Além da vida escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 8
Adelina e Magnus part. II




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Florença, 1353 d.c

–Como ele está? - Casey questionou preocupada assim que entrou no quarto com uma bacia de agua fresca e panos limpos.

–Ainda está ardendo em febre.- sussurrei angustiada enquanto segurava um pano na testa escaldante do meu filho.- Não sei mais o que fazer Casey.

–Acho que devíamos avisar Magnus, afinal Romeo é filho dele.- ela sugeriu enquanto olhávamos meu pequeno que estava suando muito.

–Sei disso, mas você ouviu o que ele disse quando lhe contei sobre o meu passado.

–O passado fica no passado Adelina, vocês dois tem que deixar isso de lado agora. O filho de vocês está morrendo e precisa dos pais unidos ao lado dele.- Casey disse seria e concordei entre lagrimas antes de beijar a testa do meu filho e sair do quarto.

Caminhei decidida pelos corredores do castelo até que parei em frente a sala do trono que era guardada por dois soldados que me cumprimentaram assim que me viram.

–Quero falar com meu marido, agora.- ordenei e eles se entreolharam.

–O rei está me reunião com os ministros, minha rainha.

–E ele ordenou que não fosse interrompido.

–Escutem aqui. Sou descendente direta dos fundadores de Florença e tenho mais direitos sobre esse país do que Magnus, agora me deixem passar.- exigi furiosa e eles saíram da gente da porta liberando minha entrada.

–Senhor, o exército de Aro avança a cada dia e devemos detê-lo enquanto temos o apoio dos quatro reinos.- ouvi o ministro de guerra dizer assim que entrei na sala.

–Quem a deixou entra sem ser chamada? - Magnus questionou serio assim que me viu na sala.

–Temos que conversar.

–Já disse que não temos mais nada para conversar. Agora saia.- ele ordenou furioso.

Sabia que Magnus ainda estava furioso por que menti durante anos para ele, mas ainda sim tínhamos que conversar pelo bem do nosso filho.

–Não vou sair até que me ouça Lukas.- disse seria e os ministros me olharam com surpresa, afinal eu estava desafiando o rei.

–Modere suas palavras diante de mim Adelina Artiolli.- Magnus me alertou furioso.

–Ou você irá me matar?! Teria coragem de matar a mulher que até ontem você dizia amar? Teria coragem de matar a mulher que deu à luz aos seus herdeiros? - questionei entre lágrimas e pode ver em seus olhos que ele estava abalado por me ver chorando.

–Me deixem a sós com a rainha, agora.- Magnus ordenou sério e os dois ministros saíram sem dizer uma palavra.- Acho bom que seja de vital importância a sua conversa para atrapalhar minhas reuniões.

–Nosso filho está morrendo Magnus.- solucei e ele se levantou do trono em choque.

–O que? Quem está doente?

–Romeo.- sussurrei chorando enquanto ele me olhava confuso.

–E por que você só me avisou agora Adelina?

–Porque estava com medo de você rejeitá-lo, assim como está me rejeitando.

–Não estou rejeitando você, só estou magoado por que escondeu algo de mim e você sabe o quanto abomino mentiras.

–Só fiquei com medo de que você não me quisesse se soubesse que eu era uma sacerdotisa. Eu amava você demais para correr o risco de perde-lo.

–Como se eu me importasse com o fato de sua pureza ter sido oferecida a magia da sua família.- ele disse e revirou os olhos.- Eu amava você e faria de tudo para que sentisse o mesmo por mim. E se vou para o inferno por desonrar uma sacerdotisa vou aproveitar até o fim.

–Você ainda senti algo por mim? - questionei entre lágrimas e ele gemeu de leve antes de vir até mim.

–Posso ser cruel e sanguinário ás vezes, mas a única que derrete meu coração é você.- ele sussurrou amoroso enquanto enxugava minhas lágrimas.

–Posso saber usar uma espada como ninguém, mas nunca sei o que fazer quando vejo meu anjo chorando ou nossos filhos.

–Me desculpe por ter mentindo.- solucei arrependida e ele me abraçou com carinho.

–Tudo bem, já desculpei você, meu anjo. Agora vamos ver nosso filho.- ele pediu concordei antes de sairmos da sala.

–Que bom que vocês chegaram, Romeo não parava de chama-los.- Casey sussurrou assim que entramos no quarto do nosso filho.

–Papai...- Romeo sussurrou sem forças assim que abriu os olhos e viu Magnus.

