Após ser parado por Shikamaru, ponderei que era mesmo melhor levá-los a vila para que Naruto decidisse o que faria com eles, por um tempo perdi a cabeça e um interrogatório não se passou por minha mente.

Pegamos o velho e o Hyuga e os levamos para fora onde encontramos Ino, Shino e Kiba com o restante dos outros presos e já com os sequestrados libertos. Rodei meus olhos pelo ambiente a procura de Hinata e meu clone com Sakura, logo os vi não muito longe de nós. Relaxei instantaneamente e caminhei até lá. Peguei o corpo de Sakura dos braços do meu clone e coloquei sobre os meus, queria eu mesmo levá-la de volta a vila. Meu clone permaneceu protegendo Hinata e mantendo-se atento aos ninjas que capturamos. Assim, pudemos partir de volta a Konoha.

O caminho seguiu tranquilo e mantínhamos total atenção sob nossos presos para evitar qualquer tipo de ataque ou fuga precoce. O cair do sol ao longe nos indicava que horas já haviam se passado e logo a noite nos receberia, precisávamos chegar logo a vila. Não demorou muito tempo até vermos os enormes portões de Konoha que nos recepcionava ao longe, após alguns minutos passamos por eles e levei Sakura diretamente ao hospital, chegando lá expliquei a Shizune o estado em que a encontrei e logo veio vários médicos com uma maca a tirando dos meus braços e a levando para uma daquelas salas próximas. Quando dei um passo adiante Shizune se colocou a minha frente impedindo meu avanço. Eu a fitei de forma firme e dura mas ela não sucumbiu ao meu olhar hostil.

– Você não pode passar Sasuke-san, sugiro que volte mais tarde. Faremos o que pudermos por ela. Ela esta em boas mãos.

Sem escolha tive que me retirar e me juntar ao resto do time que anteriormente havia se dirigido diretamente a sala do Hokage.

Passei pela porta da sala de Naruto e lá encontrei todo o time da missão mais nossos capturados e diversos Anbus espalhados pela sala. Parei ao lado de Kiba e a nossa frente vi Naruto abraçado a Hinata e mostrando-se confuso com tudo aquilo, provavelmente estava sem entender nada.

– Sasuke, o que está acontecendo? - questionou aparentemente sem entender, mas naquele momento acredito que ele já tinha alguma ideia.

– Esse velho é o chefe da tal organização que vinhamos investigando. Aquele - virei meus olhos ao Hyuuga próximo a Shino. - é Hyuuga Hayate, ele transmitia informações da vila para organização por motivos ainda desconhecidos, provavelmente Sakura saiba de alguma coisa. Os demais são subordinados de Yudi e os trouxemos para que você tome uma decisão sobre. - relatei indiferente.

– Entendi. - falou com uma expressão mais séria, como se pensasse o que faria agora. - Os Anbus podem levá-los em vigilância máxima e colocá-los junto aos que esperam julgamento. Sasuke me envie um relatório completo até amanha de manhã. Estão todos dispensados. - delegou Naruto e após isso todos começamos a nos retirar da sala. Quando eu estava próximo a porta ele me chamou:

– Sasuke, o que houve? - parei ao ouvir sua pergunta. - O cara esta claramente espancado e debilitado, algo me diz que você tem algo com isso. - comentou desconfiado.

– Hn. Quando cheguei ao esconderijo dele e vi o modo como Sakura estava, eu não pude me controlar.

– Exato, queria saber onde ela está e porque não está aqui com você. Como assim modo que ela estava? O que houve? - perguntou ele hesitante e com uma voz alarmada.

– Eu acabei de levá-la ao hospital. O cara que esteve na sua frente a poucos minutos atrás torturou Sakura dos piores modos possíveis. Ele a queimou, a cortou e quem sabe mais o que tanto fez. Eu a encontrei em um estado deplorável e intolerável a ponto dela mesma me pedir para matá-lo. Diante a situação que estava cheguei a pensar que poderia estar morta ou morrer a qualquer instante, isso tudo me levou a fazer o que fiz. - relatei. - Porém Shikamaru me parou. - conclui.

