Nunca Fui Beijada escrita por Larissa Carvalho


Capítulo 4
Quebrando o gelo


Notas iniciais do capítulo

Olá Galera!
Mais um capitulo quentinho para vocês!
Boa leituraa.



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Pov Dimitri

– Por que você só não agarra e beija? – perguntou Mason. Eu fitei-o.

– Caso não tenha escutado o mesmo que eu, é preciso que ela peça. – falei. Eu já estava irritado o suficiente.

Abri o armário do vestiário e peguei as minhas roupas. Eu estava apenas de toalha como os outros e precisava ir para casa pensar em um modo de beijar aquela garota.

Qual é!

Ninguém nunca... Nenhuma garota nunca... Rejeitou-me.

Ela não vai ser a primeira... Não vai mesmo.

Ela jogou aquela ficha para trabalhar no bar, como se eu fosse um cara qualquer. Eu não precisava daquilo... Tinha dinheiro para os meus tataranetos se fosse preciso.

Eu só tinha uma irmã e ela não ligava muito para nada que fosse da minha família, só gastava como qualquer garota normal. A minha mãe que cuida dos negócios da família e mesmo assim me vigia constantemente, me dizendo que preciso ser responsável e que depois que meu pai morreu, eu preciso cuidar dela e da Vikka.

Mas no momento, a aposta de Jesse não tinha subido a minha cabeça. Ela tinha apenas me aberto os meus olhos. Eu nunca tinha sido rejeitado... Por nenhuma garota... Seja nerd, líder de torcida, ou seja lá o que for... Eu sempre consigo a garota que eu quero.

E eu vou conseguir Rose Hathaway...

***

– Você viu a sua garota hoje? – perguntou. Eu olhei para Ivan

– Não Ivan. Não vi. – falei. Ele me encarou. Estávamos somente eu e ele na mesa para o almoço.

– Bom, ela estava com a sua irmã. E... – ele hesitou para conseguir fazer uma cara estranha. – Que bunda.

– O que? – perguntei.

– A sua garota tem uma bunda maravilhosa... Menino de sorte Belikov.

– Oh, cale a boca Ivan. – murmurei. Ele gargalhou.

– Não vai ser tão ruim assim. – disse. – Ela é bem... Interessante.

– Não é a aparência. – falei. Joguei a colher na bandeja e olhei para Ivan, abaixando o meu tom de voz. – Ela não é tão ruim.

– Então qual é o problema? – perguntou.

– O problema é ela me dar atenção. – murmurei.

– O que? – Ivan parecia divertido. – Ela... Te ignorou? A garota te ignorou? Oh meu Deus.

– Fala baixo. – eu disse. Tentei ser firme, mas ainda não tinha conseguido tirar o sorriso do rosto de Ivan.

– Ela te ignorou? – perguntou novamente.

– Sim. – falei. Minha voz denunciava a tristeza, mas eu ainda podia tentar de novo. – Mas ela vai pedir o beijo... Me chamo Dimitri Belikov.

– Oh, por favor, Dimka... – falou Ivan. – Desista enquanto não está longe demais.

– Não. – falei. – Vou até o fim Ivan, essa garota vai ser beijada... E sou eu quem vai fazer isso.

***

Lá estava ela.

Rosemarie Hathaway.

Na minha classe de Literatura, na primeira cadeira.

Seus cabelos presos em um rabo de cavalo e seus óculos escondendo os olhos que eu admirei no sábado passado. Eu tinha que admitir, ela era de enlouquecer qualquer homem, por debaixo daqueles panos todos.

Eu sorri. Ela não era tão ruim assim.

– Turma... – disse o Sr. Clark, enquanto colocava a pasta de couro em cima da mesa. Ele já era um velhinho barrigudo e com bigode. Não era tão ruim assim... Mas eu não gostava de literatura. Ao contrário da minha mãe. Ela tinha uma enorme biblioteca em casa. – Hoje trouxe novidades. Quero algo diferente... Algo que os motive...

– Me tirar daqui, me motivaria bastante. – disse Tasha. Ela também estava no fundo da sala, mas bem longe de mim.

Todos riram e o Sr. Clark fitou-a. Ela parecia à rainha da ironia e todos a amavam, enquanto riam. Menos ela... Menos a Rose.

– Srtª. Ozera... Por que não recita algo para nós, já que quer ser motivada na sua nota da prova final?

– Não gosto de Literatura.

– E eu não gosto de pessoas como a senhorita. – falou. – Tenha a caridade de ficar calada.

Agora o peso na sala caiu. Eu queria rir, mas chamaria a atenção para mim. Hum, nada bom.

