Helena escrita por Saturno


Capítulo 3
Sorvete de Pistache


Notas iniciais do capítulo

Olá, como vão? Tive um surto de inspiração hoje ouvindo Bee Gees e finalmente consegui finalizar todos os capítulos. Hoje sai um e sábado outro, quarta que vem é o último. Não prometo nada, porque sempre esqueço de postar, mas tentarei lembrar.

Boa leitura.



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Era uma tarde ensolarada quando saímos para o parque. Álisson estava ao meu lado e falava sobre o como somos inúteis e insignificantes nesse Universo enorme.


— Sabe, acho que é por isso que temos que fazer valer a pena. Cada segundo. Porque nós não vamos mudar as coisas, não vamos mudar o Universo, talvez destruiremos a Terra, mas não toda a imensidão que talvez nunca conheceremos. — falava ele, olhando para o céu e gesticulando com as mãos.


— Por que não aproveitamos tomando um sorvete? — sugeri, vendo seu sorriso de concordância.


— Espero que aquele cara tenha sorvete de pistache — murmurou Álisson, parecendo uma criança birrenta.


— Aposto que ele tem.


Ele não tinha.


Nos contentamos com sorvetes de chocolate, enquanto apreciávamos a sombra da árvore centenária.

Eu sempre amei finais de semanas, pois podia aproveitar vendo seriados ou saindo por aí com Álisson. Sempre andávamos pelo parque, ou comíamos na lanchonete, as vezes jogávamos em seu playstation, mas isso sempre ocasionava muitas brigas. Álisson odiava perder.

— Ah não — Álisson sussurrou olhando para o lado oposto, como se pudesse se esconder.

— O que foi? — olhei para todos os lados e só entendi seu desgosto quando vi Pedro.

Pedro era irmão mais velho de Álisson. Eu o odiava. Talvez não odiasse verdadeiramente, já que era um sentimento muito forte. Mas eu sentia tamanha raiva dele.

Pedro fazia questão de humilhar o próprio irmão na frente dos amigos babacas, também fazia o mesmo comigo. Eu simplesmente odiava quando ele me chamava de gorda (como se ainda fosse ofensa), mas não porque ele estava me ofendendo, mas sim porque isso deixava Álisson irritado. Ele não gostava quando me ofendiam — ou quando tentavam, já que gorda não é uma ofensa. Não mais.

— Ei olha só o que temos aqui! O palhaço e a gorda… Abriram um circo e eu não estou sabendo? — disse Pedro, fazendo com que seus dois amigos brutamontes gargalhassem.

— Sai daqui, Pedro — Álisson levantou-se, com o semblante irritado.

Coloquei minha mão em seu ombro, tentando dizer que não valia nada a pena brigar.

— Por que? Estou atrapalhando o relacionamento dos pombinhos? — Pedro intrometeu-se na nossa frente, nos barrando. — Como você consegue ficar com uma garota tão gorda quanto ela, irmãozinho? Não percebe que isso é uma doença? — ele deu uma gargalhada.

É claro que me senti a pior pessoa do mundo. Como se eu fosse realmente uma doença terrível. Quis chorar e quis sumir, era tudo que eu almejava naquele momento.

Mas tudo que fiz foi virar as costas e caminhar o mais longe possível. Eu sentia minhas unhas cravarem minha mão, o punho fechado tentando conter a raiva. O rosto molhado. Ah, claro, eu tinha que chorar para completar a cena, não?

— Espera, Helena! — Álisson correu atrás de mim, segurou meu pulso, mas desvincilhei.

— Me deixa ir embora, tá? Eu quero ficar sozinha — pedi, com mágoa na voz.

Não estava magoada com ele, mas sim com as pessoas como Pedro.

Era difícil viver em uma sociedade que encara a aparência como um ideal importante. É difícil tentar me aceitar quando outras pessoas jogam na minha cara que sou feia, que sou uma doença.

Mas eu continuo aqui. Chorando. Porque as vezes as pessoas simplesmente esquecem que a doença aqui também tem sentimentos.


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Notas finais do capítulo

Melancólico, porém verdadeiro. Quem nunca se sentiu assim?

Contarei minha experiencia para vocês: Presenciei uma mulher falando na cara da minha prima, uma pessoa gorda, que ser gorda era doença. Minha prima simplesmente saiu do lugar e eu fiz o mesmo. Como uma pessoa rancorosa, eu voltei lá e fiz o maior barraco, chamei ela de muita coisa, como hipócrita gordofobica e sem nem o minimo de sensibilidade por um ser humano. Isso é algo que nunca quero repetir, porque dói de contar e lembrar, não é agradável ver alguém ofendendo uma pessoa, principalmente quando ela é sua prima. Sou barraqueira mesmo, falo mesmo, posso até estar sendo mal educada do que sincera, mas eu jamais vou permitir que alguém fale "gorda" para outra pessoa como se isso fosse algum tipo de ofensa, estamos no século 21 né galera.

Enfim, sintam-se livres para desabafar. Adoraria ouvir a história de vocês.

Obrigada pelos comentários. Beijos.



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