A noite mal dormida só rendeu uma bela de uma dor de cabeça, mas nada que uma boa conversa com minha amiga não desse jeito.

- Como assim você não vai ficar em Forks? – Ângela perguntou se exaltando, chamando a atenção de quem passava.

- Calma Ang, não é pra tanto. Afinal eu cheguei aqui já na metade do primeiro semestre daqui a pouco vem Natal, Ano Novo e a idéia inicial é que eu volte para casa logo após as datas festivas. Mas até lá ainda temos tempo! – Eu falei.

- Bella, você não entende? Você é a única pessoa que consegue me entender nesse buraco que é essa cidade! E outra, achei que estava feliz com a idéia de ser uma garota rebelde do interior, nunca imaginei que iria querer voltar a ser a filhinha de mamãe, que se veste como a Barbie Malibu. – Ela falou irritada.

- Ângela! Se acalma! – Falei gritando, e pude notar mais alguns alunos parando para observar toda a nossa discussão, a puxei pelo braço para a sala ao meu lado que depois que vi que era o laboratório de química que estava vazio. – Pronto, aqui podemos conversar, e agora me escuta. Eu sou menor de idade, eu não tenho escolhas entende? Quando os meus pais conversaram a idéia era que eu ficasse aqui até as festas de final de ano, porque minha mãe achou que isso iria me acalmar e fazer eu voltar a patinar, como ela queria. De algum modo na cabecinha dela, eu iria ver a vida aqui e iria querer voltar correndo pra casa, só que eu descobri que aqui é minha casa, gosto de mais daqui, e vou fazer o possível pra ficar. Agora respira e se acalma, pois eu não quero de forma nenhuma que alguém saiba que eu vou embora daqui alguns meses, se não, não vai adiantar nada ter me esforçado tanto para entrar para as Midnights, ta bom?

 - Tá – Ela falou se acalmando. Mas logo ela me abraçou. – Eu vou sentir sua falta! – Ela falou me abraçando em um abraço tão apertado que desconfio que ela estivesse malhando. – Mas agora me explica direito essa historia da sua mãe se casar. Achei que ela já fosse casada. – Ela falou me puxando para fora do laboratório e continuamos a ir em direção a nossas salas.

- É e não é, é complicado na verdade. Acontece que eles namoram já faz uns sete anos, só que ele viaja muito com o time beisebol do qual ele faz parte, e ela é muito ciumenta, eles chegaram a morar juntos durante um tempo, mas ele acabou arranjando um apartamento pra ele e tudo mais. – Eu falei.

- Hum, chato... – Ang ia falando mais fomos interrompidas por um furacão chamado Alice.

- Vocês não vão acreditar! – Ela falou saltitando. Mas antes mesmo que pudéssemos falar algo ela disparou – Nossos uniformes já estão prontos!

- Mas e meu nome? – Perguntei, poxa não queria ter que me chamar Bella também no Roller Derby!

- Não se preocupe! Eu tive uma idéia e todo mundo aprovou...

- Menos eu!

- Não se preocupe você vai gostar! – Bem agora era arriscar pra ver. – Então, nesse final de semana vai ter o aniversario da Nessie, vai ser lá em La Push e estão convidadas. Rose já está fazendo o bolo, vocês só tem que aparecerem e mexerem essas bundas por lá, ok? Agora deixa eu ir que o sinal já vai tocar. Beijos! – Ela falou como um torpedo e saiu disparada como um também. Eu e Ang só demos os ombros e seguimos o nosso caminho.

Naquela semana minha mãe, graças a Deus, foi embora e o final de semana chegou antes mesmo do que eu esperava. Quando vi, Ang já estava na porta da casa apertando tantas vezes a buzina que Charlie, foi obrigado a perguntar pra ela se ela estava bem, o que nos rendeu uma boa dose de risadas até La Push.

- Ângela, onde exatamente nos estamos? – Eu perguntei após passar uns vinte minutos onde só víamos mato pela frente.

- Relaxe, já estamos chegando. Ali na frente é a Primeira Praia, faz parte da reserva de La Push.

- Reserva?

- É, bem, La Push é uma reserva de índios nativos americanos. – Oi? Depois dessa eu nem falei mais nada, mas também não precisou, logo Ang estacionou o carro em um amontoado de carros parados na estrada, e logo escutamos o barulho de musica e pessoas falando.