– Bom, já que a Srtª. Ozera se recusou a recitar algo agradável para nós, poderíamos escolher alguém... – ele olhou para algumas pessoas, e seus olhos não passaram por mim, mas sim por Rose.

Ele fitou-a e sorriu.

– Srtª. Hathaway... Agradaria-nos com essa graça? – ela levantou a cabeça para olhá-lo e depois constatou que todos faziam o mesmo. Seu olhar ficou acanhado. Ela assentiu de um jeito tímido e sorriu.

– Claro. – falou. Rose limpou a garganta e se endireitou na cadeira. Ela ia mesmo falar? – É Shakespeare.

– Por favor... Tem a palavra. – disse o Sr. Clark.

Ela respirou fundo e sorriu.

– Quando penso em você me sinto flutuar, me sinto alcançar as nuvens, tocar as estrelas, morar no céu.../ Tento apenas superar
a imensa saudade que me arrasa o coração, mas, que vem junto com as doces lembranças do teu ser./ Lembrando dos momentos
em que juntos nosso amor se conjugava em uma só pessoa, nós ..

– Maravilhoso. – disse o Sr. Clark. – Maravilhoso. – repetiu.

Ele encarou Tasha. Eu também o fiz. Ela tinha seus olhos em Rose e não estava nada satisfeita com a demonstração que acabara de acontecer. Ao contrário de mim, que com toda certeza tinha aquele sorriso bobo no meu rosto.

– Aparentemente alguém vai passar. – disse o Sr. Clark. Rose abaixou a cabeça quando viu os olhares de Tasha e das suas fiéis escudeiras. – Bom, vamos à aula então...

Depois disso... Eu só a tinha em meus pensamentos.

Nunca quis tanto beijar alguém.

***

– Cheguei. – gritei.

Fechei a porta atrás de mim e andei de modo preguiçoso até as escadas. A minha casa era ampla, branca e cheia de luz. Minha mãe optou em janelas em cada parede. Eu gostava disso. Gostava da sensação de paz que essa casa me trazia.

Há um ano eu era só um garoto com uma família normal e depois que meu pai morreu, eu simplesmente me sinto sozinho. Tudo bem que ele não era o melhor marido, nem o melhor pai do mundo, mas ainda sim era o meu pai... Eu tinha momentos felizes.

Vikka ainda não tinha chegado da escola e a única coisa que eu pensei em fazer quando entrei no meu quarto foi me jogar na minha cama. Assim que a minha cabeça bateu no travesseiro, senti alguma coisa... Era um papel. Puxei-o para frente e observei as letras em negrito e os espaços para preencher.

Rose Hathaway... Como eu vou conquistar você?

***

– Já chega Dimitri. – gritou minha mãe.

– Não mãe, não chega. Estou me matando naquele time para conseguir uma vaga em uma universidade boa.

– Você não precisa da vaga Dimka. – gritou Olena. – Mas precisa saber o valor do seu dinheiro.

– Oh mãe eu sei o valor do dinheiro. – falei. Ela sorriu.

– Querido, você não sabe. – falou. Ela saiu de trás da mesa do escritório. Vestia seu vestido vermelho, que a deixava com o ar sofisticado. – Tenho somente você e a Vikka agora.

– Você acha que eu não sei disso? – gritei. – Acha que eu não sinto falta do papai? Eu sinto falta dele todos os dias.

Ela abaixou a cabeça. Senti-me mal por gritar com ela, mas não estava mais aguentando aquilo. Ela não queria que eu fosse para uma universidade, apenas me queria como o herdeiro.

– Sei como se sente, Dimitri. Mas agora tem responsabilidades. – disse. Ela fitou-me. – Não vou deixar que estrague a sua vida.

– Com o que? – perguntei. – Uma faculdade?

– Com Natasha Ozera. – falou. Seu rosto estava zangado agora.

– O que? O que ela tem haver com isso?

– Tudo. – disse. – Não a quero aqui, não a quero com você.

– Eu não estou mais com a Tasha. – gritei. – E se for pelo meu dinheiro... – ela me parou com a mão. Eu a fitei.

– Não é pelo dinheiro... Não me importo e você sabe... Eu era pobre quando conheci seu pai. – falou. – Só quero que conheça o valor do dinheiro.

Ela se virou para a mesa de volta para a mesa e eu observei o quão quieta ela tinha ficado. Eu sabia que lembrar o meu pai não era legal, mas eu não queria ser igual a ele. Ela queria que eu fosse.

– Quero que arranje um emprego. – falou. Eu arfei.

– Nunca.

