Hogwarts: uma outra história escrita por LC_Pena


Capítulo 132
Capítulo 132. Hackeado


Notas iniciais do capítulo

Tenho nada a declarar não, capítulo bonitinho e talz, sei lá, aproveitem.



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Capítulo 132. Hackeado

— Ei, Fábregas, quando vai ser o próximo jogo? - Abigail - sobrenome tão difícil de falar quanto o de Sienna - me perguntou animada e eu apenas sorri simpático.

— Ainda estamos vendo isso, o jogo demanda muita organização, se quer saber. - Menti com delicadeza e a garota fez um sim conformado com a cabeça, indo para seu lugar ao lado de sua amiguinha de cabelo azul.

Garota azul, ainda não esqueci de você e seu crush não estabelecido com Lo Presti, seu parentesco com Gomes, em resumo, o seu papel importante no meu plano em construção para melhorar a vida da comunidade Beauxbatonesa!

Olhei para o lado, ainda distraído - pensando no tanto de trabalho que devia dar manter uma vida toda azul - só para encontrar Louise olhando bestificada para o que ela tinha escrito em sua redação de trinta centímetros de pergaminho e o que eu tinha escrito.

A lição tinha sido passada na semana anterior, como uma argumentação para fazer “em casa", com base em pesquisa na biblioteca. Tudo muito simples e fácil, agora que eu voltei a ter o Marduk traduzindo as coisas para mim.

Antes ele estava só fazendo uns ecos estranhos na minha cabeça, era um saco.

Bem, a diferença entre os nossos trabalhos, meu e de Louise, em linguagem de computador, era basicamente que a letra dela tinha espaçamento simples, aproveitando cada centímetro do pergaminho para encher o texto de coisa inútil e irritar o professor, enquanto que o meu tinha espaçamento 1,5, prezando pela legibilidade dos meus argumentos.

— Como pode você conseguir argumentar as vantagens de se usar o pó de flú ao invés de vassouras como meio de transportes, em tão poucas palavras? - Minha querida gêmea perguntou chocada e eu parei de passar a pena no nariz para treinar a minha segurada de espirro, só pra olhar para a cara dela, debochado.

— Eu argumentei que vassouras são melhores do que o pó de flú, na verdade. - Falei enrolando minha lição “de casa” em um rolo bem apertado, depois que ela me devolveu, para entregar ao professor de Debates assim que ele desse o ar de sua graça na classe.

— Mas isso não é verdade!

— É verdade sim, sua ridícula, essa é uma aula de Debates e não de “concorde com o que a plebe acha”, é para desenvolver nossa capacidade argumentativa e não para a gente virar comensais da burrice. - Falei acertando o rolo de pergaminho na testa dela carinhosamente. Ela me olhou irritada.

— Você ter escolhido a vassoura no lugar do pó de flú explica porque você tem tão poucos argumentos para escrever. - Louise falou com desdém e eu falei com todo meu bom senso e experiência de vida.

— A verdade é simples, se você precisa de tantas palavras para explicar seu ponto, provavelmente não é verdade. - Dei de ombros com meu argumento infalível.

— “Raramente a verdade é pura, e nunca é simples”, Oscar Wilde. - Louise disse isso cruzando os braços e eu revirei os olhos.

— Quem é Oscar Wilde, comparado com o grande... - Parei meu discurso inflamado para tentar entender as letras que se formavam em um pergaminho limpo que estava jogado na minha carteira. — Isso é estranho.

Franzi o cenho ainda mais quando percebi do que se tratava. Louise veio ler a mensagem sobre o meu ombro, antes que as letras desaparecessem, mas como era algo só para mim, ela não conseguiu ver a tempo, voltou para o lugar, frustrada.

Bem feito.

— O que dizia a mensagem? - Ela perguntou, toda curiosinha e eu apenas lhe dei um olhar daqueles.

