James Sirius Potter não costumava ser inseguro. Afinal, era de James Sirius Potter de quem estávamos falando. O garoto mais popular nos tempos de Hogwarts, um garoto inteligente, simpático e maroto, um grande concorrente a vaga de chefe auror e que sempre passa uma boa primeira impressão.

Por isso, ser inseguro não era muito comum para James, porém quando sua namorada, Rose Weasley, pediu para “conversar” com ele mais tarde, foi inevitável não se sentir amedrontado. Afinal, o que ela poderia querer? Será que teria se cansado dele? Teria voltado com o idiota do Zabine? E pior: será que teria o traído?

–Relaxa, James- resmungou Albus, seu irmão, pelo que parecia a milésima vez em dez minutos. Desde que a ruiva lhe mandara uma mensagem pedindo para “conversar”, ele se mantinha inquieto em seu escritório, enquanto Albus tentava faze-lo ficar quieto.

A certo tempo que a ruiva já se mostrava estranha e distante o que lhe alertava. Os dois não moravam no mesmo apartamento, mas era questão de tempo até que o fizessem, pois viviam grudados. Viviam, no passado, porque recentemente a mesma vivia de compromissos inadiáveis e de plantões no St. Mungos.

–Como, Albus? Olha, eu já dei o fora em diversas garotas, acha que não sei o que ela pretende com essa “conversa”?- perguntou desesperado, passando a mão em seus cabelos, e os bagunçando ainda mais.- Ela voltou com o Zabine, só pode... Não acredito que ela me traiu!

–Veja pelo lado bom- começou Albus, e ele o olhou com expectativa.- Rose nunca repete seus erros. Se ela te traiu, garanto que será a última vez. Mas, você certamente foi um erro, então ela provavelmente não voltará com você...

–Cale a boca, Albus- interrompeu James com raiva. Seu irmão parecia se divertir a suas custas, como se estivesse rindo de uma piada interna. Será que ele não entendia o que estava acontecendo ali?

–James, deixe de ser idiota! Rose nunca te trairia, ela ama você! Mas e você?

A história de amor entre Rose e James já começara errada. Primeiro: os dois eram primos. Não que isso fosse um grande empecilho, já que era muito comum no mundo bruxo o envolvimento entre parentes próximos para manter a linhagem. Sua família aceitou bem a união entre eles, exceto por Ronald, o pai da garota, que a principio havia surtado, mas James relacionava o surto do sogro com o ciúmes irracional que ele sempre sentira pela primogênita. O real problema nesse pequeno fato era a convivência diária entre eles. Eram primos, e obrigados a conviver juntos desde que nasceram.

Sendo a melhor amiga de sua irmã caçula, Rose praticamente vivia em sua casa antes de irem a Hogwarts, e não foi diferente depois disso. Os dois desde pequenos não suportavam a presença um do outroe mesmo a respiração da ruiva já lhe aborrecia, e vice versa. Porém, depois que Rose começou a namorar Luke Zabine as coisas mudaram.

Ela já havia namorado outros garotos, mas de certa forma, algo parecia diferente na relação entre os dois. A essa altura, o ciúmes que ele sentia da prima era inegável, e simplesmente impossível de ignorar. Era como uma espinha que parecia arder em seu rosto, e quanto mais ele cutucava mais intensa ficava.

O clima entre os dois era tão incomodo, que as pessoas saiam de perto. Eles não brigavam como antes. Agora, o novo namorado de Rose era alvo das provocações de James e eles sempre acabavam discutindo.

Mas ele se lembrava, de quando finalmente havia percebido que a amava.

FlashBack On

– 3 anos e meio atrás-

–É ridículo como apesar de todas as brigas, você continua correndo atrás dele!

Outra discussão. Seria a quinta em três dias? Ele não sabia. Só sabia que não aguentava mais ver a prima desolada pelos cantos, toda vez que brigava com Zabine.

Quer dizer, era de Luke Zabine de quem estavam falando! James apostava 100 galeões que o rapaz aquela hora deveria estar traindo Rose, enquanto a mesma tentava- inutilmente- falar com o namorado, lhe mandando constantes cartas. A pobre coruja de Rose já não aguentava mais voar, mas a ruiva não desistia. Os olhos de Rose, antes provenientes de um azul claro brilhante, estavam vermelhos, assim como suas bochechas e seu nariz, devido ao choro pela que parecia décima briga do mês.

Rose e Luke pareciam brigar mais em cinco meses, do que ele e Rose jamais haviam brigado em uma vida inteira, mas isso não parecia baixar a autoestima da ruiva.

Ela, que sempre fora tão... indestrutível. Nunca se deixava abalar por garoto algum, que sempre fora uma feminista de carteirinha, sempre sorrindo independente da situação, estava agora, prestes a se desmanchar em lágrimas novamente.

Não, ele não poderia permitir isso. Não sabia porquê estava tão mal pelo sofrimento da garota, mas estava. Os dois se encontravam sozinho na sala da Toca e mais uma vez estavam discutindo, sobre o ser mais desprezível da face da terra: Luke Zabine.

Só que a ruiva parecia não perceber o caráter do namorado.

–Cale a boca, James- a garota disse em um sussurro. Estava exausta, e isso era visível devido as grandes olheiras da garota, que provavelmente não dormia decentemente por um bom tempo. Estava tão acabada, que mal havia percebido a falta do “Potter” na frase. Eram raras as ocasiões em que ela o chamava de James- Você não entende nada.

–Como não, Rose?- perguntou, resolvendo usar o nome da garota, e foi quando ele percebeu o quão bonito seu nome era- Eu nunca te vi assim. Você corre atrás dele como um cachorrinho, sendo que sabe muito bem o quão canalha ele pode ser.

A ruiva levantou seu olhar da carta que escrevia para o encarar.

