Um novo trilhar escrita por Nyne


Capítulo 11
Capítulo 10 - Imperdoável


Notas iniciais do capítulo

Olá queridas leitoras!
Como vocês devem ter visto, o Nyah ficou um tempo em manutenção, por isso estou postando o capítulo apenas agora.
Ainda é um capítulo muito intenso, mas espero que vocês gostem.
Ótima leitura.



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Horas haviam se passado. Carlos já havia cuidado da parte burocrática, referente à internação de Suzana e a liberação do corpo da filha. Doutor Robles o chamou. Suzana havia acordado.

– Já conversou com ela?

– Achei melhor esperar pelo senhor. Ela vai precisar de apoio.

Carlos sinalizou positivamente com a cabeça e seguiu o médico até o quarto. Ao entrar viu que a mulher estava com as costas apoiadas na cabeceira da cama. Tinha o olhar confuso.

– O que está acontecendo? - perguntou ao olhar o rosto do marido.

Carlos não conseguiu falar. Um nó em sua garganta não permitia.

– Aconteceu alguma coisa não foi? O que houve Carlos?

Ele se aproxima da mulher e pega sua mão.

– Aconteceu alguma coisa com o neném não foi?

Carlos olha doutor Robles que toma a frente e começa a falar.

– Senhora Castiel...

– Menino ou menina? - os dois nada disseram - Falem, tive um menino ou uma menina?

– Uma menina. - responde Carlos tentando disfarçar a dor.

– E onde ela está? Porque não a vi quando nasceu? Não ouvi nem choro... Carlos meu amor, me fala o que está acontecendo afinal, pelo amor de Deus, não me esconda nada.

Ele não consegue falar em um primeiro momento, mas Suzana o conhecia bem. Uma lágrima lhe escorreu pela face, como se soubesse o que estava prestes a ouvir.

– Não... Por favor, não.

Carlos segura sua mão e não consegue segurar o choro. Não foi preciso dizer mais nada. Suzana desabou em lágrimas. Carlos a abraçou e chorou junto com ela.

– Porque Carlos? O que aconteceu? Eu fiz tudo direitinho, fiz tudo o que o médico falou... Porque isso aconteceu com a gente?

Ele não conseguia falar. A culpa, mesmo que infundada o dominava.

– Será que somos tão ruins assim? Será que somos amaldiçoados?

– Não fala isso amor...

– Estou tentando entender o porquê disso tudo. Por quê?

Carlos olhava o médico enquanto a esposa chorava em seus braços. Doutor Robles lhe fez um sinal, indicando para deixar Suzana colocar para fora tudo o que sentia.

– Vou deixar vocês a sós. Quando estiverem um pouco mais calmos voltarei.

O médico saiu deixando Carlos e Suzana sozinhos. Ela chorava a ponto de molhar a camisa que ele vestia. Aos poucos conseguia controlar a intensidade das lágrimas, mas ainda assim começou a falar com dificuldade.

– Você a viu?

– Sim.

– Eu quero vê-la também.

Carlos acenou positivamente com a cabeça.

– Vou pedir pro doutor Robles liberar sua entrada... No necrotério.

Suzana chora amargamente.

– Necrotério. Sonhei minha vida toda em ver meu filho em um berçário... Ai Carlos, está doendo tanto, tanto...

Ele aperta o abraço em volta dela que volta a chorar. Um choro que o feria e partia o coração em pedaços. Imaginou como ela ficaria ao saber da retirada de seu útero. Tinha quase certeza que ela não suportaria aquilo.

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Demorou até que Suzana conseguisse parar de chorar. Carlos conseguiu a autorização do médico para poder acompanha - lá até o necrotério. Ela tinha direito de conhecer sua filha.

Assim que lhe mostraram o corpo da criança Suzana não resistiu e acabou desmaiando, o que fez Carlos entrar em desespero.

Uma das enfermeiras umedeceu algodão com algum líquido que Carlos não sabia ser o que era e colocou próximo ao nariz de Suzana, que aos poucos acordou.

– Não devia ter deixado você ver. Está sendo demais pra você.

– Eu precisava ver. Precisava... Eu ainda tinha esperança de tudo isso ter sido apenas um pesadelo. Mas não foi.

Carlos a ajuda e ficar de pé.

– Você não está bem Suzana. Vou pedir pro doutor Robles falar com você em outro momento.

– Não Carlos. Me sinto um pouco melhor. Não quero mais adiar o inevitável. Mas quero que você fique do meu lado.

– Mesmo que você não quisesse eu estaria. É meu lugar e nunca vou sair de lá.