— Não é da sua conta. - Falei, soando como uma pessoa desprezível - tipo o velho Cesc - então resolvi falar a verdade, com um sorriso falso. — Tony ia numa festa de uma tal Yolanda Calixto, mas o negócio foi adiado para outubro.

— Ah tá e por que você está chateado com isso? - Ela perguntou como se eu fosse um idiota vivendo a vida dos outros e eu só dei de ombros, porque, deixa ela pensar assim, melhor do que ela tentando entender o que realmente está acontecendo. — Me empresta seu celular?

— Não.

— Por que não? - Louise me perguntou indignada e eu só revirei os olhos.

— Porque celular é um negócio pessoal e intransferível! Você por acaso pede calcinha emprestada para suas amiguinhas? - Falei debochado e ela fez uma careta de impaciência.

— Que comparação ridícula, Cesc. Vamos, mamãe disse que não ia me mandar o meu, porque era uma distração desnecessária e disse que era para a gente dividir o seu! - Louise falou tudo isso tentando arrancar Caveira de minha mão e eu tenho certeza que a última parte é mentira.

— Que mentirosa você! Não tenho culpa se você é besta e não coloca o celular na bolsa! - Levantei o meu aparelho no alto e ela fez menção de levantar da cadeira para pegar, escondi atrás das costas.

— É rapidinho! - Ela cruzou os braços, fazendo bico. — Cinco minutinhos...

— Fazer voz de bebê e falar no diminutivo não funciona comigo. - Falei divertido e ela tirou a expressão de bebê sofrido, para garota irritada.

Cinco minutos, Cesc, eu vou pesquisar uma coisa aqui e agora, antes da aula começar! - Ela falou exasperada e eu sopesei com a cabeça. É... É razoável, entreguei o celular a ela. — Qual a senha?

Peguei o celular de volta, coloquei a senha e entreguei a ela. Aproveitei aqueles minutinhos de paz antes da aula, com Louise quieta para variar, para responder a mensagem brochante de Tony.

Com você é sempre assim, não é? Um passo para frente e dois para trás! Não me interessa que eles pagam em dia e são rígidos nos treinamentos, Tony, eu quero saber dos podres dos FerrZ!

Queria poder reler sua mensagem só para ter certeza que você não está me culpando pelo maldito adiamento da festa! O que eu posso fazer se Yolanda é uma maluca que se mete em encrenca fazendo feitiço proibido e pega detenção?

Revirei os olhos para esse espião de araque que era Tony, mas depois respirei fundo, antes de responder a esse idiota resmungão.

Tá, que seja! Mas certifique-se de se enfiar bem no grupo dos FerrZ, a gente precisa ter certeza que eles estão só na deles, antes de falar sobre a situação de Beauxbatons no Quadribol para o público geral.

Eu tenho namorada, então mais dentro do que eu já estou, não dá para ficar! Yolanda até continua flertando comigo, porém eu tenho essa estranha impressão que ela está apenas me testando e eu não quero estragar as coisas com Rose.

E você está indo bem nos testes?

Depende do ponto de vista, eu estou mostrando que eu não sou suscetível, o que me dá essa camada de honestidade, melhor do que me dobrar as vontades dela e parecer alguém falso e, embora eu saiba que Yolanda seja mais esperta do que Iara nesse sentido, ainda acho que ela fica meio irritada com minhas negativas, ainda mais em público.

Ok, é uma situação delicada essa, garotas populares e bonitas como Yolanda Calixto e Capitolina “Iara” Ferraz, não importa as circunstâncias, não estão acostumadas e certamente não gostam de ser dispensadas publicamente, fato.

Mas Tony tem namorada e não é uma garota razoável, sensata e sonserina. Não, Rose Weasley não é do tipo que levaria um trabalho sério de espionagem como motivo plausível para uma “traição” e Tony não é idiota, ele sabe disso.