– O QUE? - perguntou espantado se levantando e batendo o punho na mesa, logo se conteve e voltou a falar. - Você fez bem, provavelmente eu teria feito o mesmo e por isso não te julgo. Prometo que ele pagará judicialmente pelo que fez. - garantiu sorrindo, não do seu jeito hiperativo ou alegre, mas sim como alguém que planejava algo.

– Hn.

–Só uma coisa… Como a Sakura-chan foi parar no esconderijo do tal cara?

–Tentando proteger a Hinata. Sakura executou um genjutsu e foi sequestrada no lugar dela.

–E porque ela fez isso? - perguntou confuso.

–Isso a sua esposa poderá te contar, já não cabe mais a mim. - respondi e além de confuso ele ficou bastante intrigado.

– Então terei que ir vê-la logo, até porque estou morrendo de saudades dela. -comentou alegre coçando a parte de trás da cabeça enquanto eu permanecia imóvel o olhando com tédio. - Você já pode ir teme, mas não esqueça do relatório de amanha e de me avisar sobre o estado de saúde da Sakura-chan. - pediu e abriu um sorriso leve, como se quisesse me acalmar. Tsc.

[...]

Sai da sala de Naruto e fui direto ao hospital, precisava de noticias de Sakura. Chegando lá não impediram minha entrada ao quarto de Sakura, mas Tsunade não permitiu que eu passasse a noite com Sakura a menos que eu fosse para casa tomar um banho e voltasse apresentável.

Fui para casa e algum tempo depois eu já estava de volta ao hospital, assim me sentei a uma poltrona próxima ao leito de Sakura. Mais uma vez estava eu sentado nessa poltrona e Sakura toda debilitada deitada numa cama. Isso era frustrante. Olhei para seu rosto e mesmo com a máscara de oxigênio o cobrindo eu via a serenidade que transmitia, muita coisa aconteceu e mudou nossas vidas em tão pouco tempo. Apesar do modo como ela apresentava-se no momento, eu estava feliz por ela estar salva e quem sabe agora tudo pudesse ficar bem. Respirei fundo e fechei os olhos, poderia finalmente descansar um pouco.

Alguns dias se passaram e eu me mantinha sempre no hospital a espera de Sakura acordar. Tsunade me irritava sempre que pudia com suas asneiras ao me mandar ir para casa, eu me recusava e permanecia intacto sentado na poltrona. Até que no quinto dia que eu permanecia sentado ao lado da cama, com seus argumentos ridículos ela me convenceu a ir para casa, concordei somente se prometessem me chamar quando Sakura despertasse.

Fui para casa tomar um banho e fazer a barba, não muito tempo depois retornei ao hospital e me sentei numa cadeira da recepção, logo Shizune veio me avisando sobre Sakura ter acordado e me dirigi para seu quarto.

[...]

No sexto dia de internação Sakura já estava recuperada e eu a levei para casa, andávamos tranquilos pelas ruas observando a movimentação agitada das pessoas com o inicio das atividades noturnas, senti a necessidade de pegar em sua mão e pelo canto dos olhos vi ela me olhar surpresa e instantaneamente o vermelho aparecer em suas bochechas, porém ela não se pronunciou sobre. Já próximo a sua casa, fiquei receoso em deixá-la sozinha e ela pareceu notar isso, sendo assim me pediu que permanecesse essa noite com ela. Nenhuma só célula do meu corpo recusou seu pedido e então cedi seguindo-a para dentro de seu apartamento. Preparei um chá para nós e nos sentamos no sofá, ela me observava e isso me intrigava, sua expressão me dizia que estava perdida em pensamentos os quais eu jamais saberia.

– O que aconteceu lá Sasuke-kun ? Digo, depois que desmaiei… - perguntou vacilante desviando o olhar por alguns instantes.

– E isso importa agora?

– Sim. Eu quero saber, por favor. - pediu voltando a me olhar quase suplicante.

