Oh, Darling escrita por Nina


Capítulo 1
Just Stay This Little


Notas iniciais do capítulo

A fic é UA e eu tomei a liberdade de mudar a idade dos personagens porque queria uma Rose que estivesse em uma fase diferente que o irmão.
Espero que gostem ^^



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Quando se é pequeno e seu irmão nasce, você ainda não tem noção do quanto ama ele.

Eu tinha nove anos.

Era uma manhã chuvosa de janeiro quando Hugo veio em uma manta verde para o quarto em que toda a família Weasley estava. Seu rosto era pequeno, vermelho e estranho, pelo menos para mim, e eu, como uma criança agitada, seguia quem quer que estivesse com ele no braço, cutucando os adultos mais próximos de mim e sussurrando o pedido de ter a chance de colocá-lo nos meus braços também. Mas, um por um, eles negaram. Acho que eles tinham medo que eu o deixasse cair.

Mais tarde naquele dia, quando todos foram embora exceto o tio Harry e a tia Ginny, meu pai me chamou no quarto. Estava escuro e até um pouco frio, mas isso não parecia incomodar o pequeno Hugo que repousava ali.

"Você quer segurar ele um pouco?", papai perguntou.

Eu provavelmente abri o maior sorriso da minha vida, assentindo e correndo para junto do berço.

Papai se inclinou sob o bebê e o pegou nos braços. Era engraçado ver papai tentando segurar um bebê no colo, porque geralmente ele era desengonçado e nem um pouco habilidoso com trabalhos manuais, mas ele parecia estar dando tudo de si com aquele corpo frágil. Então, delicadamente, o máximo que Ronald Weasley poderia ser, ele colocou Hugo em meus braços e eu lembro de ter rido porque, com suas mãozinhas agitadas, Hugo conseguiu enroscar os dedos em meus cabelos.

E, quando olhei para cima, encontrando os olhos emocionados do meu pai, eu me senti tão próxima de uma adulta responsável quanto uma criança de nove anos pode sentir. Ele confiava em mim. Papai confiava em mim para cuidar de Hugo.

"Agora eu estou tranquilo", disse papai, passando as mãos em meus cabelos. "Quando eu e sua mãe nos formos, você sempre terá alguém que cuide de você. E esse garotinho é um garotinho de sorte por ter você para sempre cuidando dele também."

Novamente, eu era muito nova para entender para que eu precisaria de um bebê pelo resto da vida, mas eu gostava da sensação e entendia que papai gostaria que fôssemos amigos.

Hugo foi crescendo. Éramos uma exceção ao mundo dos irmãos, porque eu não consigo me lembrar de nenhuma briga que nós dois tivemos. Não uma briga que eu tenha gritado ou ouvido algo como "eu te odeio", pelo menos. Nenhuma briga que eu tenha desejado que meu irmão não existisse e nenhuma briga que ele desejasse o contrário. Porque, por mais implicância que pudesse existir entre nós dois, o amor sempre vencia o orgulho.

Lembro-me de uma vez em que ele tinha seis e eu tinha quinze. Na ocasião, ele pedira meu ursinho de pelúcia favorito para fazer de refém em uma das suas brincadeiras violentas de super-herói. Eu dei. Ele quebrou.

Hugo, em vez de esconder o bichinho ou fazer o que qualquer outra criança faria, apareceu em meu quarto arrastando o urso e com lágrimas nos olhos. Não era um choro infantil, daqueles que ele gritava e esperniava. Era um choro tímido, culpado e envergonhado.

“Você quebrou o olho do meu ursinho?”, questionei decepcionada.

“Eu não sabia que o olho ia cair se eu jogasse no chão.”

“Claro que ia!”

“Mas eu não sabia!”

“Você não vai pedir desculpas?”

“Não, eu não sabia.”

“Hugo!”

“Foi sem querer.”

“Eu vou falar para o papai.”

“Tá bom, desculpa”, ele pediu, jogando o ursinho em mim.

Quando fui em seu quarto, ele estava chorando abraçando as pernas.

“Ei, está tudo bem” eu falei, tendo meu coração partido com a cena.

“Você vai falar para o papai?”

“Não vou, prometo.”

“Promete mesmo?”

“Prometo mesmo.”

“Mas era seu ursinho favorito.”

“Era um ursinho, Hugo. Você quer jogar um pouco de videogame?”

