Stazione Amore escrita por VicWalker


Capítulo 1
Capítulo I - Angelina


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem e boa leitura ^=^



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Era o quarto sinal vermelho que eu ultrapassava, as buzinas dos veículos ao meu redor soavam constantemente e os palavrões que alguns motoristas soltavam não deviam ser ouvidos por pessoas de bem. Não acredito que fui tão burra! Como eu não pude perceber o que estava acontecendo?

Eu ainda podia ouvir as risadas que eles compartilhavam por terem me enganado. A cena que eu presenciei aparecendo constantemente na minha cabeça e as palavras que fui obrigada a escutar pelo bem do que restava do meu orgulho. Se eu não tivesse saído de lá, com certeza iria ter me derramado em lágrimas, mas a única coisa de que eu fui capaz de fazer foi bater a porta com força, correr para meu carro e dirigir o mais rápido possível para fugir dali.

Sempre fui a garotinha boba e ingênua que acreditava em príncipes encantados e quando Thomas apareceu, eu achei que tinha descoberto o homem da minha vida. Nunca iria desconfiar que as declarações de amor que ele fez a mim foram com o intuito de atingir minha melhor amiga. Melhor amiga essa que não pensou duas vezes antes de se enfiar na cama com o namorado da sua colega de quarto. Eu achava que isso nunca iria acontecer comigo até chegar ao meu apartamento e dar de cara com os dois se agarrando no sofá e rindo que nem idiotas, não se preocuparam em negar, simplesmente jogaram a culpa em cima de mim e como eu nunca conseguiria manter um cara com a minha constante recusa de não abrir as pernas.

E agora estou no meu carro, dirigindo acima do limite permitido, planejando várias formas de vinganças contra eles. Meus pensamentos são despertados com barulhos de sirene e uma voz pedindo para eu ir para o acostamento. Que ótimo! Bufei com raiva antes de estacionar, além de ser corna, iria ganhar uma multa. O dia estava cada vez mais perfeito.

Manobrei o carro até o acostamento, abaixei o vidro e comecei a procurar pelos documentos do carro quando me lembrei de que eles estavam na minha bolsa que infelizmente tinha ficado em cima da mesa do meu apartamento e na pressa e com raiva acabei indo embora sem ela. O policial se aproximou da janela, era um velho barrigudo e careca com uma farda que parecia ser 10 números menores do que o aconselhável.

— Documentos, per favore — ele falou se abaixando e colocando uma luz na minha cara, ato totalmente desnecessário visto que ainda era de dia.

— Me desculpe senhor — falei tentando meu máximo para parecer de bom-humor com um sorriso falso estampado no rosto — Meus documentos estão dentro da minha bolsa e eu sem querer a esqueci em casa.

— Infelizmente terei que dar uma multa para a senhorita por excesso de velocidade e apreender seu carro por dirigir sem documentos — Sem namorado, sem dinheiro e agora sem carro. O dia pode ficar pior?

— Senhorita, o que acha de resolvermos isso bem rápido e sem problemas? — A minha expressão deve ter respondido por mim porque logo o policial retomou a falar — Se a senhorita não estiver em condições para pagar a multa existe outros meios sabe? — Nisso ele encostou sua mão em meu rosto e a desceu pelo meu pescoço até alcançar meu colo. Eu estava sentindo o cheiro de álcool e cigarro na sua pele me deixando completamente enjoada.

Ele se atreveu ainda mais passando a ponta dos dedos sobre o vale dos meus seios, ele esboçou um sorriso malicioso e se aproximou mais para tocar de vez o meu busto. Eu estava em estado de choque, mas quando ele fez menção de descer ainda mais a mão, reuni toda a força que eu tinha e cravei os dentes na sua mão. Ouvi-o soltar um palavrão enquanto retirava rapidamente a sua mão de perto de mim.

— Olha aqui! — Estapeei sua mão que tentava novamente se aproximar para longe e abri a porta do carro, saindo quase imediatamente, me permitindo ficar na mesma altura que ele — Eu não me lembro de ter dado permissão para você tocar em mim, quem você pensa que é? — eu estava gritando com ele no meio da rua, pelo canto dos olhos pude ver pessoas parando e observando a cena. Que se dane! Não estava preocupada com isso agora.

— Por favor, se acalme — Ele levantou aquela mão gorda para me tocar de novo e percebi que ela estava indo em direção aos meus seios, juntei todas as minhas forças e o empurrei para longe, ele dois passos para trás antes de tropeçar nos próprios pés e cair de costas no chão — Você foi longe demais garotinha — Ele levantou e se aproximou de mim, me segurou com força pelo braço, com certeza apareceria um hematoma mais tarde, ele estava com o rosto completamente vermelho de raiva — Vou te levar para a delegacia por desacato à autoridade.

