

“Não acho que eles reconhecessem meus talentos.” O homem retruca desdenhoso. “Meio injusto vocês saberem tanto sobre mim e eu nada sobre vocês, não acham?” os olhos verdes voam de uma mulher para a outra.

“Primeiro, você responde nossas perguntas, depois... nós vemos o que podemos fazer por você.” Natasha sugere.

“Tudo bem ruivinha.” O homem concorda relutante.

Natasha franze a testa diante do novo apelido e do fato do homem ter concordando tão rapidamente.

“Você não vai questionar? Opinar?” Maria pergunta tão descrente quanto Natasha.

“Eu estou amarrado, minha cabeça está latejando e provavelmente nunca vou ter filhos.” Encara Maria que sorri convencida “não me parece que tenho muitas opções.”

“Você fica mais inteligente a cada minuto.” Natasha o parabeniza.

Obviamente ela estava – porque não dizer – se divertindo com a situação. Clinton Francis Barton era um cara claramente inteligente e esperto, se ela descobrisse o que ele fazia ali, seria mais fácil obter as informações que queria.

“O que você veio fazer aqui Barton?” Natasha começa o interrogatório.

O homem suspira e fica em silêncio, pensativo. Natasha começa a cogitar a ideia de que ele não irá colaborar quando o homem ergue a cabeça, os olhos cheio de verdade.

“O Jeremy Curtis é meu sobrinho.” Começa “A mãe dele me pediu que viesse aqui tentar colocar algum juízo na cabeça dele, mas a casa estava vazia.”

“Porque ela pediu isso a você?”

“Digamos que eu fui o que chegou mais perto de uma figura paterna na vida dele quando garoto. A mãe dele esperava que eu ainda tivesse alguma influência sobre ele.”

“Você é irmão dela?” Maria pergunta curiosa.

“Sou irmão do ex marido dela.” Esclarece.

“E onde seu irmão está?’

“Morto.” Responde num tom soturno.

“Okay, que seja, eu quero saber no que exatamente seu sobrinho estava envolvido.” Natasha retoma o interrogatório.

“Infelizmente eu não tenho a resposta para essa pergunta.” Clint suspira “Quando eu cheguei a casa já estava vazia. Não encontrei nada, nenhum resquício de qualquer coisa que pudesse me ajudar a encontra-lo.”

“Será que ele também foi morto?” Maria pergunta pensativa.

Natasha bufa frustrada.

“Ele não pode ter sido morto, caso contrário, voltamos à estaca zero!” Natasha exclama “Além do mais, além da bagunça causada por nós, a casa parece intacta, sem sinais de luta ou algo do tipo.”

Mesmo sabendo que haveria infinitas possibilidades de matar alguém sem causar nenhum dano ou deixar vestígios, ela se apegava a ideia de que o homem ainda estava vivo.

“Porque vocês acham que ele está morto?” o homem pergunta num tom duro “Eu respondi suas perguntas, acho que está na hora de vocês responderem as minhas.”

As duas mulheres trocam um olhar rápido e se viram para o homem.

“3 perguntas.” Natasha diz por fim.

“O que vocês sabem sobre o Jeremy?”

“Ele participou de uma armação para descobrir informações sobre um dos nossos agentes e 3 dos 4 homens que participaram dessa armação estão mortos. Você obviamente já percebeu quem é o sobrevivente. Não sabemos quem foi o mandante, e o que ele realmente quer.” Natasha conta uma versão dos fatos.

“Okay... e o que vocês sabem sobre esse ‘mandante’?”

“Eu já disse que não sabemos nada.” Natasha afirma e o homem dá um leve sorriso.

“Por favor, sejamos honestos, afinal o tempo está passando...”

Maria olha de soslaio para Natasha que parece pesar suas opções.

“Nós realmente não sabemos.” Natasha suspira pesarosa “Temos algumas suspeitas, mas ainda estão bastante vagas.”

“Se você me contar o que sabe, por mais vagas que sejam suas suspeitas, eu posso ajudar.” Clint oferece.

