Interlúdio escrita por Lab Girl


Capítulo 5
Pode Ser


Notas iniciais do capítulo

Ei, pessoal. Mais um capítulo quentinho chegando. A quem eu não estou respondendo os comentários não é por falta de consideração, mas está havendo algum problema no site que está me impedindo de responder diretamente, mas já resolvi respondendo por mensagem privada, é só checar. Obrigada a todos que estão lendo e apoiando esta fanfiction. Espero não desapontá-los e que continuem gostando e entendendo os rumos da história. Vamos lá!

Música do capítulo: Pode Ser - Pedro Mariano. Quem quiser ouvir durante a leitura, basta clicar na parte em azul do texto e pedir com o botão direito do mouse para abrir em uma nova janela/aba.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/630420/chapter/5

Davi estava tão concentrado no mais recente projeto da Brazuca que nem percebeu quando sua tia Rita entrou em seu quarto.

“Davi?!!”

Só então, quando ela alteou a voz, ele notou a presença dela, e ergueu a cabeça do computador.

“Ah, oi, tia. Faz tempo que cê tá aí?”

Rita ergueu uma sobrancelha, os braços cruzados sobre o peito, tentando disfarçar um sorriso.

“Só uns dois minutos.”

“Foi mal” ele se desculpou, tirando os óculos do rosto. “Eu tava todo concentrado aqui nas últimas atualizações do Júnior.”

“É bom te ver engajado assim nos seus projetos” a tia descruzou os braços, olhando com um misto de admiração e preocupação para o sobrinho, “Mas você também precisa se ocupar com outras coisas, Davi. Tipo a sua saúde.”

“A minha saúde tá ótima, tia. Por que tá dizendo isso?” ele perguntou, confuso.

“Davi, você nem almoçou hoje ainda. Duas horas atrás eu vim aqui te chamar e você disse que depois comia. Até agora não despregou os olhos desse computador.”

“Ah, desculpa, tia, eu acabei esquecendo mesmo. Nem vi a hora passar.”

“Precisa mesmo ficar direto assim em cima desse trabalho? Eu pensei que a Manu estivesse te ajudando.”

Davi suspirou, dando-se conta de que já não via a namorada fazia algum tempo, e surpreendeu-se ao perceber que não se sentia tão mal quanto devia sentir por isso.

“A Manuela tá engajada no trabalho dela na Marra, tia. No começo ela achou que fosse dar pra conciliar as duas coisas, mas acabou vendo que não dava. Já faz um mês pelo menos que ela não participa mais dos lances da Brazuca.”

Rita arqueou as sobrancelhas, surpresa. “Puxa. E eu pensei que ela quisesse investir tanto no Júnior quanto você depois daquela doação toda que ela conseguiu pra startup…”

“É, mas pelo visto ela tem outras prioridades. E eu respeito.”

“Bom, no fundo eu sempre achei que o Júnior era um projeto muito mais seu, meu filho. Cê sabe disso.”

“Tem razão. A Manu me ajudou em algumas coisas, mas acho que a parada dela é outra mesmo. Ela gosta de mexer com coisas maiores, mais mercadológicas… tipo o Jonas.”

Rita apoiou o quadril na mesa de trabalho do sobrinho, olhando com cuidado para ele.

“Mas isso não tem atrapalhado o relacionamento de vocês não, né?”

Davi olhou para a tia, sem saber o que responder. Liberou um breve suspiro e encolheu os ombros.

“Acho que não. Quer dizer, ela tem as coisas dela pra cuidar, eu tenho as minhas. E cada um entende o outro.”

“Mas você achava que vocês tinham uma coisa em comum que era um sonho pros dois, não achava? O Júnior, a Brazuca.”

Percebendo que seu relacionamento com Manuela não podia estar mais longe do que tinha idealizado, Davi sentiu o vazio da resposta que deu a seguir, “Eu acho que ela tá numa fase diferente da minha, só isso.”

“E vocês têm se visto com frequência? Eu nem vejo mais ela por aqui, nem você vai mais ficar no apartamento dela.”

Rita estava suspeitando de que aquele relacionamento não andava bem das pernas, e que nem mesmo o sobrinho tinha percebido ainda.