– Nunca diga nunca, Dimka. – falou. Ela virou-se novamente para mim novamente. Seus olhos estavam rígidos. Como se tivesse muito decidida naquela ideia insana.

– Não. Eu não preciso disso... – ela balançou a cabeça e eu me interrompi.

– Tem uma semana para arranjar um emprego, e que ele dure até o baile de formatura...

Eu fechei a mão como se fosse dar um soco. Ela não podia estar falando sério. Não, não podia.

– E se eu não arranjar? – perguntei.

– Eu arranjo para você. – disse. – E não vai ser tão interessante quanto pensa.

Eu revirei os olhos. Não podia continuar ali.

Abri a porta do escritório e até os portões e os seguranças poderiam ter ouvido como eu bati aquela porta. Eu estava irritado, louco por ela querer aquilo.

Responsabilidade? Eu sou responsável.

Eu estava quase socando a parede quando ouvi a campainha. Uma das empregas vinha, mas eu fiz um gesto para que ela voltasse. A porta da minha casa também era de vidro e eu mal tinha escutado o interfone.

Ela estava lá de novo. Rose.

Dessa vez ela quase parecia normal.

Uma calça jeans que mostrava as suas curvas, uma blusa regata vermelha e seus cabelos presos em um rabo de cavalo. E os óculos, não posso me esquecer deles.

Quase pulei.

Depois de um dia tão duro, lá está ela. Todas as vezes que a vejo, uma sensação toma conta de mim. Seja em relação à aposta ou não, eu preciso descobrir o que é.

Ainda sorrindo, fui até ela. Agradeci por ter tomado um banho e colocado jeans e aquela blusa de manga preta. Eu não estava tão ruim. Eu nunca estava ruim.

Ela ainda não tinha me visto enquanto eu caminhava até a porta. Ela parecia confusa. Olhava para todos os lados. Para os seguranças, o portão, mas nunca para dentro da mansão. Abri a porta e sua atenção fui toda para mim. Seus olhos se arregalaram em surpresa. Com toda certeza ela não sabia que eu morava aqui.

– Oi. – disse. Como uma pessoa pode gaguejar ao dar OI?

– Olá. – falei. Abri meu melhor sorriso e a fiz corar. Ela se mexeu desconfortável e eu me afastei para que ela entrasse.

Seus olhos se arregalaram ainda mais quando olhou o interior da minha casa. Suas mãos ficaram ainda mais tremulas e eu sorri. Ela olhou para mim. Seus olhos fizeram meu coração se apertar.

– Estou procurando a Vikka. – falou. – Teríamos um trabalho agora.

– Oh... Eu sou o irmão dela. – falei. Seus olhos se arregalaram ainda mais. Eu gargalhei. – Não sabia? Ela não te disse o sobrenome?

– Não fico perguntando o sobrenome das pessoas. – disse. Ela tinha uma expressão ofendida. Eu a encarei.

– Isso é bom. – murmurei. Ela fitou-me. Eu também fitei-a.

Ficamos alguns segundos assim. Ela parecia me examinar por completo. E eu estava divertido com tudo aquilo. Ela tinha uma língua afiada, uma personalidade forte e era linda. Por mais que isso devesse ser explorado.

– Bom, eu vou embora. – disse.

Oh não...

– Não, não precisa. – falei. – Vou chamar a Viktória.

– Não precisa, eu falo com ela amanha. – ela tentou virar para a porta de novo, mas eu segurei seu braço. Senti uma onda de eletricidade passar ali e enraiar para o meu corpo.

Eu olhei em seus olhos e sorri.

– Pode esperar no jardim se quiser. – falei. Seus olhos brilharam. Um brilho que me fez sorrir.

– Você tem um jardim? – perguntou. Eu sorri, retirando a mão do seu braço.

– Minha mãe tem um. – corrigi-a. Ela sorriu.

– É claro que tem. – murmurou. – Eu já vou, obrigada por... – ela olhou de novo à nossa volta e sorriu. – Tudo.

Ela foi em direção à porta e a abriu novamente. Rose parecia tão desconfortável aqui... E até mesmo quando eu falei do jardim e seus olhos brilharam, ela não quis continuar aqui.

Assim que eu a vi saindo, eu não me lembrei da aposta. Em seus olhos eu vi mágoa. Algo desesperador, que me fez correr atrás dela. Não tinha que dar satisfações para a minha mãe ou para qualquer outra pessoa. Eu só tinha que ir atrás dela.

– Rose. – gritei. Ela parou ainda de costas para mim. Terminei de descer os degraus e esperei que ela virasse. Seus olhos estavam tristes.

