Na penumbra daquele quarto Vegeta e Bulma caiam ofegantes cada um para um lado da cama após momentos de amor intensos. Alguns minutos depois ambos foram recobrando o fôlego, o sayajin, para a surpresa da parceira, a puxa para perto a fazendo ficar com a cabeça encostada em seu peito, ela não reclama e se deixa levar, mas estava surpresa, não era do feitio dele.

Alguns minutos se passam e aquela mulher não consegue dormir, realmente a atitude do amado tinha “ligado seu alerta”, por quê raios ele tinha feito isso? Saudade? Ou era uma despedida? Desde que Vegeta tinha ido conversar com ela dizendo que ele e Goku iriam treinar com Whis, mestre do Deus da Destruição Bills, ele não era mais o mesmo. Pouco ficava em casa, pouco falava com ela e raras vezes conseguia sair do treinamento para vê-la. Ela que estava acostumada estar com seu marido todos os dias, em casa treinando, não gostava nem um pouco do rumo que as coisas estavam tomando. Estava se sentindo sozinha e podia jurar que ele já não a amava.

Amor. ― A palavra voou pela sua mente e levantou diversas questões.

Será que ele me ama? Ou está comigo por pura comodidade? ― Foram as perguntas que surgiram em sua mente e que estavam sem resposta.

Essas perguntas, naquele momento, se tornaram pensamentos constantes na mente de Bulma. Ainda mergulhada neles, a moça levanta devagar a cabeça a fim de ver seu parceiro, este adormedia tranquilamente, mas mesmo no sono alto ainda mantinha aquela cara de poucos amigos, tão característica dele.

Decide então vasculhar sua mente tentando encontrar respostas, pois se as perguntas surgiram na sua mente, as respostas deviam se encontrar nela também.

Começou pelo seu relacionamento com ele. Tão diferente do que teve com Yamcha. Ela admitia, gostou muito de Yamcha, não o amou, mas certamente o ladrão do deserto roubou seu coração por uns bons anos. Ele não se tornou apenas amante dela, se tornou amigo. Ela agradecia por ter descoberto tantas coisas com ele, mas como sabia a muitos anos, apesar do ladrão do deserto ter roubado seu coração, ele o perdeu rapidamente para aquele guerreiro mal-humorado e respondão. Claro que o fato de Yamcha tê-la traído ajudou bastante na aproximação dela com o príncipe. Pensando nisso novamente se afundou numa nova leva de pensamentos e se lembrou de uma expressão que usou durante muito tempo.

O príncipe que de príncipe não tem nada. ― Foi o pensamento que tomou conta da sua mente, sorria levemente lembrando do dia em que constatou isso.

*Flash Black On *

― Garota terráquea, eu quero que conserte esses robôs aqui. AGORA! ― Disse Vegeta entrando abruptamente no laboratório de Bulma, jogando os robôs destruídos no chão e fazendo a mesma tomar um susto e levar a mão ao coração.

― Vegeta, eu já não disse para não fazer isso? Porcaria! Quer me matar do coração?! ― Falou com um pouco de raiva na voz ― E outra coisa, eu já não disse pra não me chamar de Garota Terráquea, eu tenho nome! E é Bulma! ― Falou um pouco mais irritada e indo em direção ao príncipe.

― Você não manda em mim eu sou o príncipe dos sayajins, e eu te chamo do jeito que eu quiser! Conserte logo essa porcaria pra eu ir treinar! Eu preciso superar os poderes daquele maldito verme do Kakarotto! ― Replicou num tom de voz mais alto e arrogante, certamente estava perdendo a pouca paciência que tinha. Ela por sua vez colocou o dedo a riste e concluiu

― Não me importo com essa sua besteira de superar os poderes do Goku! ― Falou à altura, e juntando toda a coragem que tinha terminou sua fala ― E enquanto não for mais educado comigo, não irei consertar robô nenhum. ― O Sayajin rosnou e saiu batendo a porta com força. Ele não brigara porque achava, naquele momento, que gastar suas preciosas energias com um ser inferior era perda de tempo.

Assim que o guerreiro saiu, Bulma sentou na cadeira mais próxima e suspirou em alivio por não ter sido pulverizada, e constatou baixinho

― O príncipe que de príncipe não tem nada. ― Acalmou-se e voltou a sua atenção ao projeto que estava fazendo antes do príncipe da arrogância chegar. Olhou mais uma vez para os robôs destruídos no chão e pensou que se tivesse tempo, talvez os consertasse. Ela não deixaria aquele brutamontes mandar nela. Nunca.