Foi com calma e uma certa frieza que Davi explicou, “É isso que eu falei, tia. A gente tá numa fase meio diferente agora, ela tá engajada na Marra e eu na Brazuca. Por isso a gente não tem mais tanto tempo pra se ver, mas a gente se fala pelo telefone.”

“Telefone?” Rita ergueu uma sobrancelha, detectando que a situação era mesmo sintomática.

“É” Davi se levantou finalmente, ficando de pé. “Uma hora as coisas se acalmam e voltam a ser como antes” ele tentou sorrir para a tia e não conseguiu.

Davi sabia que aquilo soava como uma mentira, nem ele mesmo conseguia acreditar. Desde que tinha se dado conta de que ainda ficava mexido por causa de Megan, várias coisas passaram por sua cabeça. E uma delas era que podia estar muito bem confundindo as coisas. Com o esfriamento de sua relação com Manuela, talvez estivesse buscando no passado com a filha de Jonas coisas que já não tinha e de que sentia falta: alegria, paixão, carinho. Por isso não queria se iludir. Uma hora tudo ia se acertar, as coisas iam chegar nos seus devidos lugares. Inclusive sua cabeça e seus sentimentos.

Suspirando, ele apertou com carinho o ombro da tia, que continuava a olhar para ele com ar cético.

“Vai ficar tudo bem, dona Rita. Não se preocupa não.”

Ele esboçou um sorriso de leve. A tia retribuiu, mas ainda não convencida do que ele estava dizendo.

“O que me preocupa agora é que você tá de estômago vazio ainda. Vamos, deixei seu prato no forno. Saco vazio não para em pé.”

Davi riu, dessa vez com vontade, e acompanhou a tia até a cozinha.

Assim que ele se sentou à mesa com o prato de comida e um copo grande de suco de laranja, Rita tomou o lugar logo a frente dele e retomou a conversa.

“Eu soube que a Megan esteve aqui na Gambiarra outro dia.”

Davi meneou a cabeça, tomando um gole do suco. E bastou a tia tocar no nome dela para que o rosto sorridente da garota entrando na sede da Brazua com uma bandeja de bolinhos fizesse seus lábios se curvarem num meio sorriso.

O detalhe não passou despercebido à Rita. “Hum, e esse sorriso?”

Só então Davi se deu conta do que fazia. Ficando com a expressão séria, como se tivesse sido arrancado de um sonho bom, ele pigarreou, balançando a cabeça e pegando o copo de suco novamente. “Sorriso? Não, eu não tava sorrindo não, impressão sua, tia.”

A mulher não disse nada, apenas estreitou os olhos, analisando o sobrinho tomar outro gole do suco, dessa vez bebendo quase tudo num típico ato de nervosismo.

“É,” ela se levantou, então. “Vou deixar você comendo aí com seus pensamentos que eu ainda tenho que dar um pulo no mercado.”

“Obrigado por ter guardado um prato pra mim” Davi disse, meneando a cabeça antes da tia lhe soprar um beijo e sair da cozinha.

Ao se ver sozinho, Davi tornou a pensar em Megan enquanto comia. Ele tinha ligado para ela naquela noite mesmo depois que ela esteve na Brazuca, depois do desmaio. A voz dela tinha soado feliz ao escutá-lo no telefone, e ela tinha garantido que estava bem, que não tinha passado de um mal estar causado pela queda brusca de pressão, e que já tinha visto um médico. Aquilo o tranquilizou, mas desde então, ela não tinha aparecido mais por lá. Tudo bem que fazia só dois dias, mas ele estava sentindo falta dela, e só agora percebia o quanto.

Sacando o celular do bolso da calça jeans, ele se pegou levando o dedo à agenda, sentindo-se tentado a ligar para ela para saber quando ela pretendia voltar à Brazuca. Mas, então, desistiu, deixando o telefone de lado em cima da mesa. Suspirou, rendido. Não queria parecer ansioso nem dar falsas esperanças a ela. Ainda não sabia se ela por acaso continuava gostando dele. Algum tempo já tinha se passado desde que os dois tinham terminado e ele reatado com Manuela, e depois de fazer as pazes com Megan, uma semana atrás, ela tinha parecido tão mais madura, diferente até. E aceitou numa boa que ele ainda estava com Manu. Então, talvez ela já tivesse superado a rejeição dele.