–Meu amor...- Magnus sussurrou entre lagrimas antes de se deitar ao lado de nosso filho e envolve-lo em seus braços.

–Estou com medo, papai.- Romeo disse cansado e Magnus lhe beijou a testa.

–Papai vai ficar com você e espantará todo o medo.- ele prometeu acariciando o cabelo do nosso filho.

–Sino muito majestade, mas não sei o que o príncipe tem, tudo que podemos fazer por ele é deixa-lo confortável até o fim.- o médico sussurrou para mim e logo comecei a chorar.

Não era justo meu filho ser castigado por algo que fiz, preferia morrer no lugar dele do que vê-lo partir. E no pior momento da minha vida me lembrei do passado que reneguei a anos, o qual poderia salvar meu menino.

–Lukas, precisamos leva-lo para o subsolo.- disse pegando algumas mantas.

–Adelina, ele não pode sair da cama.- Casey disse e olhei para o meu marido que estava tão desesperado quanto eu.

–Por favor.- implorei desesperada enquanto lhe oferecia as mantas.

–Vamos dá uma volta meu garoto. -Magnus sussurrou para Romeo enquanto pegava as mantas de minhas mãos para envolve-lo.

Assim que Romeo estava devidamente agasalhado no colo do pai fomos em direção as passagens secretas que abrigavam o templo do meu povo.

–Você acha que eles irão ajudar nosso filho? - Magnus questionou preocupado enquanto subíamos os pequenos degraus que davam acesso ao santuário onde só a grã-sacerdotisa podia entrar.

–Sim, Gaia foi mãe e sei que ela irá ajudar nosso filho. Mesmo eu tendo virado as costas para o meu poder.- expliquei antes de acender as tochas que haviam no santuário.

Respirei fundo antes de começar a clamar pela mãe de nossa nação, a primeira grã-sacerdotisa do nosso povo, aquela que muitas vezes nos protegeu da ira de Aro.

–Como ousa clamar por mim Adelina, depois de ter traído seus votos? - a voz questionou furiosa enquanto tomava forma e arfei ao perceber que ela era idêntica a mim.

–Vocês são iguais.- Magnus sussurrou pasmo com nosso filho no colo, fazendo com que Gaia olhasse para ele.

–Alejandro...- ela sussurrou atordoada enquanto dava alguns passos em direção ao meu marido, mas parou.- Não, você não é ele. Seus olhos são castanhos...

–Entendo agora por que traiu seus votos crianças.- ela disse suave desviando sua atenção de Magnus.

–Por que somos tão iguais? - questionei confusa e ela sorriu.

–Por que você é uma outra vida minha, assim como já houve outra e irá ter outras mais. Assim como existiu meu Alejandro, que agora é seu Magnus.- ela sussurrou e pisquei confusa.

–Há muito tempo atrás houve um casal que se amava de forma plena e sublime, mas eles foram impedidos de ficar juntos e acabaram morrendo. Mas a fiel dama da senhora ficou com pena dos amantes e fez um feitiço para unir suas almas, assim quando elas encontrassem novamente pudessem se reconhecer e viver seu amor.- ela explicou olhando para nós.- Por isso somos parecidas, sou a segunda vida dessa mulher e você a terceira.

–Por isso minha tia dizia que eu seria a mais poderosa grã-sacerdotisa. Por que quando fizesse meus votos seus poderes iriam para mim e pensariam que eu era você.

–Adelina.- Magnus chamou desesperado e virei para ver nosso filho lutando para respirar nos braços do pai.

–Por favor, senhora da magia salve nosso filho.- implorei entre lagrimas e ela olhou para mim com compaixão.

–Traga-o até a mesa.- ela pediu e Magnus colocou nosso filho na mesa de pedra.

–Ele se parece tanto com meu filho Miguel.- ela sussurrou saudosa e sorriu.- Quantos filhos vocês têm?

– Cinco com Romeo.- Magnus explicou e ela sorriu suave.

–Alejandro e eu sempre quisemos ter cinco filhos. Acho que esse desejo passou a vocês.- ela disse suave antes de colocar sua mão na testa do nosso filho e no olhar seria.- Essa criança foi enfeitiçada por uma de minhas descendentes a mando de Aro.

–Isso é impossível, sou a única que sobrou.- disse confusa para ela.

–Não. Lira está viva e esse poder pertence a ela. Posso salvar essa criança, mas terão que manda-lo para a terra natal dos Sforza para que ele continue nossa linhagem lá.- Gaia disse e parei de respirar.

