O Relógio de Areia escrita por beautifulfantasy


Capítulo 4
A Oferta




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/632879/chapter/4

Teen Titans não me pertence.

31 de Julho de 2004, quarto do Mutano, 11h15min

Mutano acordara havia algum tempo, mas permanecia deitado. A luz do sol batia em seu rosto, fazendo-o cobrir os olhos com um braço, e ele conseguia ouvir as ondas batendo contra as rochas da pequena ilha. Era O dia.

Terra já estava na equipe há seis meses. Nos primeiros dias, ela ficara um tanto tímida, parecendo não estar totalmente certa do que estava acontecendo, e meio que esperando acordar a qualquer momento, ainda em alguma caverna escura e solitária. Mas depois da certeza, ela finalmente se soltou e voltou a ser como realmente era: barulhenta, bagunceira, distraída, esfomeada e, principalmente, divertida. Embora ao final do dia ela sempre estivesse exausta, pois Robin a treinava diariamente, para que a loira adquirisse controle total sobre seus poderes.

Cerca de um mês depois da entrada de Terra, Mutano estava babando totalmente por ela. Assim, ele a convidou para sair, e, para sua total surpresa, ela dissera sim. Aos poucos, os dois saíam todo final de semana juntos (afinal durante a semana ela tinha treino intensivo), e passavam cada vez mais tempo juntos, sozinhos. Isso revelara uma grande quantidade de coisas em comum entre os dois.

Então, há quase duas semanas, Mutano decidira, definitivamente, pedir Terra em namoro. Oficial. Ele primeiro pedira conselhos a Ciborgue.

18 de Julho de 2004, oficina da Torre Titã, 13h44min.

–Namoro? Tipo sério? Oficial? – perguntava Ciborgue, chocado.

–Bom, é. – respondeu Mutano, levantando as mãos. – O que você acha?

–... Hã, sei lá, verdinho. – disse o homem-robô, coçando a nuca com uma chave inglesa. – Não é meio cedo pra isso?

–Cara, a gente tá de rolo há uns 5 meses! – exclamou Mutano, gesticulando forte. – Eu to enrolando com isso há um tempão!

–Mas Mutano, vocês dois são muito novos. Você tem quanto, treze anos?

–Treze?! Cara, eu tenho quinze anos! – gritou Mutano, zangado.

–... Quinze? – perguntou Ciborgue com um olhar cético, olhando o amigo verde de alto a baixo.

–...

–...

–Catorze e meio, tá legal. – admitiu Mutano, olhando pro lado.

Ciborgue ergueu as sobrancelhas.

–Tá bom, catorze! – gritou o metamorfo, puxando as orelhas para baixo. – Isso não vem ao caso!

Ciborgue riu.

–Tudo bem, Mutano, tudo bem. – disse, voltando a trabalhar no carro. – Bom, se você gosta mesmo dela, e parece muito que gosta, eu digo: vá em frente.

Os olhos de Mutano brilharam.

–Então você acha que ela vai aceitar?

–Epa, eu não disse nada disso. Eu disse que se você quer, você deve tentar. Mas eu não sei o que ela vai dizer. E você não tem que saber. A graça – e a desgraça – do pedido está aí. Ela é quem decide, no final.

As orelhas do metamorfo baixaram.

–Está bem, obrigado, Ciborgue. – disse, sorrindo levemente. – Vou me esforçar!

–Ah, verdinho, mais uma coisa.

–Hum?

Eu também estou começando a gostar daquela garota. – disse, sério, apontando para o rosto de Mutano com a chave inglesa. – Então, pense duas vezes antes de fazer algo que possa magoá-la.

–Hã... Ok, Cib. – respondeu Mutano, encarando a pesada ferramenta.

31 de Julho de 2004, quarto da Terra, 14h20min.

Terra estava na mesma posição há cerca de meia hora, deitada de bruços na cama, com uma perna pendendo pra fora e um braço virado para trás, dormindo com a boca aberta. Robin a fazia levantar às seis da manhã todos os dias de semana, treinavam até as nove, tomavam café, voltavam a treinar às dez e meia, e só paravam ao meio-dia para almoçar. A loira sempre comia vorazmente e caía na cama até as três, quando o menino-prodígio a chamava de novo, então encerravam somente às 5. Hoje, porém, ele tinha que investigar um provável roubo, então ela teria a tarde de folga.

