The Slytherin Champion escrita por Magarax


Capítulo 1
Capítulo Primeiro — QUANDO TUDO MUDOU




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— Cassius Warrington! – Dumbledore leu o nome do aluno sexto-anista da Sonserina no pedaço de papel chamuscado que acabara de sair do Cálice.

Cassius se sentiu atônito. Tinha botado seu nome no Cálice faltando dois dias para a seleção fechar e de tanto ouvir rumores sobre o quanto Cedrigo Diggory era o mais qualificado para ser o campeão de Hogwarts no Torneio Tribruxo tinha desanimado com a sua candidatura. Porém, mesmo desnorteado, seus colegas da Sonserina logo o fizeram voltar a realidade, gritando e pulando, soltando pequenas faíscas verdes e pratas com suas varinhas. Era difícil ver uma expressão de felicidade genuína vindo de uma casa tão famosa por sua frieza.

Então ele se levantou e percebeu que essa felicidade vinha apenas dos alunos da sua casa. Zumbidos e murmúrios vinham da Grifinória, Corvinal e Lufa-Lufa e do pouco que conseguiu compreender se resumia no quão contraditório era um campeão da Sonserina. Isso não incomodou Cassius nem um pouco, já estava acostumado com esse tipo de tratamento e apenas continuou andando em direção à mesa dos professores.

Como sempre se sentava perto da saída do Salão Principal, levou um certo tempo para chegar a outra ponta e, no meio do trajeto, pôde observar a expressão de desgosto que Harry Potter carregava no rosto. “Nem sempre tudo se resume a você, Potter” pensou Cassius, sorrindo ao olhar para frente. Dumbledore o cumprimentou com o velho sorriso carismático e olhos semicerrados atrás dos óculos meia-lua e orientou para que ele entrasse na porta a direita e esperasse com os outros campeões até que a cerimônia se encerrasse, para que pudessem receber as primeiras instruções do Torneio.

Antes de andar em direção a porta, deu uma última olhada para onde os alunos da Sonserina se amontoavam, ainda vibrando com a escolha do Cálice, e viu Marcus Flint olhando para ele com um sorriso amarelado e meio torto, talvez um pouco envergonhado com a declaração feita por Lee Jordan sobre Cassius, onde Flint só teria escolhido ele para ser o novo artilheiro no lugar de Adrian porque era mais alto e musculoso.

A porta abriu-se assim que ele se aproximou, revelando um corredor mal iluminado, pelas chamas trêmulas das tochas que estavam presas nas paredes, que dava para uma sala muito parecida com uma sala de estar de alguém que gostava bastante de ler. Ao entrar na sala, se deparou com várias estantes de livros, a maioria deles cobertos por teias de aranha que davam uma aparência de abandono ao local, muito embora o chão provasse o contrário, estando excepcionalmente limpo. No centro, uma lareira de tijolos marrons crepitava calmamente, emanando um calor aconchegante ao restante do cômodo. A tela de proteção era um show à parte: o padrão dos fios alternava conforme a intensidade da conversa ia mudando, criando mosaicos durante uma conversa contemplativa ou formas retilíneas e frenéticas durante uma discussão acalorada. No momento, como não havia nenhuma conversa para reagir, a tela brincava com formas onduladas misturadas ao balanço do fogo.

Viktor Krum se encontrava atrás de uma poltrona de veludo vermelho, observando a chuva que caia solenemente naquela primeira noite de Outono. Fleur Delacour estava sentada em uma poltrona igual do outro lado da sala, lendo um pequeno diário enquanto murmurava uma música que, até onde Cassius conseguiu identificar, estava sendo cantada em francês. Ao tentar prestar mais atenção à música, a visão de Cassius começou a ficar mais embaçada e ele sentiu o perfume da Veela com maior intensidade. Ao perceber que estava andando lentamente em direção a ela, ele se lembrou de Flint lhe alertando sobre a metade Veela de Fleur, quando as moças da Beauxbatons chegaram na escola, fazendo várias acrobacias na carruagem para que todos os alunos em Hogwarts pudessem apreciar essa bela cena. Ele firmou o pé no chão e balançou a cabeça até que o cheiro se dissipasse em suas narinas. Aparentemente, Fleur perceberá que ele tinha caído em seu encanto e deu um sorriso de canto de boca, ainda fitando o diário.

Cassius então decidiu ficar perto da lareira e observar o contínuo movimento da tela prateada. O breve momento de hipnose fez com que não percebesse o crescente barulho vindo do Salão Principal, e então ouviu a voz de Dumbledore ecoar pelo cômodo, chamando ninguém menos que Harry Potter. Os campeões das três escolas se entreolharam confusos e ficaram encarando o vão do corredor ansiosos para descobrir sobre o quê toda aquela confusão se tratava.