Papai dizia que eu era muito compreensiva. Eu entendia a posição do Hugo de irmão mais novo e nem ele nem mamãe jamais me derma motivos para sentir ciúmes descontrolado. Claro que eu sentia, no fundo, mas tenho certeza que a sensação era pior para o Hugo. Porque, se eu o incentivava a ler livros e gostar de matemática, ele se sentia obrigado a seguir os meus passos.

“Você é a ídola dele, querida”, mamãe me contara uma vez e eu lembro que meu peito se encheu de orgulho. “Tudo o que você faz, ele quer fazer. Não lembra daquela vez que você estava estudando física comigo e ele pegou uma folha e copiou os cálculos? Ele não fazia ideia do que estava fazendo, só queria participar.”

Coisas como aquelas me faziam chorar, porque, querendo ou não, eu tinha um coração mole. E, muitas vezes, meu bate-papo por mensagem era interrompido porque Hugo batera na porta do meu quarto.
"Posso dormir com você?"

“Pegue o seu lençol e um lápis.”

“Um lápis?”

“Pegue”, eu mandei e ele obedeceu. Um minuto depois, ele apareceu em meu quarto novamente. “Esse lápis é a sua varinha, entendeu?”

“Varinha?”

“É, varinha. Faz magia. Se alguma coisa, qualquer coisa, aparecer no seu quarto de noite, você só precisa balançar isso na direção do monstro que ele vai embora. Você é muito poderoso, Hugo.”

E, mesmo que aquilo funcionasse nas noites que ele estava com medo, eu sabia que ele aparecia no meu quarto apenas para aproveitar a diversão de passar uma noite no quarto da sua irmã mais velha. Eu, sinceramente, não me incomodava, por mais que ele me chutasse, puxasse meu lençol e uma vez até mesmo me jogara da cama. Eu realmente não me importava.

Eu tinha orgulho de falar que aquele era meu irmão e eu me sentia orgulhosa quando os amigos dele chegavam em casa e ele enchia a boca para falar "essa é minha irmã, ela lê muito, sabia?". Sabia que ele também tinha orgulho de mim.

"G, e, r, a", soletrou Hugo uma vez. "Guerra."

E eu ri, mas não deixei de achar adorável.

"Hugo, você já gosta de alguma menina?", perguntei quando paramos de brincar de soletrar.

Estávamos no carro, voltando de viagem, e Hugo estava inquieto, doido para voltar para casa.

Ele arregalou os olhos, e olhou para papai. Eu mordi os lábios, evitando o sorriso, até que ele se inclinou para o meu ouvido e sussurrou:

"A Julia Swan tem um cheiro legal."

"Ah", falei alto. "Então você gosta da-".

Fui interrompida pela mão dele na minha boca.

"Não fala, Rose!", ralhou e eu gargalhei, junto ao meu pai.

“Mas me conta, vocês namoram?”, perguntei e ele balançou a cabeça em afirmativa. “E como é esse namoro?!”

“Ela só é minha namorada, ué.”

“Você conversa com ela?”

“Não.”

“E como isso funciona?”

“Nós só estamos namorando.”

Sorri diante de sua inocência e falta de sentido.

Eram tardes como essas que eu valorizava e que ficavam na mente por um bom tempo, que, nos momentos de silêncio, eu sentia falta. Que eu não me importava de ter que abrir mão da televisão por alguns minutos se, no final do dia, Hugo deixasse eu jogar videogame com ele. Não me importava em ter que levar ele para as aulas de futebol ou de natação ou de francês. Não me incomodava de ele ter que ir junto quando eu ia para o shopping com os meus amigos.

Mas se tudo acaba, aqueles dias passaram a ficar na saudade. Terminei a escola e minha faculdade ficava a três horas de casa. Precisei me mudar para o alojamento e, consequentemente, afastar-me da minha família.

De Hugo.

Fazia um mês que eu não o via quando voltei para Londres no final daquele outubro frio. Ele parecia mais alto, mais esperto e mais falante. Contudo, ainda parecia meu bebê que se fazia de homem grande, mas que muitas vezes eu pegava de olho vidrado em um desenho bem infantil na televisão. Daqueles para crianças de dois anos.

"Rose!", ele chamou assim que me viu entrar pela casa, com tanta energia, alegria e empolgação que eu senti meus olhos úmidos. "Você não vai acreditar!"

"Hugo, oi" eu ri, e o abracei.

