O Relógio de Areia escrita por beautifulfantasy


Capítulo 17
Capítulo 17 – Quando uma Porta se Fecha...




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Teen Titans não me pertence.

Capítulo 17 – Quando uma Porta se Fecha...

27 de Fevereiro de 2009, 19h54min

Uma semana havia se passado desde que Mutano e Terra terminaram. Uma tensão se instalava sempre que os dois estavam no mesmo recinto. E, em breve, eles começavam uma briga sem sentido e extremamente constrangedora para os demais presentes. Mas seus companheiros estavam sendo pacientes, afinal, esse era um momento difícil.

Nesse momento, Robin respirou fundo para não explodir, escutando os gritos à sua volta. Dessa vez, eles tinham ido longe demais.

A equipe estava combatendo Cinderblock quando um pedaço grande de terra acertou Mutano na cabeça. Acidentes aconteciam no campo de batalha, todo mundo sabia disso. Mas o metamorfo pareceu levar para o lado pessoal. Quando o líder se deu conta, os dois estavam discutindo enquanto o resto dos companheiros subjugava o criminoso.

"Então você está dizendo que estava certa, é isso?" perguntou Mutano agressivamente à ex-namorada. "Porque está difícil de enxergar como, Terra!"

"Estelar disse que concordava comigo!" ela exclamou, apontando para a Tamaraneana.

"É mesmo, Estelar?" ele se voltou para ela, que tinha no rosto uma expressão de confusão, como se não soubesse como tinha sido envolvida.

"Não, não, amiga Terra, acho que você me entendeu errado..." ela explicou, com as mãos juntas. "O que eu disse foi que eu entendia seu sentimento de ser deixada de lado."

"Se você prefere ouvir uma segunda opinião, Ciborgue disse que nunca conseguiria perdoar o que você fez no meu lugar, e que você é uma..." o metamorfo completou a sentença com uma palavra bem desrespeitosa.

"Ah, é, Ciborgue?" questionou Terra com as sobrancelhas erguidas.

"Hã... O que?" ele piscou, como se não tivesse escutado a pergunta que lhe foi feita.

"Apenas para de tentar fazer as pessoas aplaudirem seus erros, Terra!" comandou Mutano com desdém na voz.

"São apenas fatos; até Ravena sabia e praticamente me apoiou!" ela argumentou, cruzando os braços.

"Não foi isso o que aconteceu!" exclamou a empata irritada. Até quando isso ia ser jogado na cara dela?

"A Ravena já me explicou os motivos dela!" rebateu o metamorfo. "Por que você não aceita o que está óbvio pra todo mundo?"

"Claro, coloca toda a culpa em mim!" ela concordou com ironia. "Afinal, eu sou mesmo uma... Como é mesmo, Ciborgue?"

"O que?" ele perguntou novamente, fingindo desentupir o ouvido.

Isso fez explodir uma discussão geral, com todo mundo dizendo alguma coisa e ninguém entendendo nada. Robin cerrou os dentes e contou até dez enquanto via Cinderblock ser devidamente preso em um caminhão de transporte, e o delegado levantar o polegar para ele com um sorriso. Ele acenou e se voltou para sua equipe.

"Chega... chega... CHEGA!" ele berrou, e o falatório cessou, todos olhando para ele. "Ravena. Leva a gente pra Torre. Agora."

A empata não esperou segunda ordem, ansiosa para sair da vista de toda a cidade naquela situação constrangedora. Um segundo depois, eles estavam na sala comum da Torre.

"Tá legal" disse o líder, em um tom determinado. "Terra, Mutano. Olhem o que estão fazendo com nosso time!"

Estelar estava com lágrimas nos olhos, Ravena massageava as têmporas com uma expressão irritada e Ciborgue parecia propositalmente fora de ar, olhando o teto como se fosse a coisa mais interessante do mundo.

"Escutem... sabemos que vocês estão passando por uma fase difícil" ele constatou, com uma voz um pouco mais suave. "Mas preciso que vocês ajam com mais maturidade! Primeira regra: vida pessoal longe do campo de batalha!"

"Não precisam... gostar um do outro agora, mas precisam encontrar um jeito de ficar no mesmo lugar sem brigar!"

"Sim. E, por favor, sem nos colocar no meio!" implorou Estelar, indicando os outros quatro.

"Ou a cidade" complementou Ravena.

