O Relógio de Areia escrita por beautifulfantasy


Capítulo 9
Capítulo 9 - A Briga




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Teen Titans não me pertence

Caso não tenha ficado claro no capítulo passado, estamos em 2009, ou seja, 5 anos após a entrada de Terra para a equipe e 3 anos depois do final da quinta temporada.

Capítulo 9 – A Briga

Ravena terminou seu chá, lavou a caneca e a deixou de ponta cabeça, escorrendo na pia, assim poderia usá-la pela manhã. Ela imaginou que Mutano e Terra já deviam estar se acertando, e se dirigiu para o seu quarto. Não importava o que Mutano dissesse, ela não conseguia ver os dois se separando. Ele devia ter exagerado quando disse que tinha muitas discussões com a loira ultimamente. Eles eram... Perfeitos um para o outro.

Passando perto do corredor que dava para o quarto de Terra, porém, ela percebeu muitas emoções negativas e bagunçadas sendo emitidas. E não demorou a escutar gritos vindos de lá. Os primeiros eram de Mutano. Ela sabia que não deveria ficar ouvindo, que devia continuar andando e deixar o casal se resolver sozinho. Mas não conseguia se mover. Estava chocada. Mutano tinha razão. Os dois estavam muito zangados um com o outro, ela podia sentir. Será que era porque Mutano não quisera sair com ela? Ela podia sentir uma emoção estranha emanando de Terra, mas não conseguia discernir qual era.

–Ah, é? – gritou Terra com a voz esganiçada – Pois nós vamos resolver alguma coisa dessa conversa agora.

Um momento de silêncio. Ravena não entendia por que estava tão curiosa, não era da sua conta, ela devia ir embora. Mas seu corpo apenas se inclinou para frente, desobedecendo-a, e fazendo-a ouvir melhor. Mutano murmurou alguma coisa. Então ela ouviu.

–Eu não quero mais que você veja a Ravena.

Ravena saiu de seu estado petrificado com o novo choque. Eles estavam brigando... Por causa dela? A empata levou as mãos à boca e correu para seu quarto, o coração a mil. Entrou e fechou a porta rapidamente, se encostando na parede. Ela tentou acalmar sua mente, mas as palavras de Terra pareciam estar cada vez mais altas. Colocou as mãos nos ouvidos, mas não adiantava. Ela continuava sentindo as emoções alteradas, perturbadas dos dois amigos. E tudo por causa dela. Não estava conseguindo pensar direito, e sua estante começou a tremer, derrubando todos os livros no chão.

A empata não podia deixar isso acontecer. Então foi para o único lugar onde seus poderes não machucariam ninguém. Nevermore.

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– O que? – perguntou Mutano, incrédulo, depois de alguns segundos de silêncio. – Mas de que diabos você está falando? O que a Ravena tem a ver com isso?

–Bom, por que não me diz você, já que é tão amiguinho dela? – perguntou Terra de volta, a voz ainda alta e esganiçada.

Mutano deu uma risada sem humor nenhum e olhou para a namorada com um olhar totalmente incrédulo.

–Sério, Terra? – disse ele, baixando a voz e tentando se acalmar. – De todas as pessoas, você está com ciúmes da Ravena?

–Eu não estou com ciúmes. – respondeu ela, também baixando o tom de voz.

–Então por que você veio me fazer essa exigência ridícula? – perguntou o metamorfo, segurando os ombros dela.

–Porque... Porque você passa muito tempo com ela. – murmurou Terra olhando para o lado e fazendo beicinho. – E agora você quase nunca tem tempo de sair comigo.

Mutano suspirou.

–Terra, já conversamos sobre isso. – disse ele, soltando os ombros dela e colocando as mãos no rosto, como se estivesse cansado. – Eu não sinto mais vontade de sair. Quero dizer, toda noite, como costumávamos fazer. E eu queria que o nosso relacionamento... Sabe... Evoluísse um pouco mais. Parece que não mudou nada desde quando tínhamos quinze anos.

–O que você quer que mude? – perguntou ela sem entender. – Nós estávamos ótimos aos quinze anos.

–É, Terra, aos quinze anos, mas nós temos dezenove, quase vinte agora. Você não acha que devíamos ter subido algum degrau?

–Não, Mutano, eu não acho. Eu acho que estamos ótimos assim, é o relacionamento perfeito. Nós nos divertimos, não tem cobranças estúpidas...

–Ah, Terra... Eu não sei... – murmurou ele, sentando na beirada da cama. – Eu só não consigo nos ver casados, sabe? Toda vez que eu imagino, parece errado, porque parecemos tão infantis...

–O que?! Mas quem está falando em se casar, Mutano? – disse Terra, com uma expressão desagradável. – Você realmente está querendo nos envelhecer muito antes da hora.