–Não se intrometa, Potter- seus olhos eram raivosos, e ela logo os transferiu para a carta novamente.

–Só acho que você merece alguém melhor.- disse num sussurro, e nem ele acreditou em suas próprias palavras. Afinal, desde quando James Sirius Potter se importava com qualquer coisa relacionada à Rose Weasley?

Mas a frase pareceu despertar o interesse da ruiva, que imediatamente desviou sua atenção novamente para o Potter, se levantando.

–Como quem, Potter?- perguntou irônica, logo se retirando do cômodo.

E a resposta veio, quase que instantaneamente e saiu de seus lábios involuntariamente.

–Eu- disse num sussurro novamente, mas ela já havia ido embora, e felizmente, não havia ouvido.

Ele estava confuso, e mais do que isso, furioso. Mas no fundo, ele sabia...

Estava apaixonado por Rose Weasley.

FlashBack Off

Conquistar a ruiva, não havia sido fácil. Longe disso! Fora o ano mais longo de James, mas no final, valeu a pena. Ele amava Rose Weasley e todas as suas manias irritantes que antes lhe tiravam do sério.

O namoro deles nunca havia sido...Convencional, mas o dois se amavam. Ou pelo menos era isso o que James Sirius achava, até agora.

É, ele estava ferrado.

–James Sirius? Terra para Sirius!- exclamou Albus. Parecia bem irritado, possivelmente por seus devaneios repentinos.

–Eu a amo- declarou.

–Então não a nada com que se preocupar.

*

Já eram 20:00. A espera havia sido tortuosa, e ele não achava que chegaria vivo no encontro que tinha com a ruiva. Como ainda não moravam juntos, ele não a havia visto o dia inteiro. Suas mãos suavam e seu cabelo, que a pouco mais de dez minutos estava domado e penteado, já estava totalmente desalinhado e bagunçado.

Parou o carro em frente ao restaurante favorito dos dois. Uma cantina no centro trouxa de Londres, onde se servia o melhor espaguete que já haviam tido o prazer de comer. Lá ele havia pedido Rose em namoro. E lá ele, provavelmente, seria chutado pela mesma.

Quando adentrou o local, seus olhos se direcionaram a uma mesa num canto do restaurante, perto do buffet de saladas. Era a mesa onde eles sempre sentavam. Ela já estava lá, linda como sempre fora, o esperando.Ele conferiu sua roupa social novamente e se certificou de que estava tudo certo antes de avançar por entre as mesas.

O local estava bem movimentado, e com certa dificuldade, conseguiu chegar à mesa.

–Oi amor- a cumprimentou com um selinho, para logo depois se sentar a sua frente. A ruiva encarava suas mãos, vermelhas de tanto estalar, um claro sinal de nervosismo, para logo depois o encarar.

–Jay- começou- Eu nunca pensei que fosse me apaixonar por você. Na verdade, eu sempre te odiei.- disse rindo um pouco e ele provavelmente riria também se não estivesse tão tenso. Era agora, ele previa isso, ela diria que não o amava mais, que nunca o havia amado!- Mas um dia, eu percebi que todo o ódio que eu sentia, era na verdade amor. Eu era uma garota boba de dezesseis anos quando comecei a namorar o Zabine- Pronto, lá estava ele, o fantasma que não o parava de perseguir. Não que ele não se garantisse. Ele era muito mais bonito, inteligente, cheiroso, gostoso e tudo mais que Zabine, porém desde que James e Rose começaram a namorar, Zabine não deixava sua namorada em paz.- E eu era uma idiota. Sabia o que sentia por você, mas tinha medo de admitir. Ele foi minha âncora, sabe?

James assentiu nervoso, e a ruiva se levantou, contornou a mesa e se ajoelhou perante ele, com uma caixinha preta em mãos, fazendo-o arregalar os olhos em descrença.

–Mas agora eu sei quem é o cara certo. E espero que sinta isso em relação a mim. Então, você, James Sirius Potter, aceita ser minha esposa?- perguntou risonha, abrindo a caixinha, e revelando suas alianças. Eram simples, mas muito bonitas.

No mesmo instante ele começou a rir. Como fora idiota! O dia todo parecia uma menininha resmungando pelos cantos, achando que a namorada iria terminar com ele, quando na verdade ela iria pedi-lo em casamento! Se homens tivessem TPM, ele diria que estava naqueles dias.

Maldito Albus Potter! O desgraçado sabia o que a ruiva pretendia, afinal eram melhores amigos, não tinha como o moreno não saber. E mesmo assim, o irmão deixou que ele sofresse o dia inteiro.

Mas pareceu se tocar de toda a situação, quando a ruiva começou a fita-lo com raiva.

Era atípico, uma garota pedir um garoto em casamento, mas eles não eram um casal convencional e era isso o que mais gostava em sua relação com Rose. Nunca foram do tipo "casal mais meloso que mel", apesar de terem seus momentos, e ambos tinham uma cumplicidade impressionante para um casal que passara metade de suas vidas brigando. A cada dia que passava, ele se descobria mais apaixonado pela ruiva.

–Só se você prometer que será um bom marido.- respondeu sorrindo, e fazendo a ruiva sorrir também.

–Você sabe que sim.

Cuidadosamente a ruiva colocou a pequena aliança dourada em seu dedo, enquanto ele fazia o mesmo com ela.

–Sou uma esposa bem exigente- disse assim que os dois se levantaram.- Quero café da manhã na cama todos os dias, massagem nos pés toda noite, e não me venha com conceitos machistas: você é quem vai lavar a roupa.

–Você é um idiota- ela disse rindo, colocando as mãos em sua nuca, enquanto ele pousava suas mãos em sua cintura.

–Um idiota que te ama- disse, antes de finalmente beija-la.