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Doutor Robles explicou tudo o que havia acontecido a Suzana, que apesar de ouvir atentamente mantinha um olhar distante. O médico vendo o estado da mulher foi o mais cauteloso possível, mas sem deixar de ser direto.

– Então ela não teria a mínima chance de sobreviver?

– No máximo algumas horas.

Ela apertou os olhos, o que fez duas linhas molhadas se formar em seu rosto. Pode sentir Carlos apertando sua mão.

– O senhor tem algo, além disso, pra me dizer não tem? O que estão escondendo de mim?

O médico olha para Carlos e em seguida dá um longo e pesado suspiro.

– Serei direto para não prolongar mais o sofrimento pelo qual está passando. A senhora não poderá mais ter filhos.

Os olhos dela se arregalaram.

– Nem se fizer aquela cirurgia pra correção do meu útero?

– Agora a cirurgia se tornou impossível senhora Castiel.

– Como assim?

Doutor Robles lhe explicou tudo, desde o momento da ruptura de seu útero até o momento em que não havia outra solução além da histerectomia.
Ela ficou muda por um tempo. Olhou para a mão de Carlos enlaçada na sua, em seguida o encarou.

– Você sabia disso?

– Soube pouco antes de você.

– Você autorizou que fizessem isso comigo?

Antes que ele respondesse o médico tomou sua frente.

– Não havia tempo pra isso senhora Castiel. Não consultamos seu esposo.

– Deixa ver se entendi. Eu estava inconsciente, o senhor e sua equipe acharam melhor retirar um órgão meu e sequer consultaram meu marido sobre isso?

– Como disse senhora Castiel, não havia tempo. A senhora estava tendo uma hemorragia muito intensa, não conseguíamos estancar de forma alguma. Se não tivéssemos feito a histerectomia a senhora poderia ter morrido.

– Deveriam ter me deixado morrer então.

Carlos olha para a esposa que parecia ser outra pessoa. Não chorava mais, porém seus olhos pareciam de vidro. Sem expressão, sem brilho algum.

– Jamais faríamos isso senhora Castiel. Fizemos um juramento...

– Juramento de merda! - gritou Suzana - Porque não fizeram do tudo pra salvar minha filha então? Com ela ninguém se importou.

– Suzana, calma...

– Calma Carlos? Como você quer que eu tenha calma? Será que você não vê? Eu fui mutilada e não fizeram nada para salvar a minha filha.

– Você sabe que não foi assim Suzana, você ouviu o que o médico disse, a neném já nasceu morta.

– Você acredita nele? Porque eu não consigo acreditar.

– Não tenho motivos para mentir para a senhora. - diz o médico em sua defesa.

– O senhor disse que se eu fizesse todas as recomendações que havia me passado eu teria uma gravidez normal. Perder a filha e o útero parece consequências de uma gravidez normal para o senhor?

– O que aconteceu com a senhora foi uma fatalidade.

– Fatalidade? - ela dá uma risada carregada de ironia - Bom doutor, então considere a cassação do seu diploma de medicina uma fatalidade também.

Ela de solta com brutalidade da mão de Carlos e segue em direção a saída da sala do médico. Carlos olha doutor Robles que dá de ombros.

– Ela está nervosa, mas com o tempo vai aceitar. Ela vai precisar muito do senhor daqui pra frente.

Carlos não diz nada, apenas sai da sala apressado para alcançar a esposa.

– Suzana, espera!

Ele aperta os passos e consegue alcança - lá, lhe segurando pelo braço. Ele pensou que devido ao nervoso ela tentaria se esquivar, mas não foi isso o que aconteceu. Ela se jogou nos braços dele e voltou a chorar.

– Eu deveria ter morrido Carlos, morrido. Ao menos assim não estaria sentindo essa dor maldita agora.

– Não fale assim.

– Se eu pudesse voltar e trocar de lugar com ela... Dar a minha vida no lugar dela... Porque com a gente Carlos? Porque Deus está fazendo isso com a gente? Porque está fazendo isso comigo? Por quê?

Carlos queria ter uma resposta para dar a Suzana e confortá-la naquele momento, mas a única coisa que conseguiu fazer foi abraçá-la e mais uma vez chorar junto com ela.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Ah, quero aproveitar para contar uma novidade pra vocês, especialmente as leitoras que já me conhecem e acompanham minhas histórias: Estou terminando uma short fic com a Gabriela e o Miguel, que pra quem não se lembra são os filhos de Daniel, Alice, Bernardo e Larissa, personagens de uma das fics que vocês mais gostam, "Chance".
Postarei em breve e quero muito ver cada um de vocês por lá hein? Quem não conhece, convido a ler Chance, garanto que vão se apaixonar.
Beijos e até o próximo capítulo!



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