Pov. Dimitri

Quando se pensa na pessoa amada, mesmo que esteja em um enterro ou em algum lugar que tenha a intenção de te fazer ficar triste, aquele sorrisinho surge. Aquele sorrisinho que faz você revirar os olhos depois de cinco segundos.

Ou quando a hora do celular fica mais interessante que as coisas. Eu amava o fato de Rose ter aquele sorrisinho comigo e gostava ainda mais o fato de contar as horas para tê-la ao meu lado.

Estávamos cada vez mais perto da formatura e cada vez mais perto da aposta chegar ao fim. Não podia dizer a Jesse que eu estava apaixonada por Rose e muito menos deixar que Mase soubesse disso. Eu poderia desistir de tudo e contar pra ela. Tentar conquista-la se fosse o caso...

E então aconteceu.

Meu telefone tocou desesperadamente me acordando depois que eu tinha virado a noite no bar com Lissa e Janine ao meu encalço. Rose tinha sumido à 24 horas e de acordo com Cristian tinha dormido com Meredith, trabalhando de babá.

Eu estava louco para vê-la, mas ela ia pegar as amigas no aeroporto e de lá ia para bar. Lissa também estava animada com as amigas no bar essa noite, ao contrário de mim que não me dei nenhum pouco bem com a Mia. A garota de cachinhos amarelos que me irritou com seu olhar preocupado.

Já a Sid pareceu legal, mas todos passaram a suspeitar de mim de qualquer forma. A estrela do time gostando de uma garota nova e desarrumada, depois de namorar Tasha Ozera e outras garotas estilo modelo. Devo admitir que até eu ficaria bolado comigo.

Deslizei meu dedo na enorme tela e ainda com a visão embaçada, levei o celular ao ouvido sem nem ao menos saber com quem eu ia ter a minha primeira conversa pela manhã.

– Espero que não esteja vestido. – disse uma voz irônica.

Eu conheceria aquela voz em qualquer lugar do mundo. Uma voz manipuladora, rouca e nada sexy, que me enfeitiçou por tempo limitado.

– O que quer? – perguntei, rude. – Ainda tem o meu número?

– Claro que tenho. – disse Tasha, fingindo uma voz inocente. – Eu tenho até a sua cueca. – disse. – A que você esqueceu aqui em casa no aniversário do Cristian.

– O que você quer?

– Uma nova cueca. – disse Tasha.

– Eu vou desligar. – disse, começando a fazer o que tinha dito.

– Não. – gritou. – Não. Pare com isso ou eu juro que conto para a Rose sobre a aposta.

– O que? – perguntei, levantando em um pulo. – Como você sabe?

– Me encontra hoje. No lugar de sempre.

– Não. – eu disse, mas ainda assim eu estava na linha. Quando se tratava de Rose eu não podia bobear.

– Sim. Você vai. – disse Tasha. – Temos algumas coisas pra esclarecer.

– Não temos, Natasha. – eu falei. – Acabou. Você está blefando.

– A sua nova garota mora na frente da minha casa, Dimka. – falou, de modo inocente. – Quer mesmo discutir sobre isso?

Fiquei mudo. Tasha não era o tipo de garota que blefava. Se ela estava falando, é porque realmente, ela sabia o que estava acontecendo e eu tinha certeza que se não fosse, ela contaria o que estava sabendo, mesmo com Jesse envolvido em tudo isso.

Eu revirei os olhos, caindo na cama novamente, ainda com a roupa de ontem à noite, olhei para o meu avental jogado no canto do meu quarto perfeitamente arrumado e respirei fundo.

– Estou indo. – disse, por fim.

Apenas pensando em Rose.

***

Tasha já estava lá. Com a mesma mania de se encostar à parede e por um dos pés na própria, sujando-a. Eu revirei os olhos ao olhar aquilo. Era o nosso lugar secreto. Eu e ela começamos a nos conhecer melhor ali. E provavelmente todo o time de futebol também passou a conhece-la ali.

Me aproximei entrando cada vez mais pela pequena floresta que rodeava a escola e Tasha tirou o pé da parte externa da cabana. Eu lembro quando meu pai mandou construí-la e deu verba para isso. Eu ficava ali matando aula e ninguém descobria.

Tasha entrou na cabana primeiro que eu, e eu entrei em seguida. Tinha tomada um banho rápido e colocado a roupa como um louco. Meu cabelo estava desgrenhado, mas tenho certeza que ainda parecia atraente para ela.

Percebi sua saia de colegial quadriculada e sua mini blusa, esbanjando a barriga magra e branca. Ela sorriu quando me viu entrando na cabana e ajeitou a franja.

– Pensei que não fosse vir mais. – disse, tentando um sorriso que me faria jogá-la naquela cama no meio da cabana suja e velha.

– O que quer? – perguntei irritado. – O que você sabe?

– Sei da aposta. – eu gelei. Ela sorriu ainda mais, com aquele batom vermelho, que a deixava ainda mais fácil para qualquer um.

– Eu não sei do que está falando.

– Ahh, você sabe. – disse Tasha, sorrindo.

– Tasha... – comecei. Ela me interrompeu, aproximando-se.

Ela colocou as duas mãos no meu rosto e sorriu, ficando cada vez mais perto. E quando dei por mim, nossas bocas já estavam se movimentando. Ela tinha aquela poder sobre mim, um poder que eu nunca consegui resistir.

Mas eu lembrei de Rose e do que ela me causa, e usei todas as minhas forças para pegar em seus braços e afastá-la de mim. Ela me olhou espantada por alguns segundos, mas depois sua boca se formou em um curioso sorriso.

Ela mordeu a boca, ainda sorrindo e afastando-se de mim. Seus olhos azuis, iguais ao de Cristian me encaram por alguns segundos, com aquele sorriso irônico. Eu nunca interrompi um beijo de Natasha antes, e ela sabia o que seus beijos me causavam.

– Está apaixonado por ela. – contatou.

– O que? – perguntei, fingindo espanto. – Não.

– Claro que está. – disse. – Jesse estava certo. Você se apaixonou!

– Já disse que não sei do que está falando. – eu disse.

– Então... – disse Tasha em seu tom mais maldoso... com aquele olhar de faminta. – Beije-me.

Eu fitei-a. Respirei fundo. E a puxei para mim.