Tente ser mais suave nas dispensas públicas e dê um jeito de se fazer útil para ela de outra forma. Você já mencionou o grupo de Clara para ela? Talvez ela aceite essa barganha de espionar Clara e comece a te testar de outras maneiras.

Tentei solucionar o impasse de outra forma, olhei para Louise e ela continuava distraída com o celular. Já sei porque os pais modernos estão dando aparelhos para as crianças cada vez mais cedo, assim que elas conseguem segurar as coisas direito, com suas mãozinhas gorduchas.

Dá uma paz no coração...

Estive conversando com Scorp e ele acha que oferecer o serviço seria muito precipitado, a ideia precisa partir dela e eu tenho falado, vez ou outra, que vou estudar com Gui ou que vou na praia com Clara ou treinar com Sofia e Yolanda parece ok com isso, parece que vai funcionar, mas se eu menciono Alissa...

Quem demônios é Alissa? Não menciona essa tal de Alissa então!

Alissa é a prima e herdeira do chefe da família Calixto. Pelo pouco que eu entendi, ela é bastarda e pelo muito que eu já ouvi a própria tagarelar, não dá a mínimo para coisas da elite bruxa ou para os valores que Yolanda tanto preza.

Vi o professor de Debates entrando na sala, então me forcei a interromper a conversa com Tony.

Ok, mais tarde a gente fala sobre isso, tenho que sair, a aula vai começar. Se comporte, Snape!

Se comporte você, Grindewald!

Guardei a pena negra do Ocaso no bolso interno do paletó e estendi a mão para Louise me passar meu celular, mas ela fez sinal para que eu esperasse, se inclinando na minha direção. Ela aproveitou que o professor ainda estava rodeado por alguns alunos tirando algumas dúvidas antes da aula começar, para falar comigo.

— “A família Calixto é um proeminente clã da alta sociedade bruxa, na América Latina, cuja a fortuna data da Grécia antiga, quando seus ancestrais ganharam fama e ouro ao livrar as antigas vilas do velho mundo de bestas e criaturas mágicas com seus atos de bravura, antes de partir para as Américas, no século XIX” - Louise me olhou por cima da tela do celular, para ver se eu estava acompanhando a leitura dela.

Claro que eu estava.

— “Recentemente, estiveram envolvidos em uma polêmica com os protetores das criaturas mágicas, no que culminou em uma discussão pública entre a família do famoso magizoologista Newt Scamander, que usou o termo “Fortunas de sangue inocente”, usando os Calixto como exemplo, e o então”...

— Louise, onde você quer chegar com isso? - Perguntei desconfiado, então minha gêmea só me deu um sorrisinho arrogante.

— Vou resumir, desculpa: “ Hoje em dia a família é um dos maiores doadores dos HECCMA e seus investimentos vão desde a criação controlada de criaturas mágicas raras nos Andes a compras de ações de grandes empresas do mercado latino, a maior parte do investimento sendo no Conglomerado FerrZ”. - Louise parou de ler e me olhou irritada. — Conglomerado FerrZ, Cesc? É para essa festa que Tony foi convidado e você ficou chateado porque ela foi adiada?

Que absurdo! Tomei o celular da mão de Louise a força, porque ela me pediu Caveira só para arrumar provas para me acusar de coisas que, talvez, quem sabe? Eu tenha feito, mas isso não importa, porque houve uma quebra de confiança muito grande aqui!

— Foi para isso que você me pediu meu celular, sua criatura ridícula? Nossa, não acredito que fui tonto a esse ponto, confiar em uma...

— Eu tinha outras coisas para fazer, mas você ficou aí tão entretido com Tony, que eu resolvi dar uma espiada em quem é essa tal de Calixto. - Ela me falou sussurrando, porque o professor estava agora escrevendo os tópicos na lousa, de costas para a turma. — Qual não foi a minha surpresa ao ver que a família dela tem uma página de informações no Witchound?

