Walk This Way escrita por Atlas


Capítulo 1
Someone New




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Someone New

Electing strange perfections in any stranger I choose

Harry Potter tinha uma rispidez em seus cantos. Um rosto que continuava pálido e atento, e os mesmos círculos sob os olhos apenas se tornando mais escuros. Desavisados diriam que ele parecia um garoto — não, um homem — morto, não sabendo que não seria a primeira vez. Poderia muito bem ser um sintoma, um extremo e eterno cansaço consequência de suas batalhas, porém, muitos esperavam que fosse apenas algo passageiro.

Ron Weasley fazia parte desse grupo.

Seus cabelos ruivos viviam num jeito desconcertado e as veias em seus olhos sempre tão vermelhas. Suas próprias cicatrizes — o mantra nas costas de sua mão, as marcas, semelhantes a gavinhas, que subiam por seu pulso, tantas outras de milagrosas escapadas — se tornavam mais e mais apagadas, e ele era de todo curioso porque ainda doía. Não as antigas feridas, mas todo o sentimento de vazio e fatiga, seus mais fiéis companheiros. Seu próprio aborrecimento de lado, não pode deixar de se sentir inquieto por causa de Harry. Por causa de Harry e seu desalento, seu melhor amigo também agia como se nada doesse.

Não queriam nada com o Ministro; nada com sua reforma e o pouco de responsabilidade não os batia certo. Deixaram-nos quietos, menos por desinteresse em como todo o mundo bruxo iria se reerguer e mais por terem maiores preocupações. Talvez mais por desinteresse, contanto.

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As paredes d’Toca não se fechariam ao seu redor; elas, também, não murmuravam-no ameaças e os gritos, da mesma forma, não existiam. A cada beco que se tornava, a escuridão não estava à beira de o engolir e ele não se sentia mais envolto de sombras. Não. Harry estava bem. Saudável. Forte. Seu rosto já se tornaria bronzeado mais uma vez e a piada já estaria em seus olhos novamente.

(Talvez fosse mais fácil negar seus desvios e suas curvas. Ele, porém, não dava a mínima.)

Teddy Lupin não era um problema. Do contrário, ele tinha pouco mais de um mês e os fios ralos eram um arco-íris. Ele não compreendia nada senão cores ou formas em movimento. Ele era o oposto do problema, uma solução ou uma amostra de felicidade genuína, talvez. Portanto, seguindo a ordem natural, cada vez mais e mais problemas o rodeavam. As pessoas eram o problema, sim.

Então quando Harry Potter entrou pelas já citadas paredes d’Toca com um garotinho a tiracolo, a compreensão já devia ter sido universal. Hermione Granger e Ron Weasley permaneciam em seus lados, faces ainda confusas pelo que tinha acabado de acontecer. Talvez não confusas, uns tons de raiva e outros de incredulidade, todos vestiam a mesma faceta com um toque de horror. Uma mala desorganizada na mãos pequenas da garota e uma caixa de madeira apertada entre os dedos dele. Hermione seguiu, manejando seu caminho entre os móveis incompatíveis, e pôs a pequena bagagem (coberta por listras e estampas de animais, todas numa bagunça multicolorida) na mesa de centro. Caiu em uma poltrona qualquer, apertando os olhos fechados. O ruivo imitou-a, despejando-se no braço do assento.

Nos braços de Harry, embalado num cobertor bordado em amarelo, jazia Teddy Lupin e seus olhos imensos. Um bebê enrugado nos braços d’Héroi seria uma manchete e tanto, mas por agora, seu único dever era se explicar para a Molly Weasley. Veio até a sala na entrada por curiosidade por quem tinha acabado de entrar, boquiaberta em surpresa. Harry encarou-a, gravando seus detalhes. Pelas perdas recentes, a única coisa esperada dela era o definhamento, apesar da postura forte que sempre manteve. Não, ela estava mais determinada como nunca, mais em movimento do que algum dia foi. Era preocupada quando qualquer um pisava dentro ou fora da casa e trabalha em dobro.

