O Relógio de Areia escrita por beautifulfantasy


Capítulo 15
Capítulo 15 – O Dia Seguinte




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Teen Titans não me pertence.

Capítulo 15 – O Dia Seguinte

Ravena acordou com raios de luz do sol ferindo seus olhos. Com um movimento da mão direita, suas cortinas foram envoltas em energia negra e se fecharam, mergulhando o quarto em escuridão novamente. A empata jogou os pés para fora da cama, se espreguiçando. Sentia a cabeça pesada e a boca seca. Olhando para o relógio na cabeceira, constatou que faltavam 5 minutos para as onze. Considerando que ela só voltara de Nevermore por volta de 6 da manhã, haviam sido boas 5 horas de sono.

Após um bom banho ela saiu de seu quarto usando seu uniforme, encontrando um e outro titã dormindo nos locais mais extraordinários. Abelha, por exemplo, estava em sua forma pequenina e deitada em cima do batente da porta da sala comum. Entrando, Ravena se deparou com a maioria dos convidados da noite anterior.

Ciborgue roncava alto, sentado no sofá com a cabeça pendendo para trás, controles de vídeo game ainda em suas mãos. De cada lado dele dormiam Más e Menos. Estelar estava abraçada com Silkie e encolhida em um pufe, ao lado de Kole, que dormia enrolada em uma bola com Gnark a seus pés, adormecido meio sentado com a lança ainda em uma mão de forma protetora. Uma preguiça verde estava totalmente espalhada no tapete, usando a barriga de Trovão como travesseiro.

Ravena andou até a cozinha, tomando cuidado para não pisar em ninguém, para encontrar Robin, também de banho tomado e vestido, bebendo uma xícara de café e lendo jornal. Exceto por olheiras que ultrapassavam sua máscara, ele parecia o mesmo de sempre.

"Bom dia" ele cumprimentou em voz baixa. "Café?"

"Bom dia" ela respondeu, dispensando o café com o acenar de uma mão e pegando a chaleira para fazer um chá de ervas. "Até quando você pretende deixá-los dormindo?"

"Agora que você também está de pé, por mais uns cinco segundos" ele informou, consultando seu relógio de pulso. Tempo esse que ela levou para encontrar uma meia azul dentro da chaleira, assim como algo gosmento espalhado na superfície do fogão e desistir do chá.

Robin fez sinal para ela tapar os ouvidos, ao que ela apenas assentiu com a cabeça, indicando que estava pronta. Ele apertou um botão em seu comunicador e a Torre se encheu com luzes vermelhas piscando e um alarme de estourar os tímpanos.

"O que? O que?" berrou Ciborgue, sentando reto e olhando em volta, sem ter certeza de onde estava ou do que o havia acordado.

"Quem é o intruso? Onde está o... problema?" gritou Estelar, derrubando Silkie no chão e já com raios verdes nas mãos, apontando para um lugar a cada segundo.

Todos os outros titãs da mesma forma acordaram com um sobressalto, confusos e no geral na defensiva. A porta se abriu e Abelha entrou, parecendo tonta, como se tivesse caído de um lugar alto. Tão subitamente quanto começou, o alarme cessou, e Robin se encontrava de pé no balcão da cozinha, que já estava coberto de pegadas de qualquer forma.

"Muito bem!" ele falou, chamando a atenção de todos para si. "Caros convidados, obrigado pelo comparecimento! É com tristeza que nos despedimos de vocês agora! Titãs residentes dessa Torre – de pé agora e apresentem-se em cinco minutos para faxina geral!"

A esses avisos houve um gemido coletivo. Alguns voltaram a se deitar e outros pediram mais alguns instantes para se prepararem para partir.

"Todos aqueles que não são residentes dessa Torre e ainda estiverem aqui em cinco minutos serão muito bem-vindos a auxiliar na faxina!"

Os titãs honorários de repente se lembraram de compromissos inadiáveis, encontraram força e energia para se levantarem em um pulo, e a sala se encheu de um burburinho mais animado, com frases como "Olha a hora!" pipocando aqui e ali.