*Flash Black Off *

Olhou mais uma vez para o marido e devagar se levantou. Pegou seu robe, o vestiu, saiu do quarto e desceu as escadas calmamente, foi em direção a cozinha. Pegou uma panela e um saquinho de chá. Pegou uma xícara, colocou água na panela e a levou ao fogo. Encostou-se na pia da cozinha e continuou sua varredura pelos pensamentos.

Continuou pensando em como aquele homem foi um grande divisor de águas na sua vida, com ele ela descobriu o amor, descobriu como a maternidade é prazerosa e se tornou mais madura. Após o encontrar sua vida mudou drasticamente, e ela adorava cada uma daquelas mudanças. Mas e ele, gostou dessas mudanças? Era certo que seu relacionamento com ele sempre teve altos e baixos, eles sempre brigaram muito, discutiram muito e a sombra de uma gravidez indesejada ainda pairava sobre a mente daquela mulher, afinal ele só estava com ela por pena? Por comodidade? Ou ela pelo filho que adquiriu carinho e que amansara o coração do guerreiro sanguinário?

Decidiu averiguar mais um pouco a mente em busca de pistas. Decidiu começar pelo início, lembrou-se calmamente quando conheceu aquele, que hoje, era o grande amor da sua vida. Ela ainda era nova, imatura e pode-se dizer até irritante. Não o conheceu a primeira vez que ele veio a Terra. Só sabia que ele era muito forte e que nessa época lutou com seu melhor amigo. Naquela luta, digamos, houve um empate. Por mais que quisesse dizer que ele perdeu ambos saíram da luta muito feridos e enquanto o sanguinário lutou sozinho, Goku precisou da ajuda de Yajirobe, Kulilin e de Gohan. Balançou a cabeça a fim de esquecer aquele momento, e focou-se na viagem para Namekusei. Aquela viagem também foi uma grande mudança em sua vida, foi a primeira e única vez que foi ao espaço, foi para outro planeta e lá conheceu o amor de sua vida. Se alguém dissesse a ela que ela encontraria o seu grande amor naquele planeta extremamente estranho, ela diria que só se Yamcha fosse para lá, e bom ela nunca achou que Yamcha iria ser o homem que faria ela dizer que “Os outros são os outros e só”.

Naquela viagem, ela se recordava bem, o conheceu junto com um bonitão de pele verde que tinha algumas feições afeminadas, ela tinha que admitir que nem ao menos ligou para aquele Saiyajin. Sua atenção se focou naquele soldado lindo e que tempos depois ela descobriu que era malvado, muito malvado. Ela também se encontrava tão nervosa e assustada com a iminente luta entre Vegeta e aquele soldado verde que nem prestou muito atenção no Saiyajin, e além do mais, Vegeta nem ligou para a presença dela ali.

Depois da batalha entre o tal Freeza e de voltar à Terra, quando ressuscitaram os guerreiros, aquele homem foi ressuscitado junto e ela num momento de insanidade e loucura o convidou para viver consigo na Corporação Capsula. Ela achou que tinha ficado maluca, e seus amigos também. Colocar aquele homem que era um insano, destruidor de planetas e que matava sem se importar era a maior loucura de sua vida! Seus amigos muitas vezes disseram que aquele Bad-Boy, poderia acordar mais mal-humorado que o de costume e matar toda sua família, levar as esferas do dragão e fugir para o espaço. Mas ela, com o tempo, se acalmou e percebeu que deveria haver algo de bom naquele homem, nem que em 0,001% de seu coração. E essa percentagem mínima que lhe dava esperanças de que ele não faria isso. Afinal, ele não passava de um homem que nunca experimentou um amor, um abraço.... Nada. Ela sabia que ele devia ter crescido sozinho e aquela maldade era só uma casca, apenas uma forma de se proteger.

Os primeiros meses fora difíceis, ainda mais depois que seu filho do futuro tinha aparecido e se mostrado como Super-Saiyajin, aí aquele homem enlouquecera, seu objetivo de se transformar em Super-Saiyajin tinha ficado maior ainda. Como relembrara a pouco, ele sempre vinha atazanar sua paciência ou de seu pai no laboratório com seu jeito mandão e mal-educado, sempre exigindo que consertasse a nave, estragando os robôs e exigindo novos, ela mesma perdeu a paciência muitas vezes e sorria ao lembrar das inúmeras brigas que tiveram.

Nesse momento como num estalo percebeu que a água já tinha fervido, e sendo assim preparou seu chá, o adoçou e sentou-se na mesa da cozinha a fim de apreciá-lo e continuar a remoer suas lembranças com Vegeta.