Mesmo assim, por via das dúvidas, Davi achou melhor manter a postura calma e não procurá-la assim, de sopetão. Ela estava ajudando na nova campanha de arrecadação de recursos para a Brazuca, como tinha prometido, e já tinha até enviado por e-mail os contatos que ela já tinha conseguido. Megan não brincava em serviço. Quando ela se propunha a fazer alguma coisa, ela realmente fazia. Se jogava de cabeça, se entrega por inteiro. Como tinha feito na relação dos dois.

A mera lembrança dos dias felizes ao lado de Megan trouxe um novo sorriso ao rosto de Davi sem que ele sequer percebesse. Ela era divertida, alegre, espontânea. Maluquinha. Sua menina maluquinha. O pensamento o fez dar uma pequena risada.

“Lembrando de alguma piada boa?”

Davi piscou, arrancado do devaneio para ver o tio Dante entrando na cozinha.

“Ah, oi, tio” ele disse, disfarçando e voltando à comida, “É, tava lembrando aqui de uma piada que o Ernesto me contou outro dia.”

“Então deve ser engraçada mesmo pela sua cara de felicidade.”

“Eu? Feliz?” Davi riu, sem jeito, remexendo o bife com o garfo.

“É. O senhor mesmo. E faz tempo que eu não te vejo com essa cara boa” Dante comentou, pegando um copo no armário e servindo-se de água.

Davi balançou a cabeça, desviando os olhos para o prato de comida. “O senhor acha, é?”

“Acho sim” Dante confirmou, tomando a água de um gole só. “E quer saber? Eu fico muito feliz por você, meu filho” ele sorriu, batendo nas costas de Davi antes de deixar o copo vazio na pia e sair da cozinha.

Assim que se viu sozinho novamente, Davi percebeu que pensar em Megan, nos últimos tempos, realmente lhe fazia bem. Mas ainda tinha um certo receio disso. E se estivesse confundindo as coisas? Quando estava com Megan, pensava que era com Manu que queria estar… agora que estava com Manu, voltava a pensar em Megan… ah, que diabos! ele suspirou, perdendo a fome. Levou o resto de comida para o lixo, lavando o prato e o copo usados.

Pegou seu celular sobre a mesa e decidiu, então, dar um pulo na Plugar, na área que agora era a sede da Brazuca. Enfiar a cabeça no trabalho era mesmo o melhor que fazia. Ficar pensando demais só atrapalhava tudo. Mas enquanto deixava a cozinha, não pôde evitar pensar em Megan de novo. Como um vírus de computador, a imagem dela invadiu sua mente e não conseguiu deixar de pensar em como ela estava diferente. Tinha algo novo nela, ele não sabia explicar o quê. Não era nada no visual, ela continuava basicamente usando o mesmo cabelo e o mesmo estilo de roupas. Quer dizer, alguns blusões mais largos, porém, tinha alguma coisa no semblante, ou na postura, de diferente. Enquanto tentava decifrar esse mistério, ele foi surpreendido ao avistar Manuela na porta da Plugar que, aquela hora, estava vazia.

“Manu?”

“Oi, Davi.”

Ele se aproximou para recebê-la. “Tudo bem? Que surpresa. Pensei que cê tivesse no meio do seu expediente lá na Marra.”

“Eu tirei umas horas pra resolver umas coisas importantes. Entre elas, precisava falar contigo antes de ir.”

“Ir?” Davi estranhou o uso da palavra. “Ir aonde?”

Manuela suspirou, evitando o olhar dele. Davi a observou entrelaçar as mãos. Quando estava prestes a perguntar o que estava acontecendo, pois visivelmente algo estava se passando com ela, Manu tornou a encará-lo.

“Davi, eu recebi uma proposta irrecusável da Jobs International.”

Ele piscou por um instante, processando a informação.

“A maior rival da Marra?”

“Acaba que é concorrente, eu não diria rival. E o meu pai, bem, cê sabe que ele tá agenciando a banda do meu irmão agora, né? E a galera conseguiu se firmar lá em São Francisco, eles tão numa fase ótima.”