— Ei, espera! Nós temos uma página de informações no Witchound? - Perguntei realmente interessado, porque eu não sabia que pessoas também eram listadas na Wikibruxa e isso muito me interessa!

— Temos sim, você nos colocou no mapa com todas suas trapalhadas internacionais, a vitória do campeonato mundial e o namoro com um Dussel, mas eles também falam sobre mim, por causa do meu namoro com Frank e de minha amizade com os Potter e Weasley e falam ainda do nosso tio esquisito, Erick. - Ela falou empolgada, mas depois me olhou sério. — Mas isso...

— Como assim colocaram Erick no mesmo artigo que a gente? - A interrompi indignado e ela me encarou com a boca aberta, mas me respondeu antes de continuar seu sermão.

— Ele usa o nome Fábregas e fala como se fosse da família, mas olha... Não é algo tão ruim assim, porque com a presença dele, nosso artigo fica cheio de referências do processo dele no Ministério, na MACUSA, com os Dussel... - Ela listou nos dedos e eu aceitei melhor a decisão, ainda chateado, Erick podia ter seu próprio artigo. — Mas nada disso importa, porque...

— Gêmeos Fábregas, qual dos dois podem me dizer o resultado do famoso debate Bien versus Henot no Sabbath de Goslar, no século XXII? - O professor parou bem na frente da nossa carteira e Louise, como a boa maldita que é, apontou para mim antes que eu pudesse sequer piscar. — Senhor Fábregas?

— O resultado foi... A primeira comunidade bruxa a se isolar de uma trouxa, após um cavaleiro fundar uma vila na montanha sagrada, trazendo exploradores de minério. Henot convenceu a todos no Sabbath de Goslar, que os trouxas poderiam ver os bruxos como uma ameaça aos seus grandes proventos.

Parei de falar para engolir em seco, enquanto a expressão do professor passava de um cenho franzido, para um sorriso satisfeito. A turma toda parecia ter segurado o fôlego, afinal... QUÊ?

— Muito bem, senhor Fábregas, fico feliz em saber que Hogwarts abordou a História do restante do continente em seu programa de aulas. - O professor deu dois toquinhos animados na minha carteira, depois voltou para a frente da classe. — Pois bem, crianças, esse famoso evento é um dos melhores exemplos de um debate Impromptu, que, nada mais é do que...

O professor começou a explicar o assunto da aula e Louise olhou para mim com os olhos arregalados em um “O que foi isso?”. Eu apenas dei de ombros, como se não fosse nada demais saber de uma resposta sobre um assunto que eu nunca vi em toda a minha vida!

Ok, isso já passou dos limites, eu tenho que falar urgentemente com o responsável por tudo isso!

A aula parecia infinita, principalmente porque meus colegas dessa optativa adoram ouvir a sua própria voz. Gomes estava debatendo com Roxanne Weasley algum pormenor de uma lei bruxa que havia saído no diário oficial da Bélgica, a qual elas tinham descoberto há cinco minutos!

A aula de hoje era sobre debates espontâneos, só para deixar claro o nível da loucura das duas se engalfinhando por algo que não ligam e não conheciam há cinco minutos.

Louise me cutucou para mostrar algo que começava a surgir em seu pergaminho. Dessa vez a letra era de Sev. Me interessei automaticamente, porque fazia algum tempo que não tínhamos notícias de Ilvermorny.

Iconoclastas, algo estranho acabou de acontecer aqui. Talvez, logo mais, Louise comece a receber mensagens no Prime, de colegas falando o mesmo que eu, então vou logo antecipando: alguém contou os segredos de alguns alunos no meio do Hall da escola, chamando a coisa toda de Hall da vergonha, e se isso já não fosse ruim, os boatos de que antes dos alunos de Hogwarts chegarem, nada disso acontecia, começaram, então vou investigar mais a fundo o assunto, ok?