Continuou de onde parou e lembrou de quando ele foi atrás do Goku e de um treinamento mais intensivo no espaço, seu coração doeu de saudade, ela sentia falta das brigas com aquele homem. Lembrava-se que naquela época achou que era só saudade das brigas, já que as mesmas muitas vezes faziam ela aliviar o estresse do dia-a-dia, mas não. Aquilo era só o início do seu sentimento por aquele príncipe.

Junto com o retorno dele veio também a notícia mais devastadora para ela, numa tarde ensolarada ela tinha decidido tirar aquele penteado que deixava seu cabelo cheio, e quando saia do salão viu ali, naquela rua, o SEU Yamcha com outra e eles pareciam felizes, estavam juntos, abraçados e começavam a se beijar. Ela não acreditava no que seus olhos podiam ver. Ele a traíra. Nas semanas que se seguiram após todo aquele baque e a briga/término com o traidor ela virou um robô. Fazia todas as coisas de maneira automática. Comia por comer, bebia por beber e respirava para não morrer. Foi uma época difícil e nem a terrível presença do Saiyajin mandão fez ela sair do “automático”.

Até mesmo ele que não era nada sentimental, percebera que a mulher vulgar, forma que ele se referia a Bulma, não estava nada bem. Por mais grosso que ele fosse, mandão, irritante..., ele achava estranho ela que sempre foi uma mulher que gritava e nunca abaixava a cabeça tinha começado a fazer tudo que ele pedia e sem reclamar. Ela concluíra, naquela época, ela estava vegetando e isso fez eles se aproximarem.

Ela tinha acabado de se tornar presidente da companhia de sua família e agora era não só uma das mulheres mais bonitas da Terra, mas também a mais rica. E tudo isso naquela época não importava, ainda sim ela se sentia um lixo. Tinha sido traída pelo namorado, ele tinha ferido não seu coração, mas seu orgulho. Confiava tanto nele e ele jogou tudo fora. Foi nesse momento de tristeza, baixa autoestima e um pouquinho de insanidade que se entregou a quem menos imaginava. Tinha engatado um caso com o Saiyajin que morava na sua casa. Eles se envolveram de uma forma louca e rapidamente a abstinência sexual de Bulma foi para o espaço.

Se lembrando das suas primeiras noites com aquele homem um arrepio subiu pela sua espinha e certamente se excitaria se não tivesse mais uma vez balançado a cabeça afastando os pensamentos maliciosos de sua mente. Bebeu um pouco do chá e continuou sua varredura, tinha um objetivo e só iria dormir em paz quando conseguisse conclui-lo.

Bulma se lembrou que o bad-boy se tornou um vício para ela e que pouco tempo depois dos encontros acabou descobrindo que engravidou, acreditava que o sêmen dos saiyajins não era comum e que o anticoncepcional que tomava não foi o bastante para se prevenir. Por semanas se martirizou por isso até que tomou coragem e contou a ele a “Grande Novidade” de início ele não demonstrou nenhuma emoção e aceitou, mas deixou claro que aquela criança era pura responsabilidade dela. Ela não teve objeções, afinal não achava que ele seria um bom exemplo para o filho. Sua relação com ele regrediu e voltou a ser a mesma que era antes do seu rompimento com Yamcha. Ele mandando ela fazer algo, ela reclamando e no fim os dois brigando. Isso continuou até derrotarem Cell e Mirai Trunks ir embora, então aos poucos ele foi mudando.

Com a morte de Goku, ele foi se aproximando do Trunks do presente e dela também. Mais uma vez, num piscar de olhos ela estava nos braços dele, por fim acabaram se casando e os anos passaram voando. Então surgiu a notícia que Goku voltaria à Terra para o Torneio de Artes Marciais e junto com Goku a obsessão de Vegeta voltou. Aquele momento de sua vida foi uma sequência de fatos que ela queria se esquecer. Ela acabou sendo assassinada por aquele demônio rosa, Vegeta deixou o mal voltar em seu coração e matou centenas de pessoas num só dia, depois se matou tentando proteger a Terra, ela e Trunks, a Terra foi destruída e outras coisas mais, mas no fim tudo voltou aos eixos e para sua surpresa Vegeta engoliu seu orgulho e lutou ao lado de Goku conseguindo por tudo no lugar.