Dumbledore chamou o nome de Harry Potter mais uma vez, e embora não desse para ouvir bem, era possível notar certa impaciência e urgência em sua voz. Cassius agora encarava as brasas, sem piscar, se concentrando o máximo que conseguia para distinguir os barulhos que vinham do Salão Principal. Um momento depois e o ranger da porta logo anunciava que alguém estava prestes a alcançar o final do corredor. Não só os campeões se viraram para ver que iria chegar, como todos os rostos nos quadros que, até então, estavam tendo uma conversa um tanto apática sobre os campeões dos outros anos e comparando-os com os atuais.

Harry Potter surgiu das sombras tremeluzentes, com os ombros meio curvados, aparentando desorientação e um pouco de irritação. Fleur foi a primeira a sair do transe e após jogar para trás os cabelos prateados, começou a questionar o aluno da Grifinória.

— Que foi? – Perguntou ela. — Querrem que a jante volte ao salon?

Apesar da pergunta coerente, Cassius sabia que a presença de Harry naquela sala não era apenas para dar um recado. Algo estava errado e o vislumbre de ter um segundo campeão de Hogwarts passou pela cabeça dele, logo sendo afastado por achar que aquilo não teria sentido algum. Muitas perguntas começaram a se formar e antes que pudesse arrumar palavras para formular uma pergunta para Harry, sua linha de raciocínio foi quebrada pelo ruído de passos apressados que que vinham do começo do corredor e logo Ludo Bagman foi revelado, indo até Harry, segurando-o pelo braço e levando ele para o centro da sala.

— Extraordinário! — Murmurou, apertando o braço de Harry. — Absolutamente extraordinário! Senhores e senhora, gostaria de lhes apresentar, por mais incrível que isso possa parecer, o quarto campeão do Torneio Tribruxo.

Os campeões ficaram estupefatos. Sabiam que não podiam esperar que nada naquele torneio fosse previsível, mas aquilo já era demais. Enquanto Vítor Krum examinava Harry com cara de poucos amigos e Fleur questionava Bagman sobre a legalidade daquilo, Cassius tentava assimilar aquela ideia maluca sobre um quarto campeão, que tinha descartado quase que imediatamente. E ainda por cima, tinha que ser Harry Potter. Ele fechou os punhos e restou aguardar até que aquela confusão terminasse.

Mais passos podiam ser ouvidos e dessa vez, um grande grupo de pessoas entrou: o Professor Dumbledore, seguido de perto pelo senhor Crouch, o Professor Karkaroff, Madame Maxime, a Professora McGonagall e o Professor Snape. Fleur logo se colocou para Madame Maxime, questionando a participação de Harry no campeonato mais uma vez.

— Que significa isso, Dumbly-dorr? - Perguntou ela imperiosamente.

— Eu também gostaria de saber, Dumbledore. — Disse o Professor Karkaroff. — Dois campeões de Hogwarts? Não me lembro de ninguém ter me dito que a escola que sediasse o torneio poderia ter dois campeões, ou será que não li o regulamento com a devida atenção?

— Não é culpa de ninguém, exceto de Potter, Karkaroff. — Falou Snape suavemente. — Não saia culpando Dumbledore pela determinação de Potter de desobedecer às regras. Aparentemente ele não consegue seguir o exemplo de alunos bem mais dedicados às regras da escola como Cassius, por exemplo.

O aluno da Sonserina se endireitou no seu lugar, tentando parecer um pouco mais sério do que era. Gostava do professor Snape, mas não se recordava se já tinha recebido algo parecido com um elogio vindo dele.

— Muito obrigado, Severo - disse Dumbledore com firmeza. Dumbledore olhou então para Harry, que o encarou, tentando perceber a expressão dos olhos do diretor por trás dos oclinhos de meia-lua. — Você depositou seu nome no Cálice de Fogo, Harry? — Perguntou Dumbledore calmamente.

— Não. — Respondeu Harry. Estava consciente de que todos o olhavam com atenção.

— Você pediu a um estudante mais velho para depositá-lo no Cálice de Fogo para você? — Perguntou o Diretor.

— Não. — Disse Harry com veemência.

Nesse momento, uma discussão acalorada começou a se formar dentro da sala. Madame Maxime e Karkaroff questionavam a validade daquela decisão sem parar, fazendo com que a professora Minerva tivesse que intervir em defesa de Dumbledore. Embora Cassius não estendesse muito bem como funcionava os contratos mágicos pertencentes ao cálice, relutava com todas as suas energias a participação de Harry no torneio, mas não encontrava um momento para se colocar na discussão.

Karkaroff então se virou para o senhor Crouch e Bagman, na tentativa de convencê-los de que aquela situação era irregular e que não poderia ser aceita. Entretanto, quando Crouch falou, com um tom quase mórbido de tão centrado, a discussão começou a findar. O regulamento era bastante claro. Qualquer nome que saísse do Cálice de Fogo estaria válido para participar do torneio. Bagman assentiu e o assunto se deu por terminado.