– Oi. – disse. Ela me deu um sorriso fraco.

– Posso te levar em casa? – perguntei. Ela me encarou surpresa.

– Eu vou a pé, não está longe... – ela tentou continuar, mas eu dei um passo à frente.

– Por favor... – pedi. – Eu só quero sair de casa.

Ela me estudou por um tempo. Seus olhos encontrando os meus e tentando entender tudo que estava acontecendo. Ela parecia confusa, triste e feliz. E eu não sabia se isso era possível, mas pela primeira vez em muito tempo... Eu estava me sentindo bem.

– Tudo bem. – disse por fim.

Eu sorri, mas ainda ficamos em silencio por um tempo.

Passamos pelos portões da minha casa e ainda em silencio continuamos andando. Ela parecia nervosa e eu também estava. Nunca me senti assim com garota nenhuma, ela era diferente. Não só no seu jeito de se vestir, mas no que me fazia sentir.

E eu estava gostando disso.

– Sabe... – comecei. – Você era de Montana antes? Quer dizer, já tinha vindo aqui?

Ela sorriu.

– Quando era pequena. – disse. Seu rosto estava diferente agora, ela parecia feliz. – Quando meu pai... Era... Só meu pai.

– Não precisa falar se não quiser. – falei. Ela assentiu. O silencio nos abateu de novo. Mas era um silencio confortável. Como se um entendesse o espaço do outro.

– Meu pai é complicado. – murmurou. – Ele e a minha mãe são. Os dois se divorciaram quando eu e a Lissa erámos bem pequenas. Eu cresci nessa situação, já deveria estar acostumada com tudo isso. – ela gesticulou em volta de nós dois. Eu lhe dei um sorriso.

Estava escuro e a rua vazia. Tinha apenas eu e ela caminhando devagar. E agora o silencio novamente.

– O meu morreu. – falei. Ela parou no meio da rua e continuou a me encarar.

– Oh caramba, sinto muito. – eu voltei os passos que tinha dado sem ela e sorri.

– Tudo bem. – falei. Balancei a cabeça para frente e ela sorriu entendendo o meu recado. Voltamos a andar.

O silencio voltou a nos rodear e eu senti quando ela respirou fundo.

– O que viu em mim? – perguntou. Seus passos eram lentos e eu a seguia.

– Uma boa poetiza. – falei. Ela riu. Uma gargalhada que me fez rir.

– Aquilo foi horrível. – disse, entre gargalhadas.

– Eu achei incrível. – falei. Pus as mãos no bolso da calça jeans e fitei-a. Ela ainda sorria.

– Eu te vi jogando futebol hoje... Aquilo é incrível. – falou. – Você é tão rápido e forte. – eu sorri.

– É... – eu sorri para ela. – Eu sou desses. – ela gargalhou.

O som da sua risada ecoando na rua me fez rir também. Era tão leve e descontraída. Ela nem parecia à garota desajustada que eu tinha conhecido na St. Vladimir.

– Rose... – comecei.

– Sim ? – ela sorria agora.

– Sobre preencher uma ficha... – ela riu de novo, me interrompendo.

– Tudo bem, camarada... Não precisa lembrar daquilo.

Camarada?

Eu gostava do som do seu sorriso e da sua voz, mas se aquele fosse um novo apelido, eu ia gostar daquele som na minha cabeça o resto da noite.

– Eu só quero saber, se eu posso. – falei. Não seria todo ruim estar perto dela o tempo todo. Conhecer o território.

– Pode o que? – perguntou. Nós paramos na entrada da rua dela A rua que também era da casa de Cristian e Tasha.

– Preencher uma ficha. – falei. Agora eu estava tão perto ela quanto queria estar. Ela engoliu a seco.

– Você não quer preencher uma ficha, camarada. – falou. – Já olhou para a sua casa? Você não precisa disso.

– Talvez eu precise mais do que pensa. – murmurei. Seus olhos agora, me estudavam com cautela.

Ela abriu a boca em surpresa quando entendeu as minhas palavras. Não era só o trabalho, era ela. Tentei me aproximar mais um pouco... Mas ela deu um passo para trás, quase caindo na diferença de altura entre as calçadas. Eu a segurei, mas ela se soltou assim que ficou firme.

– Tenha uma boa noite, camarada. – gritou enquanto corria para a sua casa.

Eu sorri e ao longe vi quando ela entrou na casa em frente à da de Cristian e Tasha. Era pequena e igual às outras. Por um momento eu quis morar ali, para vê-la todos os dias.

– Até mais, Roza. – murmurei, sozinho na noite.


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Notas finais do capítulo

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