Permitiu uma lagrima cair, pois precisava tirar aquela magoa e esquecer as coisas ruins que ele fez. Bebeu mais um pouco do seu chá e se entristeceu ao perceber que amanhã quando acordasse ele teria que ir embora, ele iria voltar aos treinamentos Whiss, percebeu que a tristeza a assolou naquele momento, mas lembrou-se de tudo que ele fez para protegê-la, se lembrou que Goku lhe confessara inocentemente que Vegeta tinha tido uma crise de ciúme no planeta dos Kaioshins quando Goku ofereceu uma foto dela ao Ro Kaioshin a fim de conseguir um trato. Lembrou da alegria de Trunks ao dizer que o marido prometeu um dia num parque de diversões se Trunks o acertasse um soco durante o treinamento, lembrou-se que ele fez melhor e invés de leva-los ao parque de diversões acabou organizando uma viagem em família, lembrou do seu aniversário de 38 anos porque durante a festa o Deus da Destruição apareceu por lá e causou um grande alarde, estragando a festa dela. Lembrou-se do seu surto pela festa estragada e do tapa que deu em Bills e, para sua surpresa, do que recebeu dele, de volta. E ah se lembrou da forma como o marido ficou ignorando todos os perigos e partindo para cima do Deus e superando os poderes de Goku.

Conseguiu finalmente com ajuda daquelas lembranças mostrar para si mesma que Vegeta muitas e muitas vezes engoliu o orgulho, enfrentou perigos e ignorou seus preciosos treinamentos para proteger e fazê-la feliz e se isso era uma grande prova de amor. Ele a amava. Amava muito. Naquele momento se sentiu egoísta por ter pensado que ele nunca a amara. Até morreu novamente tentando salvar a Terra quando o louco do Freeza renasceu. Ficou lembrando de outros momentos e se orgulhou do seu príncipe, e ficou feliz por eles terem seu pedacinho de eternidade ali no quarto em frente. Sorria como uma boba por lembrar desses momentos e nesse momento lágrimas de felicidade brotaram nos seus lindos olhos azuis, quando ouviu uma voz

― Bulma? ― Era a voz de Vegeta a tirando do transe em que entrara desde que começou a se lembrar do passado. Ao se desligar das lembranças, a mulher levantou a cabeça e institivamente virou-se para a direção onde a voz vinha. Viu ali, seu marido encostado no batente da porta, com os braços cruzados a encarando. Não sabia quanto tempo ele estava ali a observando.

― Sim? O que foi, querido? ― Perguntou normalmente, mas por dentro queria que ele não tivesse a visto chorar porque não queria lhe dizer tudo que pensou naquela noite, mesmo que suas conclusões tivessem sido as melhores possíveis.

― O que você tá fazendo aí? A essa hora? Já passam das 3 da manhã. ― Perguntou fitando-a e percebeu mesmo no escuro a oscilação do pequeno Ki dela e sentiu o cheio de lágrimas, então continuou as perguntas ― Ainda mais chorando ― Aquela última frase a fez estremecer, ele tinha percebido, o que ela faria agora?

― Estava sem sono, então vim até a cozinha e fiz um chá ― Falou apontando para a xícara em suas mãos― E enquanto bebia comecei a lembrar de algumas coisas, como quando o Trunks era bebê e deu os primeiros passinhos ― Concluiu a mentira.

― Hm, ok. Mas volte pro quarto, já está tarde. ― Concluiu o marido, ele não tinha acreditado muito a resposta da esposa, mas sabia que de vez em quando ela fazia essas coisas. Ela apenas assentiu e foi em direção ao quarto.

Por dentro Bulma estava muito feliz porque sabia que aquele homem que a acompanhava a amava, não sabia falar isso, mas demonstrava isso mesmo sem querer.

O que Bulma não sabia é que naquela noite, em uma das Moradas dos Deuses, a Deusa da Fertilidade parou para ouvir os pensamentos da azulada e depois de também se emocionar com as lembranças compartilhadas pelo coração da mulher, resolveu dar um presente ao casal, naquela noite, Bulma começava a gerar uma nova vida. Enquanto seu cérebro estava ocupado em pensar se o marido a amava, seu corpo estava ocupado fazendo aquela nova vida começar a ser gerada. E essa vida vinha para continuar a trazer mudanças na vida do casal. A menininha que nasceria meses depois também conquistaria o coração do pai e faria o mesmo se render mais ainda ao amor. Para a mãe ela ia mostrar que não deveria desconfiar do pai, que o saiyajin tinha realmente mudado e aos poucos conforme engolia seu orgulho se tornava um terráqueo com o orgulho do Príncipe dos Saiyajins.