"Eu fui jogar futebol, né?", ele contou. "Com os meninos grandes! A bola veio bem no meu joelho e eu bati bem forte e ela foi no pé do meu amigo. Aí quando ele chutou de volta, eu fiz um gol!"

"Foi um baita gol", contou papai, abraçando-me de lado. "Oi, Rose."

"Oi, pai", eu disse. "Que legal, Hugo!"

"É, foi muito legal", ele concordou. “Mas um menino grande chutou a bola para mim e eu levei uma bomba!”

“Uma bomba?”, eu sorri.

“Uma bomba bem forte!”

“Doeu?”, perguntei pateticamente.

“Claro né, Rose.” Ele revirou os olhos.

“Mas você chorou?”

“Não, Rose”, ele bufou. “Você acha que eu vou chorar na frente dos meninos grandes?”

Eu prendia minha risada.

“Onde está a mamãe?”

“Foi comprar comida.”

“Olha, minha vez de contar uma novidade!”, eu exclamei. “Comprei um celular novo.”

“Com espaço para jogo?”

Bastante espaço para jogo”, falei e ele abriu um sorriso. “Já baixei sete! Estão todos aqui para você jogar, o que acha?”

Ele parecia animado, até sua expressão entristecer.

“Como eu vou jogar se você não mora mais aqui?”

Era verdade. Como ele iria?

Eu e Hugo sempre tivemos uma relação forte, mesmo em fases diferentes da vida. Era daquelas relações que eu achei que nada poderia romper, mas eu estava enganada. Quando passei a me estabilizar nas redondezas da minha universidade e a conseguir um emprego por lá, quando conheci Scorpius Malfoy e passamos a namorar… Quando eu passei a viver, eu me afastei de Hugo. Porque, se por um lado eu mudava, do outro Hugo também mudava.

"Seu irmão está me tirando do sério", ele contou. “Você não me deu tanto trabalho, Rose.”

“Está tão sério assim?”, perguntei. “Tem certeza que ele não está sendo adolescente?”

“Ele só quer saber dos amigos!”, resmungou papai. “Quer saber de festas, de beber. Dezesseis anos, ele não tem idade para beber!”

“Não, não tem.”

“As notas dele estão caindo e aquele pestinha não me ouve”, reclamou ele. “Sabe qual a última do seu irmão? Ele falsificou a assinatura da sua mãe para fazer uma tatuagem!”

O quê?”, questionei, surpresa.

“Enxerga a gravidade da situação?”

“Quer que eu converse com ele?”, ofereci.

“Não vai adiantar muito. Ele está perdido!”

“Essa semana eu ligo para ele.”

Prometi e cumpri. No sábado daquela mesma semana, eu estava apreensiva o bastante para telefonar para ele e marcar uma ida ao shopping, só com a irmã dele. Programa Weasley, como há muito tempo não fazíamos.

Buzinei cedo naquele início de tarde, na frente da minha antiga casa, e vi Hugo passar pela porta. Seus cabelos ruivos estavam altamente emaranhados e ele vestia uma camisa preta de skate. Os fones de ouvidos estavam enfiados em sua orelha, isolando-o do resto do mundo, quando ele entrou no carro.

"Olá", eu disse, mexendo na marcha. "Cadê meu beijo?"

Eu vi que ele revirou os olhos, mas se inclinou para colar os lábios na minha bochecha.

"Papai sugeriu que eu conversasse com você", contei, puxando os seus fones para longe. "E nós temos o mesmo gosto musical, pode colocar a música em som alto?"

Ele balançou a cabeça, tirando o fone do celular e logo Arabella, dos Arctic Monkeys, preencheu o carro. Eu gostava daquela música.

"Bem", retomei. "Nós podemos conversar ou podemos só ir para o cinema e depois tomar um sorvete. O que você acha?"

"Pode ser", ele falou timidamente.

Eu respirei fundo, vendo que aquilo seria difícil.

"Rose", ele me chamou no momento que parei em um sinal, e eu o olhei. "Acho que eu quero conversar."

"Quer?", espantei-me.

"Sim."

"Aconteceu alguma coisa?"

"Nada", ele respondeu. "Estou cansado do papai.”

“Não diga isso”, ralhei. “O papai ama você.”

“Ele ama você.”

“Hugo.”