"Obrigada por tudo, Latão, foi uma festa de arromba" se despediu Abelha, pegando Más e Menos, que ainda não queriam se mexer, pelas orelhas e os arrastando para fora.

"Espero te ver de novo em breve, Estelar!" acenou Kole, acompanhada por alguns ruídos inteligíveis de Gnárk.

"Adeus amigos..." murmurava Estelar, suas pálpebras ainda se fechando contra sua vontade.

"Tchau... Bom te ver de novo..." acenava Ciborgue para a geladeira.

"Ah, nem pensar!" exclamou Robin, pegando pela cauda um camundongo verde que tentava sair de fininho no meio da multidão. O roedor baixou as orelhas e ao ser solto se transformou de volta em um rapaz verde com o cabelo desgrenhado, roupa amarrotada e alguns poucos fios de barba por fazer.

Assim, em cinco minutos só restavam cinco pessoas na sala comum, três delas tentando se manter acordadas no sofá. Robin olhou em volta.

"Cadê a Terra?" questionou, olhando para Mutano, mas o metamorfo estava babando, a cabeça encostada no ombro metálico de Ciborgue.

"A última vez que vi a amiga Terra" bocejou Estelar, que já estava quase totalmente desperta "ela disse que ia para o quarto."

"Sim, ela está lá" informou Ravena, depois de procurar pela Torre telepaticamente.

"Muito bem. Eu vou acordá-la" disse Robin. "Mas antes..."

Uma balde de água fria caiu em cima de Ciborgue e Mutano, que despertaram de uma vez.

"Cara!" exclamou Mutano, depois de virar e desvirar um peixe. "Pra que isso?!"

"Para limpar" o líder respondeu com simplicidade, jogando nas mãos deles também um esfregão, uma garrafa de produto de limpeza e uma escova. "Um na cozinha e um nos banheiros"

"Estelar: corredores e janelas" ele designou, com mais gentileza na voz a sua namorada, entregando-lhe também balde e esfregão. "Ravena: elevador e área de TV. Eu vou ficar com a área restante da sala comum e responsável por guardar as coisas que utilizamos, e Terra fica com o terraço. Ela e uma turminha fizeram uma boa algazarra lá em cima."

Depois que o menino-prodígio desapareceu atrás das portas, Ciborgue e Mutano se entreolharam. Sabiam que tinham pegado as piores partes, mas limpar a cozinha parecia de longe menos desagradável do que os banheiros. Assim, eles correram desesperados em direção à cozinha, um tentando superar o outro. Ciborgue, no entanto, chegou primeiro, dando a Mutano o produto específico de banheiro com um sorriso pretensioso por trás do balcão.

"Ah, cara!" gemeu o metamorfo, pegando a garrafa, um balde e uma escova e andando com as orelhas baixas em direção às portas que levavam ao primeiro (e mais usado) banheiro da Torre.

"Boa sorte com seja lá o que for que saiu do Gnu quando ele ficou aí por uns quinze minutos!" cantarolou Ciborgue, acenando e se voltando para seu próprio trabalho. Ao se deparar com a gosma que cobria a superfície do fogão, porém, o sorriso foi varrido de seu rosto em uma incrível velocidade.

Ravena evitou o olhar de Mutano e se concentrou em sua área de limpeza. CDs, jogos e controles espalhados foram envoltos por uma aura negra e voltaram ao seu lugar, assim como qualquer lixo ou resto de comida, que flutuaram para dentro de um grande saco de lixo. Enquanto o tapete se dirigia à janela e se batia sozinho, ela arrumava com as mãos as almofadas fora do devido lugar no sofá e o esfregão passava água e um produto com essência de lavanda pelo chão, como que por mãos invisíveis.

Robin se juntou a eles alguns minutos depois, passando aspirador na área com os assentos. Ravena olhou para ele, um pouco ansiosa.

"Terra estava bem?" perguntou, passando um pano úmido nas mesas sob as quais ele aspirava.

"Hm? Sim, só está sonolenta e com uma ressaca daquelas" informou Robin como se não houvesse nenhuma novidade aí. "Mas já foi limpar o terraço, acompanhei ela até lá."