Cassius agora encarava Harry com raiva em seus olhos. Nunca tinha tido nenhuma briga pessoal com ele, mas pertencendo a casa de Salazar, sentir repúdio de qualquer aluno vindo da Grifinória era algo quase natural. Talvez até mesmo sobrenatural, como uma energia que passe pelos alunos das casas, perpetuando aquela rivalidade através dos tempos. Harry devolveu a encarada e permaneceu imóvel, tentando não aparentar surpreso e nervoso pela recente notícia de que era um campeão.

Karkaroff ainda rosnava quando foi interrompido por uma voz rouca e cansada que vinha do corredor. Moody acabara de entrar na sala, explicando o quanto era conveniente a participação obrigatória de Harry no torneio, quase que sugerindo que alguém teria intenções de mata-lo durante as provas. Dumbledore então o interrompeu delicadamente, mas firme, como costumava fazer.

— Vou falar apenas uma vez e espero que fique bem claro para todos. Como essa situação surgiu, não sabemos. — Disse Dumbledore. — Parece-me, no entanto, que não temos alternativa alguma senão aceitá-la. Os dois, Cassius e Harry, talvez por certa ironia do destino, foram escolhidos para competir no torneio. E, portanto, é o que farão...

— Bom, vamos agilizar isso, então? — Disse Bagman, esfregando as mãos e sorrindo para os presentes. — Temos que dar nossas instruções aos campeões, não é mesmo? Bartô, quer fazer as honras da casa?

O Sr. Crouch pareceu despertar de um profundo devaneio. Havia sombras escuras sob seus olhos e sua pele enrugada tinha uma aparência frágil que lembrava papel. Era a primeira vez que Cassius viu ele tão de perto, mas estava assustado com o estado em que ele se encontrava. “Mais um político decrepito em seu miserável fim”, pensou Cassius.

— A primeira tarefa destina-se a testar o arrojo dos campeões — disse ele a Harry, Cassius, Fleur e Krum —, por isso não vamos lhes dizer qual é. A coragem diante do desconhecido é uma qualidade importante em um bruxo... muito importante...

"A primeira tarefa terá lugar, em vinte e quatro de novembro, perante os demais estudantes e a banca de juízes. É proibido aos campeões pedirem aos seus professores, ou aceitarem deles, ajuda de qualquer tipo para realizar as tarefas do torneio. Os campeões enfrentarão o primeiro desafio armados apenas de varinhas. Receberão informações sobre a segunda tarefa quando a primeira estiver concluída. Por força da natureza árdua e demorada do torneio, os campeões estão dispensados dos exames do fim do ano letivo."

O senhor Crouch virou-se para encarar Dumbledore.

— Acho que é só isso, não é, Alvo?

— Acho que sim. — Respondeu Dumbledore, que observava o senhor Crouch com uma leve preocupação.

Dumbledore então convidou o senhor Crouch para passar a noite em Hogwarts, mas ele recusou alegando que tinha tarefas pendentes e urgentes aguardando por ele de volta no Ministério. Madame Maxime escoltou Fleur rapidamente para fora da sala, conversando muito depressa em francês. Karkaroff fez sinal para Krum e eles, também, agitados, saíram em silencio.

— Harry, Cassius, sugiro que vocês vão se deitar. — Disse Dumbledore, sorrindo para os dois. — Tenho certeza de que Grifinória e Sonserina estão aguardando vocês para comemorar e seria uma pena privar seus colegas desta excelente desculpa para fazerem muito barulho e confusão.

Cassius olhou para Harry, que concordou com a cabeça, e juntos saíram da sala. O Salão Principal agora estava deserto. As mesas continuavam desarrumadas e em especial a da Sonserina, que continha restos de confetes verdes e prateados ao redor dela. As velas já estavam pequenas, dando aos sorrisos serrilhados das abóboras um ar misterioso e bruxuleante.

— Então, — disse Cassius com um sorriso de desdém. — Eu não sei como você fez isso, Potter, mas não espere moleza para o seu lado por causa da sua idade. — Cassius tinha um corpo robusto, mas sua intimidação não alcançou o tom que ele queria.

— Eu não pus meu nome lá, Cassius. Não estou procurando por mais atenção do que já recebo. — Disse Harry cansado. Sua cabeça estava uma desordem total com todos aqueles acontecimentos recentes.

— Você fala como se fosse algo ruim, Potter. O bruxo que sobreviveu. Pode esperar por algo pior do que um basilisco dessa vez. Vejo você por aí.

Cassius não esperou por uma resposta de Harry. Tinha que voltar o mais rápido para a Sala Comunal e começar a pensar em como poderia se preparar para aquele tipo de competição. Era sua única chance de alcançar o destaque que merecia e não ia botar aquilo a perder por nada nesse mundo.

“A maior de todas as glórias”, murmurou baixinho para si mesmo e adentrou na Sala Comunal da Sonserina, sendo recebido pela maior festa que já tinha visto por ali.


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