“Estou falando sério”, ele insistiu. “Ele só sabe dizer que Rose não fazia isso, Rose não me decepcionava dessa maneira.”

Suspirei.

“O papai é assim, Hugo. Você é inteligente, saiba passar por essa com inteligência”, eu falei. “Você acha que Rony Weasley não pegava no meu pé? Ele era um saco. Aquele discurso de suas notas estão caindo e você mudou muito nos últimos dois anos? Ouvi várias vezes. Ele não sabe lidar com os filhos crescendo. Sinto muito se ele me usa como referência, mas ele só faz isso porque sabe que vai atingir você. Ele sente sua falta. Saiam para pescar dia desses ou algo assim.”

“Então você não concorda com o que ele diz?”

“Não totalmente”, respondi com cautela. “Não gosto dos seus amigos. Não gosto de quem você é com seus amigos.”

“Você não entende.”

“Não entendo uma porra”, resmunguei. “Saí do ensino médio não faz muito tempo, pirralho, sei bem o que é a luta por reconhecimento social. Mas posso dizer a verdade? Não vale a pena. Você nunca mais vai ver esses merdas da escola depois que se formar se não quiser e você é inteligente o bastante para não precisar agir feito um babaca para se inserir em algum grupo.”

“Ouch”, ele sorriu. "Eu não sei por que papai te pediu para conversar comigo, você não tem psicologia nenhuma."

“Não me insulte dessa maneira, eu sou uma psicóloga formada, peste.”

“Comprou o diploma.”

"Só concordei em conversar com você porque eu quero ver Matador de Zumbis 4 e você costumava gostar das sequências, não estou sendo psicóloga com você. Tem jogado?"

"Nunca mais liguei o videogame."

“Você mudou”, observou Rose. “Admita. Papai não implica com sua mudança, só com sua falta em não perceber ela. Noventa por cento dos meus problemas com ele passaram quando eu admiti que minhas notas estavam caindo. Saiba como falar com o velho, Hugo.”

Ao longe, eu já podia ver o os contornos do shopping se formando. Ele era gigante, chique e de uma arquitetura incrível. Minha escolha naquele local se baseava simplesmente em ser o único cinema da cidade em um shopping que vendia as maravilhosas paletas mexicanas, sobremesa que eu e Hugo tínhamos como favorita em comum.

Nossa conversa acabou sendo interrompida quando a música foi trocada por I Bet You Look Good On The Dancefloor. Começamos a cantar, com os dois espíritos infantis que tínhamos por dentro como essência.

"Morango com recheio de leite condensado?", sugeri o sabor do picolé.

"O melhor", ele concordou com um sorriso.

"Enfim, Hugo, vamos continuar nossa conversa", pedi, sentando-me com ele para degustar o picolé. "Seus amigos te levam a um caminho… Você pratica bullying?”

“Quê?”

“Pratica?”

“Tem uns gays…”

“Pare. Não seja racista ou homofóbico."

"Eu não sou obrigado a viver em-".

"Sim, você é. São humanos como você. Negros têm um coração batendo como você tem, gays também.”

"Os viadinhos-".

"De quem é o cu?", eu perguntei, fazendo-o rir. Eu estava zangada, mas acabei abrindo um pequeno sorriso.

"Você é a pessoa mais delicada que eu conheço.”

"Obrigada”, agradeci ironicamente. “Ninguém merece bullying, Hugo. Estamos falando isso para o seu bem, acredite. Se afaste dessas pessoas, por favor.”

Então eu parei subitamente, impedindo-o de continuar a andar.

“O quê?”, ele perguntou.

“Está vendo aquele homem de vermelho?”

“O esquisito? Sim.”

“Se ele estivesse com uma arma e apontasse em sua direção, eu me jogaria na sua frente”, falei intensamente olhando em seus olhos. “Foi algo que papai me disse há alguns anos. Ele disse que ele se jogaria na minha frente e que a mamãe também faria isso.”

“O que…”

“Na época, eu não consegui compreender um sentimento desse tipo, eles darem a vida por outra pessoa”, contei. “Mas eu me jogaria na sua frente sem restar dúvidas, Hugo. Eu daria a minha vida para salvar a sua, entendeu? Porque você é o meu irmãozinho e eu amo você, apesar de estar distante e apesar de qualquer coisa.”

“Para de chorar, Rosie.”

Eu ri.