"Ah, sim..." ela murmurou, vendo o pano agora preto em sua mão, por ter apagado as marcas de sapatos de alguém que teve a infeliz ideia de dançar em cima da mesa.

Depois de o esfregão ter feito seu trabalho, ela secou com uma boa dose de vento produzido por seus poderes e trouxe de volta o tapete, agora livre de quaisquer sujeiras. Passou aspirador no sofá, encontrando alguns objetos estranhos entre suas almofadas – tais como um sapato, pilhas aparentemente mastigadas e um cinto de utilidades que não parecia ser de Robin – e empilhou os pufes em um canto para que Robin os levasse para o depósito mais tarde. Ciborgue ainda estava xingando e gritando de nojo na cozinha quando ela levou seus apetrechos de limpeza para o elevador.

Ela pensou que seria rápido, mas para sua surpresa, todas as paredes do elevador estavam cobertas com tinta – ao menos ela esperava que fosse tinta – como se alguém abismal tivesse tido a brilhante ideia de jogar paintball ali. A empata grunhiu, achando que era injusto, mas então viu Estelar tentando tirar uma mancha azul do lado de fora da janela, que só se espalhava mais conforme ela esfregava e ouvir os berros de Ciborgue ao abrir o forno, chegando à conclusão de que estavam equilibrados.

Três escovas cobertas por energia negra esfregavam a tinta das paredes, que escorria até o chão em uma água colorida, enquanto Ravena flutuava com as pernas cruzadas no meio do elevador, pensando. Decidira, enfim, em consideração à única tulipa sobrevivente no jardim de Afeição, dar uma chance para Terra. Seria melhor para todas as partes se ela mesma contasse a Mutano o que tinha acontecido. Ela, Ravena, não ia parecer uma fofoqueira, nem se sentir como a causa do sofrimento de Mutano; Terra demonstraria que estava de fato arrependida e o metamorfo não teria que passar pela vergonha de achar que todos estavam sabendo que ele havia sido traído. Assim os dois poderiam tratar do assunto de forma muito melhor, e provavelmente fariam as pazes.

Ela coletou toda a água remanescente em uma bola no ar e a jogou dentro do balde. Por fim, passou um pano úmido pelas paredes e o elevador estava brilhando novamente. Aproveitando sua posição, apertou o botão para subir até o terraço.

Chegando lá, encontrou Terra dormindo apoiada em uma vassoura. À luz do dia, ela podia ver que no terraço parecia ter sido feita uma segunda festa. Copos de plástico e restos de comida estavam espalhados por todo o chão, uma das cestas de basquete estava quebrada e desenhos feitos com a mesma tinta que pintou o elevador que ela acabara de limpar decoravam a quadra onde seus colegas frequentemente jogavam basquete e vôlei.

"Terra" ela chamou, e a loira acordou com um sobressalto.

"Ah, eu estou limpando Robin, estou..." ela encarou a empata e relaxou. "Ah, é só você, Ravena..."

"Preciso falar com você, Terra." Ela disse, andando até onde a garota se sentou. "Você... Se lembra do que aconteceu aqui ontem, certo? Do que eu vi?"

Terra ficou um minuto em silêncio, a testa franzida.

"Lembro"

"Bom. Só queria dizer que... Não vou contar ao Mutano." Informou, com um grande esforço. Terra ergueu as sobrancelhas. "Porque acho que você deve fazer isso."

"Eu?" ela repetiu, olhando para os próprios sapatos.

"Sim. Esse é o melhor jeito de vocês se resolverem e acho que o modo que mais suaviza as coisas para o Mutano" ela explicou, se sentando. "Certo?"

"É... Acho que você tem razão..." a loira suspirou e deitou na quadra. "Ele vai me odiar..."

"Não" disse Ravena sem pensar, com um aperto no peito. "Ele nunca poderia."

As duas permaneceram assim por alguns instantes, até que o pacífico silêncio foi quebrado por duas palavras advindas de dentro da Torre, que reverberaram por toda a ilha.

"AH, CARA!"

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