Louise respondeu por mim e por ela e foi seguida pelos outros componentes do grupo, fechando a conta com John pedindo a Albus para ver se isso que estava acontecendo na escola americana tinha algo a ver com a profecia em que estávamos trabalhando.

Depois disso não consegui me concentrar mais no debate das duas meninas a minha frente, mas, infelizmente, tinha outras coisas com o que me preocupar agora, o “Hall da vergonha" de Ilvermorny nem sequer sendo a prioridade do momento.

Fui guardando minhas coisas discretamente ao longo da aula e assim que o sinal tocou, saí mais rápido do lado de Louise do que se ela tivesse alguma praga contagiosa. Não me leve a mal, Louise é uma ótima companheira de crime, mas na maior parte das vezes me irrita tanto que as contribuições dela não são o suficientes para tirar seu saldo do negativo.

Encostei rapidinho atrás de uma das grandes peças decorativas clássicas e elegantes da escola para achar o artigo que falava da minha família no Witchound, que eu gosto de pensar como sendo o Google bruxo, só que uma versão mais pobrinha. Fui na notícia que queria e guardei no histórico de Caveira, antes de continuar minha busca, dessa vez fora do mundo virtual.

Agora vamos encontrar aquele ex-muambeiro que deve estar envolvido em algo tão sinistro que nem tempo de ficar fazendo aquelas trapaças que ele adorava fazer no pátio de Hogwarts. Onde Segundo pode estar?

No corujal, na ala Norte do Palácio.

Parei de andar, porque o Marduk obviamente tem a voz do dono da mente e nos instrui com o que quer que precisamos naquele momento, mas eu nunca soube que ele era capaz de localizar pessoas, como ele fez isso?

Triangulando as conversações até encontrar aquelas que mencionam ou pertencem ao procurado.

Ah, claro, triangulando conversas, tá bom então. Corri o mais rápido que pude, sem correr realmente - meu bottom de dias sem malignidade já está em 11 dias, não posso pegar uma detenção estúpida - porque aquele encantamento de Uagadou tinha se tornado, em muito pouco tempo, a coisa mais sinistra que já esteve em minha cabeça em muitos anos.

E olha que é onde o meu cérebro fica!

Desviei de algumas bailarinas lerdas conversando a passo de tartaruga na minha frente e virei rápido para pegar o tal corredor Norte, que eu nunca venho, porque é onde fica a classe de ballet e o anfiteatro da escola, além do corujal, claro.

Mais dois alunos - acho que do quarto ano - me pararam no caminho para perguntar se podiam formar sua própria equipe para o próximo jogo, então respondi que sim, com certeza, por que não? Embora não fizesse ideia se teria paciência para bolar uma outra partida tão absurda quanto aquela.

E por que inferno eles estão vindo a mim como líder da bagunça? Foi ideia das meninas, não minha!

Fiquei meio confuso com o caminho, não venho muito para o corujal, porque, com Caveira funcionando, seria uma grande filha da putice da minha parte fazer Uizlei voar pelos Pirineus sem nenhum motivo plausível.

Ela estava muito confortável dentro da área delimitada e protegida da escola, embora fosse, de fato, uma filha da putice minha não vir visita-la, de qualquer forma.

Saí do Palácio e comecei a subir a escada em espiral - feita de cristal - que levava até o lar das amadas corujinhas, mas no meio do caminho vi os irmãos Weasley descendo distraídos, Fred mexendo no cabelo da irmã por algum motivo.

Como Roxanne chegou aqui tão rápido? Ah, lembrei, ela não teve que lidar com os fãs... E provavelmente sabia o caminho.

— Ei, Weasleys, o que estão fazendo aí? - Perguntei a título de introdução, porque os dois pareciam bem entretidos em sua atividade agora, já que haviam parado no meio da escadaria.