"Se vocês... Precisarem de um tempo..." começou Robin, sua voz mais insegura agora. "Posso arranjar um trabalho para um, ou até ambos, fora da cidade"

Todos os titãs se voltaram para eles, surpresos. Ninguém havia pensado tão radicalmente.

"Talvez algo com o Titãs da costa leste, ou em algum outro lugar que precise de ajuda..." ele continuou. "Temporário, é claro. Só até... essas feridas cicatrizarem. Estou apenas oferecendo uma opção."

Um silêncio se seguiu a essas palavras.

"Nós vamos comer uma pizza. Pensem sobre isso... E tentem encontrar um meio-termo."

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9 de Março de 2009, 14h53min

Ciborgue estava cuidando de seu bebê na oficina, apreciando um momento de calma e silêncio. Ele respirou fundo, sentindo o cheiro de graxa, e começou a estudar as opções de novos dispositivos que ele poderia adicionar ao transporte oficial dos Jovens Titãs. Quando a porta se abriu com estrondo e uma voz irritante a acompanhou.

"E aí, Ciborgue!" exclamou Mutano, entrando sem nenhuma cerimônia. A reação natural do homem-robô era ficar irritado, demandar que o rapaz permanecesse atrás da faixa amarela (ele tinha realmente pintado uma faixa amarela) e mantivesse suas mãos para si mesmo e sua boca fechada. Dessa vez, porém, ele olhou para o amigo com uma expressão de agradável surpresa.

"Mutano!" cumprimentou, as sobrancelhas erguidas. "Tá fazendo o que aqui? Pensei que essa era a sua hora do dia pra... Vamos ver... Sentar e choramingar que a vida é uma droga?"

"Pois é. Saí dessa, cara!" ele informou, ainda não com um estado de animação digno do Mutano que ele conhecia, mas bem melhor do que havia se mostrado nas últimas semanas. "Águas passadas, certo? O Mutano triste e dramático da semana passada já era!"

"Que bom, aquele cara era um saco!" constatou Ciborgue sem nenhuma inibição. "Mais alguns dias eu ia oferecer o carro T para tentar te animar!"

"O que? Ah, cara..." ele murmurou com as orelhas baixando de novo.

"É brincadeira, verdinho... Você sabe que eu nunca ia deixar você dirigir o meu bebê" ele disse com um grande sorriso. Era bom poder gozar do amigo sem parecer que ia fazer ele se matar ou coisa do gênero.

"Bom, que seja" ele deu de ombros, fingindo não se importar. "De qualquer forma, eu estava pensando, talvez tenha sido pra melhor!"

"Pra melhor o que?"

"Terminar com a Terra. As coisas não estavam indo como antes" ele divagou, sentando no banquinho atrás da linha amarela onde costumava ficar. "Claro que eu preferia se tivesse acontecido sem o fator de ela pegando um cara pelas minhas costas, mas..."

"Está mesmo falando sério? Você era louco pela pedrinha!" comentou Ciborgue, com uma chave inglesa na mão.

"Sim, mas não sou mais. A gente... Não estava mais fazendo bem um pro outro, entende?" ele começou a se balançar no banquinho. "Nesse momento, estou me sentindo um pouco aliviado por estar solteiro."

De repente a cabeça de Ciborgue se levantou de onde estava trabalhando, batendo no capô aberto.

"Cara! Você tem razão!" ele exclamou, parecendo excitado. "Não tinha me tocado até agora... Você está solteiro!"

"Hã, sim, estou..." ele murmurou, confuso.

"Agora podemos sair pra pegar gatinhas! Finalmente vou ter um companheiro pra isso!" ele disse com os olhos brilhando. "Afinal, você e Robin resolveram arranjar namoradas com tipo, 12 anos..."

"Cara, não sei se já estou pronto pra conhecer alguém tão cedo..." Mutano levantou as mãos, sem querer se comprometer.

"Isso não importa! O que importa é que você vai me ajudar a conhecer gatas!" ele determinou, orgulhoso. "E em pouco tempo, você já vai estar pronto pra qualquer coisa!"

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As coisas estavam indo bem melhor na Torre. Não havia mais discussões, Terra e Mutano haviam entrado em um acordo silencioso de ignorar um ao outro em casa e interagir apenas o necessário e com certo excesso de formalidade no campo de batalha. Assim, ninguém precisou recorrer à opção levantada por Robin de uma separação, mesmo que temporária.

