— Você tem certeza que devo fazer isso? — perguntei, vendo-o assentir.

— Vamos lá, você vai arrasar. — disse Álisson, me incentivando com um beijo na bochecha.

— Certo… Lá vou eu fazer algo extremamente infantil.

Caminhei até o canto do parque, onde três imbecis, digo, três pessoas estavam. Um deles era Pedro, o irmão babaca do Álisson que sempre fazia questão de me ofender de alguma forma.

— Oi, Pedro — falei, atraindo sua atenção.

— O que quer aqui garota? — questionou ele, olhando-me dos pés a cabeça com desdem.

— Eu só queria te agradecer mesmo. Obrigada! — falei, com um sorriso enorme. Segurei firmemente a barra do vestido vermelho.

— Agradecer? Pelo que? Está ficando maluca? — sem entender, ele se levantou do banco e me olhou, pronto para me chamar de um tanto de coisas chulas.

— Agradecer pelo elogio que você me deu dias atrás. Me chamou de gorda. Eu fiquei pensando em casa e… nossa! Esse é o melhor elogio que alguém pode receber! Sério, Pedro, obrigada — foi tudo.

Eu me virei e saí de lá como se nada houvesse acontecido. Aquilo era ridículo, mas eu estava contente por mostrar a ele que gorda já não era uma ofensa.

— Ei, babaca, estamos no ano de 2015, gorda não é ofensa. Ofensa é esse seu preconceito, seu prepotente! — ouvi Álisson gritar de longe, trazendo todas as atenções para ele.

— Álisson!

Dei uma gostosa gargalhada e me senti verdadeiramente contente.

Saí do parque com um sorriso no rosto, um braço enroscado em mim e várias piadas bobas do meu mais novo namorado.

Eu aprendi a amar meu corpo, sabe, quando se tem confiança em si mesma, podemos conquistar qualquer pessoa e qualquer coisa. Não digo que não me sentirei ainda afetada pelos olhares tortos, mas eu no momento estou fechada a críticas e opiniões do que eu devo ser.

Afinal, esta é a minha história. Eu vou moldá-la como bem entender; sem preconceitos, sem padrões, apenas felicidade.

Eu sou quem sou. Eu sou Helena. Eu sou maravilhosa. Assim como todas as Helenas que se sentem afetadas pela sociedade.