— Parabéns, porque não aproveitamos e damos a minha queixa de assédio sexual também? — falei nervosa enquanto gesticulava em sua direção — Podemos dividir uma cela, o que acha?

Ele me empurrou bruscamente para dentro da viatura, fechando a porta logo em seguida. Levaram uns 20 minutos até que chegássemos à delegacia e por todo o trajeto eu apenas fiquei encarando a paisagem pela janela. Florença conseguia ser uma cidade bonita até em dias nublados, atravessamos a Ponte Vecchio indo para a cidade velha. Eu nunca gostei dessa parte da cidade, era sempre cheia de turistas que tiravam foto de tudo que encontravam pela frente, se vissem algo que poderia ser considerado histórico, todos eles corriam para deixar registrado.

Fui despertada dos meus devaneios com uma mão forte batendo no vidro onde eu estava apoiada, a porta foi aberta e eu fui puxada com brutalidade para fora, aparentemente eu iria ganhar vário roxos depois, o policial me encaminhou para dentro e eu parei um pouco para observar o monumento diante de mim. Era um prédio pequeno, não devia passar de cinco andares, tinha um tom de bege amarelado e apesar de seu aspecto velho parecia extremamente confortável, minha surpresa foi maior quando entramos no recinto, se o lado de fora era completamente velho, o de dentro era a pura modernidade, ar-condicionado, computadores e outros vários tipos de tecnologia. Eu estava tão encantada pelo lado de dentro que só percebi que havíamos parado quando senti outro aperto no meu braço.

— O que foi agora Bacci? — Um moreno alto parou a nossa frente com os braços cruzados e um sorriso no rosto — Outra prostituta negou sair com você novamente?

Assim que ele terminou a frases risos soaram pelo recinto e eu vi o policial que me segurava ficar ainda mais vermelho. Ele resmungou um palavrão e abriu espaço a força enquanto me levava para um banco, me forçando a me sentar no mesmo, no instante seguinte já tinha puxado uma algema e prendido um dos meus braços junto com o braço do assento de onde eu estava.

— Agora, fique quietinha aqui, entendeu docinho? — Ele segurou o meu queixo e eu me senti tentada a mordê-lo novamente — Não me cause problemas.

— Não preciso fazer isso — respondi enquanto tentava acertar com os pés o que ele carregava entre as pernas, ele recuou assustado quando se deu conta das minhas intenções — Vou ser paciente e esperar alguém pegar meu depoimento para contar o que você fez.

Ele pareceu vacilar quando terminei minha frase, mas ele simplesmente se virou e foi embora, me deixando sozinha em um canto algemada. Bufei de frustração e comecei a pensar sobre como fui parar nessa situação. Eu fui ao banco e por isso tive que cancelar o encontro com o Thomas, parando para pensar agora, o tom de voz dele me pareceu aliviado. Eu devia ter reparado que os sumiços dele de vez em quando não poderiam ser normais, muito menos os olhares que ele dava a Aurora, minha querida colega de quarto e melhor amiga.

— Boa tarde senhorita — Vi um policial, um loiro forte, se aproximar e se sentar ao meu lado — Sou o Tenente Rosset e vou pegar seu depoimento. Qual o seu nome?

— Angelina Moretti. Não deveria ser um cadete a pegar o depoimento? — perguntei confusa, ele estava em uma patente muito alta para lidar com casos como o meu.

Observei-o melhor, era um pouco mais alto que eu, cabelos loiros e parecia ter olhos azuis, não me dei o trabalho de averiguar mais a fundo sua boa aparência.

— Deveria, mas como é o velho Bacci que fez a prisão é sempre melhor alguém experiente lidar com o caso — Ele suspirou e encostou-se à cadeira — Ultimamente ele não tem feito coisa com coisa.

— Isso não explica o que ele fez comigo — falei nervosa enquanto observa a delegacia ao meu redor — Ele não pode se aproveitar só porque é policial.

— Entendo — O ouvi dizer enquanto se esticava para frente tentando alcançar alguma coisa no bolso da calça — Quanto é?

— Como? — Franzi a testa para deixar claro a minha confusão — Não entendi.

— Quanto aquele velho gordo te deve? — ele me respondeu como se fosse óbvio — Quanto foi o programa?

Abri a boca para expressar a minha indignação quando um barulho do outro lado da delegacia chamou minha atenção. Um policial lutava contra um cara algemado enquanto outros dois agentes tentavam contê-lo para envia-lo de volta para sua cela. Ouvi o tenente ao meu lado praguejar e levantar rapidamente indo em direção ao espetáculo. Deixando-me sozinha com várias duvidas na cabeça. Duvidas que não ficaram por muito tempo assim que percebi os olhares maliciosos dos seres de sexo masculinos e alguns do feminino na minha direção. Eu estava sendo confundida com uma prostituta. Se eu achava que meu dia não podia ficar pior, eu estava totalmente enganada.


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Notas finais do capítulo

O próximo sai 06/08

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