Ravena estava em uma nova fase de equilibro emocional. As emoções negativas que haviam a atormentado nas semanas passadas já a tinha deixado, e sem brigas o tempo todo, ela não precisava lidar com nenhum conflito emocional externo. Porém, agora ela estava ciente do fato de que guardava por Mutano um apreço que ultrapassava o de simples amizade. E com o recente estado de solteiro do metamorfo e a ausência de qualquer destino terrível a prendendo, ela sentia Afeição querendo ultrapassar barreiras e se fazer expressar cada vez mais frequentemente.

E estava difícil mantê-la sob controle, não por motivos como falta de meditação, mas sim por ela estar ficando sem argumentos de porque não permitir isso. Mutano agora estava solteiro; ela não tinha mais nenhum sentimento remanescente por Terra para ter algum tipo de consideração pelo que ela iria pensar, ela não mais aguardava um destino que levasse à sua morte e ao fim do mundo, e seu amigo metamorfo não estava ajudando ao aparecer em sua porta toda a tarde e demonstrando se importar com ela, enchendo Afeição de – ela acreditava que falsa – esperança.

O que restava era apenas o fato de que seus poderes eram perigosos demais para permitir que ela tivesse um tipo de relacionamento amoroso com qualquer um, e era a isso que ela se agarrava, dizendo a si mesma que era pelo bem de todos à sua volta. Somado a isso, ela tinha certeza que Mutano nunca iria gostar dela dessa maneira, sua mente repetia e repetia, tentando ignorar a vozinha no fundo que levantava hipóteses contrárias.

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10 de Abril de 2009, 15h47min

Robin entrou na sala comum, notando uma grande bagunça em toda a área de TV, assim como uma mancha verde passando de um lado para o outro.

"Mutano... Está fazendo o que?" perguntou, com a testa franzida. Ravena estava lendo e tomando chá no balcão da cozinha e Estelar estava tentando vestir Silkie em uma roupa colorida.

"Estou procurando meu DVD dos Ninjas Assassinos Vingadores 3!" ele respondeu, olhando debaixo de todas as almofadas sem colocá-las no lugar.

"Calma aí... Qual foi a última vez que você assistiu?"

"Hã, sei lá, cerca de um mês e meio atrás..." ele coçou a cabeça, pensando. Naquele momento Ciborgue e Terra entraram, e o homem robô levou um susto.

"O que aconteceu aqui?!" ele questionou, olhando em volta "Entrou um furacão?"

"Mutano está procurando um filme que ele perdeu..." respondeu Robin sem emoção.

"Não é um filme qualquer, Ciborgue, é o Ninjas Assassinos Vingadores!" o metamorfo explicou.

"3?!" questionou seu amigo metálico, ficando subitamente sério.

"Sim... Eu não me lembro quando ou onde..."

"Está no meu quarto" informou Terra automaticamente. Os olhares dos dois se encontraram e todos os outros ficaram paralisados, esperando uma explosão. "Você deixou lá quando assistimos um mês atrás."

"Ah, ok. Se importa se eu for pegar?" ele perguntou, se levantando. A loira balançou a cabeça e ele saiu para buscar seu DVD. Os outros quatro titãs suspiraram, aliviados. Esse foi o diálogo mais civilizado que seus dois amigos haviam tido em um mês.

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24 de Maio de 2009, 8h16min

Mais um café-da-manhã na Torre Titã, mais uma discussão tofu VS carne. Já habituados a esse conflito, Robin lia as manchetes do dia sem preocupação, Estelar alimentava Silkie na boca com waffles cobertos de mostarda com um sorriso no rosto, Terra bebia seu suco de laranja com tranqüilidade e Ravena esperava sua chaleira apitar com um rosto sem expressão.

"Ciborgue, você tem idéia da brutalidade com que esses animais são assassinados para que você possa ter bacon e presunto?" perguntou Mutano com seriedade. "Enquanto você pode comer uma coisa praticamente de mesmo gosto e que não machuca ninguém?"

"Mesmo gosto uma pinóia, Mutano, tofu tem gosto de tofu, e não parece nada com carne!" argumentou o homem-robô, colocando ketchup em seu presunto. "E eu até entendo você não comer carne, mas ovos e leite também? Não é um pouco de exagero?"