Molly tinha seus vários defeitos, Molly tinha assassinado alguém que ousou tocar em sua filha, mas por agora, apenas se apressou em direção ao prático filho adotado e aconchegou o bebê em seus braços de forma mais confortável, não ousando separar os dois. Uma natural naquilo, diriam, se não soubessem que ela teve sete filhos.

(Seis, se morbidez fosse a sua coisa.)

Em seu olhar uma pergunta silenciosa, e uma dúvida o porquê do garotinho não estar com sua avó — a guardiã legal.

“Ela não quer ele,” Harry diz, os olhos fora de foco e as mãos paralisadas. Toda a sua postura grita consternação, mas ele continua mesmo assim. “Ela – ela diz que lembra dele toda vez que o vê. Teme que vai odiá-lo e eu – eu não poderia deixa-lo lá, com ela que não o queria – eu não poderia…”

Deixá-lo como eu é a sua sentença que não é pronunciada e todo o cômodo é quieto. Exceto por Teddy, ao qual os olhos de Harry se firmam nele, que choraminga de uma forma frágil.

Ver uma criança tentar criar outra criança é algo trágico, mas por agora eles tentam e por agora eles continuam em movimento, então Molly para com suas perguntas e Hermione permanece de olhos fechados, os dedos de Ron em seu cabelo — que também fecha os olhos e suas costas relaxam como não fazem em dias. Harry apenas treme, suas mãos ou sua mente ou qualquer que for, ele apenas fica lá parado com Teddy em seu colo.

“Então,” É o que ela, a matriarca, diz, um fim definitivo em sua voz, que chacoalha com a falta do controle sobre ela. “Ele tem que ter o seu próprio quarto. Um berço, sim. Merlin me ajude, controlar todos vocês — precisaram ficar quietos, senão ele fica e eu os mando embora. — “

Eles consentem. Molly continua numa trilha de frases e preocupações, e eles também se engajam no movimento e energia dela.

.

A coisa sobre Teddy Lupin, é que ele era o mais simpático que um pode ser sem estar à beira de irritante. Ele era sarcástico e não tinha um filtro do que pensava ou falava. Não era mal-educado ou prejudicial a qualquer um, o que o dava um contraste agradável. Teddy, por sua vez, não era agradável.

Simpático, é o que diziam. Se ele se importava com você, ou ao menos reconhecia sua existência, ele não seria mal. Desbocado? Talvez. Mas a coisa sobre ser simpático, é que um não visa sua própria reputação na hora de agir, do contrário, é a busca pelo bem dos outros. Altruísmo, boa vontade.

Ele só pensava que era um ser humano decente. Sua madrinha — ou mãe adotiva, é confuso — punha-se a rir e bagunçava seus fios quando ele falava isso. Tinha isso. Ginny achava engraçado tudo que Teddy falava. Ele já tentou usar uma das piadas de seu tio — que, a propósito, eram trágicas — e o resultado foi o mesmo. Num lado, era bom saber que ela o achava a coisa mais fofa do mundo. Do outro, garotos da idade de Teddy achavam garotas nojentas.

Sua madrinha, como esperado, quase caiu da cadeira quando ele disse isso. Sem, antes é claro, bagunçar o cabelo dele.

Toda a personalidade de Teddy caia-se sobre sua aparência. Quando se pode parecer com qualquer um pelo próprio acordo, ser singular nesse quesito é uma tarefa complicada. Não gostava de se inspirar nos outros, já estava cansado de olhar no espelho e ver qualquer um. Ele queria seu próprio rosto, sua própria marca. Algo reconhecível e constante, algo dele. Teddy tinha dez anos, crises existenciais a cada cinco minutos e um cabelo azul.


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Notas finais do capítulo

Não é um primeiro capítulo muito longo, ou significativo, mas vou tomar os primeiros para introduzir os personagens principais. É uma longfic, diferente dos drabbles que eu já postei por aqui. Não é inteiramente focado no Teddy ou na Nova Geração e eu vou tentar abordar o TEPT to Golden Trio/Geração Anterior.
Pode parecer uma coletãnea, mas sei lá, eu gosto do enredo.



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