21 de Outubro de 1921

Esme PDV

Dias se passaram desde meu aniversário. Todo dia eu acordo pensando que pode ser hoje o dia em que darei à luz. Não suporto mais. Não há mais espaço para Angel crescer. Imagino que nunca mais verei Edward. Não, eu verei ele novamente mas não serei mais humana. Serei uma vampira. Eu espero.

Sempre que eu olho para minha barriga parece que vai explodir. Mas hoje eu estou sentindo, literalmente, uma pressão na base do meu ventre. Ela está pronta. Eu também. Após um estrondo em que meus ossos são triturados, tenho dificuldade em respirar e sinto que estou banhada em água. A minha bolsa se rompeu. Carlisle, onde está você? Porque teve que ser agora que ele não está?

Sinto muitas contrações cada vez mais fortes. Tento respirar pausadamente para que as dores sejam um pouco mais suportáveis. Quando já perdi toda a esperança, meu marido aparece na porta do quarto. Só posso me concentrar em manter meu coração batendo, enquanto minha respiração é ofegante.

Carlisle PDV

Quando eu voltei para casa depois de ter saído rapidamente para caçar eu encontro Esme deitada em um leito completamente inundado em sangue. Podia sentir de longe o cheiro e vim correndo o mais rápido que eu pude.

— Carlisle – ela se esforça para dizer, numa voz tão fraca que é quase inaudível até para mim.

— Estou aqui Esme – respondo.

Atônito mas muito metodicamente faço os preparativos para o nascimento de nossa filha. É agora, preciso morder Esme agora. Angel não precisa de mim tanto quanto a mãe.

Quando retorno ao quarto, num segundo, arrumo os panos limpos. Me inclino ao lado de minha esposa. Colo meus lábios em seu pescoço e afundo meus dentes. Ela suspira. Eu repito a operação, hesitante que ela não tenha o suficiente para mudar, ou que seus ferimentos não sejam reparados.

Deixo Esme gemendo de dor e me volto para ajudar nossa filha a nascer. As pernas de Esme estão tombadas numa posição incomum. A passagem absurdamente dilatada e os cabelos loiros ensanguentado de Angel Caroline despontam. Posiciono minhas mãos para acolher sua chegada. Sua mãozinha segura a minha e termina sua saída.

— Bem vinda, minha filha! - digo para ela como se ela pudesse entender.

Seus olhinhos olham para mim de uma forma que ela compreende perfeitamente quem eu sou.

— Tomara que eu tenha agido a tempo e sua mãe se transforme.

Angel chupa meu dedo.

— Está com fome, filha?

Preparo uma mamadeira para ela, com sangue animal, claro! Ela segura a mamadeira com as duas mãozinhas enquanto a seguro em meu colo. Sento ao lado da cama em que Esme está. Olho para ela.

— Essa é sua mãe, filha – digo. Mas é claro que ela já sabia. Passou tanto tempo junto dela.

Deito Angel no berço enquanto arrumo nossa cama. Pego o corpo inerte de Esme no colo e a coloco deitada no sofá enquanto mudo os lençóis. Preciso também trocar as roupas de Esme.

Esme PDV

Pude perceber quando Carlisle se inclinou ao meu lado e me mordeu. Duas vezes. Antes de sentir os cortes provocados em minha pele por seus dentes afiadíssimos - não sei como não me machucava quando nos beijávamos. É incrível!, senti seu hálito gelado que me fez arrepiar. Não pude reagir, e isso de certo modo me agradou, pois eu não queria afastá-lo. Sempre ansiei por esse momento. Sempre quis sentir meu sangue alimentando o homem que eu amo. Meu vampiro. Meu homem.

Quando ele me deixou eu lembrei por que eu não podia me mexer. Nossa filha. Será que ela está bem? De repente sinto um pequeno volume em meu peito, envolvido pelo meu braço. Angel! Nossa filha! Me pergunto como ela será? Espero que ela seja tão linda quanto o pai.

Sinto a inconsciência me dominando e caio no sono. Há menos dor do que eu imaginava. Talvez porque eu ainda estou anestesiada.

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