— A nossa coruja está meio doida, já disse isso a mamãe, mas ela não me ouve! A criatura ficou ciscando forragem no meu cabelo, como se tivesse tentando encontrar alguma coisa no poleiro! - Roxanne falou irritada, depois fez uma careta para um puxão que o irmão deu no seu cabelo. — Aí, Fred! É para tirar a forragem, não meu escalpo!

— Eu tô tentando, sua ingrata, acha que é fácil tirar esses cisquinhos todos? - Ele fez uma careta irritada, até porque o cabelo de Roxanne era muito cheio e hoje estava preso em uma trança complicada que ia até o meio das costas.

— Por que vocês não usam algum feitiço? - Perguntei inocente, querendo realmente ajudar, mas a grifinória revirou os olhos.

— Isso acabaria com meu penteado! Quer saber? Deixa, Fred, vou achar Nique para me ajudar, fica aí conversando com Fábregas! - Ela falou dando tapinhas nas mãos do irmão para que ele parasse de mexer no seu cabelo.

— Eu não quis atrapalhar, eu só... - Tentei me justificar, mas a garota me interrompeu.

— Não, não! Não atrapalhou nada, Fred que é muito bruto, estou realmente com medo de ficar careca. - Ela disse dando risada da cara do irmão, depois passou por mim apertando de leve meu ombro, em cumprimento. — A gente se vê por aí, Fábregas.

Ela passou, recolocando seu chapéu de suspiro na cabeça, sem pressa alguma. Assisti ela descer as escadas me lembrando de registrar na mente o quão legal Roxanne Weasley era, principalmente porque...

— Fred, eu te odeio. - Falei sem dó, nem piedade e Segundo apenas parou de ajeitar seu uniforme - errado como sempre - para me olhar com desinteresse.

— Posso saber o por quê? Isso tem algo a ver com o que Albus falou?

— Não tem nada a ver com essa merda, depois a gente vê isso! Eu te odeio, porque você quebrou um encantamento africano poderoso e agora ele está destruindo o meu cérebro de dentro para fora! - Falei exasperado e fiquei esperando Fred elaborar sua desculpa, enquanto o Sol começava a dar adeus no céu, seus últimos raios refletindo nas escadas transparentes do corujal, que parecia feito de gelo.

— Quê? Está falando do tradutor? - Ele perguntou burramente, depois desse tempo todo sem falar nada! Revirei os olhos para a perda de tempo que os grifinórios podiam ser na vida de uma pessoa de bem. — Eu dei um upgrade no Marduk, se você não se lembra, porque ele estava bem mortinho... Você devia me agradecer!

— Bem, Fred, se você não se lembra, você me enganou para poder usar um feitiço doido inventado por você, para eu poder ouvir a música maligna, daquela sua caixa amaldiçoada! Eu tenho que agradecer pelo que, exatamente? - Falei entredentes, com bastante calma para não joga-lo escada abaixo.

Ele acenou com a cabeça e um olhar vago, como se finalmente estivesse se lembrando dos verdadeiros acontecimentos daquele dia fatídico. Esperei ele reiniciar esse cérebro assombrosamente inútil, quando se trata de assumir responsabilidade pelos erros dele, com muito mais paciência do que ele merece.

— Ah, sim, verdade... Mas o que você quis dizer com “destruindo meu cérebro”? - Ele perguntou em dúvida, como se duvidasse da minha sanidade. Recostei no corrimão de vidro para explicar a ele a real situação.

— Você por acaso se lembra qual foi o único crime pelo qual o meu “tio” Erick foi condenado no tribunal? Não? - Ele fez que não com a cabeça, então puxei o histórico do meu celular, onde eu tinha deixado aberta a página de nosso artigo no Witchound. Li em voz alta o trecho que importava. — “Erick Fábregas foi sentenciado a prestar serviços comunitários uma vez por semana, por um ano, condenado em segunda instância por corromper o sistema de comunicação da escola ugandense de Magia, Uagadou. Este foi o seu único crime confesso, sem conexão com seu castigo milenar como djinn".