– Depois que você desmaiou eu entreguei seu corpo a um clone meu que estava protegendo Hinata e ordenei que saíssem de lá. Me voltei para o velho e não pude conter minha fúria, e-eu apenas me concentrava em socá-lo e chutá-lo. Lancei meu Amaterasu sob ele e depois fui para o Hyuuga. Quando eu estava prestes a matá-lo, Shikamaru me parou com seu jutsu de sombra e me convenceu que seria melhor trazê-lo para um interrogatório aqui em Konoha. - contei monótono escondendo a parte de que na verdade fora ela quem tivera me parado, eu não dava a mínima para o interrogatório e toda aquela burocracia, o que eu queria mesmo era matá-lo e sei que Sakura também desejou isso, nem que seja por alguns instantes. Mas eu exitei somente com o pensamento de que aquilo não me tornaria o alguém que Sakura merecia, na verdade eu nunca seria merecedor, mas eu ainda sou egoísta e não me importo com isso, ela sempre me aceitou como sou e o que posso fazer é tentar ser o melhor para ela a cada dia.

– Entendo. Você vai comigo interrogá-lo amanhã? - perguntou num sussurro quase como uma suplica.

– Se assim você quiser. - respondi apenas.

Ela sorriu aliviada e eu me aproximei mais dela para dar-lhe um beijo casto e rasteiro nos lábios, como se a provocando. Ela pareceu entender e sorriu levemente sob meus lábios ao mesmo tempo que passava os braços ao redor do meu pescoço me puxando para mais perto e aprofundando o beijo. Não posso negar que meu ego inflou e eu sorri sob seus lábios - isso estava virando um hábito, - ela me fazer sorrir - eu adorava as sensações que ela me proporcionava e com certeza poderia me acostumar com esse tipo de aproximação, somente dela, claro. Quem diria, Uchiha Sasuke dominado, Tsc. Eu jamais admitiria algo assim.

Ficamos assim por um tempo, eu queria passar um bom tempo com ela desse modo, aliás depois de tudo que se passou, sentia essa vontade imensa de permanecer próximo a ela. Após alguns minutos ela se levantou e pegou minha mão protética como num convite silencioso, então eu também me levantei e dei-lhe um beijo na testa, após isso puxou-me em direção ao quarto. Notei seu modo vacilante ao andar e então circundei sua cintura com meu braço segurando boa parte de seu peso. Apesar de recuperada, Sakura ainda não estava em sua melhor forma.

Caminhamos rumo ao quarto de Sakura e a coloquei na cama, me sentei numa cadeira próxima e ela me olhou em reprovação. Afastou-se para o outro lado da cama, creio que insinuando para eu me deitar ao seu lado vago. Sorri minimamente e me deitei junto a ela na cama passando meu braço protético em volta dela e descansando a mão em sua cintura. Ela aconchegou-se sob meu peito enquanto com minha mão direita eu acariciava seu cabelo e sentia seu aroma adocicado que eu tanto gostava. Aquilo logo me embalou a dormir e eu sentia-me completo, a paz finalmente me atingiu e eu poderia dormir tranquilamente.

Um tempo havia se passado enquanto eu dormia profundamente, até que algo me acordou e olhando no relógio vi que não passava das duas e meia da manhã. Rodei meus olhos para meu peito e vi uma Sakura agitada em seu sono, ela se debatia e agarrava com força minha camisa enquanto mantinha os olhos fechados firmemente, pela sua expressão eu imaginava que ela estava em grande aflição seja lá com o que atormentava sua mente.

– Sakura! - chamei balançando seu ombro esquerdo tentando acordá-la. - Sakura, acorde! - pedi e nenhuma resposta, continuava agitada e segurando firmemente minha camisa ao mesmo tempo que afundava o rosto no meu peito. - Sakura! - chamei um pouco mais alto e a balancei mais uma vez.

Sakura acordou rapidamente meio assustada e com uma expressão perdida. Ao me ver ali olhando desconfiado, ela logo fechou os olhos e visivelmente relaxou voltando a se deitar sob meu peito e me abraçando mais forte, na verdade, eu diria que se agarrando persistentemente a mim.

– Sakura? - chamei.

– Está tudo bem Sasuke-kun. Agora está tudo bem. - afirmou e intensificou um pouco seu aperto sob mim. Não muito tempo depois senti sua respiração leve e calma que me levou a concluir que havia voltado a dormir. Eu não demorei muito para fazer o mesmo.