Enquanto Boris os guiava por um corredor, Reed Richards o analisava. Havia algo de errado com o velho. Além de ele ser antipático, carrancudo e rabugento, Boris parecia esconder algo.

— Para onde estamos indo, senhor Boris? — perguntou Reed.

— Para a sala de jantar. Chegam de noite e querem esperar para comer? Aqui na Latvéria as coisas não são assim.

Dali a alguns minutos caminhando em silêncio, Johnny perguntou:

— Você está aqui sozinho, senhor Boris?

— Não, claro que não. Temos os robôs-servos, Doombots, que o senhor Von Doom vendeu para o rei e minha neta, Valéria.

— Valéria? — perguntou Johnny, interessado.

No covil do Doutor Destino, uma garota de cabelos pretos estava sentada no colo do dono do covil, o beijando apaixonada.

— Valéria... — pedia ele enquanto ela beijava loucamente seu pescoço.

— Vamos, Senhor Destino! Não venha me dizer que não está gostando!

— É Doutor, e sabe que eu estou amando isto.

Ele se controlava para não soltar um gemido.

— Por favor, Valéria... — Ele não se controlou e gemeu. — Entendeu sua parte do... do plano?

Se sentindo ignorada, Valéria desceu do colo dele.

— Sim, Doutor Destino. Devo deixar que Vapor entre em mim.

— O que mais?

Ela bufou.

— Entregar uma fita K7 para meu avô.

— Muito bem, Valéria.

Assim que ela saiu, um homem entrou na sala. Ele era amarelo. antes de se virar, Destino colocou sua máscara prateada de volta no rosto. Então, se virou para ele.

— Doutor Destino, quando vou agir? Já não basta você deixar Ann agir antes de mim, mas agora Valéria e James também? Não aceitarei isso.

— Não sou eu quem decido. É o Destino.

— E você não vive dizendo que é o Destino?

— Vetor, você é o mais poderoso dos quatro. Nem Ann, nem James e nem Mike são tão poderosos quanto você. Então entenda que você deve esperar para agir quando o Destino precisar de você. Todos nós temos nossos papéis.

— E o seu é ditar ordens para todos.

— Não, Vetor. Eu salvarei o mundo.

Estavam todos sentados à mesa de jantar. Os chamados Doombots já haviam posto a comida para todos, mas Boris os proibira de comer enquanto Valéria não chegasse. Johnny parecia pronto para reclamar, quando as portas se abriram. Por ela entrou uma belíssima mulher de cabelos escuros. Valéria.

— Me desculpe pelo atraso, vovô. A névoa estragou meu passeio.

— Está perdoada, minha querida. Mas sente-se à mesa.

Valéria sentou-se propositalmente ao lado de Johnny.

— Quem são esses, vovô?

— Amigos de Victor.

Ela soltou um risinho ao ouvir o nome de Victor, mas logo fez cara de tristeza.

— Souberam do triste Destino dele?

Quando Reed ouviu Valéria falar sobre destino, suspeitou que ela sabia de algo. Mas permaneceu quieto, apenas assentindo com a cabeça para responder à pergunta. Logo Valéria começou um longo discurso sobre os problemas da Latvéria, ao qual Reed prestou atenção. Quando ela parou de falar, já estava se engraçando com Johnny.

— Venha, vou mostrar seu quarto — disse Valéria, puxando Johnny pela mão.

Quando eles foram para o corredor, Reed empurrou o prato e se virou para Boris.

— Pode nos mostrar os outros quartos?

— Claro.

Em seu quarto, Johnny descia o zíper de seu uniforme, revelando seu peitoral para Valéria. Ela o fitou com um sorriso, então se virando para trás. Lentamente, Valéria começou a levantar sua camisa... mas então a largou. Sua cabeça pendeu para trás e seus braços também. Johnny já estava horrorizado, mas então viu uma névoa verde saindo da boca dela e tomando a forma de uma mulher.

— Você de novo?

A mulher sibilou para Johnny, seu braço se esticando na direção da jaqueta de Valéria que estava em cima da cama. Johnny notou que ela estava tentando pegar uma fita K7 no bolso de Valéria.

—Você quer isso? — Johnny pegou a fita. — Vem pegar!

Ele saiu correndo para fora do quarto. A mulher terminou de sair de Valéria, deixando a garota desmaiada no chão, e flutuou na direção de Johnny. Ele já estava no corredor, mas a mulher o cercou. Ele prendeu a respiração para não respirar a névoa, pensando que ela ia conseguir pegar a fita... quando Ben Grimm surgiu no corredor.

— Ei, guria! Deixe o palito de fósforo em paz!

A mulher sibilou para Ben, dando a Johnny a oportunidade de escapar. Ele jogou a fita para Ben e se voltou para ela.

— Em chamas!

O corpo dele se incendiou. Johnny estendeu os braços para a frente, disparando rajadas de fogo. Para fugir, a mulher se dissipou. Naquele exato momento, um raio rosa riscou o céu noturno da Latvéria.

Lá fora, Raio-X desceu voando pelos céus e atingiu em cheio o Fantasticarro, fritando os sistemas e impedindo o Quarteto Fantástico de fugir dali. Vapor, a mulher de névoa, começou a se formar na névoa.

— Irmão, a fita está com eles. Já fez sua parte?

— Claro. O Fantasticarro não é mais uma opção de fuga.

— Ótimo. Agora voltemos para o Doutor Destino.

—Valéria virá?

— Não. Ela deve ficar no castelo agora.

— Certo.

Ele decolou na forma de um raio e ela se dissipou.

Estavam agora em uma sala de estar. Valéria estava sentada no sofá, Boris de pé, Johnny a abraçando, Sue ao lado de Johnny, Ben segurando a fita de pé e Reed andando de um lado para o outro.

— Quer dizer então que você achou esta fita no meio da mata? — perguntou Reed, ainda incrédulo.

— Sim. Acho que é uma mensagem. Do Doutor Destino.

— De quem?

— Doutor Destino. O responsável pelo desaparecimento de Victor e do rei.

Reed pensou no homem de máscara prateada e capuz verde na gravação de Victor.

— Vamos assistir à fita.

Ele esticou a mão e pegou a fita da mão de Ben, a colocando no aparelho debaixo de uma televisão "tubão". A televisão se acendeu, mostrando uma entrevista da WHIH World News com Victor Von Doom.

— Senhor Doom, como você se posiciona quanto aos boatos de você e Simon Utretch estarem trabalhando em uma reprodução do fracassado experimento que deu origem ao Quarteto Fantástico?