Ela estava ficando melhor em lutas e manobras, mas, sinceramente, com a parte de controle ela não achava que estava ajudando muito.

Batidas na porta. Terra se mexeu. As batidas continuaram. Ela se sentou na cama, sonolenta.

–É você, Robin? – perguntou ela desanimada, achando que o líder tinha terminado sua tarefa antes do esperado.

–Não, Terra, sou eu. O Mutano.

Terra pulou da cama e correu até o banheiro. Lavou o rosto e ajeitou o cabelo. Então foi casualmente até a porta.

–Fala, Mutano! – exclamou ela com um enorme sorriso, abrindo a porta. O garoto verde à sua frente abriu um grande sorriso também e enrubesceu. Ainda não se acostumara com o uniforme de super-heroína que ela agora trajava: uma mini-blusa de mangas compridas preta, com um T estampado na frente, e uma bermuda amarela colada, além de suas luvas e suas botas.

–Oi... Oi, Terra. – balbuciou, olhando para baixo. A loira percebeu que ele tinha as mãos atrás das costas. – É que... Eu vim te fazer uma pergunta.

–O que você tem aí atrás? – perguntou ela curiosa, esticando o pescoço.

–Ah... – Mutano tentou esconder, mas desistiu. – Está bem, eu fiz isso pra você. Eu só ia entregar no final de semana, mas já que você tem essa tarde livre...

O metamorfo tirou um embrulho de trás das costas, e a loira o pegou com cuidado.

–Ah, Mutano, que coisa linda! – exclamou ela com os olhos brilhando. Era uma caixa em formato de coração, com um espelho na parte de dentro da tampa. – Muito obrigada!

–Tudo bem, Terra, eu fiz isso pra... Uma coisa especial.

A loira apenas esperou, o encarando com seus olhos azuis espelhados.

–Eu... – começou ele encabulado.

PÉÉÉ

PÉÉÉ

PÉÉÉ

PÉÉÉ

Uma luz vermelha banhava os dois a cada dois segundos. A expressão de Mutano não mudara, ele apenas ficara paralisado. Terra, porém, correu para o quarto, guardou a caixa na primeira gaveta que viu, pegou seus óculos protetores em cima da mesinha e correu de volta para o corredor, onde o metamorfo estava do mesmo jeito que ela o deixara. A loira o pegou pelo braço e o arrastou para a sala principal.

Quando chegaram, os três demais membros da equipe já estavam lá, em volta da enorme tela que mostrava vários slabotes em corredores brancos, explodindo paredes.

–Slade. – murmurou Terra, amedrontada.

–Ele conseguiu invadir um prédio muito importante, cheio de coisas para se roubar. – disse Robin, sem se virar para o grupo. – Obviamente, os muitos slabotes servem para confundir, a nós e aos guardas, sobre qual é o seu alvo.

–Então o que fazemos? – perguntou Ciborgue.

–Eu já tinha uma pista sobre esse roubo. – respondeu Robin, se virando, e mudando a imagem da tela para uma planta do prédio em questão. – Os alvos mais prováveis são três.

Na tela, três pontos vermelhos piscaram em diferentes lugares do prédio. Dois no último andar e um no subsolo.

–Por que há um ponto no subsolo? – perguntou Estelar.

–É um dos lugares do prédio. Os locais mais protegidos são a cobertura e salas secretas que construíram no subsolo. – disse Robin, com uma careta. – Parece fácil de invadir, mas é um lugar muito traiçoeiro. Nem mesmo Slade vai conseguir pôr as mãos no que quer em menos de meia hora.

–E para conseguir tempo, ele mandou os slabotes. – disse Mutano, acordado do transe.

–Exatamente. – Robin desligou o visor. – Titãs, dividir! Eu e Estelar atacaremos a metade esquerda da cobertura do prédio. Ciborgue e Mutano, vocês vão para a metade direita. Terra e Ravena...