“Nenhum desses seus amigos fariam isso por você”, concluí. “Pare de dar tanta importância a eles. Amigos são importantes, mas aprenda a ver quem vale a pena. Olhe, mudando de assunto, vai querer assistir esse filme mesmo?"

"Estou sem dinheiro", ele contou, constrangido.

"Qual é, Hugo, eu sou a adulta responsável e pagante aqui. Vamos, eu quero ver alguns zumbis morrendo.”

"Já estão mortos."

"Tanto faz", eu disse e tirei uma nota de vinte libras da carteira. "Vá comprar pipoca, tudo bem? O filme começa em dez minutos."

Eu o vi se afastar apenas para novamente notar o quanto ele estava grande e o quanto se assemelhava mais com um homem formado do que com o meu garotinho ruivo que uma vez eu ensinara a como se defender do bicho-papão.

Quando ele voltou, cinco minutos depois, eu já tinha os ingressos em mãos e notei sua estrutura tensa e rosto mais pálido que o normal.

"Você viu um fantasma?"

"Lily."

"Lily?"

"Nossa prima Lily está aqui", ele contou, engolindo em seco.

"Que ótimo, Hugo!" Eu sorri. "Faz tempo que não vejo a Lily, vamos falar com ela."

"Não!", ele praticamente implorou. "Você não está entendendo. Eu e a Lily não nos falamos desde... Faz tempo."

"Vocês não estudam juntos?"

"Sim, mas ela... Ela não me suporta.”

"Vamos falar com ela." Eu ri, bagunçando seus cabelos. "Se reaproxime dela. Faça por merecer sua amizade. Fique amigo das amigas dela. Namore alguma dessas. Lembre-se que eu tenho que aprovar antes" completei a última frase em tom de ameaça, fazendo o canto dos seus lábios se curvarem um pouco para cima.
"Podemos não falar?", ele pediu, atingindo um tom vermelho. "Ela está com os amigos."

"Você não está com vergonha da sua irmã mais velha, está?"

"Não", ele negou rapidamente. "Não nos falamos na escola, Rose.”

"Vamos falar com ela, por favor. Ou vou te fazer passar vergonha!"

"Você lembra quando espalhou que eu chupava dedo pros meus amigos?"

"Sim. Mas só fiz isso porque você desenhou um bigode no meu pôster do Ashton Kutcher. Isso não se faz, querido irmão."

"Postar minhas fotos com seis anos e sem os dois dentes da frente pode, então?"

"Claro que pode." Eu ri. "E pare de fugir! Estou vendo Lily daqui."

Ela também estava grande. A última vez que eu a vira ela era apenas uma criança pálida, ruiva e sardenta, mas com dezesseis anos ela havia criado um pouco de forma. Continuava a ter um corpo magro e pequeno, mas ela agora tinha quadril e belos cachos na cabeça. Santa puberdade.

"Lily!", gritei.

"Rose!", sussurrou Hugo desesperado.

"Rose!", ela riu se aproximando e me dando um abraço. "Não sabia que estava por Londres."

"Estou por esse fim de semana", contei. "Tenho uma novidade para contar para a família, mas eu vim mais pelo Hugo."

“Oi, Hugo”, ela cumprimentou.

“Lily.”

Eu sorri diante da cena. Ele parecia quase meu garotinho assustado mais uma vez.

A sorte de Hugo foi o filme estar começando em dois minutos. Nós nos despedimos de Lily e assistimos o glorioso filme de zumbis dando boas gargalhadas como dois irmãos poderiam dar.

Porém, perto do final, Hugo se inclinou para perto de mim.

“Você acha que Lily é uma amizade legal para mim?”

“Eu não sei, Hugo, não estou muito por dentro dos Weasleys. Por que não tenta conversar com o papai? Resolvam-se.”

Ele assentiu.

“Obrigado.”

“Deixe de ser trouxa, está me agradeçendo por quê?”, questionei, fazendo-o rir.

“Só estou agradecendo.” Ele revirou os olhos. “E tentando dizer que eu também me jogaria na sua frente.”

Eu sorri.

“Amo você, seu trouxinha”, eu disse. “Mas agora vamos assistir ao filme?”

“Vamos.”

E eu podia jurar que, perto dos créditos, ele, apesar de ser uma pessoa complicada para esse tipo de coisa, disse que me amava também.

Mas isso eu já sabia.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Por favor, comentem! Gostaria de saber o que vocês acharam dessa história :)