Claro que eu tinha entendido que era uma reserva de índios, e por mais ultrapassada que a pessoa seja ela nunca imagina chegar em um lugar desses e encontrar a cena que eu vi.

Rose, Alice, e mais algumas meninas do time estavam com penas na cabeças, Emmet que parecia ter entrado na brincadeira tinha o rosto e o peito todo pintado com tinta guache, dançando como se tivesse incorporado algum espírito que definitivamente não gostava dele. Ao fundo uma fogueira queimando e bem depois uma banda, que logo defini como o Snow Cute tocava em um talco improvisado, onde muitas pessoas se amontoavam e dançavam com seus copos coloridos a mão.

- Hey, ai está você – Uma Alice munida de penas e tinta guache apareceu na minha frente, não dando tempo nem de salvar a minha pele. – Prontinho! Agora tá na hora da festa! – E lá se foi Alice para o meio da multidão depois de pintar Angela também, que logo vi que ela estava muito concentrada em uma direção.

- O que você está olhando? – Eu perguntei.

- Quem é aquele? – Ela perguntou apontando para um garoto de moicano colorido que estava no meio da muvuca.

- E eu vou saber? – Falei, vi que Alice vinha passando do meu lado. – Hey, Malicia, quem é o garoto do moicano?

- É o Ben Newton, o loirinho que não tira os olhos de você é o Mike, irmão dele, estuda com a gente lá no FHS. Agora me deixa ir que Rose vai surtar se eu não colocar as cervejas pra gelar. – Ela falou me dando as costas.

Bem, depois de algum tempo de olhando eu literalmente joguei Ang no colo do tal Ben. E eu? Eu cai na pista, dancei horrores. Ta bom, não dancei, mas me mexi bastante. Horas com Alice, com Rose e até com Nessie que nesse momento tinha me largado para correr atrás de um cara que fujia dela, até que ele tropeçou e caiu, e ela se jogou em cima dele. Bem, quando eu pensei que ela ia bater nele, eles começaram a se beijar e eu fiquei sem entender.

- Aquele é Jake, o namorado dela. – Cristal Deth me falou.

Eu já estava meio cansada e a banda havia parado para um intervalo, vi de longe Ângela atracada no pescoço do tal Ben e eu fui circular.

- Iai tudo bem? – O loirinho conhecido como Mike estava na minha frente segurando um copo de cerveja.

- Tudo e com você? – Fui educada.

- Curtindo... – Ele falou e ficamos alguns segundos sem falar nada. – Então, tá gostando de Forks?

- Bastante.

Ficou igual a uma entrevista, a verdade apesar de o Mike ser bonitinho, eu não sabia direitoo que fazer, e pelo visto ele também não.

- Quer mais uma cerveja? – Ele perguntou.

- Quero. – Ele abriu um sorriso tão grande que eu achei que fosse me engolir. E assim que ele virou as costas começaram a cantar parabéns e logo uma chuva de bolo tomou conta do local. Foi até bem engraçado se não fosse a sujeira, minha blusa ficou totalmente suja e eu corri pro banheiro na casa da Nessie.

- Bella? – Nessie gritou do lado de fora enquanto eu tentava sem sucesso salvar a minha blusa no banheiro. Quando eu abri eu entendi, Ness estava completamente toda suja de bolo. – Hey, toma aqui uma blusa, agora me deixa tomar banho, me falou me botando pra fora do banheiro.

- Hey como vou trocar? – Eu falei, mas não tive resposta. Bufei.

- Se quiser você pode se trocar no meu carro. – Sério, aquela historia de eu me enfiar no buraco estava ficando freqüente. – Se você quiser é claro. – Tá nessa hora eu já deveria estar tão vermelha que um pimentão teria inveja. Fui me virando bem devagar, até encontrar aqueles famosos olhos verdes.

Vamos lá gente, tente imaginar, eu estava no meio do corredor da casa da Nessie com minha blusa toda suja de bolo de chocolate, na minha frente estava Edward, o cara mais gato de todo o colegial, e se na universidade tiver pelo menos uns três assim eu já estou feliz, o pior não é isso, o pior é que estava cada vez mais próximo de mim, e eu já estava sentindo o seu hálito bater no meu rosto, como no dia do lago. Logo ele passou o dedo na minha bochecha e colocou na boca. Parei de respirar.

- Chocolate! – Ele falou – Uma delicia! Então vamos?

Ele falou e me puxou pela mão.

E eu? EU FUI NÉ!