Melisandre

Ela se sentia vazia depois que tudo acabou. Depois que a batalha foi ganha. Melisandre era mais velha do que aparentava, uma magia antiga a deixava com aparência e corpo de jovem. A maior parte dos seus muitos anos de vida passou se preparando para a batalha da alvorada e agora que a batalha acabou se sentia extremamente vazia. Para piorar não tinha mais os seus poderes de ver o futuro nas chamas. Não podia nem ver como ela estaria nos anos que viriam. Mas mesmo assim ainda mantinha a sua fé.

Ela dedicava a maior parte do seu tempo para a filha. Em todo tempo que viveu ela nunca havia desejado ter uma criança, até porque sua missão era outra, mas amou Lyanna desde o primeiro momento que a colocaram em seus braços. Se não fosse pela menina o vazio seria muito pior. A menina foi um presente, assim como o outro filho que esperava.

Melisandre teve que preparar várias porções para manter a criança dentro de si. Essa segunda gravidez estava sendo pior que a primeira. Essa seria a última criança que teria. Dois filhos estavam mais do que bom. Até porque ela sabia que a magia que a mantinha jovem ainda estava funcionando, mas que ela não poderia a renovar. Ter filhos apenas faria ela envelhecer ainda mais rápido.

Ela sabia que dessa vez teria que seguir a ordem natural das coisas. Ela envelheceria e um dia morreria naturalmente, como todos os mortais. Não temia isso, pois depois que tudo acabou, as únicas coisas que lhe restavam eram os filhos. Sabia que as crianças cresceriam e não ficariam nesse mundo para sempre. Ela não pretendia ficar no mundo sem os filhos.

Edmure

O castelo ancestral da sua Casa teria que ser reconstruído em alguns lugares e seria um pouco difícil fazer isso por causa do clima.

Desde que a longa noite chegou ao fim continuava nevando, mas o frio não era tão intenso. Ao menos não o tempo todo. Em alguns dias até parecia primavera. Era como se fosse uma falsa primavera.

Edmure conseguiu recuperar Correrrio.Nem foi preciso um conflito direto com o grupo de foras da lei que ocupava o castelo. Conflitos mesmo ocorreram no caminho até o local, principalmente com vassalos rebeldes.

 Foi como se o grupo de foras da lei estivesse guardando o castelo para ele. Na verdade até mais que isso, pois logo nas árvores que ficavam próximas do castelo foram encontrados vários corpos enforcados das pessoas que haviam roubado o castelo. Foi como se eles tivessem limpado o castelo para ele. Se Edmure refletisse bem perceberia que era isso mesmo. Mas o que mais o surpreendeu e marcou não foi esse fato, foi o fato de ter reencontrado sua irmã,ou melhor, o que sobrou dela, no aposento privado que um dia foi do pai deles.

Edmure lembra que quando era criança era freqüente ele e Catelyn irem a esse aposento do pai. Eram as lembranças mais doces que Edmure tinha. Eles ficavam olhando o rio enquanto o pai trabalhava em alguma questão ou então eles ficavam montando castelos com blocos de madeira perto de uma das janelas. Foi perto dessa janela que Edmure encontrou a irmã. Ela estava parcialmente escondida.

Catelyn estava muito diferente. Estava mais morta do que viva. Os cabelos que antes eram ruivos e brilhantes estavam brancos e quebradiços.  Sua pele, que antes era branca como leite, estava cheia de manchas verdes como musgo. E ainda havia os ferimentos que cobriam o rosto dela. Mas apesar das diferenças ele reconheceu a irmã. Claro que reconheceu. Edmure sempre reconheceria a irmã.

A passos lentos ela se aproximou dele. Parecia que a cada passo iria se desfazer no ar. Com a mão pálida e fria tocou em seu rosto. Edmure viu a irmã levar a mão ao pescoço e pressionar o ferimento que se encontrava no local. Depois tentou falar alguma coisa que ele não conseguiu entender na primeira vez. Foi preciso se aproximar mais ainda. Quando se aproximou mais ainda percebeu que a irmã falava de Correrrio. Algo referente a ele cuidar do que um dia foi o lar deles. Se emocionou.

Após isso, Edmure começou a falar de como Sansa, Arya e Rickon estavam vivos e seguros em Winterfell. Mas ela o interrompeu. Sussurrando algo sobre já saber disso. O homem teve a impressão de ter visto a sombra de um sorriso nos lábios dela. Após isso ela caiu em seus braços.

Edmure planejava chamar um meistre para cuidar da irmã, mas quando ele fez um movimento para sair ela o segurou pelo braço e falou algo, com sua voz difícil de entender, sobre não pertencer mais a esse mundo.

E realmente sua irmã parecia não pertencer mais a esse mundo. Seu corpo estava claramente morto, mas teimava em se manter de pé. Talvez a motivação para isso fosse vingança. Talvez sua irmã apenas conseguiria ter o descanso depois de ter certeza que os filhos estavam seguros e que Correrrio estava em boas mãos. Edmure acreditava que era essa última opção, pois ela morreu definitivamente pouco tempo depois.

Agora que tudo havia acabado sua irmã poderia descansar em paz.

Brienne

Seu pai havia morrido um pouco depois dela chegar. Agora ela, como única filha, era a lady de sua Casa. Brienne nunca se viu como uma lady e agora o destino a fez se tornar uma.

Desde que salvou a vida de Jaime Brienne era atormentada por pesadelos. Sonhava com a senhora Catelyn, ou melhor, a versão vingativa dela que se intitulava Senhora Coração de Pedra, lhe acusando de traição. No começo os pesadelos eram terríveis. Tão terríveis que Brienne acabou ficando doente por um tempo.Mas depois de um tempo os pesadelos misteriosamente pararam. No último sonho que teve com a senhora Catelyn ela estava em paz.

A promessa que fez a senhora Catelyn estava cumprida, mesmo que não exatamente por conta dela, mas estava cumprida. Ela depois que o período de escuridão passou foi pessoalmente ao Norte ver como Arya e Sansa estavam. Pode ver que as meninas estavam seguras e bem. Ela chegou exatamente no dia de um grande banquete que comemorava a vitória sobre a Longa Noite.

Na noite após o banquete. Nos aposentos que foram preparados para ela. Brienne ficou pensando no que faria dali para frente. Agora que tudo parecia ter terminado. As meninas Stark estavam seguras, mas algo dentro dela queria ficar por perto para as proteger de qualquer provável perigo. Mas uma parte dela lembrava do pai e da obrigação que agora tinha com a sua casa.

Sem saber ao certo, em algum momento, seus pensamentos se desviaram para Jaime. Passou a pensar nele e a se perguntar como ele estaria. Sentiu uma vontade de revê-lo. Faria isso em breve.