–Vamos para o subsolo. – completou Ravena, séria.

–Ah, Robin, será que eu...

–Não, Mutano. – respondeu o líder antes que o colega terminasse a pergunta. – Terra ainda não tem total controle sobre seus poderes, Ravena irá com ela para ajudar caso algo saia errado, coisa que você não pode fazer.

–Mas e se... – começou Mutano de novo, mas nenhum dos colegas lhe deu atenção. Ravena e Estelar saíram voando pela janela, e Robin e Ciborgue correram para a garagem. Terra colocou seus óculos no rosto.

–Não se preocupe, eu vou ficar bem. – disse ela com um sorriso, então pulou pela janela, onde um pedaço de terra a esperava. Mutano suspirou e a seguiu, sob a forma de um gavião.

oO0oO0oO0oO0oO0oO0oO0

Ravena assumiu sua forma espectral assim que avistou o prédio e adentrou o chão, procurando o andar secreto. Encontrou o estacionamento, então foi mais para o fundo. Enfim, atravessou uma parede, voltou à sua forma normal, e se viu em um amplo corredor com paredes impecavelmente brancas e piso de mármore negro. Estava tudo estranhamente silencioso.

–Robin. – chamou ela, puxando o comunicador. – No subsolo está tudo calmo. Nenhum slabote à vista, nada destruído, e só estou sentindo a presença de alguns funcionários do prédio, que provavelmente vieram se esconder.

–Bom, isso é estranho. – respondeu o líder, que estava em um local muito barulhento e agitado. – Aqui em cima está tudo um caos. Duvido que Slade não saiba da existência do subsolo.

–Você prefere que eu vá aí ajudar?

–Não. Isso está estranho demais pro meu gosto. Fique aí, ajude os funcionários a saírem do prédio e investigue. Onde está Terra?

Antes que Ravena pudesse responder, todo o lugar começou a tremer, o teto se abriu, e de lá pulou Terra.

–Puxa, Ravena, você podia ter me esperado. – disse ela enquanto o teto se fechava.

–Façam o que eu disse. Tenho que ir agora. – falou Robin, desligando.

–O que ele disse? – perguntou a loira.

–Para ajudarmos as pessoas que estão presas aqui e investigarmos. – respondeu a empata sem emoção.

–Ah... Ok. Para onde vamos agora?

–Tem duas pessoas por esse caminho. – ela apontou para a esquerda do corredor. – E uma por aqui. – apontou para a direita. – É mais rápido se nos dividirmos, mas você acha que dá conta sozinha?

–Dou, sim! – exclamou Terra, excitada. Ravena nunca a deixava fazer nada sozinha quando estava no comando. A empata a olhou sem muita segurança. – Por favor, Ravena! Já estou na equipe há seis meses. Ainda não é o suficiente para confiar em mim?

–Não é que eu não confie em você, Terra, é só que eu sei como é difícil manter o controle. – respondeu Ravena, abaixando seu capuz. – Eu demorei anos para aprender a controlar meus poderes, e até hoje, se eu não meditar, eles podem escapar.

Terra suspirou, olhando para baixo, e murmurou algo como "Você tem razão". Ravena virou os olhos para cima.

–Tudo bem, Terra. – disse ela, e a loira a encarou com os olhos azuis brilhantes. – Se você acha que está pronta, pode ir sozinha. É a sua chance de me provar que já consegue se controlar.

–Ahhh, obrigada, Ravena! – gritou Terra, a abraçando. Ravena fez uma careta e a afastou.

–Tudo bem, você vai por aqui. – ordenou ela, apontando para a direita. – Encontre o funcionário, acalme-o e o leve para a superfície em segurança. Nos encontraremos lá, então voltamos juntas para começarmos as buscas por Slade.

–Sim, senhora! – disse a loira, prestando continência e correndo na direção designada. Ravena a olhou por um tempo, se perguntando se tomou a decisão certa, colocou o capuz e saiu voando na direção oposta.

oO0oO0oO0oO0oO0oO0oO0


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Relógio de Areia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.