O metamorfo não respondeu, fitando a paisagem pela janela. Ele sabia que ela não entenderia.

–Vamos deixar tudo isso pra lá, está bem? – ronronou ela, abraçando o namorado por trás. – Só faça o que eu te pedi.

–O que? Não ver mais a Ravena?

–É... Você sabe, Mutano, não precisa parar de falar com ela, só acho que já chega dessas visitas particulares que você faz a ela quase toda tarde. – explicou a loira, parecendo razoável. – Ela nem mesmo parece que gosta disso. Ela sempre te expulsa e te insulta. Eu não quero mais ver você se esforçando por alguém que não vale a pena.

Mutano se desvencilhou do abraço, se levantando.

–Terra, como pode dizer isso? É claro que ela vale a pena, é nossa amiga e companheira de equipe. Eu já te expliquei isso, ela diz que não gosta, mas se todos a deixarmos sozinha, ela vai sofrer com isso. Todo mundo na Torre já diminuiu a atenção para ela, por causa dos namoros e tal.

–Ah, Mutano, já chega, estou cansada disso tudo! – exclamou a loira, deitando na cama. – Ela expulsa todo mundo, ela diz que quer ficar sozinha, se ela quer sofrer, é problema dela!

Ela encarou a expressão de Mutano, que parecia chocada, como se tivesse visto um lado da namorada que ele nunca percebera. Ou que quisera fingir que não percebera. Egoísmo.

–É mesmo, Terra? Eu gostaria de saber o que teria acontecido se quando você foi pedir ajuda para Ravena para controlar seus poderes, ela tivesse te dito a mesma coisa que você me disse dela agora.

E com essas palavras, andou até o corredor e fechou a porta atrás de si, deixando Terra sozinha com seus pensamentos.

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Ravena estava sentada em uma pedra, que flutuava no meio do nada. O céu ao fundo era negro, e outras pedras flutuavam em volta, algumas com árvores vermelhas e corvos cabeçudos voando em volta. Finalmente, ela estava conseguindo se acalmar. Não quisera ver nenhuma de suas emoções; estas perceberam a perturbação e se refugiaram em seus respectivos reinos.

Ela não entendia porque ficara tão perturbada com o que acabara de ouvir. Pensando racionalmente, não era difícil adivinhar o que acontecera. Terra já estava brava com Mutano, e ao vê-lo com ela teve um ataque de ciúmes, e exigira que ele parasse de ficar com ela. Mas por que isso a incomodava tanto?

Talvez por que... Ela sabia que Mutano ia fazer o que a namorada pedira. Ele fazia tudo que ela queria. Ainda assim, isso não importava para ela, certo? Ela não ia perder o amigo. Ele só ia parar de incomodá-la quase toda tarde. Pensando bem, era uma coisa positiva para ela. Poderia meditar sem ser interrompida. Poderia ler a tarde inteira.

Nada mais de batidas impacientes à porta.

Nada mais de piadas sem graça toda tarde.

Nada mais de convites insistentes para fazer coisas que ela não gostava.

Nada mais de sorrisos calorosos.

Nada mais de sentir como se alguém se importasse com ela.

Nada mais... de Mutano.

Ela não conseguiu impedir as lágrimas que brotaram em seus olhos e deslizaram pelo seu rosto. E, de repente, ela soube que o reino de Felicidade estaria lacrado. De novo. A primeira vez que o reino de Felicidade se lacrou foi quando Slade apareceu para dizer-lhe que o Fim estava chegando. Ele só se abriu depois que ela derrotou Trigon e o mundo voltou ao normal.

Agora, ele seria lacrado novamente com o tempo, com a sua solidão, e ela não conseguiria se comunicar com a emoção lá residente. Ela não entendia. Ela nunca percebera que Mutano e sua presença eram tão... Importantes para ela. Mas ele era de Terra em primeiro lugar. E ela não podia esperar que ele enfrentasse Terra, o amor de sua vida, somente por uma amiga que o tratava mal toda vez que o via. Ela desejou ter dado a devida importância ao metamorfo. E nas profundezas do reino de Raiva, egoisticamente desejou que Terra não existisse. Sentindo isso, a empata secou as lágrimas e se recompôs, sentindo-se uma pessoa horrível.

–Eu não vou mais sofrer por causa disso. – disse ela em voz alta, as palavras ecoando no infinito. – O Mutano não é importante. Terra tem razão, ela deve ter, e eu não devo ficar com raiva dela por causa disso, é muito egoísmo. O Mutano não é importante, o Mutano não é importante, o Mutano não é importante, o Mutano não é importante, o Mutano não é importante!

Ela parou, respirando fundo. Não iria mais se importar com isso.

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