“E então você pensou em ir pra lá também” Davi concluiu por ela.

“É” Manuela suspirou. “Bom, eu sempre fui muito ligada a minha família, cê sabe disso.”

“E por isso vai abandonar tudo? A Marra. Eu.”

“Calma, Davi. Não é assim…”

“Ah, não é assim? É como, Manuela? Me explica que eu não tô entendendo muito bem” ele cruzou os braços, adquirindo uma irritação que nem sabia de onde veio tão rápido.

“Davi, é uma grande oportunidade pra mim, tenta entender. Eu vou unir o útil ao agradável, vou ter um emprego dos sonhos e vou poder ficar perto do meu pai e do meu irmão.”

“E a presidência da Marra? Ou você já esqueceu que é a sucessora do Jonas? Você vai abandonar assim o que era o seu sonho até ontem?”

“A Marra era o meu sonho, sim. Foi. Num período importante. Mas a gente sabe muito bem que eu só tô lá porque você não aceitou assumir o cargo quando o Jonas foi preso. A Pamela e a filhinha dela preferiam você e nós dois sabemos muito bem” Manuela respondeu, o aborrecimento nítido na expressão dela.

“Não vem desvirtuando as coisas agora não, Manuela. Você sabe que eu não queria aquele cargo e tinha meus motivos. Mas você entrou naquele reality desde o princípio com o objetivo muito claro de se tornar discípula do Jonas Marra.”

“E consegui. E foi maravilhoso” ela se aproximou mais dele, as mãos entrelaçadas agora diante do queixo “E eu te agradeço por ter me apoiado, Davi. Mas agora as coisas mudaram de figura. Eu recebi uma proposta melhor. E eu não acho justo recusar uma oportunidade dessas pra minha carreira, e que ainda pode me permitir ficar perto do meu pai e do meu irmão.”

“Então o seu negócio era dinheiro mesmo. Sempre foi” Davi concluiu com dureza na voz, estreitando os olhos enquanto analisava a mulher a sua frente, como se só agora a estivesse vendo de verdade, sem ilusões nem idealizações.

“Não. Quer dizer, em parte. Cê sabe que eu queria ajudar meu pai…”

“Me poupe, Manuela. Chega!” Davi exclamou, surpreso com a impaciência na própria voz. “Eu já tô começando a ficar enjoado, tô me dando conta de que nunca conheci a pessoa que tava do meu lado. Ou melhor, não quis conhecer. No meio disso tudo você só esqueceu de um detalhe: de mim.”

“Não, Davi. Eu sei o que eu quero. Eu sempre soube. Você que teve dúvida, que desviou do caminho. Você entrou naquele reality sem convicção real, não foi porque logo desde o começo quis trabalhar na Marra. E nem com relação a nós dois você teve certeza desde o começo. Lembra da Megan? Era com ela que você se enroscava antes de mim” Manuela o acusou, os olhos cheios de raiva e mágoa.

“Eu sempre fui sincero com você” Davi se defendeu, indignado.

“Claro. Depois que a gente rompeu, aliás, antes mesmo disso, se deixou envolver com a patricinha da tecnologia e ainda ficou um bom tempo entre nós duas, com medo de terminar com ela” Manuela cruzou os braços diante do peito.

“Ela tava mal, eu expliquei na época. O problema com o pai, depois o acidente…”

“Aquele depois do qual ela fingiu que tava cega só pra te segurar ao lado dela e você ficou com ela por peninha da pobre menina rica mimadinha?” a voz de Manuela destilava raiva e acusação.

“Eu acreditei que ela tava mesmo sem enxergar. E você sabe bem que depois que eu descobri que ela tava fingindo, terminei tudo com ela.”

“Mas titubeou, Davi. Quantas vezes vacilou entre ela e eu?”

Davi tentou se defender, mas dessa vez não conseguiu. Principalmente porque sabia que era exatamente aquilo que estava acontecendo de novo, bem agora.

Encarando o silêncio dele como a resposta, Manuela descruzou os braços, rindo com ironia.