"Exagero nada, cara, sabia que o bezerro da vaca é tirado dela quando nasce e amamentado com mamadeira para potencializar a produção de leite?" Mutano contou, o garfo a centímetros do nariz do amigo. "Consegue imaginar coisa mais cruel? Não poder nem mesmo ficar perto da sua mãe ao nascer?!"

"Eu já disse pra não me contar essas coisas, estou perfeitamente feliz sem saber!" exclamou Ciborgue, que tinha ficado levemente comovido ao imaginar o bebê bezerro sendo levado para longe da mãe. "Leite é leite, não preciso saber mais nada!"

"Isso é verdade?" perguntou Estelar, uma expressão horrorizada no belo rosto.

"Vou mostrar a vocês o documentário que fala sobre isso" Mutano confirmou.

"Mutano, esse tipo de documentário mostra coisas que não são necessariamente a regra" disse Robin, saindo de trás de seu jornal, preocupado com a natureza impressionável da namorada.

"Mas..."

"Chega!" ordenou Ciborgue, se levantando. "Vou pegar mais molho de churrasco e quando voltar, quero que o assunto esteja encerrado!"

Mutano suspirou, comendo seu tofu e bebendo seu leite de soja. Ravena, que permanecera em silêncio e parecia estar perdida em algum devaneio de sua mente, pousou a caneca com as folhas de chá ao lado do prato de Ciborgue e despejou nela água quente.

"Oi Rae, você parece meio aérea hoje!" ele constatou, ao que ela não respondeu. "Raaae! Ravena!"

Ela levantou os olhos e, ao ver Mutano olhando para ela, se endireitou rapidamente, a chaleira batendo na caneca e a derrubando direto no prato de bacon e ovos de Ciborgue. Ela pegou a caneca rapidamente, mas Ciborgue já estava de volta. A empata mordeu o lábio inferior e olhou para o outro lado enquanto o homem robô comia e fazia uma expressão estranha.

O olhar de Mutano encontrou o de Terra, que também havia acompanhado a cena, e os dois explodiram em risadas.

"Hã? O que?" perguntou Ciborgue, confuso.

Naquele momento, Terra sorriu e olhou para o metamorfo com o canto do olho. Talvez eles estivessem voltando a ser como antes. O que ela não reparou foi que o olhar de Mutano, por outro lado, parecia não conseguir se desgrudar de uma certa garota de capa e capuz azuis.

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12 de Junho de 2009, 16h37min

Robin, Ravena, Estelar e Terra estavam na sala comum, assistindo um filme. Não qualquer filme, mas um escolhido por Estelar. Isso significava que não estavam todos assistindo no sentido próprio da palavra, tanto quanto Ravena estava lendo, Terra olhando um ponto ao horizonte com a boca aberta e Robin tentando não cochilar.

'Como exatamente Mutano e Ciborgue escaparam dessa?' pensou Robin depois de acordar subitamente pela terceira vez. Felizmente, sua namorada estava tão absorta que sequer percebeu.

O casal se beijou à meia luz de um belo pôr do sol e o filme acabou, com Estelar secando as lágrimas.

"Que maravilha!" ela exclamou, ligando a luz conforme os créditos subiam. Nesse momento, as portas se abriram e os colegas que faltavam entraram.

"Onde vocês dois estiveram?" perguntou o líder, mais irritado do que preocupado.

"Ah, nenhum lugar em especial..." disse Ciborgue. "Exceto que o Mutano me ajudou a conseguir um encontro com uma super gata!"

"Uma super felina?" questionou Estelar com animação "Isso significa que ela tem poderes?"

"O que...?" o homem-robô fez uma careta e então balançou a cabeça. "Não, Estelar, com uma garota... Uma garota linda!"

"Vocês foram a uma festa?" perguntou Terra, um pouco ressentida.

Ninguém pareceu reparar que os olhos de uma certa empata agora emitiam uma luz vermelha.

"Não, nada desse tipo..." respondeu Mutano, o que fez Ravena se voltar, curiosa.

"Conhecemos ela no parque" explicou o titã metálico. "Daí Mutano bancou o passarinho caído e machucado, e eu o cara sentimental preocupado com um pobre animalzinho..."

"Vocês não prestam..." murmurou Ravena, embora o aperto que sentira no peito se afrouxou um pouco.

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