— E? - Fred questionou de braços cruzados, com sua cara de paisagem e indiferença muito característica. Achei que tinha me livrado dessa marra fredistica com o fim do campeonato intercolegial, mas pelo visto me enganei.

— “E" que você religou exatamente o feitiço que o meu querido tio “hackeou” e tornou obsoleto “e" agora está explicado como ele tem acesso a minha mente tão facilmente! - Fred me olhou ainda de cenho franzido, como se estivesse tentando ligar os pontos da minha revelação em sua mente. — VOCÊ RELIGOU O MALDITO DJINN DENTRO DO MEU CÉREBRO, FRED!

— Ah, certo, ok, entendi o drama. Você e seu tio tem toda essa coisa mal resolvida entre vocês e...

— Isso não tem nada a ver com psicologia barata, Fred! O Marduk fica falando coisas na minha cabeça, ele hoje disse que estava triangulando conversações e eu não sei mais o quê e... - Eu fiz um gesto desesperado de explosão de mentes para ilustrar o meu terror atual. — Sabe-se lá Morgana o que diabos você corrompeu nesse encantamento! E se ele possuir o meu corpo, dominar minhas vontades e assumir a minha vida?

— O Marduk?

— ERICK, FRED! A profecia, lembra? E se Erick usar o corrompimento do Marduk potencializado pelo seu feitiço satânico para tomar o meu corpinho e a minha magia maravilhosa de mim? - Falei desesperado.

Na verdade eu acabei de pensar outra coisa agora: e se aquele negócio de futuro roubado e eu virando um djinn for verdade? Talvez ele estivesse me dando uma dica do que me aguardava, que nem ele fez quando falou do meu sequestro e...

— Cesc, você está surtando! Eu sei que tem um monte de coisa acontecendo aí na sua cabeça agora, mas acredite em mim, por experiência própria... Só 10% disso aí tem a ver com a realidade. - Ele falou com um sorriso tranquilo, me segurando pelos ombros.

— 10% já é mais do que suficiente para me tirar o sono a noite! - Falei sincero e ele apertou os lábios, controlando o riso. Quase dei um soco na cara dele.

— Ok, sem drama. Amanhã vamos conseguir um Marduk virgem lá na sala dos intercambistas e eu vou ver do que se trata tudo isso, certo? - Ele me falou com calma, enquanto o folgomaldito que corria por dentro dos corrimãos de vidro começava a iluminar o corujal em um tom lilás bonito durante a noite.

— Achei que Uagadou tivesse trocado os Marduk por outra tecnologia... - Falei em dúvida, mas Fred começou a descer as escadas, me incentivando a fazer o mesmo, ao seu lado.

— Isso seria muito complicado a longo prazo, eles estão apenas adicionando uma camada extra de proteção no encantamento dos alunos que vão para lá, tudo feito por um consultor de segurança mágica do Benim, saiu no Profeta e tudo, você não viu nessa sua pesquisa no celular? - Ele falou divertido e eu fiquei um pouquinho mais calmo, porque parecia que ele sabia o que estava fazendo, dessa vez. — Os Marduks já distribuídos nas outras instituições não foram modificados, então eu vou pegar um e estudar com bastante cuidado as configurações dele.

— Você sabe que você usa uns termos de hacker de computador trouxa quando explica as coisas, não sabe? - Falei com suspeita e Fred me olhou com um sorriso de orelha a orelha.

— Na verdade... Eu adoro hackear computadores trouxas! - Ele disse divertido e depois completou com um tom mais irônico. — E matriz de encantamentos também, já que estamos nisso.

Sim, Segundo, eu já havia percebido isso, seu idiota... Agora trate de consertar a merda que você fez!


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Notas finais do capítulo

Agora está mais claro porque Erick ainda consegue ler e advinhar Cesc com tanta facilidade! Ele adora o Marduk, gente! Hahaha

Bjuxxx