–Não. Meu filho só tem quatro anos, não vou manda-lo para longe de nós. Ele precisa de nós.- Magnus disse sério.

–Sei disso, mas enfrentaremos uma guerra no futuro e os herdeiros dessa criança nos ajudaram a vencer.

–Eu posso vencer qualquer guerra para você se salvá-lo, apenas não me peça para manda-lo para longe.- Magnus suplicou.

–Sei disso Magnus, mas não está em seu destino acabar com o mal que comecei. Está no destino dos descendentes de seu primogênito e de Romeo.- ela disse e olhei para o meu marido antes de virar para Gaia.

–O que irá acontecer com nossos outros filhos?

–Eles irão morrer pelo feitiço de Aro, assim como vocês.- assim que ela disse comecei a chorar com dor.

–Meu anjo, sei que é duro amor, mas Iago e Romeo estarão bem.- Magnus sussurrou rouco enquanto tentava conter suas lagrimas.

–Mas e quanto a Enzo? Pietro? Isabelly? – solucei e ele me abraçou com carinho.

–Acredite em mim anjo, estou com o coração sangrando por saber que nossos filhos irão morrer, mas se podemos salvar dois deles, devemos fazer isso. Não acha?

–Acho.- solucei e ele beijou minha testa antes de concordarmos com a proposta de Gaia.

–Por mais doloroso que seja, estão fazendo o certo.- Gaia sussurrou antes de colocar uma mão na testa de Romeo e outra em seu coração antes de começar a falar em uma língua que jamais ouvi falar.

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Após fingirmos para todos que nosso filho havia morrido e prepararmos toda a cerimônia, fomos levar Romeo até a fronteira onde estariam esperando os protetores de nosso filho.

–Por que não posso ficar aqui mamãe e papai? - Romeo questionou enquanto era carregado nas costas pelo pai.

Olhei para Magnus que concordou antes de eu começar a falar.

–Por que meu amor, você ajudará em breve a vencer uma guerra muito antiga. Por isso não poderá ficar conosco.

–Vou ser um guerreiro igual ao papai?!- ele questionou empolgado e sorrimos.

–Você será melhor do que eu filho.- Magnus disse sorrindo.

–Anasuya.- sussurrei assim que reconheci uma das minhas amigas da época que era sacerdotisa.

–Adelina.- ela sussurrou antes de corremos para nos abraçar.

–Como consegui sobreviver? - questionei confusa e ela sorriu suave antes de olhar para o meu marido.

–Rezei a grã-sacerdotisa para que me protegesse, e quando seu marido me encontrou me deixou fugir.- ela disse agradecida e olhei surpresa para Magnus.

–Jamais mataria uma menina, e além do mais meu problema era com Damien.

–Mas o que você faz aqui?- questionei confusa e ela sorriu.

– A grã-sacerdotisa falou comigo em sonho, para que eu viesse buscar aquele que continuaria a nação Sforza. Minha missão é leva-lo para o reino dos nossos antepassados e cuidar dele como meu filho.- ela disse e concordei.

–Cuide bem do meu menino Anasuya.- pedi e ela concordou antes de me despedir do meu filho.

–Jamais machuquei pessoas inocentes, Romeo. Seja sempre justo, leal e bom e não deixe que os outros se aproveitem dos mais fracos. Me promete? - Magnus pediu olhando para nosso filho que estava em seu colo.

–Prometo papai.

–Vou sentir tanta saudade de você.- ele sussurrou antes de envolver Romeo em um abraço apertado.- Eu te amo filho.

–Eu também te amo pai.- nosso filho sussurrou antes de se separar do pai e vir para o meu colo.

–Vou sentir saudades mamãe.- ele sussurrou triste e beijei seus cabelos.

–Eu também meu amor. Nunca esqueça do quanto eu e seu pai amamos você.

–Não vou esquecer.- ele jurou entre lagrimas.

–Precisamos ir Adelina.- Anasuya sussurrou e concordei antes de Magnus e eu darmos um último beijo em nosso menino.

–Cuide bem dele senhorita, como se fosse seu.- Magnus implorou assim que entregamos Romeo a Anasuya.

–Vou amá-lo como meu filho.- ela jurou e agradecemos antes de vê-los partir.

Naquele momento parecia que uma parte de mim havia sido arrancada, deixando em seu lugar um vazio que me fazia chorar com dor.

–Vai ficar tudo bem, meu anjo.- Magnus soluçou antes de me abraçar, enquanto chorávamos juntos por sermos separados de nosso filho.


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