“Ajudar? Não precisamos da sua ajuda.” Natasha desdenha.

“Não é o que parece.” Ele comenta rindo e Natasha o fuzila com os olhos. “Qual é, eu também tenho interesse nessa história, meu sobrinho está envolvido e pelo que vocês disseram está correndo risco de vida.”

“Há alguns anos um chefe do tráfico foi morto e agora uma das suas contas foi movimentada ao mesmo tempo que seu sobrinho participou da armação para descobrir sobre o nosso agente.” Maria explica resumidamente.

“E esse agente é o mesmo que matou o traficante?”

“O mesmo.” Maria confirma.

“Uou... parece que alguém está ferrada.” Ele comenta rindo e encara Natasha.

“Você ainda tem uma última pergunta.” Ela avisa ríspida.

“Eu vou ajudar vocês”

As duas mulheres encaram o homem confusas.

“Não precisamos da sua ajuda!” Natasha exclama irritada.

Maria caminha até a ruiva e dando as costas ao homem que permanecia sentado sussurra.

“Talvez ele seja útil.”

Natasha arregala os olhos.

“Você só pode estar brincando.”

“Não Nat, é sério. Olha, sei que você odeia admitir que precisa de ajuda, mas as coisas estão realmente complicadas. O Jeremy era nossa única chance e ele sumiu como fumaça. Não vamos conseguir esconder isso por muito mais tempo.”

Natasha sabia que Maria estava certa e tinha que admitir que viver sob a perspectiva de ser atacada a qualquer momento estava mexendo com seus nervos.

“Podemos fazer um acordo.” O homem sugere fazendo as duas o olharem. “Eu ajudo vocês a encontra-lo e depois de esclarecer as coisas, vocês o liberam e eu sumo da vida de vocês... o que acham?”

Maria observa Natasha com expectativa. A palavra final era da ruiva, afinal, era a vida dela que estava na balança.

“Okay. Você venceu.” Natasha diz por mim. “Mas temos algumas regrinhas: Você faz o que mandamos, não questiona nossa autoridade e nunca mais me chama de ‘ruivinha’.” Esclarece.

“Justo.” Clint concorda. “Então, agora que somos companheiros, vocês podem me soltar?”

Natasha e Maria bufam descrentes.

“Você se livrou das cordas a mais de 15minutos.” Maria comenta e Clint ergue as mãos mostrando a corda partida.

“Se vocês perceberam porque não fizeram nada?” pergunta num misto de surpresa e curiosidade.

“Pra deixar você achar que tinha tudo sobre controle.” Natasha explica com um sorriso convencido.

Clint termina de se livrar das cordas e segue as mulheres para fora da casa.

“Então, qual será o nosso próximo passo?” questiona enquanto flexiona os braços.

“Nós vamos voltar para New York... e você vai esperar nosso contato.”

“E posso saber quando será?”

“Apenas esteja disponível.” Natasha fala e entra no carro, batendo a porta em seguida.

As duas acenam brevemente para o homem que permanece parado na calçada vendo o carro sair da vaga e rapidamente se afastar.

“E eu nem peguei o número delas.” Comenta para si mesmo e em seguida, vai embora.

Dentro do carro, as duas analisam o que tinha acabado de acontecer.

“Espero que esse cara seja realmente útil, porque se o Nick descobre que estamos nos ‘misturando’ com desertores, estamos ferradas.” Natasha fala apreensiva.

“Você viu a ficha dele.” Maria responde curta e Natasha a encara.

“Não acredito.” Murmura.

“O quê?” Maria pergunta sem entender.

“Você gostou dele!” a ruiva exclama e Maria arregala os olhos.

“Acho que o soco que você recebeu afetou o seu cérebro.” A morena comenta evasiva.

“Okay, se você não quer admitir, eu não vou ficar te importunando.” Natasha diz e a morena sorri agradecida. “Mas que você gostou, gostou.” Afirma com um sorriso debochado na cara.