“Tá vendo só? Você sabe que é verdade. Então não me venha dizer agora que eu mudei de ideia de uma hora pra outra, que eu nunca soube desde o começo o que eu queria. Eu sempre quis, antes de mais nada, crescer na vida, concretizar os meus projetos.”

Davi a encarou, como se estivesse diante de uma estranha, a voz saindo surpreendenetemente calma até para os próprios ouvidos dele. “Tem razão, você sempre quis concretizar sua ambição. E logo de cara deixou isso bem claro, logo que a gente se conheceu pra valer no reality. Fui eu que fui burro e não quis perceber. Muita gente me falou, sabe? Me alertou que você era ambiciosa. Só que eu fui tapado, um idiota apaixonado que não quis ver.”

“Claro que te alertaram. A Megan, não?” Manuela acusou, os olhos cheios de um brilho de raiva. “Ela sempre fez sua cabeça contra mim porque era a fim de você.”

“Sim, a Megan me alertou. O Ernesto também. Eles sacaram o que eu não consegui, o que eu não quis ver. E hoje tá aqui a prova” ele ergueu os braços na direção dela. “Você tá renunciando ao seu compromisso com a Marra e comigo, tudo por conta da sua ambição de vida. Ser grande, enorme, a Manuela Ianez magnata da tecnologia” ele debochou, como se lesse as palavras num anúncio de revista. “Então vai, vai ser feliz correndo atrás do seu maior sonho.”

Ele viu os olhos dela lacrimejarem, mas a expressão no rosto de Manuela continuou firme, não demonstrando qualquer arrependimento pela decisões que ela já tinha tomado sozinha, sem consultá-lo primeiro. Ela acreditava mesmo que estava fazendo o certo para a vida dela, e Davi não podia culpá-la, aquela era Manuela, a que ele tinha demorado tempo demais para enxergar como realmente era. E com a maior das seguranças, ela ergueu o queixo, inspirando e proferindo as palavras seguintes.

“É isso mesmo que eu vou fazer, Davi. Não vou renunciar ao meu sonho por nada. Nem por ninguém.”

“Nem por mim” ele completou, a voz seca. “Eu já entendi. E não me resta outra coisa a não ser te desejar boa sorte.”

Embora dizendo isso, a voz dele soou fria e indiferente. E, para sua própria surpresa, ele não sentiu nada do que supostamente deveria sentir. Dor. Mágoa. Rejeição. Nem mesmo decepção - esta ele sentia de si mesmo.

Manuela, então, suspirou, olhando para ele com uma calma recém adquirida.

“Eu vim aqui porque queria te contar isso e tentar te fazer entender meus motivos. Esperava que você entendesse e me apoiasse, de repente que até pensasse em ir pra São Francisco também, quem sabe?”

“E abandonar o meu projeto de vida?” Davi a interrompeu, frio. “Não, obrigado. Eu não deixaria tanta gente que conta comigo na mão, não tenho a sua…” ele buscou a palavra, “...coragem, Manuela Ianez.”

Ele a viu engolir em seco antes de responder. “Eu esperava ao menos a sua compreensão e uma despedida. Que a gente pudesse se entender, que você pudesse me entender, e que não ficasse magoado assim porque…”

“Tá tudo bem. Sério, Manu. Eu entendo. Pela primeira vez eu te entendo de verdade” dizendo isso, Davi deu as costas a ela, entrando na parte da Plugar que servia de sede para a Brazuca e se dirigindo à sua mesa de trabalho.

Uma vez sentado diante do computador, ele tornou a olhar para ela, que continuava parada perto da porta.

“Boa viagem” ele disse, desviando o olhar e começando a trabalhar.

A atenção dele só foi desviada quando escutou os passos de Manuela se afastando e indo embora. Apoiando os cotovelos sobre a mesa, Davi suspirou, como se estivesse botando algo seco e pesado para fora. De repente, percebeu como não se importava com o que acabava de acontecer. Como não se sentia abalado como devia. Ao contrário. Sentia-se leve. Aliviado.

Então, no fundo se sua mente, ele escutou a voz de Megan… “Você ainda vai ver que eu sou a garota certa pra você.”

~


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Interlúdio" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.